– Precisamos conversar. - eu disse, me jogando na poltrona do salão comunal, depois de um longo dia de exames, ao lado de Hermione.

Ela tirou os olhos do livro que estava lendo e, com um olhar entediado, me encarou.

– Agora? - ela suspirou - Na véspera do exame de Transfiguração?

– Agora - sorri

Ela fechou o livro.

– O que Harry fez dessa vez? - ela perguntou - Ou Draco?

– Eu vou ignorar sua pergunta de sabe-tudo e começar uma conversa normal. - eu disse - Ah, Hermione, você não sabe o que Harry e Draco fizeram!

– Oh Harry? Draco?- ela perguntou sarcasticamente - Nem imaginava que seria sobre eles.

– Certo. - ri - Sobre qual você quer primeiro?

– Draco. - ela disse

– Ele terminou comigo. - eu suspirei

– O QUE?! - ela exclamou

Dei de ombros.

– Mas você acabaram de voltar, praticamente. - ela disse - Por que ele faria algum esforço para te ter de volta para terminar contigo pouco tempo depois?

– Por que você está perguntando isso para mim? - bufei

– Eu sinto muito, Lizzie. - ela disse

– Obrigada. - eu respondi

– E Harry? - perguntou ela

– Tomou Felix Felicis. - eu disse

Ela assentiu.

– Por que eu estou envolvida no conceito de sorte de Harry? - perguntei

– Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela

– Não. - eu disse - Mas eu queria, na hora, eu acho.

– Lizzie, vocês dois saíram de relacionamentos recentemente. - ela disse - Vocês já têm um certo afeto, estavam carentes e se encontraram. Deve ter sido uma mera coincidência.

– Deve ter sido… - eu disse

– Tire isso da cabeça, Lizzie. - ela disse rapidamente - Digo, foi só a poção.

Assenti.

– Onde Harry está? - perguntei

– Na aula com Dumbledore. - ela disse

– Eu fui ontem. - eu disse

– Para a aula? - perguntou ela rindo

– Sim! - ri - É muito legal!

– Eu imagino. - ela disse - Qualquer dia desses, eu pedirei a Dumbledore que me deixe usar sua Penseira. Sempre quis.

Ri.

Ela voltou a ler o livro e eu suspirei.

– Talvez você devesse falar com Draco… - ela disse interrompendo a leitura novamente

– Você quer que eu fale com Draco? - perguntei

– Não quero que você volte com ele, mas acho que se vocês conversassem seria melhor. - ela disse - Eu não gosto de te ver toda tristinha pelos cantos.

Cruzei os braços.

– Não. - eu disse

Hermione riu.

– Eu não quero vê-lo agora. - eu disse - Na verdade, eu não quero ver nenhum garoto agora.

Senti alguém me abraçar por trás e Mione riu.

– Oi - disse Rony fazendo carinho no meu cabelo

Soltei um grito na cara dele e saí correndo. Só escutei Mione gargalhando e Rony perguntando se ele havia feito alguma coisa.

…

Eu tinha planos de ir para a sala precisa. Afinal, aquele era o melhor lugar para ficar quando não se queria ver ninguém. Quando virei um dos corredores do quinto andar, porém, esbarrei em uma fantasma. Eu não esbarrei, literalmente, por ela não ser sólida, mas garanto que transpassar um fantasma é igualmente desagradável.

– Me desculpa. - sorri

– Não tem problema. - ela sorriu

– Você é a fantasma da Corvinal, não é? - sorri

– Certo - ela afirmou, sem graça

– Qual é o seu nome? - perguntei - Acredito que não seja Dama Cinzenta.

Ela sorriu.

– É Helena. - ela disse

– Prazer em conhecê-la. - eu disse - Sou Alice.

– Eu sei quem você é. - ela disse sorrindo - Você e seus amigos são famosos até entre os quadros e fantasmas.

Sorri.

– O Chapéu Seletor falou que eu poderia ir para a Corvinal, mas acho que achou que minha vida seria calma demais por lá e me colocou na Grifinória.

Ela riu.

– Você gostaria de ter sido da Corvinal? - ela perguntou

– Provavelmente. - sorri - Eu gosto do azul.

– Eu também. - ela sorriu - Gosto muito.

Sorri.

– Onde você ia com tanta pressa, Alice? - ela perguntou

– Eu estava querendo me esconder, honestamente. - ri - Todo mundo nessa escola está me deixando maluca.

Helena riu.

– Eu sei como é.. - ela disse

– Você estudou Hogwarts? - perguntei

– Estudei. - ela disse - Hogwarts é como uma irmã para mim.

Sorri.

– Você gostaria de conversar em algum lugar? - sugeri - Minhas pernas ja estão ficando um pouco cansadas.

– Claro - sorriu ela

Como para uma das varandas de Hogwarts. A lua estava cheia naquela noite, e a Torre de Astronomia se destacava por sua altura. Sentei na mureta e olhei para Helena.

– Você está bem? - perguntou ela ao me ver encarando a paisagem

– Não - eu disse - Algo não está certo.

– Nada está certo desde que Voldemort retornou. - ela disse

– Você diz o nome dele! - sorri

– Não tenho medo de dizê-lo. - ela disse

– Você o conheceu? - perguntei

– Tom? - ela perguntou

Assenti.

– Sim. - ela respondeu rapidamente

– Como ele era? - perguntei

– Ele era… brilhante. - ela disse - Todos acreditavam que ele poderia ser Ministro da Magia, se quisesse. Ele era absolutamente encantador.

Olhei para a lua, novamente.

– Ele me lembra muito seu amigo Harry. - ela disse

– Todos falam a mesma coisa para ele. - eu suspirei - Mas, existe uma diferença fundamental entre os dois.

– Qual é? - Helena perguntou

– Tom não me parece ter sentimento algum. - eu disse - Eu não tive muito contato com ele, mas ele não me parece ter amor, ou amizade com seus seguidores e também não demonstra raiva em suas ações. Ele é um vazio.

– Ele sempre foi assim. - ela disse

– Harry, por outro lado, parece que transborda sentimentos. - eu ri - Quando os seus sentimentos entram em ação, ele não pensa! Ele só faz tudo que pode para fazer com que todos estejam a salvo.

Ela sorriu para mim.

– Isso que vai fazer com que vocês ganhem a guerra. - disse Helena

– Espero que sim. - suspirei

…

– Você deveria ir, Alice. - Helena disse, depois de ficarmos conversando por alguma horas - Está bem tarde.

– Certo. - eu disse enquanto me levantava da mureta - Foi ótimo conversar com você.

Foi maravilhoso, vamos conversar outra vez, qualquer dia desses. — ela sorriu - Obrigada por ter falado comigo, de qualquer forma. Os alunos normalmente não conversam com nós, fantasmas.

Parei para pensar que nunca havia conversado com os outros fantasmas, de fato, e senti uma pontada de culpa. Fazia muito tempo que eu não falava com Nick, o fantasma da Grifinória.

Olhei para a lua, mais uma vez, e vi dois vultos entrarem na Torre de Astronomia, com vassouras.

– Por que Harry está voando com Dumbledore? - perguntei

– Como você sabe que são os dois? - disse ela forçando a vista

– Ninguém voa como Harry. - murmurei - E Dumbledore tem uma barba característica.

Ela riu.

– Eu vou lá. - eu disse

– Alice, você vai se meter em problemas. - ela disse

– Nah, não tem problema. - eu disse - Eu sou acostumada a andar por aí à noite.

– Certo. - ela suspirou - Vou fingir que não sei nada sobre isso.

– Te vejo outro dia. - sorri

Ela sorriu.

– Boas férias, caso eu não te veja antes do ano que vem. - disse Helena

– Obrigada. - eu rio

– Tchau, Alice - ela disse

– Tchau, Helena.

…

Não demorei muito para chegar na torre, pois estava muito próxima dela. Quando entrei, vi Harry ao lado de Dumbledore, que estava quase inconsciente.

– O que diabos aconteceu? - perguntei me abaixando ao lado de Harry

– Conseguimos uma Horcrux. - ele disse - Mas Dumbledore não está nada bem.

– Severo… - murmurou Dumbledore

– Posso deixá-lo com você? - Harry perguntou - Eu preciso achar o maldito Snape.

– Não seria mais prudente o levarmos para a Ala Hospitalar? - perguntei - Podemos procurar Snape depois.

– Não! - exclamou Dumbledore - Severo!

Harry revirou os olhos.

Ouvi um barulho na escada e, Harry e eu, viramos em sua direção. Não ouvi ninguém murmurar nenhum feitiço, mas fui petrificada. Olhei para a direção de Dumbledore, o máximo que pude, e vi sua varinha em sua mão.

Com muito esforço, ele se levantou e cobriu Harry e eu, com a capa da invisibilidade. Olhei para Harry e vi que seus olhos estavam tão alarmados quanto os meus.

Olhei para a porta e vi Draco, parado, apontando a varinha para Dumbledore.

– EXPELLIARMUS - gritou ele