- Me fale mais de você Sammy – pediu Thommy, enquanto caminhava com sua amiga pela cidade.

- Ah....

Samantha era uma garota muito bricalhona, porém agora estava super quieta; o que não fazia o menos sentido para Mycah. Antes ela brincara com ele no carro o tempo todo, da casa dele até a cidade, mas agora que eles estavam lá, ela estava quieta e cabisbaixa.

- Está tudo bem? – perguntou ele, colocando a mão sobre os ombros da amiga.

- Estou me sentindo mal pelo jeito que eles estão nos olhando, sabe...

Ela se referia à simplesmente todas as pessoas da cidade. Por se tratar de uma cidade pequena, mas muito rica e “tradicional”, tanto Mycah quanto Sam eram vistos com maus olhos, e agora também seria Matty, uma vez que o boato se espalhasse.

Mycah sempre teve problemas em ir para a cidade, por se sentir muito mal, assim como sua amiga estava agora, mas pela primeira vez ele não se sentia assim.

- Ei... Eu sei como você se sente, pode ter certeza, pois eu sempre me sentia assim por vir aqui, e por esse motivo evitava vir aqui. – disse ele olhando no fundo dos olhos da amiga, com a mão apoiada em seus ombros. – Mas hoje, pela primeira vez eu estou me sentindo muito bem de ter vindo aqui, por que agora eu estou com alguém como eu, entende? Agora eu sei que não estou mais sozinho, como eu estava antes. Agora tenho você ao meu lado, e o Matty também, apesar de ele não estar aqui. E se temos mais duas pessoas como nós aqui mesmo nessa pequena cidade, nada impede de ter muitas mais que apenas tem muito medo de se mostrar para não passar pelo que eu e você passamos.

- Mycah... – disse ela olhando pra ele, quase sorrindo agora.

- Então vamos lá. Põe um sorriso nesse rosto lindo e vamos lá garota! – disse ele abraçando ela com muita força.

E o abraço foi correspondido. A garota chorava nos braços do amigo, que simplesmente sorria enquanto a abraçava. E quando ela o soltou, ele passou a mão em suas bochechas para limpar uma lágrima que escorria.

- Vamos tomar um sorvete... Ali! -  e ele apontou para uma sorveteria enorme que ficava do outro lado da praça que eles estavam, a qual era o marco do centro de compras da cidade.

Lojas e mais lojas de diversas marcas de grife por todos os lados, mini shoppings, mas totalmente refinados, decorados com mármore e lustres maravilhosos enfeitavam aquela praça maravilhosa, a qual por si só já merecia um prêmio de decoração.

Bancos brancos e postes verde-escuros com estilo antigo enfeitavam aquela enorme praça de tijolos vermelhos e amarelos. Jardins incríveis estavam espalhados por todos os lados, com flores lindíssimas que coloriam ainda mais aquele lugar. E em destaque, no centro da praça, cerejeiras floridas embelezando aquilo tudo, deixando tudo igual um filme, como disse Sam ao ver tudo aquilo, quando passaram de carro.

Eles foram até a sorveteria, e lá entrando a garota ficou boquiaberta.

Paredes de mármore puro e móveis feitos de mogno enfeitavam todo o lugar. Lustresrústicos feito à mão, um diferente do outro deixavam o lugar belíssimo, com um ar de modernidade e ao mesmo tempo antiguidade, o que deixava o lugar muito sofisticado.

Mycah andou até o balcão com a garota, que se reestabeleceu após o choque de ter visto o lugar.

- De que sorvete você gosta? – perguntou ele.

- Pede um igual ao seu... Não tenho nenhum sabor favorito...

- Então vamos dividir o meu preferido no tamanho jumbo! – disse ele rindo.

E ela ficou com uma cara super espantada achando que jamais iria conseguir terminar o sorvete em questão, mas riu também, para não deixar o amigo com cara de bobo.

- Por favor! – pediu Thommy

- Sim? – respondeu a atendente.

- Eu quero um sorvete jumbo de cereja, blueberry, flocos, pêssego, framboesa, amora, morango, kiwi e pêra.

- Mais alguma coisa senhor?

- Sim. Uma casquinha mista de cereja e menta, por favor, e dois Milk-shakes de cereja, menta e chocolate também.

- Mais alguma coisa?

- Não não. – disse ele sorrindo, enquanto sua amiga estava boquiaberta, ao notar que o sorvete “jumbo” era um pote com 4 litros de sorvete, e que o garoto ainda pedira Milk-shakes e uma casquinha.

- Senhor o Milk-shake é em que tamanho?

- Grande, os dois, por favor.

- Sim, senhor. Deu $22,80, senhor.

- Dólares?

- Euros. – e nesse momento a Sam caiu boquiaberta. Eles pagariam uma fortuna pelo balde gigante de sorvete. E por que havia uma sorveteria que cobrava em euros naquela cidade? A garota estava totalmente estupefata e sem entender nada.

- Aqui.

- Puta que pariu! Você anda com dólares, euros, reais e mais o que nessa carteira? E meu deus! Deram quase sete litros de sorvete! Onde cabe tudo isso?! – gritou a garota, chamando a atenção de todos no recinto.

E o garoto riu muito, e em seguida se sentou com sua amiga em uma mesa próxima.

- Todo mundo por aqui é assim Sam. Isso é super comum aqui querida. Estranho é o que você fez. Hahaha – e ele riu da garota, quase chorando de tanto rir – Ai ai... Fazia tempo que não via uma cara tão hilária...

- Ai para... Eu não estou acostumada a sair pagando em moedas diferentes, nem a tomar mil litros de sorvete. – disse ela sem graça.

- Você disse que eu podia pedir o que eu quisesse, e você nem almoçou ainda, então dá pra aguentar os sete litros de boa.

- Será?

- Com certeza! – disse ele se levantando para ir pegar o pedido, que já havia saído.

- Oh fuck – disse Samantha.

O garoto voltou com uma tigela gigante, em cima de uma bandeja ainda maior, onde também estavam dois copos enormes com o Milk-shake.

- Vou pegar minha casquinha, ‘peraí’!

- Oh mygod! Isso não é uma casquinha! Isso é todo o estoque do Mc Donalds guardado num negócio estranho gigante!

- Affe! Isso é só aperitivo... – disse ele, se sentando, com a casquinha gigantesca.

- Mano! Isso é um monstro! – ela exclamou com uma cara de boba inimaginável, que fez o garoto rir ainda mais e quase derrubar todo o sorvete.

- Para de reclamar e come logo! – disse ele rindo.

Meia hora depois...

- Pede um Milk-shake de damasco dessa vez! Nunca tomei desse!

- É seu sexto Milk-shake! Pra quem não ia aguentar, você está mandando ver, hein

- Isso é bom pra porra mano! Você queria o quê?!

E o garoto riu intensamente, pegando seu sétimo Milk-shake, e o sexto de sua amiga.

- Só uma coisa, onde cabe tudo isso na gente? – perguntou ela – eu ainda me sinto tão...

Vazia... Comeria mais uns dez sorvetes daquele.

- É uma massa especial que se desintegra no estômago. Daí é como se não comêssemos nada.

- Que louco! – disse Sam.

- Sim sim. E depois vãos no meu restaurante preferido, ok?

- Se for bom assim...

E eles riram mais. E riram muito mais no resto do dia, se divertindo pela cidade.

- Roupas! – disse Mycah correndo pela calçada enquanto sua amiga corria atrás dele, indo em direção ao setor de roupas da praça.

- ‘Uhúl’! – escandalizou a menina enquanto corriam – Roupas!

E de novo eles passaram mais um pedaço do dia rindo e correndo, e em toda loja que passavam, eles retiravam ao menos duas sacolas cheias de roupas, tanto para Sam, quanto para Mycah, em algumas.

- E agora, o mais importante, que eu já encomendei. Só preciso que você autorize para levarmos para casa. Vamos lá?

- Do que você está falando? – disse a garota, intrigada.

- Vem logo! – insistiu ele.

- Ok ok.

E eles chegaram em uma loja de móveis, com a decoração mai linda que ela já vira. Principalmente de um quarto que havia no fundo da loja, em destaque.

- Thommy? – perguntou um atendente.

- Eu mesmo.

E o atendente olhou com olhar de desaprovação, por saber que ele era gay, mas mesmo assim o atendeu com educação.

- Aqueles lá são os móveis que você encomendou, podemos entregá-los? -  disse o atendente apontando para os móveis em destaque no fundo da loja, os quais Sam amara.

- Sam?

- Nossa senhora mãe do filho do pai doido! – exclamou ela.

- Hã? -  disse Mycah tentando entender a garota.

- Claro que pode moleque! Oh mygod!

- Pode sim senhor. – disse Mycah ao atendente.

- Entregaremos amanhã, então, conforme o senhor pediu.

- Ok. Obrigado.

- Mano! Te amo! -  berrou a garota pulando em cima de Mycah, abraçando-o.

- Que nada, sua linda. Tenho dono.

E ambos gargalharam e foram rindo até chegar em casa, onde seus amigos os esperava na porta.

- Chegamos! Berraram ambos, já que Thommy decidiu deixar o carro em frente à casa, já que ninguém iria para aquele lado da cidade mesmo.

- Jura? – disseram Matty e Lorraine.

E eles descarregaram todas as compras, e ficaram algumas hjoras, até de madrugada conversando, e experimentando as roupas e mostrando para os amigos.