Fiquei paralisada por um momento. Eu não tinha visto Lucas por perto, onde será que ele havia se escondido. Bom, agora isso não importa mais. Ele já havia visto e estava ameaçando contar para meu pai. Pensei em deixar de lado, afinal as consequências não poderiam ser assim tão ruins. Por sorte lembrei de quando eu deixei de recolher as roupas do varal e meu irmão foi correndo contar pro papai. Se por causa de roupas eu havia ficado dois dias inteiros sem celular, imagina por causa de um... menino! Precisava fazer alguma coisa. Decidi mandar um sms de volta para ele.

" Lucas por favor, não conte ao papai o que você viu hoje."

Recebi uma mensagem em resposta:

" E o que eu ganho em troca? "

" Pensei que a nossa relação de irmão para irmã não dependesse somente de coisas materiais. "

" Essa foi boa Bella. Fico de bico calado se você me der metade de sua mesada por um ano. "

" Nem pensar! Pode esquecer. "

" Então me desculpe, não posso fazer nada. "

" Está bem. Seis meses. "

" Oito e não se fala mais nisso. "

" Fechado."

Tive que aceitar sua última proposta. Papai poderia cancelar a viagem ou coisa pior. Eu ficaria quase sem dinheiro por oito meses, tomara que tenha valido a pena. Pelo menos agora eu estava menos nervosa.

Tentei dormir, mas o sono não chegava. Me revirei na cama até achar uma posição confortável e me cobri, amaciei o travesseiro e deitei minha cabeça. Pensamentos começaram a surgir em minha cabeça: a implicância do Lucas na saída para a viagem, a incrível chegada no hotel, o camarim do Justin, o show, o acontecimento na porta do meu quarto...

Acordei com meu celular tocando. Demorei um pouco para levantar e ir atendê-lo. Quando olhei a tela para ver quem era percebi que não era ligação e sim o despertador. Já eram oito horas da manhã e eu precisava me arrumar. Tomei um banho rápido, sequei meu cabelo e comecei a arrumá-lo quando parcebi que ainda não tinha escolhido a roupa. Geralmente essa era uma tarefa que não tomava muito o meu tempo, mas agora, não sei se por causa do meu nervosismo ou se eu realmente havia colocado pouca roupa em minha mala, demorei quinze minutos para pegar uma blusa branca a vermelha, uma calça jeans clara e uma rasteirinha. Pensei estar frio lá fora então peguei minha blusa de frio cor de pele. Terminei de arrumar meu cabelo e já eram oito e quarenta e cinco. Pensei em passar uma maquiagme leve, mas mesmo assim ficaria pesada por ser manhã. 

Meu estômago roncou e lembrei que precisava comer. Provavelmente nós iriamos tomar café então pedi apenas uma fatia de pão. 

Liguei pro meu pai avisando que sairia com o Justin hoje. Fiquei surpresa quando ele disse que não haveria problemas apesar de seu tom de voz estar meio diferente. Desliguei o telefone e a camareira chegou com o meu café-da-manhã um pouco depois. Comi e ao terminar decidi escovar os dentes de novo, só por precaução.

Ainda tive tempo de me deitar um pouco e ligar TV. Rafaella estava praticamente desmaiada ao meu lado. Me lembrei de quando nós viajamos e ficamos em quartos diferentes. Ela acordou duas horas da tarde e todos haviamos pensado que ela estava morta ou algo do tipo.

Ouvi batidas na porta. Desliguei a TV, coloquei o celular no bolso e escrevi um breve bilhete pra Rafa avisando que tinha saido.

- Bella? - ouço uma voz rouca e abafada facillmente reconhecível me chamar.

- Já vou. - respondi apressada.

Coloquei o bilhete em lugar visível na penteadeira e abri a porta. Lá estava ele, em pé a me esperar. Um sorriso cativante surge em seu rosto e sem demora tento retribuir um sorriso igualmente lindo, uma tentativa absurda claro.

- Está pronta? - ele diz estendendo a mão.

- Acho que sim. - disse, tentando esconder o nervosismo. Outra de minhas tentativas absurdas.