~ 4 anos atrás ~

–Danna! Venha aqui imediatamente! - berrou o meu padrasto

Eu estava no meu quarto, fazendo a tarefa de casa, como todas as tardes.

Eu não aguentava mais o que ele fazia comigo, eu não entendia porque a minha mãe se casara com este sujeito. Eu sabia que não era amor, por isso que me intrigava. Ele era um porco

Desci para ver o que Jim queria.

–Me chamou senhor? - falei com o tom mais delicado que pude, porém com um pouco de desprezo.

–Esse sanduíche está uma merda! - Berrou ele novamente - Vai lá na cozinha e me traga outro com mais capricho. - ele jogou o prato com o sanduíche no chão - E limpe isso! - e novamente voltou os olhos para a tela da televisão com o jogo de beisebol ligado.

Deus, eu odeio ele, odeio odeio odeio!

Antes de ir pra cozinha, fui checar se minha mãe estava bem.

Dora pegou uma tuberculose há poucos dias e desde então, se recusa a ir ao médico.

–Mãe? - perguntei abrindo a porta do quarto com cuidado.

–Danna. - respondeu ela com a voz fraca e rouca

–Vamos ao médico por favor! - supliquei - Você ainda pode ficar boa! - Me agachei para pegar a sua mão

–Filha, é o destino, eu não mereço mais viver, fiz muita coisa errada - ela deu uma pausa - Nunca vou me perdoar por ter feito você passar por tudo isso e pelas marcas que você tem por todo o corpo. - Fez outra pausa - Mas espero que um dia, você ainda consiga, eu sinto muito. - Ela fechou os olhos e apertei a sua mão.

–Mãe, me escute, eu não vou te perdoar por que não há nada a ser perdoado, meu corpo pode estar cheio de marcas, mas nada pode mexer com o que eu tenho por dentro, posso estar infeliz por fora, mas estou pulando de alegria por dentro só de saber que o seu coração ainda está palpitando bem ai dentro e a cada dia que passa, você é a minha razão de aguentar aquele sujeito lá embaixo, você é a única razão de eu querer continuar viva - Lágrimas começaram a cair dos meus olhos - Eu te amo mãe, não me deixe agora, por favor - Fechei os olhos e beijei a sua mão - Mãe? - ela não respondia - Mãe? Mãe por favor responde! Mãe?

–Danna, cadê você? Eu quero o meu sanduíche! Mas que porra você está fazendo pra demorar tanto? - Jim gritou.

Apenas ignorei, eu não me importava mais com o que ia acontecer comigo, que se dane a minha vida. Mais lágrimas começaram a pulsar dos meus olhos

Minha mãe não respirava mais. Seu coração havia parado