Na manhã seguinte, eu me sentia bem. Mais do que bem, renovada. Me lembro de cada detalhe de ontem a noite, foi tão... mágico. Não foi como na primeira vez.

Levantei minha pálpebra esquerda e vi a claridade que havia do outro lado da cortina, era tarde. O braço de Will me envolvia e seu rosto estava afundado nos meus cabelos ruivos. Nossos dedos estavam entrelaçados e apertei sua mão contra mim, ele suspirou e beijou a minha nuca.

–Teve belos sonhos? - perguntei me virando para encará-lo

–Sim, e que belos - suspirou

–Eu estava neles? - acariciei seu rosto

–Não só estava neles como...- sorriu para mim - você entendeu - arqueou uma sombrancelha

Sorri para ele com ar de felicidade

–Você é linda - disse - é minha deusa da manhã. Danna, você é a minha Aurora

Sorri mais ainda e me aproximei mais dele para abraçá-lo e sentir seu doce cheiro.

–Não me faça chorar quando estou feliz, isso é maldade - falei

–Ás vezes chorar é bom - disse cheirando meus cabelos e rindo

–O quê? - perguntei

–Eu te descobri. - Will sorriu - Você me ilumina aurora, agora esse será meu apelido para você. Toda vez que você me toca, toda vez que você sorri, toda vez que você me olha, faz com que eu viva, Danna eu te amo

Antes mesmo que ele conseguisse terminar a frase, eu já estava chorando. Como sempre

–Will... - eu estava sem palavras - para de ser injusto e me fazer chorar toda vez que estamos juntos! - rimos juntos, enxuguei minhas lágrimas e o encarei - Eu estava sem rumo, até você chegar, eu estava perdida, até você aparecer, faltava uma estrela para mim antes de você me encontrar. E quando você veio, descobri um rumo, achei meu caminho e o meu céu negro foi iluminado. Obrigado por me fazer crescer, e a única forma de te pagar, é dando a coisa mais humilde que eu posso te oferecer, meu amor. Eu te amo.

E nos beijamos. Tudo o que eu sentia era amor. Meu coração batia forte, por ele. Poderíamos nos beijar até o mundo acabar, mas a droga do meu estômago começou a roncar e estragou o clima.

–Precisamos comer algo - falou - vou fazer o café-da-manhã - Em um movimento rápido, Will se levantou

–Eu tenho uma idéia melhor - peguei o cobertor para me cobrir. Me levantei e fui até ele - Que tal... - falei colocando as mãos em seu peitoral e arqueando uma sombrancelha - irmos tomar um banho, nem estou com tanta fome assim.

Will me olhou com aquele olhar e aquele sorriso. E em segundos ele já estava me carregando em direção a banheira.

–Agora você está falando a minha língua - falou.

Quando chegamos ao banheiro, Will me colocou na banheira e ligou a água.

Três e quarenta e dois da tarde. O tempo passava rápido demais, mas isso não importa, temos algumas semanas para aproveitar. Depois do banho divertido que tomamos - teríamos que limpar toda a água do chão depois - Will e eu fizamos o café juntos. Enquanto eu fazia as panquecas, ele fazia o café. Bem, a minha blusa havia se molhado de novo, Will tinha derrubado café de propósito na blusa para que eu usasse alguma blusa larga dele. Legal, minha blusa estaria colorida agora. Enquanto tomávamos café, conversávamos sobre histórias do passado, histórias e mais histórias.

–Algo que eu aprendi, foi que tem amigos que são seus verdadeiros inimigos - falou ele - As pessoas se aproximavam de mim por interesse, poucos amigos meus são confiáveis. Hayden e Eric por exemplo, confio neles apesar de seram dois babacas idiotas.

–Bem, de todas as amigas que eu já tive na vida, Tereza foi a única pessoa que sempre esteve ao meu lado. Amo ela pois me aceita do jeito que eu sou, apesar de ser um tipo de doente mental.

Gargalhamos.

–Ás vezes eu culpo George por isso.

–Do que?

–De não ter muitos amigos legais, parte da minha infância foi roubada por ele, - olhei-o - realizando o sonho dele

–Am... minha infância se foi quando eu tinha 12 anos então... estamos quites - dei um meio sorriso - Ás vezes ele assombra meus sonhos... agora nem tanto

–Não se preocupe com ele, se ele aparecer eu juro que quebro até o celular de quem estiver perto para não chamarem a ambulância

Rimos e aproximei a minha xícara para tomar um gole de café.

-Quero te dar uma coisa - falou ele

Will se levantou e ficou do meu lado, enfiou a mão no bolso do short e tirou um anel.

-Esse anel é especial para mim - falou olhando no fundo dos meus olhos - Comprei quando ainda  estava no colegial. Nela tem as impressões ''Forever&Always''. E eu quero que fique com ele enquanto estivérmos juntos, representando o nosso amor.

Will pegou minha mão direita e encaixou a no meu dedo do meio.

-Você  é o cara mais romântico que eu já conheci sabia? - ri

Levantei minha mão e analisei o pequeno anel de prata com as impressões:

''Forever&Always ∞''

Após terminarmos de comer, estávamos sentados na areia da praia. O céu estava azul, e havia apenas alguns pedaços de nuvem. O cheiro das águas salgadas do mar chegavam fortemente nas minhas narinas, o que fez com que eu quizesse entrar desesperadamente dentro d'água e sentir o gelado bater contra a minha pele. Olhei para Will e senti que ele estava pensando o mesmo.

–O último que chegar ao mar é um ovo podre! - disse ele enquanto corríamos para a água.

Chegamos ao mesmo tempo e o choque do mar contra minha pele me fez lembrar do... meu pai. Joseph Walker.

A forte lembrança do meu pai comigo... na praia. Eu tinha mais ou menos um ano de idade, ainda usava fraldas. Joseph estava exatamente igual as fotografias que eu tinha. Bigode mustache e o cabelo recheado de gel com o penteado para tráz. Ele estava me segurando no colo e quando chegava a onde ele me abaixava para que eu molhasse meus pés. Minha mãe estava do lado com um maiô bem diferente dos dias de hoje.

As imagens desapareceram rapidamente e voltei a vida real. Eu estava de joelhos e as ondas batiam fortemente em mim. Will estava muito longe de mim, e da areia. Me coloquei de pé e andei até o deque para pegar a toalha vermelha que eu tinha trazido.Eu estava de biquíni ripple cor roxa.

Quando me virei, vi Will correnda para a minha direção

–O que houve? - perguntou

–Eu não sei exatamente, quando as ondas me atingiram, veio uma lembrança do meu pai na minha cabeça - falei me sentando no mesmo lugar em que eu tinha desabafado para ele naquele dia

–Essas lembranças... elas só começaram a vir quando visitamos a A.A.S.S não foi?

Assenti

–Isso é sinal de alguma ligação sua com a agência

–Xavier me disse que meu pai era dono daquilo - falei, mas Will não parecia muito surpreso

–Eu suspeitava disso - respondeu, ele se sentou ao meu lado e me aproximou dele me abraçando.

–Desculpe, estou tentando evitar isso... - Will colocou o dedo indicador nos meus lábios

–Vamos... vamos pensar no futuro - olhou para o mar - O que passou passou.

–Certo - concordei

Essa história estava mal explicada, eu estava morta para chegar até Xavier e pedir satisfações.

- Você já... an... pensou na gente? Já pensou no futuro que... no nosso futuro?

–Uhum

Olhei para o mar junto com Will. O sol raiava na água salgada e fazia com que ela brilhasse. As ondas estavam fracas.

–Muitas vezes - continuou - Até o momento quando nos casarmos, termos a nossa própria casa e dois filhinhos correndo pela casa.

Comecei a rir e Will me encarou.

–Você sonha demais - disse ainda rindo - sonha muito alto

–É bom sonhar alto

–Você não acha que serei garçonete para sempre acha? -o abracei para mim e ele fez o mesmo

–Não, mas como eu disse, é bom sonhar alto, ainda mais agora minha Aurora

Sorriu para mim e encostou seu lábios nos meus. Will me puxou para ele me carregando e descendo para o deque. Cruzei minhas penas em sua cintura enquanto nossas cabeças moviam para lados opostos, mas com uma conexão.

–Você promete que nunca irá me deixar? - perguntei

–Não preciso prometer porque eu nunca deixaria você, nunca - disse enquanto tocava seus lábios em minha clavícula

–Will - o interrompi - você promete?

Ele olhou em meus olhos e sorriu

–Danna, eu prometo nunca deixa-la - falou enquanto eu observara as duas óbitas que me observavam, elas eram perfeitas.

Nos beijávamos mais uma vez, mas o toque do meu celular nos interrompeu.

–Será que não podemos ter um pouco de paz? - perguntou Will intrigado

Me afastei dele e fui checar quem era. O meu celular estava em cima da mesa de vidro da sala.

–Quem é? - perguntou Will impaciente

–Rogers - falei

Que estranho... ele nunca me ligava, a não ser por uma emergência.

–Alô - disse intrigada

–Danna? Docinho? - a voz de Rogers soava preocupada - Cadê você?, aconteceu algo muito grave aqui

–O quê? O que aconteceu? - eu já estava ficando muito preocupada também. Esperava a sua resposta enquanto encarava Will que estava silêncioso.

–O prédio... O prédio foi incêndiado

–O QUÊ? - dei um berro praticamente

–Você tem que vir para cá, nesse exato momento! - falou com tom de ordem

–Estou indo - olhei para Will - Estarei ai em alguns instantes

Sem deixar Rogers terminar de falar, desliguei

–O que aconteceu? - Will vinha atráz de mim enquanto eu subia as escadas

–O apartamente, ele... ele foi incêndiado - falei desesperada - WILL! Precisamos ir para lá agora, todas as minhas coisas estão lá! - me desesperei

–Calma calma, respira - ordenou e eu o obedeci - me conte agora em detalhes o que aconteceu

–Eu também não sei, tudo o que o Rogers disse foi que o prédio está pegando fogo! - gritei, já estava com as mãos tremendo

–Tudo bem, eu vou pegar uma camisa e preparar o carro

Corri para o quarto e peguei um short jeans e uma regata, as primeiras peças de roupas que vi na frente, calcei os mesmos chinelos e desci correndo até a rua. Will já estava a minha espera. Entrei no carro que rapidamente entrou em movimento e coloquei o cinto.

–Tenho certeza que foi um ataque, tenho certeza! - falou

–Ei tome cuidado com a direção - olhei para o velocímetro e ele indicava 100 km/h - Como você tem tanta certeza?

–Eu sabia, sabia que ele iria tentar novamente - falou me ignorando.

Will continuava a correr , até chegarmos a estrada que levava a cidade. Estava mais calmo, e eu também, mas continuava intrigada e preocupada.

E se fosse mesmo um ataque? Seria George o autor? Ele não sabe que eu estava com Will? Eu precisava urgentemente falar com Xavier, precisava de respostas. O difícil seria me desgrudar de Will, mas vou tentar.

Depois de cinquenta minutos, estávamos na rua do meu apartamente, ela estava interditada. Eu ouvia também o barulho das sirenes

–Droga! - disse - vou descer aqui

–Danna, espera...

Não o ouvi, desci correndo para ver o que estava acontecendo a uma quadra dali. Corri o mais rápido que eu pude e me deparei com... O prédio estava pegando fogo somente no meu andar, me aproximei mais um pouco colocando a mão na testa para ver melhor.

No momento em que levantei a cabeça, alguém se colocou na minha frente. Rogers

–Vem aqui - falou ele me abraçando

–O que... o que aconteceu? - comecei a chorar

–O fogo estava mais alto quando cheguei aqui, os bombeiros suspeitam que seja uma bomba

Comecei a soluçar e Rogers acariciava meus cabelos e falando coisas para me reconfortar

–Eu também não estou feliz pelo que aconteceu, e com certeza, quem fez isso pagará um preço mais alto

Abri meus olhos cheios de água e olhei mais uma vez. Todo o meu apartamento, destruído... ver o fogo saindo da janela fazia com que meu ódio crescesse.

-Preciso entrar lá - disse me soltando dele mas ele me agarrou novamente

-Ficou doida? Você irá morrer se entrar lá

Ele tinha razão, não tinha nada que possamos fazer, aquilo já estava destruído...

–An... brother... pode me deixar na cabana? preciso fazer uma coisa urgente! - falei esfregandando as mãos nos meus olhos

–Tenho que ficar , não posso sair daqui quando o meu prédio inteiro está pegando fogo - falou calmamente segurando a raiva, ele nunca se estressava na minha frente.

–É muito urgente - o que eu queria falar é: '' ISSO É CASO DE VIDA OU MORTE, VOCÊ TEM QUE ME LEVAR LÁ AGORA!'' mas não quis arriscar

–Bem - Rogers levou a mão até o bolso da calça e pegou um molho de chaves. Tirou a do carro e me entregou - vá com meu carro, se eu precisar de carona ligo para os meus assistentes.

Peguei a chave e o abraçei

–Obrigado. Caso Will apareça, diga a ele que vou estar em seu apartamento?

–Will an... - fez cara de dúvida - Ah sim! Seu namorado certo? pode deixar e apropósito, meu carro está há duas quadras daqui

Corri o mais rápido que eu pude novamente e em instante, já estava dentro da BMW. Liguei ele e dei partida. Era a melhor hora para respostas. O filho da puta que fez aquilo irá pagar, ah se vai. Depois de quinze minutos, estacionei na estrada principal ao lado da floresta. Tirei a chave da ingnição e sai correndo novamente até a cabanna.

Após uma breve corrida, empurrei a porta da cabana e afastei o tapete do chão. Abri o sapão e desci correndo até a porta que na verdade era um elevador.

Ok, agora como é que eu iria fazer aquela porta abrir? Que droga! Como é que eu não tinha... é isso! Do lado da porta havia uma caixinha pendurada . Abri a tampa de aço e era exatamente o que eu procurava. Uma máquina com senha. Antes que eu pudesse ''tentar'' acertar, uma moça loira com um coque e uma escuta no ouvido apareceu no visor

–Não será necessário senhora, abrirei a porta para você - falou, sua voz estava parecendo com a de um robô

A porta se abriu e entrei no elevador. Comecei a notar mais os detalhes dele, não havia números mas sim uma tela. Por curiosidade, encostei meu dedo nela. Derrepente a tela ligou e pulei para tráz num susto. Era a mesma mulher

–Deseja falar com o capitão senhora? - perguntou ela. Nunca ninguém me chamou de senhora

–Sim, se não for encomoda-lo - tentei ser educada, mas minha voz soou rouca e a expressão do meu rosto era de preocupação

–Ele está dísponivel para atendê-la

Ainda bem.

–Deseja mais alguma coisa senhora? - perguntou a loira

–Não obrigado, eu só... quero conversar

A porta se abriu e sai do elevador. Legal, e agora Danna, onde você vai achar o Xavier?

–Olá Danna, estou feliz que tenha voltado - falou uma voz grossa do meu lado

Graças a Deus.

–Preciso de algumas respostas.