Secrets escrita por Sky


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E aí? Tudo certo?
Espero que sim. Vejo vocês lá em baixo, boa leitura!



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Rose narrando:

Lily estava estranha. Mais do que o normal, quero dizer. Ela quase não comia, o que era realmente preocupante. Ela era magra, mas sempre tivera um apetite insaciável. É, algumas garotas simplesmente nascem com sorte. Roxanne relatou ter levado uma belíssima Bomba de Caramelo para animar a menina, Lily agradeceu polidamente e recusou. Sem falar que a quantidade de pegadinhas distribuídas em Hogwarts despencou de maneira assustadora.

Eu estava preocupada. Lily andava sempre calada, raramente sorrira no dia em que passei com ela. Não sabia o que fazer para alegrá-la, nada parecia funcionar com ela.

Meu irmão não estava diferente. Eu sabia, sabia que aquela maldita aposta não era uma boa ideia. Mas é claro que ninguém escuta a garota-que-quase-foi-para-a-corvinal, quase. Hugo fingia que não se importava com o afastamento da prima, mas estava abalado. Ele nem tinha forças para esboçar um sorriso sincero e despreocupado na última semana. Coisa que sempre viera com incrível facilidade para ele.

E Lorcan... Bem. O garoto fazia o que podia para entender o que acontecia entre os amigos, mas era algo complexo para sua cabecinha loira. Estava no meio de cabo de guerra entre minha prima e meu irmão. Ele tinha sido perdoado por Lily Luna, mas por algum motivo, desconhecido por mim, Hugo não. Não houve nem mesmo uma briga dessa vez, pelo que eu soube. Apenas a teimosia daquelas duas cabeleiras ruivas. 

Aparentemente todas as coisas estavam nos lugares errados. “Flutuando ao acaso”. Como se uma força superior tivesse desligado o botão da gravidade no planeta e as coisas simplesmente saíssem por aí. Sem rumo certo.

 Scorpius e eu não estávamos mais brigando por picuinhas como de costume. Isso era sério. Muito, muito sério. Nosso tratamento um para com o outro chegava a ser artificial de tão cortês. Era apenas "bom dia", "faz frio hoje, não é?", "pode me passar o açúcar?". Como eu disse, muito sério.

   Era como se uma parte importante do meu corpo tivesse sido arrancada sem dó nem piedade. Sentia falta de vê-lo nervo com minhas atitudes exageradas. Sentia falta da estúpida careta que ele fazia quando percebia que era eu quem tinha razão. Sentia falta de dar-lhe uns tabefes merecidos de vez em quando. Sentia falta de ver sua expressão confusa quando eu o insultava com uma palavra desconhecida por seu vocabulário. Sentia falta até mesmo de quando ele soltava meus cabelos de coque mal feito, só para me irritar.

Bufei. Aquilo tinha que acabar para que eu pudesse seguir com a minha vida de uma vez. Não dava mais para ficar com esses joguinhos. Mas primeiro eu tinha coisas a fazer.

Como minha querida prima tinha ganhado a maldita aposta, Scorpius tinha que me conceder um desejo. No entanto, essa era a última das coisas com que eu iria me preocupar. Sinceramente? Não havia nada que quisesse dele que ele pudesse me dar de bom grado.

Eu estava no Salão Comunal esperando Al chegar com meus ingredientes. Estávamos no meio da madrugada, então eu me encontrava sozinha com o livro que ele tinha alugado para mim mais cedo. Tinha certeza de que Albus já tinha deduzido qual poção eu faria, não era nenhum idiota, mesmo não fez nenhuma pergunta ou comentário impertinente. Ainda bem.

Esperei mais alguns minutos e ele prontamente passou pelo quadro entregando-me em silêncio os ingredientes. Seu rosto estava diferente. Levemente corado e sereno. Bem melhor do antes. Logo despediu-se mas não sem antes dizer que eu estava “devendo uma a ele”. Não que fosse mentira. Estava mesmo. Mas mesmo assim, eu poderia ter dormido sem ouvir mais essa. Apenas assenti e agradeci, subindo para o meu quarto. Guardei tudo em meu malão, trancando-o por segurança.

Deitei-me encarando o nada.  Remexi-me um pouco em minha cama, inquieta, e logo encontrei algo de superfície lisa. Um pergaminho.

— Lumus – sussurrei e logo no topo de minha varinha, uma bolinha surgiu, iluminando a penumbra debaixo de minhas cobertas.

O pergaminho era de um dos desenhos de Scorpius. Ele tinha desenhado isso a algum tempo, então sua habilidade com o lápis que eu tinha dado a ele não era tão imponente quanto suas obras atuais. Mas mesmo assim eram melhores do que qualquer coisa que eu tivesse tentado reproduzir. O máximo que eu conseguia era desenhar aqueles bonequinhos de palito. Batizados de “Bob’s” pelo meu irmão. Vai saber, cada um com suas loucuras.

No desenho eu abraçava Albus e Scorpius, enlaçando seus pescoços com meus braços. Estávamos no segundo ano, acho. Assim os meninos eram da mesma altura que eu. Digamos que atualmente eu tenha que esticar o pescoço se quiser dar uma boa olhada neles.

A vida era tão mais fácil naquela época... As brincadeiras nunca tinham tantos sentidos diferentes, meninos tinha "nojo" das meninas e vice-versa. Nunca me preocupava se meu cabelo estava em ordem, ou se tinha um pedaço de uma Lesma Gelatinosa em meu rosto. Éramos amigos. Crianças. Droga de hormônios femininos, e droga de garotos! Pensei como uma criança birrenta.

 Aquilo já estava virando um hábito. Refiro-me e agir como criança. O que posso dizer? Os resultados são mais eficazes na maioria das vezes.

— Nox – a bolinha de luz desapareceu. Já era tarde e no dia seguinte as coisas ficariam piores, eu deveria no mínimo ter uma boa noite de sono.

Amanhã eu começaria a poção.

Scorpius narrando:

 Sempre procurei ser uma pessoa calma, serena. E muitas vezes disse que minha “filosofia” de vida seria uma adaptação da expressão "Carpe Diem", que significa basicamente aproveitar o dia, o momento. Viver cada instante como se fosse o último. Mas nas últimas semanas estava sendo mais difícil do que o normal por isso em prática.

Eu andava rabugento e sem paciência. Agindo como um cavalo para ser mais exato. Ponha-se no meu lugar. Agora eu sabia que meus melhores amigos estavam escondendo algo de mim, a curiosidade e o ressentimento me corroíam.

  Deveria ser algo muito embaraçoso para não me contarem. Talvez eles estivessem tendo um caso... Explicaria muita coisa. As escapadas furtivas, os cochichos nervosos, fazia sentido Não. Só de pensar nesta possibilidade sentia meu estômago embrulhar. 

 Ora Scorpius, é claro que eles não estão tendo um “caso”! São primos, e além do mais Al não namoraria Rose, certo? Pensei sem chegar a lugar algum.

  Não iria adiantar. Era melhor seguir com a vida e deixar isso com o tempo. Porque me preocupar se não ajudaria em nada? Tinha outro detalhe amargo, Al me contou que Lily ganhou a aposta, o que significa que eu perdi a droga da aposta. Maravilha. Pelo menos assim, Rose teria que vir até mim para reivindicar seu prêmio, e poderia pedir qualquer coisa.

   As possibilidades eram infinitas.

   Eu não sabia o que pensar, precisa ouvir da boca de outra pessoa que eu não estava ficando doido. Que as coisas iriam se resolver. Precisava da Weasley, suspirei. Quanta falta ela me fazia! Entretanto, Rose não era uma boa opção hoje, essa semana, esse ano. Não saberia dizer quanto tempo aquela ladainha iria continuar. Mas se não seria ela, eu precisava falar com alguém.

  Comecei a andar até o dormitório, onde pegaria “emprestado” o mapa do maroto do Albus. Ele o escondia no meio de suas meias. Péssimo lugar para mim, mas não para ele.

Havia algumas pessoas no Salão Comunal, poucas. Inclusive Rose estava lá. A menina nem me viu chegar, já que ela estava escondida atrás de um livro idiota como sempre. Esse era um exemplar grosso e com páginas extremamente amareladas e puídas pelo tempo. Passei rapidamente e entrei em meu quarto.

O mapa estava exatamente onde eu achava que iria encontra-lo.

Procuraria primeiro por Scarlet. Minha irmã tinha o dom de escutar os problemas alheios e dar soluções diplomáticas. Um ótimo começo. Tirando o fato de que eu não conseguia encontrá-la em lugar algum, mesmo com o mapa. Estava sem tempo de pensar sobre seu paradeiro desconhecido. Assim passei para o próximo da minha "listinha mental de amigos confiáveis". 

Al era minha segunda opção, no entanto, eu não estava com humor para falar com ele, ainda tinha minhas suspeitas sobre ele, mesmo que fossem ridículas. Além do mais, nem ao menos eu conseguia encontrá-lo nos territórios do castelo. Para que um mapa mágico se ele nem funciona direito? Onde os dois poderiam estar?

Não tinha tempo nem vontade para pensar sobre aquilo.

Os últimos que sobraram foram Thommas Zabine e Hugo Weasley.

 Thommy era meu amigo de infância. Já que nossas famílias tinham uma história juntas. Nossa amizade continuou mesmo ele sendo da Sonserina e eu da Grifinória.

Graças a Merlin ambos estavam visíveis.

Hugo era quem estava mais próximo. Pude ver suas pequenas pegadas andando em direção ao quadro da Mulher Gorda.

— Malfeito, feito – sussurrei tocando de leve com a varinha no mapa e ele logo adquiriu a aparência de um pergaminho velho qualquer. Colocando-o em meu bolso disparei escada a baixo até encontrar o Weasley.

O garoto estava mal, isso era evidente. Possuía olheiras fundas abaixo dos olhos, e uma carranca. Estava com as mãos nos bolsos da calça e de cabeça baixa.

— Olá Hugolino! – cumprimentei-o como de costume esperando que ele me xingasse ou me azarasse. Ele odiava o apelido que dei a ele. Mas apenas resmungou e deixou-se cair num sofá próximo.

— Porque essa cara, garoto? – perguntei na esperança de ter algum sinal de seu habitual senso de humor.

— O que você quer Malfoy? – sibilou.

— Puxa, parece que o ano começou difícil pra muita gente, hein.

— Nem me fale. Mas e aí, o que você quer?

— Só conversar, acho - escolhi com cuidado minhas palavras, e disse – Bom, a Lily ganhou a aposta como você deve ter notado, e você sabe, eu e sua irmã fizemos uma aposta sobre o resultado da sua aposta – Hugo fez uma careta.

— Prossiga – disse.

— Sim, eu sei que é confuso, mas enfim. Eu perdi porque Lily ganhou, agora eu devo um desejo á Rose. Estava pensando se eu deveria fazer alguma coisa, sabe? – completei – Ela está estranha nesses últimos dias, não sei o que poderia ajudar.

Hugo deu um sorriso debochado – AH! Você não vai querer saber minha opinião. Além do mais, em briga de marido e mulher não se mete a panela, como diz minha avó trouxa. Ou seria "a colher"? – disse colocando a mão no queixo, em sinal de concentração – Bom, tanto faz.

Hugo deu de ombros e ainda olhava para mim com o olhar curioso dos Weasley.

Algo no modo como ele disse aquilo, fez com que eu pensasse que deveria ter ficado embaraçado.

— Tudo bem, não sei o que isso significa, então obrigado por nada - disse encostando-me mais no sofá. – Mas porque você está com esse cara? Lily pediu algo terrível pra você? – completei com malícia.

O Weasley olhou-me feio e suas orelhas tornaram-se rubras – Quem dera! Ela está me ignorando completamente! Eu não entendo essas mulheres, pensei que ela quisesse provar alguma coisa pra mim, ou sei lá, mas ela nem está olhando na minha cara mais...  E ainda por cima começou a andar com aquele Thomyzinho-idiota-Zabine. E ainda por cima, Lorcan disse que ela voltou a falar com ele sem nem pedir nada! Simplesmente não entendo. É frustrante.

Ah! Então a questão era essa. Ciúmes adolescente desenfreado. Mas eu não poderia troçar dos sentimentos que Hugo possuía no momento,

— Estamos no mesmo barco, meu amigo – disse, dando um soquinho-amigável-no-ombro.

*

Depois do jantar fui para o Salão Comunal terminar de fazer alguns deveres pendentes. Eu tinha alguns rolos para terminar até aquela semana, então era melhor começar logo.

Sentei-me numa mesa afastada, onde podia observar bem o movimento. Dava de frente para as escadas dos dormitórios, e para o quadro da Mulher Gorda.

Parando de flautear, comecei a escrever vorazmente pelo pergaminho. Tentando fazer com que minha letra ficasse maior, também criei um intervalo maior entre as palavras para preencher melhor o espaço sobrando que ainda tinha no meu dever de História da Magia.

Quando terminei minha mão estava doendo, e logo vi isso como um sinal para dar uma parada e quem sabe desenhar um pouco.

Só restavam algumas pessoas a minha volta. Dois garotos do segundo ano jogando xadrez bruxo. Outros alunos do sexto ano, que assim como eu terminavam de última hora o dever. E ela.

Rose estava encostada num sofá perto a janela. Hora lendo, hora olhando para o céu. De repente um sorriso surgiu em seus lábios. E aquele brilho em seus olhos. O brilho que nascia sempre que ela dava aquele sorriso. Tão doce. Meu coração perdeu duas batidas. E eu sabia o que desenhar.

Sem perder tempo, saquei meu lápis encantado e minha borracha – também enfeitiçada – e pegando meu caderno da mochila comecei meu esboço. Deixando que minha mente vagasse pelo papel.

Senti que alguém tinha se aproximado, talvez até sentado na cadeira a minha frente. Mas naquele momento eu estava muito ocupado para ver quem era. Não podia deixar aquela imagem se dissipar da minha mente. Continuei a desenhar. Ergui meus olhos para ver melhor o que tinha produzido e sorri.

Tinha ficado perfeito.

Eu nunca conseguia reproduzir exatamente aquele sorriso da Weasley. Ou o modo como seu cabelo ondulado caia-lhe sobre as costas. Mas não desta vez.

Alguém pigarreou. Então alguém tinha mesmo sentado na cadeira.

— Posso ver? – Rose perguntou hesitante. Suas bochechas estavam coradas. E se ela estivesse com o cabelo preso, tenho certeza de que veria suas orelhas da mesma cor.

— Quem sabe outra hora – respondi sem quebrar o contado visual. Ah, mas que falta eu tinha sentido de contemplar seus olhos. Os tons de azul sempre variavam conforme a luz do local e seu temperamento instável. Agora estavam azul celeste.

Ela abriu a boca algumas vezes, mas nenhum som saiu de seus lábios. Acabou por apenas acenar e abaixar o rosto, tristonha.

Com um estalo pensei em algo que poderia fazer. Seria no mínimo insensato da minha parte, mas eu queria prolongar aquele momento.

— Então, Weasley - comecei - já pensou no que vai me pedir? Pense com cuidado, você só tem um desejo.

Rose estreitou os olhos e sorriu ligeiramente, mas não respondeu de início.

— Na verdade estava pensando em deixar para lá. Nenhum bem veio dessa aposta ridícula.

Oi? Ela não ia pedir nada? Rose Weasley não iria nem tripudiar por ter vencido-me numa aposta? Não estava certo. A menina tentava espiar meu desenho, pensando que eu estava distraído. Então tive uma ideia. 

Uma ideia que poderia mudar tudo. Deixar as coisas bem mais fáceis ou acabar com tudo de uma vez. Seria como arrancar o curativo rapidamente para não causar muito estrago. Assim eu esperava.

Sentia-me como um idiota. Enquanto remexia minhas mãos naquele silencio desconfortável que instalou-se entre nós.

Assim num fôlego só, comecei – Rose, eu...

— O que? – os olhos brilhando em expectativa.

— Eu estava pensando... - tentei mais uma vez.

— Acabe logo com isso Malfoy – disse rindo.

— Como quiser – disse colocando minha cadeira ao lado da sua  pegando uma de suas mãos, segurando-a entre as minhas. Era agora.

Encarei seus olhos mais uma vez – Quero que saia comigo no próximo fim de semana em Hogsmeade.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Será que Rose vai aceitar sair com Scorpius? Lily jamais perdoará Hugo? Gente, interajam comigo, por favor haha
Até a próxima.

Beijos da Sky .



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