Secrets escrita por Sky


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olááá! Mais capítulo para vocês!



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Rose narrando: 

Eu não podia acreditar. Scorpius tinha chamado-me para um encontro. 

Naquele momento todas as cores do ambiente tornaram-se nítidas para mim. Podia ouvir claramente a chuva mansa que caia pela janela da sala. Um garoto rabiscava febrilmente num pergaminho, sentado no canto oposto ao que estávamos. Ouvia risadas e conversas singelas vindas dos dormitórios. Tudo estava como devia ser, mas ao mesmo tempo, tudo parecia-me errado.

Já tinha ido ao povoado inúmeras vezes com ele, sendo assim, poderia facilmente dizer um "sim" e ter mais uma tarde agradável ao seu lado, mas não passaria daquilo. Aquele período que passamos separados tinha ajudado-me a colocar as coisas sob uma nova perspectiva. No último mês eu andara num estado de espírito para lá de melancólico, a tal ponto que Scorpius sentira-se obrigado a convidar-me para sair por pena... Aquilo era demais para suportar.

Talvez já tivesse chegado o tempo de seguirmos caminhos diferentes. Eu já tinha tido o suficiente de tudo aquilo. Cansara-me de ser apenas uma "amiga"; cansara-me de ser apenas aquela a quem Scorpius recorria para ajudá-lo em um trabalho demasiadamente atrasado; cansara-me de ser apenas aquela que cuidava de Floy, sua coruja negra, quando ele precisava viajar; aquela que era chamada para passeios da piedade com um "camarada". Não, aquilo tinha chegado ao fim.

Eu precisava arrumar uma forma de seguir meu próprio caminho sem contar com a presença siginicativa do Malfoy. Pois ele não demoraria para fazer o mesmo, e quando acontecesse, eu ficaria sozinha, catando os estilhaços do meu próprio coração.  

Não queria magoá lo, mas se não o fizesse, acabaria morando no porão de sua  Mansão com colunas de mármore branco, sendo babá de seus três filhos loiros com uma outra mulher.

Ok, agora eu já estava planejando minha vida de auto flagelamento.  Quando foi que me tornei tão dramática, afinal? Suspirei olhando só agora nos olhos cinzentos de Scorpius, ele ainda aguardava uma resposta. Soube que não poderia lhe contar a verdade, mas também não iria com ele para a "tarde de caridade para Rose Weasley".

Tentei desvencilhar nossas mãos da forma mais discreta possível.

— Eu... ahn, não posso – gaguejei sem jeito com a certeza de estar totalmente vermelha. Scorpius uniu as sobrancelhas.

— Por que não? – eu não tinha uma desculpa boa o bastante. Então fiz algo de que provavelmente me arrependeria posteriormente.

— Porque, eu, ahn... porque eu já tenho um encontro! – menti descaradamente.

Scorpius apenas arregalou os olhos e um discretíssimo rubor subiu-lhe até as bochechas – Com quem, posso saber?

— Bryce O’Connor – disse o primeiro nome que veio-me à cabeça. Bryce era um Sonserino que sempre chamava-me para acompanhá-lo numa volta ao povoado. Mas eu nunca tive vontade, e naturalmente não iria sair com ele só por sair. Bryce não era feio. Muito pelo contrário. Era alto, pelo menos três palmos mais alto que eu, tinha cabelos castanhos desgrenhados e intensos olhos cor de caramelo. Eu amava caramelo. Era bem educado e dava o seu melhor nos estudos.

O único problema era que eu não o suportava. O garoto era certinho demais para mim. E você até podem até chamar-me de hipócrita, porque, no final das contas, talvez eu seja mesmo, já que somos bem parecidos. Culpada. Eu preferia alguém me tirasse daquela minha zona de conforto, que me levasse a fazer coisas que para mim seriam simplesmente arriscadas demais. Alguém como Scorpius Malfoy, pensei com amargura.

Corei encarando os olhos tempestuosos de Scorpius. Ele parecia aflito. Abriu a boca algumas vezes, sempre tornando a fechá-la sem pronunciar nem uma única palavra.

— Pensei que não fosse com a cara daquele engomadinho, Rose. – disse azedo.

— Bem, resolvi dar uma chance á ele. 

Não iria resistir a tentação de lhe contar a verdade se continuasse ali por muito mais tempo. Para quê? Ela não serviria para nada. Scorpius tinha aquela cara sua expressão pensativa característica, podia quase ouvir seus neurônios trabalhando debaixo dos cabelos loiros lusídios. Levantei-me num salto, sem que ele tivesse tempo de achar furos na minha história ridícula, e corri até o meu dormitório para martirizar-me até o malfadado encontro que eu teria que arranjar com Bryce O’Connor. 

*

Suspirei derrotada. Enquanto caminhava para a aula de Runas Antigas. 

Não tinha sido difícil marcar o encontro com o grudento do Bryce. Apenas cumprimentei-o pelo corredor enquanto andava (sozinha e em câmara lenta para dar-lhe tempo para me alcançar) e deixei para que a "mágica" fosse feita por si própria. Felizmente essa parte correu como o esperado. Bryce deu-me até flores algumas horas depois deu ter dado uma chance à ele. Grudento.

Em outras circunstancias, ficaria extasiada ao receber flores depois de tanta insistência. Mas eu sentia-me tão mal por estar usando o pobre Sonserino que nem ao menos me obriguei a colocar as flores num jarro, deixei que elas definhassem em cima do meu malão. 

Pelo menos agora combinam com meu estado de espírito, pensei.

Percebi que Scorpius estava cabisbaixo depois do nosso pequeno episódio há uma semana.  Mas não tinha muito que pudesse fazer para mudar aquilo. Tinha? 

Minha aula de Runas seria com a Corvinal, menos pior que a Sonserina, não queria ter de passar as próximas horas ignorando possíveis bilhetes enfeitiçados que Bryce lançaria na minha direção. Realmente aquele era um ano de péssimas escolhas para mim.

Joguei-me na cadeira vazia ao lado de Scorpius (que passara a ignorar-me sempre que tinha a chance). Ele estava distraído, nem percebeu que eu tinha sentado ao seu lado. Estava desenhando no caderno que eu tinha dado a ele. Era muito bom no que fazia. Desenhava com graça e naturalidade. Simplesmente se desligava do mundo quando o fazia, e era um dos meus passatempos preferidos vê-lo desenhar dessa forma. Às vezes ele unia as sobrancelhas e fazia um biquinho. Ou passava a mão pelos cabelos em sinal de descontentamento. Só quando ele dava aquele sorriso de lado é que estava satisfeito com sua obra. Mas aquele sorriso eu só tinha presenciado umas poucas vezes, Malfoy era muito perfeccionista quando o assunto era a sua arte.

Se ele quisesse, poderia montar um portfólio, e quem sabe um dia, expor suas obras em uma daquelas galerias trouxas que ele vivia comentando. Aparentemente as pessoas pagavam para ter para si uma das peças. 

Mal conclui minha linha de raciocínio e aquele sorriso brotou nos lábios do Malfoy, para meu contentamento. Estiquei o pescoço para poder analisar melhor o desenho, corando instantaneamente ao perceber o que era. Era uma rosa e um escorpião entrelaçados, como num abraco, um brasão. Era lindo, a quantidade de detalhes era impressionante, todos cuidadosamente desenhados formando uma imagem magnifica. Carregava muito significativo para mim. Talvez até para ele, já que era seu desenho. Naquele momento Scorpius percebeu minha presença intrusiva, e levantou-se assustado e completamente vermelho, escondeu o mais rápido que pode o desenho, mas aquela altura eu já tinha visto tudo. Só não sabia o que significava.

— Senhor Malfoy, que bom saber que alguns alunos ainda demonstram o devido respeito aos professores! Fico muitíssimo agradecido pela gentileza – disse o professor assim que entrou na sala – Pode sentar-se, agora. Ah lembro-me da época em que todos tinham de calar-se e se levantar assim que o professor responsável entrava no recinto...

Depois de alguns minutos de nostalgia por parte do professor a aula começou e terminou de forma vagarosa. Senti-me mal por não ter conseguido prestar atenção necessária na aula. Por algum motivo (ou mesmo vários) símbolos marcados em pedras não eram tão importantes naquela hora.

Será que aquele desenho mudava alguma coisa? Provavelmente não. Scorpius deveria estar apenas sentindo minha falta. Já que eu estava bem ausente nos últimos dias. Talvez eu pudesse fazer isso mudar. Que mal faria tomar uma pequena dose daquela droga que era Scorpius Malfoy?

Scorpios narrando:

— Importa-se se eu for com você até a próxima aula? – congelei por um segundo ao ouvir aquela voz: Rose.

— Tanto faz – eu disse dando de ombros. E tanto fazia mesmo. Eu estava zangado com ela. Primeiro me ignora e depois diz que vai sair com aquele idiota do Bryce. Não dava pra mim. – Qual a sua próxima aula?

— Estudo dos Trouxas, a sua é Trato das Criaturas Mágicas, certo? – ela estava escolhendo as palavras com cuidado, talvez para não me deixar pior. Mas não funcionou, eu estava quase tendo um colapso com toda aquele situação de merda.

Rose tinha deixado tudo bem claro. Ela não ligava a mínima para mim. E eu estava lá, fazendo desenhos incrivelmente sugestivos enquanto ela espiava bem de baixo do meu nariz. Céus, devo ser a criatura mais obtusa que já andou sobre a terra.

— É, mas você não precisa me acompanhar até lá. Eu sei bem o caminho, obrigado.

Gostei de vê-la encolher-se com o meu tom de voz. Eu estava agindo como um trasgo naquela hora mas não me importava realmente, Rose tinha ferido o meu ego. E eu queria fazer o mesmo com ela, mesmo que eu fosse me machucar no processo.

— Até mais, Rose.

Deixei-a sozinha no corredor.

— Ah mas não vai mesmo, seu imbecil! – ela gritou –  O que deu em você para agir desse jeito?!

— O que deu em mim? O que deu em você! – girei nos calcanhares para encará-la. Meus punhos cerrados e postura rígida.

Rose estava furiosa, as maçãs do rosto rubras e os cabelos escapando do rabo de cavalo frouxo.

— Ah, mas era só o que me faltava, você colocando a culpa em mim. – vociferou – O que mais eu poderia esperar de você, Malfoy

— Quer saber, eu não tenho ficar que ficar ouvindo o seu falatório!

Já estávamos gritando a essa altura, a um passo de distância um do outro – Divirta-se em Hogsmeade, Weasley.

— Pode apostar que eu vou, Bryce é dez vezes o homem que você nunca foi, Malfoy! – disse cutucando o meu peito com o dedo indicador. Ela já estava passando dos limites. – Você só está com ciúmes porque eu tenho um acompanhante e você não. Então não desconte em mim!

— É isso mesmo o que você pensa, Rose? – estreitei os olhos – Eu vou com alguém também e terei uma tarde maravilhosa ao lado de qualquer uma. Talvez até uma noite maravilhosa. Veremos.

A última parte tinha sido um golpe baixo, eu sabia disso. Rose arregalou os olhos e se afastou um pouco de mim, magoada, mas logo o ódio dominou novamente seus olhos azuis – Ótimo, adeus Malfoy. - Virou as costas para mim e apertou o passo, virando o corredor como um tornado acobreado, sumiu de vista rapidamente.

— Mas que droga! – gritei chutando uma armadura próxima, o barulho gerado foi tão alto que tinha que sair dali, disparando logo em seguida para não levar uma detenção.

Seria fácil achar uma garota que quisesse ir comigo ao povoado e até passar a noite comigo. Mas eu não tinha certeza de que eu seria capaz disso. Rose era minha melhor amiga, e por mais que ela tivesse me machucado, eu sabia que não tinha sido de propósito. Talvez se eu escolhesse contar tudo a ela às coisas se resolveriam.

Então lembrei-me de Rose, minha Weasley, falando de como aquele palhaço do O’Connor poderia ser melhor do que eu. Nem se eu presenciasse uma feira de venda de biscoitos caseiros feita por Comensais da Morte (a imagem de meu pai vestindo um avental cor-de-rosa cheio de babados era demais para minha sanidade). 

Eu faria Rose engolir aquelas palavras. Eu precisava, a mera perspectiva de vê-la sorrindo numa tarde agradável com qualquer que fosse o cara... 

Só parei de correr quando cheguei até o quadro da Mulher Gorda. Estava ofegante e com aquela estúpida dor nas costelas que dá quando bebemos muita água e depois começamos a fazer algum tipo de exercício físico, ou só um exercício físico sem aquecimento como era o caso. Eu faço desenhos, não sou o melhor atleta.

— Oi! – naquela hora um grupo de garotas quintanistas passaram dando risinhos como de costume. Rose odiava essas meninas que "customizavam" seus uniformes para deixá-las mais parecidas com objetos sexuais em próprio espaço acadêmico. Palavras da Weasley.

As meninas a minha frente eram exatamente desse tipo. Andando em bandos procurando pobres garotos para tirar proveito.

— Olá – disse já começando a analisar qual delas sairia comigo no fim de semana que dentro de duas semanas. Uma delas era um palmo mas baixa que eu, loira e com olhos castanhos claros. Tinha um belo sorriso, apesar de ser muito vulgar para o meu gosto – Então, qual o seu nome? - perguntei encarando a loira. Rose iria ver. 

*

Depois de marcar o encontro com a tal garota, Cêce (pronuncia-se Cîci), um nome tão simples e sem qualquer característica extraordinária, assim como a dona.

Continuei caminhando até chegar ao Salão Principal para comer alguma coisa. Brigar com Rose sempre me dava fome. A ruiva estava sentada um pouco afastado dos primos e irmão, lendo algum coisa qualquer. Joguei-me no meio do Al e Lily. Ela apenas revirou os olhos emburrada e voltou a atenção para o maldito livro. Nem Albus ou Lily pareciam remotamente alegres.

Albus só encarou-me um pouco assustado e continuou comendo com mais classe do que eu poderia imaginar que ele fosse capaz. Até mesmo tomou o cuidado de usar guardanapos extras (um no colo e outro sobre o pescoço). Estranho. Lily não estava muito diferente. A menina estava calada e distante. Ouso até dizer "pensativa". Era no mínimo bizarro vê-la daquela maneira. Uma das grandes certezas da minha vida era de que o mundo poderia estar de cabeça para baixo, mas Lily Luna Potter sempre estaria sorrindo, e acima de tudo, apreciando a esplêndida comida dos elfos domésticos. 

— E aí? – Thomas Zabinne disse sentando-se ao lado da garota. Ele era meu amigo de infância, mas não mudava o fato de ser estranho vê-lo sentado-se a mesa da Grifinória – Está melhor?

Lily sorriu um pouco e comeu um pedaço de pastelão de rins, mastigando e mostrando a língua – e o que tinha nela - para o Zabinne. Charmosa.

Hugo sentou-se ao lado da irmã completamente enojado com cena. Bufou e pegou uma das cochas do peru a sua frente devorando-a como se fosse o próprio pescoço do Sonserino que ele estava aniquilando.

— Então vai me explicar por que todos andam tão estranhos ultimamente? – perguntei á Albus, que engasgou-se com a comida. Depois de alguns minutos sua respiração voltou ao normal e ele conseguiu encarar-me como se eu fosse estrangulá-lo. – O que deu em você, cara?

— Em mim? Como assim? – já estava ficando sem paciência para esses joguinhos – Sabe como é, apenas ocupado com algumas, algumas...hm, você sabe, deveres de monitor e aluno. Isso! E eu tenho que ir, sabe como é, o dever chama.

O motivo de todo aquele teatro eu não fazia ideia. Só queria saber o que acontecera com sua irmã. Com Rose, ou mesmo comigo.

Potter saiu tropeçando nos próprios pés, colocou das mãos sobre a boca, ainda estava mastigando uma quantidade considerável de comida.

Se tinha uma coisa que eu aprendi nesses seis anos sendo amigo de Albus Potter é que ele não sabia mentir, e nem Rose. Ambos escondiam algo de mim. Aparentemente até Thommy escondia alguma coisa. Será que havia alguma criatura mágica ou não naquele castelo que não estava escondendo algo de mim?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Bom, tenho uma notícia triste, meu computador veio a óbito essa semana, ou seja, vou demorar um pouco mais para postar novos capítulos (escrever pelo tablet ou celular é simplesmente uma droga), mas assim que possível eu terminarei essa história. Já tem tempo demais ahahah
Enfim, gostaria muito de saber o que vocês estão achando, sabia? Não vou dar uma de terrorista das fanfics e ameaçar só postar mais com tantos comentários, mas tem muita gente acompanhando, e acho que um "achei legal" ou "não achei legal" não levam nem 5 minutos, né minha gente? Bom é isso.

Beijos da Sky .



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