- Meu deus do céu! Que horas saõ gente?! – gritou Lorraine, desesperada se levantando do sofá de súbito.

Desde que Sam e Thommy voltaram da cidade, eles mal haviam parado para fazer outra coisa senão comer e conversar. Seus amigos Matty e Lory recolheram suas coisas do carro e se encarregaram de guardá-las, e logo em seguida foram preparar o jantar, que sempre ficava por conta de Mycah.

- Não, não e não Mycah – disse Matty – hoje nós vamos fazer a janta, e você e nossa nova companheira vão ficar lá na sala se divertindo, entendeu?

E assim foi, mesmo com os péssimos talentos culinários de Lory. Eles fizeram simples ovos mexidos e batatas fritas, o que conseguiram queimar, pois se distraíam muito enquanto conversavam. E para acompanhar, claro, arroz que eles simplesmente tinham que esquentar, mas que, claro, também queimaram.

Sem reclamar, e muito contente, Thommy simplesmente comeu tudo em silêncio na sala com Sam, deixando em seu rosto um sorriso estampado, para agradar seu amigo. Já Sam não conseguiu esconder o desgosto, e depois se contentou em comer uma pipoca, que Mycah fez questão de preparar.

Já Lory e Matty não aguentaram comer e comeram lasanha congelada, a qual esquentaram no microondas. Depois do jantar, Mycah agradeceu o amigo com um beijo na bochecha, foi escovar os dentes e depois voltou para o sofá com Sammy.

E por horas ficaram os quatro no sofá conversando, até que Lorraine teve um ataque e começou a gritar.

- Meu deus do céu! Que horas saõ gente?! – gritou Lorraine, desesperada se levantando do sofá de súbito.

- Calma garota... Que desespero, quase no mata do coração... – disse Mathews se recompondo – São 02:30 ainda, por quê?

- Porque eu tenho que voltar para casa cacete! – falou ela recolhendo suas coisas que estavam espalhadas pela sala toda. – Minha mãe vai me matar1

- Para com isso garota! Já cuidei de tudo. – disse Mycah trocando um olhar suspeito com a Sam, o qual Lory reparou.

- Como assim?! – escandalizou ela novamente. – O que você fez garoto?!

- Conta aí Sammy! –brincou o menino.

- Ele decidiu ligar para a sua mãe e pedir para deixar você dormir aqui hoje, pois iríamos fazer uma festa do pijama, e ela, estranhamente deixou.

- Deixou, Mycah? – falou ela, com um tom de quem sabia que a coisa não havia realmente acontecido daquele jeito.

- Na verdade eu falei que daria um vale presente nu a loja que ela gosta, aí ela deixou. – falou ele, rindo.

- Nossa... Esse meu Thommy é um bobo, né meu bobinho? – disse Mathews, que agora usava Thommy como apelido carinhoso, não mais o usava apenas quando queria falar a sério com o amigo.

- Ai meu deus Mycah... – disse Lorraine soltando suas coisas no chão, de novo – Você e essas suas ideias malucas... Mas você gastou direnhiro só para eu dormir aqui?

- Sim.

- Besta. – falou Lory, jogando almofadas sobre o menino.

- Obrigado. Eu também te amo, viu? – piscou ele para ela.

- Ei! Você é só meu garoto! Não vou te deixar escapar fácil assim não! – berrou Matty, que logo se engalfinhou com Mycah em uma briga amigável, rolando pela sala, que mais parecia um campo de guerra.

Almofadas espalhadas, vasilhas ainda com o que sobrara da pipoca, blusas que eles haviam pego caso esfriasse, o que não aconteceu, livros, embalagens de doce e muito mais forravam o chão da sala dos garotos. Eles, assim que o jantar acabara, empurraram os móveis da sala, deixando-a livre para que todos os quatro pudessem ficar sentados juntos.

- Eles sempre fazem isso? – perguntou Samantha, confusa, olhando para a Lory, que já tirava novamente seus sapatos.

- Ultimamente, com mais frequência. Devem ser os hormônios. – e ela se arremessou sobre o sofá.

- Vamos subir galera! – disse Matty subindo a escada, correndo atrás de Mycah, que tinha um olhar muito malicioso estampado em sua face.

- Ai não... Que nojo gente... Na primeira noite dela aqui?! – disse Lory, colocando sua cabeça entre as almofadas do sofá.

- As paredes isolam o som, filha! – gritou Mycah.

- Ninguém merece... E não. Eles não são sempre assim Sam. Nunca foram assim, na verdade. É esse lance de o Matty ser gay também. Isso é novo para os dois. Estão vivendo o pequeno momentinho feliz deles, sabe?

- Sim... E eu apareço pra incomodar... Ai ai... – disse ela, abaixando a cabeça.

Durante toda a conversa entre eles, ela não rira tanto, nem se entrosara realmente na conversa, parecendo sempre muito triste e distante, o que Lory decidiu puxar à tona agora.

- Você parecia tão triste agora há pouco... Por que Sammy? – disse ela, se sentando ao lado da nova amiga.

Nisso, suas mão se esbarraram.

“Ai meu deus. O que é isso que estou sentindo? Meu deus que porra é essa?!”, pensou Lory. “Por que raios eu estou tão estranha? Eu nunca me senti assim antes...”.

- Não... É que isso de eu estar sozinha no mundo agora, sabe? Sem ter quem cuidar de mim nem nada, depender de desconhecidos para me sustentar... Isso é tudo muito estranho para mim... Nunca me senti tão sozinha e desprotegida, sabe? – e ela se encolheu no sofá, parecendo uma pequena criança, apesar de ter a mesma idade de Lory e de ser muito linda.

“Meu deus... Coitada dela... Eu nunca me senti assim, mas deve ser terrível... Solidão... Não ter um ‘apoio’... Isso deve ser terrível...”, pensava Lory.

- Mas você não está sozinha e não precisa se preocupar com nada disso, tudo bem? Nós estamos aqui para tudo o que você precisar. E vamos te ajudar o máximo que nós pudermos. Aqui, entre nós 3, ninguém nunca era deixado de lado. Sempre que alguém precisava de ajuda, os outros dois ajudavam como podiam. E agora, seremos entre nós quatro. – disse ela, segurando a mão de Samantha entre as suas, e se aproximando mais da garota.

- Mas eu sou só uma estranha! Vocês nem me conhecem e me recebem em sua casa, me tratam super bem, me compram várias coisas, e não pedem nada em troca! Isso... Isso... isso não é normal! Não sei nem o que pensar! – falou ela se sentando direito, mas ainda deixando sua mão entre as mãos de Lory.

- E quem disse que algum de nós três aqui é normal? – e ela abraçou a garota que a olhava fixamente. -  Agora você faz parte de nossa família de irmãos. E irmãos devem se ajudar, certo? Independente de qualquer coisa, não é mesmo? Então nós estaremos aqui sempre que você precisar, para o que for.

- Lory...

- Não precisa dizer mais nada Samantha. Seja bem vinda. – e ela abraçou a amiga ainda mais apertado, o que a fez se sentir amada e protegida, provocando seu choro de novo.

- Voltamos! – disseram os meninos, descendo as escadas.

- Vocês foram rápidos! – disse Lory, se levantando, assim como o fez Sammy.

- Vocês pensaram que íamos fazer o que? Só fomos tomar banho... Vish... – disse Mycah pulando sobre Lory.

- Meu cabelo! Ai! Para! – gritou ela enquanto se engalfinhava com o menino pelo chão, rindo e empurrando ele.

- Ei gente, eu estou morto de sono, mas alguém está? – disse Mathews.

- Eu acho que também estou... – disse a Samantha, após bocejar.

- Então eu vou arrumar sua cama provisória para hoje, já que seus móveis chegam amanhã.

- Não se incomode, por favor. Eu durmo aqui no sofá mesmo. – disse a menina.

- Toma essa seu besta! – gritou Lory pulando em cima de Mycah que estava caído no chão, rindo.

- Nâo, não. Por favor. Temos um colchão inflável reserva aqui. Você não se importa de dormir com a Lory, não? – disse Mathews, um pouco apreensivo.

- Eu não, mas ela talvez... – disse Sam, bem baixinho, para que apenas ela ouvisse.

- Não precisa se preocupar com a Lory. Ela não liga para nada. Vou lá arrumar para você. – disse ele indo atrás do colchão.

E depois que a cama estava arrumada, Samantha foise deitar, assim como Mathews. Mas Lory e Mycah ainda passaram mais uma hora conversando na sala antes de irem dormir.