PDV Edward.

Eu a observava dormir enquanto permanecia sentado ao lado da cama.

Os cabelos espalhados pelo travesseiro exalando seu perfume, o rosto relaxado que ainda continham sinais de suas lágrimas.

O pequeno corpo, branco e macio, as curvas sinuosas, o formato dos lábios, os pés pequenos com as unhas pintadas de vermelho para fora do cobertor.

Ela ainda dormia do mesmo jeitinho.

A quase inexistente pinta que habitava na junção de seus lábios, um convite silencioso á beijá-la. O lábio inferior mais cheio do que o superior.

Lábios que tantas vezes beijei.

As mesmas sardas infantis espalhadas pelo nariz pequeno e levemente arrebitado.

A pinta em seu ombro esquerdo.

A minha pinta.

Eu a amava toda.

Seu corpo, seus trejeitos, seus sorrisos, suas manias, defeitos e qualidades.

A noite anterior havia sido somente mais uma confirmação.

Eu cuidei de suas feridas, suavizei suas dores.

Mas e as minhas? Eu também precisava!

Será que ninguém percebia?!

Eu sobrevivia dia após dia aquele amor esmagador.

E agora estava eu, sendo esmagado pelo sentimento de carência, injustiça ou qualquer outro que seja. Eu já não conseguia defini-los mais.

Eu estava constantemente confuso, depois daquele reencontro e me perguntava se a vida um dia ainda sorriria para mim.

Eu vivia em uma zona de conforto e proteção criado por mim mesmo, na tentativa vã de não sofrer.

Mas essa zona havia sido destruída após vê-la novamente.

Através de Nessie.

Coincidência? Destino?

Aquela pequena gatinha havia chegado de mansinho e tinha arrastado meu coração com ela.

Até ela.

Bella.

Eu continuava velando seu sono, mas minha mente não havia parado de trabalhar um só segundo.

Pensamentos, alusões, suposições, perguntas!

Cansaço mental.

A razão ainda tentava me atingir, mas meu coração havia tomado às rédeas de meus sentidos.

Ela estava aqui comigo, segura.

Mesmo que minha alegria fosse somente até o amanhecer.

Não me importava.

Deixei os pensamentos e emoções de lado, e continuei a desfrutar de sua companhia silenciosa, até meu corpo se entregar à inconsciência.

XXXX

Um cheiro gostoso inundava os meus sentidos. Era como se estivesse sonhando.

Um toque quente em meu rosto, como uma carícia.

Sensação boa, porém real demais para ser sonho.

Abri os olhos lentamente me deparando com Bella que mantinha suas mãos em meu rosto numa carícia suave.

Ao ser pega de surpresa me tocando ela envergonhada retirou a mão rapidamente  e se afastou.

Tentando ignorar a sensação que estava sentindo após receber seu toque voluntário e carinhoso, perguntei-a se já estava se sentindo melhor.

-Me sinto melhor. Um pouco dolorida, mas vou ficar bem. Graças á você Edward. Eu nem sei como posso agradecer. Você me ajudou mais uma vez. - disse-me

-Não tem que me agradecer Bella. Está tudo bem. - menti.

Na verdade eu gostaria de uma retribuição.

Minha felicidade de volta.

-Eu... É... Preciso voltar para casa. Nessie já deve estar acordada... E... - gaguejou.

-Tudo bem, eu te levo. Eu só te peço que não volte mais para lá. Não é o seu lugar. Eu posso te ajudar a conseguir um novo emprego. Mas não faça isso consigo mesma, pense em Nessie...

-Eu sei. E eu te agradeço tanto Edward! Minha filha é tudo que tenho... - disse com lágrimas.

-Bom, enxugue suas lágrimas e vamos para sua casa.

-Sim, vamos. Aliás, Nessie dever estar querendo te ver também.

-Eu também quero vê-la. - sorri- Onde está o pai dela?- Fui direto.

-Morreu... E eu não me sinto confortável para conversar sobre isso... - disse nervosamente.

-Tudo bem, me desculpe.

O silêncio que se instalou entre nós durou até a chegada em sua casa e a aparição de certa pessoinha.

-Mamãe! Mamãaae! Tio Eeed! - Nessie gritava enquanto se desvencilhava do colo da Sra. Agnes e corria até nós.

Bella correu até alcançar a filha toda agasalhada que tentava chegar até á mãe o mais rápido que suas perninhas permitiam.

-Meu amorzinho... Meu bebê... A mamãe está aqui agora...Você dormiu bem?-Bella chorava e perguntava entre beijos.

Eu observava fascinada aquela conexão intrínseca entre as duas.

Tão forte! Como se fosse possível apalpar.

Uma dedicação e amor imensuráveis!

Bella era uma verdadeira mãe.

-Eu tô bem... Domi quentinho... Mamãe domiu cum Tio Ed?

Gargalhei perante sua suposição e cheguei mais perto.

-Não... O Tio Ed trouxe a mamãe do trabalho para casa. - Bella explicou.

-Oi gatinha...

Ela estendeu os bracinhos para mim, apertando-os em volta do meu pescoço.

-Oi Tio Ed!-disse alegremente me beijando no rosto.

A Sra. Agnes, se aproximou, despedindo-se nos deixando sozinhos.

Com Nessie em meus braços eu entrei na casa de Bella, sentando-me no sofá enquanto Nessie mexia com a gola da minha blusa.

-Nessie, para de mexer na blusa do Edward assim, amorzinho.-Bella a repreendeu suavemente.

-Tudo bem Bella. Não se preocupe, né gatinha?

-É mamãe... Tio Ed góta, né?- os cachinhos balançaram junto com a indagação.

-Gosto! - Sorri a beijando no rosto.

-Puquê Tio Ed, não vem domi cum nóisi mamãe? - Nessie perguntou de repente.

Sua pergunta causou um silêncio constrangedor não percebido por ela que continuava entretida com a minha blusa.

Bella me olhou com o rubor tomando conta de suas feições.

-Porque ele tem a casa dele, amorzinho.

-Mas ele góta da mamãe... Góta de mim... Pode dumi aqui... - concluiu inocentemente.

-Nessie, Ah... Vamos tomar café da manhã? Vem com a mamãe... - Bella pegou-a levando para cozinha.

Enquanto elas permaneciam no outro cômodo, a vozinha de Nessie ecoava em minha mente.

Eu daria tudo para dormir com elas.

Para ser o dono desse lar, que era simples, mas possuía a minha maior riqueza.

Meu ser almejava fazer parte desse lugar. Fazer parte da vida delas.

Mas eu não poderia.

Isso era o que a minha mente gritava para mim em sinal de protesto.

Eu não pertencia ao mundo de Bella mais.

Então porque eu continuava voltando?!

Tentando me encaixar, achar um espaço, mesmo que pequeno para mim?!

Amor.

Amor, um sentimento tão lindo e ao mesmo tempo tão poderoso em nos destruir com uma eficácia impressionante.

Passei as mãos em meus cabelos sentindo que não haveria mais nada a se fazer, a não ser continuar ajudando-as a  sobreviver e ter uma vida digna.

Não me importava em continuar nessa empreitada.

Mas era hora de ir.

De repente uma saudade da minha casa me atingiu, como se alguém houvesse me batido.

Não percebendo meus atos, saí porta á fora rumo ao meu lar, rumo ao meu esconderijo onde eu poderia expelir minhas emoções sem ninguém para me censurar, a não ser eu mesmo.

XXXX

Não sei quanto tempo se passou, e eu continuava deitado em minha cama inanimado.

A chuva caía lá fora.

O céu de um tom cinza parecia combinar com meu estado de espírito. O vento gelado se infiltrava pelas janelas, deixando meu quarto mais frio.

Pensei em minha mãe.

Como eu gostaria de ouvir sua voz e sentir seus carinhos. Sua mãos que passariam em meus cabelos, enquanto ela me sussurraria palavras de amor transbordantes de sabedoria materna.

Batidas na porta, interromperam meus devaneios.

Insistentes e rápidas.

Abri encontrando uma Bella chorando desesperadamente.

-Bella, o que aconteceu?

Ela não me respondeu.

Mas se jogou em meus braços.

"Eu não posso ganhar,eu não posso reinar

Eu nunca vou ganhar esse jogo

Sem você

Sem você..."

O mesmo abraço da noite passada voltou ainda mais intenso.

Seu corpo sendo sacudido por soluços, enquanto ela se agarrava a mim, como seu fosse uma tábua de salvação.

Meu corpo permanecia estático ainda amparando o seu.

Passei as mãos em seu cabelo.

-Bella está tudo bem? Me conte o que aconteceu!

-Eu não posso mais... -soluçou.

Ela me olhou com os olhos vermelhos, suas mãos esquadrinhando meu rosto.

-Me perdoa!

Mais soluços

Minhas mãos pararam.

As batidas do coração ressoando como tambores.

O corpo começando a tremer.

Todas aquelas sensações voltando e me tirando o chão. Aquele assunto que eu evitei tantos anos em dizer em voz alta, na tentativa de me curar.

"Eu estou perdido

Eu sou um inútil

Eu não sou o mesmo

Sem você

Sem você..."

Ela continuava a chorar e a passar as mãos em meu rosto.

-Eu te amo, eu nunca quis te abandonar... Me perdoa, por favor!

Eu a olhava não acreditando no que estava ouvindo.

O coração apertado.

-Você sempre foi tudo na minha vida, Edward! Você ainda é tudo pra mim! Como eu poderia deixar de amá-lo? -suplicava.

"Eu não vou correr,eu não vou voar

Eu nunca poderia fazê-lo

Sem você

Sem você... "

Minha mente tentava processar suas palavras, enquanto minha ferida era aberta. A dor voltava com tal força que me tirava o ar.

-Eu nunca quis te deixar... Mas eu fui obrigada! Me tiraram de você! Mas não teve um só dia que eu não chorei para ter você de volta!

Soluços mais altos.

Mas agora eram os meus.

Todo meu autocontrole se esvaía.

Meu corpo ia ao chão.

Eu agora ajoelhado com Bella, chorava toda a minha dor.

Tudo aquilo que eu sentia escondido em meu íntimo, era revelado à pequena mulher que me amparava.

Eu agora a abraçava em busca de alívio para o meu coração.

Tanto tempo escondendo de tudo e de todos o meu real sofrimento.

"Eu não posso descansar,eu não posso lutar...

Tudo o que eu preciso é de você e eu..

Você,você,você..."

Eu a apertava em meus braços, enquanto meu corpo sacudia. Meu choro dificultava meu ar, fechava minha garganta.

Ajoelhados, abraçados, em prantos se encontrava Bella e eu.

Todo o meu desespero ao saber que ela tinha me abandonado, invadia-me.

-Por quê? - consegui balbuciar.

Essa pergunta que rondou tantas vezes minha mente, perturbando-me.

-Por quê me abandonou? Eu te amava!

Ela chorava comigo compartilhando minha dor.

Nossa dor.

Desde o primeiro momento nossas almas estiveram ligadas.

Nós éramos um só.

Nossas alegrias, dores eram sentidos na mesma proporção.

Mesmo separados, sofríamos juntos.

Eu é que não queria acreditar!

Parecia-me tão irreal!

Quantas vezes eu havia acordado arfante gritando seu nome e desejando que ela estivesse em meus braços, me dizendo que tudo não passara de um pesadelo.

Mas agora ela estava.

Segurei em seu rosto, olhando em seus olhos à procura de respostas para o meu coração partido.

Ela imitou meu gesto.

-Eu jamais poderia olhar em seus olhos e dizer que não te amava! Seria a pior das blasfêmias! Eu não conseguiria suportar ao ver a dor em seus olhar, como agora não suporto suas lágrimas... Anjos não choram, lembra? - disse tentando secar as mesmas.

-Então por que me deixou? Você disse que ficaríamos juntos pra sempre!

-Meu coração sempre será seu, Edward! Charlie perdeu muito dinheiro no jogo e faliu... Mas mesmo assim ele continuou a jogar... E quando não podia mais pagar, James me pediu como pagamento... E meu pai me entregou... - mais soluços e mais lágrimas - James me levou à força e eu não tive chances de me despedir... Eu sabia que se te contasse, você faria de tudo pra impedi-lo e eu não conseguiria me perdoar jamais se algo acontecesse com você! Você entende? Eu não tive escolha!

Eu paralisei.

Charlie havia vendido a própria filha?

Ele sempre havia sido um viciado em jogos de azar, trazendo problemas constantes à vida de Bella.

Quantas vezes ela me ligava chorando e eu ia ajudá-la? Escalava sua janela para lhe oferecer meu amor e ajuda.

Era aterrorizante demais!

A culpa me invadia.

Eu sempre a amaldiçoando pelo abandono, enquanto ela sofria nas mãos de estranhos!

"Não posso apagar,por isso vou levar a culpa...

Mas eu não posso aceitar que estamos afastados....

Sem você

Sem você..."

Without You-Glee Cast

-James me levou, mas ele também faliu por conta dos jogos e o assassinaram... Meses depois eu descobri que estava grávida dele e então nasceu Nessie... Mas as dívidas eram grandes demais, e eu tive que pagar com o próprio corpo... Por isso eu trabalho naquele bordel sujo... Eu não tinha para onde ir e Nessie era só um bebezinho... Tive que aceitar! Meses atrás eu conheci a Sra. Agnes, e então ela tem me ajudado... Mas não houve um só momento em que eu não pensei em você... Enquanto possuíam meu corpo, eu fechava os olhos e imaginava você, Edward!

As revelações me atingindo com tal força que produziam um gosto amargo em minha boca.

Mesmo parecendo ser um assunto à moda antiga, eu sabia que era verdade.

Garotas inocentes eram comercializadas como pagamento de jogos perdidos.

Um esquema tão antigo quanto o mundo, que ainda era praticado longe dos olhos da sociedade.

Alimentados por subornos e ninguém denunciava!

Mas eu jamais poderia acreditar que Charlie Swan pudesse ter sido tão baixo ao ponto de fazer isso com sua única filha!

Uma vontade insana de gritar toda a minha raiva contra o homem que havia destruído minha vida, se apoderou de mim.

Que tinha feito MINHA Bella se tornar uma prostituta e sofrer!

Todas as humilhações que ela havia sofrido, todas as marcas infligidas ao seu corpo!

Todos os riscos que ela e Nessie haviam sofrido!

O choro se intensificou.

Minha felicidade interrompida pelo egoísmo de uma pessoa que jamais deveria ter sido chamado de pai.

Eu sentia repulsa.

Por ele.

Por mim!

Olhei para os olhos castanhos da única mulher que eu daria a minha vida, permitindo-me enxergar o seu amor por mim.

Amor que havia sido sufocado brutalmente, quando ela fora arrancada de meus braços tal como uma rosa de um jardim.

Uma escolha que havia trazido infelicidade e a nossa quase morte.

Sentimentos.

Coração pisoteado.

Eu já não encontrava mais força para chorar.

Eu precisava de seu amor, seu calor.

Meu corpo não resistindo à ausência, querendo libertar aquela vontade insana de tocá-la, estreitá-la em meus braços, projetou-se para frente colando nossas bocas.

Com os lábios colados, eu me vi de novo com 11 anos.

Apenas um garotinho inocente extasiado perante a glória do primeiro amor.

Beijando a mulher amada.

Mulher que eu jamais odiaria.

Como poderia?

Eu pensava que a desprezava, mas tudo não passava de orgulho ferido.

Mas agora, eu não me importava em demonstrar minha fraqueza.

Bella era o meu forte e o meu fraco.

Aprofundei o beijo não conseguindo conter um gemido.

Conectados.

Calor na alma.

Alívio.

Redenção.

Bella me beijava de volta com fúria.

Suas mãos puxavam meus cabelos, enquanto eu mantinha as minhas em seu rosto.

Nos separamos ofegantes, testas unidas, mãos entrelaçadas.

-Eu senti tanto a sua falta! Eu achei que não conseguiria viver mais... Então aquela noite eu te vi novamente e tudo voltava com força... Meus sentimentos... Eu tentei te odiar... A noite em que eu machuquei você... Bella, me perdoa... Eu te amo demais!

-Eu te amo Edward... Oh, meu amor! Eu me vi tão feliz ao vê-lo de novo... E aquela noite você não me machucou... Eu sabia que você estava magoado e ferido, mas amei cada segundo... Mas agora eu estou aqui... E se você me quiser de novo... Nunca mais vamos nos separar. Eu vim até aqui hoje porque não suportava mais a ideia de ver você e não poder abraça-lo, beijá-lo... - chorou.

Suas lágrimas quentes molhavam meu dedos que permaneciam enquadrando seu lindo rosto.

-Eu sempre vou querer e amar você... Tudo aconteceu tão rápido! Eu estava confuso e queria me vingar, mas eu não consegui! Eu sempre amei você! Eu sempre relutei em perguntar o porque do seu abandono! Bella, Bella... - eu repetia seu nome como um mantra sagrado, enquanto continuava a chorar.

-Ficaremos juntos pra sempre... Formaremos uma família... Vou ser o pai de Nessie... Vamos enfrentar tudo juntos... Me perdoa por tentar te odiar! Por duvidar de seu amor! Eu prometo que vou reconstruir nossa felicidade... Só não me deixe mais, Por favor!-Implorei.

-Você sempre cumpre o que promete Edward. E eu nunca mais vou te deixar... Eu não posso! - beijou meus lábios - Nós vamos reconstruir nossa felicidade... - disse sorrindo pela primeira vez desde que havia chegado.

Eu me perdi naquele sorriso e observei o quanto ele me fazia bem.

Todas as minhas inseguranças sendo jogadas por terra.

Ela me amava.

Ela me amava.

Sempre me amou.

Essa constatação me enchia de tão grande alegria, que se assemelhava a sensação de sair de braços abertos durante uma chuva de verão. Extravasar tudo aquilo do meu coração.

Enxuguei suas lágrimas, depositando uma beijo em sua testa.

Ela fechou os olhos apreciando o carinho.

Suave.

Puro e sincero.

Beijei suas bochechas.

As mesmas que se enchiam de rubor, quando eu lhe roubava um beijo durante nossas brincadeiras.

Eu beijava seu rosto a reverenciando.

Seus lábios.

Fonte de prazer.

Minha vida.

Entre lágrimas de felicidade eu a beijava, porque eu me dava conta de que agora ela estava comigo e seria para sempre minha.

Meu coração voltava.

Minha ferida se fechava!

A saudade entre nossos corpos se intensificou e quando dei por mim, eu a deitava suavemente em minha cama.

O sorriso no rosto, os cabelos espalhados, os braços abertos em um convite mudo ao paraíso.

Como uma deusa grega do amor.

Do meu amor.

Eu saboreava seus lábios sem me dar conta que em poucos segundos ambos já estávamos nus.

Eu beijava cada uma de suas marcas.

Com os meus lábios eu a amava, com o meu corpo, meu coração... Meu ser!

E foi olhando em seus olhos que adentrei em seu corpo.

Um gemido sôfrego saiu de nossos lábios.

Era tão bom!

Como voltar a respirar!

Voltar a ver a luz do sol depois de muito tempo na escuridão.

Nos completávamos, rolando e emarando os lençóis, em busca da reconstrução para nossas vidas.

Em nome do nosso amor.

O tempo parecia parar isolando-nos como um véu espesso e deixando-nos sentir somente o latejar de nossas carnes, o atrito crescente em busca de satisfação.

Eu mergulhava em seu calor sempre olhando em seus olhos, ambos conectados.

Distribuía beijos em seus seios e pescoço, enquanto gemidos incontroláveis escapavam de minha garganta.

O brilho do suor em nós, o cheiro de nossa excitação preenchiam o quarto, contribuindo para a chegada mais rápida de nosso prazer.

Eu me movia lenta e profundamente com as nossas mãos entrelaçadas, como fazíamos desde a nossa primeira vez.

Olhos nos olhos.

Pele com pele.

O barulho que nossos corpos faziam mediante ao atrito era enlouquecedor.

Eu já sentia Bella me apertar, me envolver firmemente dentro de si enquanto chegava sua libertação.

Nossos gemidos de rendição foram abafados pelos nossos lábios que se uniram ao chegarmos ao orgasmo.

O êxtase foi o maior que eu já havia sentido.

A libertação havia sido tão imensa, que nenhum de nós conseguíamos mexer um músculo.

Estávamos abraçados enquanto ela tinha as mãos em meu peito e eu em seus cabelos.

O momento pós-prazer silencioso foi quebrado quando ela se apoiou em um dos cotovelos para me olhar, deixando seu cabelo cair como uma cascata de chocolate e disse.

-Eu te amo, Edward... - disse suavemente.

-Eu te amo, minha Bella- confirmei.

Ela me abraçou.

-Isso foi ainda melhor do que eu me lembrava. - confidenciou corando.

-Foi perfeito. E agora você não sai mais do meu lado, Swan. Prometa para mim, que não mais me deixar... - implorei inseguro.

Ela levou suas mãos ao meu rosto.

-Eu nunca mais vou te deixar. - prometeu tão cheia de convicção que eu sentia meu peito se aquecer.

-Me sinto leve. Me sinto em paz. -disse se aconchegando mais ao meu corpo.

-O que fez você me procurar? Digo... Vir até aqui hoje e me contar tudo? - não resistindo a indaguei.

-Meu coração há muito tempo não batia mais... Eu só sabia sofrer e lamentar. Quando vi você novamente, percebi a mágoa em seu olhar e me convenci de que você não me amava mais. Então me mantive distante.

Após aquela noite que passamos juntos, achei que você ainda sentia algo por mim, mas a covardia me impediu de lhe dizer tudo, mesmo quase não suportando estar longe de você, me vi resignada... Mas, hoje depois que você saiu, eu fiquei pensando o quanto era doloroso ver você ir embora. Ontem a noite Nessie me disse que tinha vontade de chamá-lo de papai... E eu vi a chance de tentar recuperar seu amor... Enquanto tentava criar coragem, a Sra. Agnes irrompeu pela minha porta me dizendo que já era hora de ficarmos juntos. No momento eu criei uma força tão grande dentro de mim, que tudo o que eu queria era você... -concluiu suavemente.

Pequei em suas mãos e as levei até meu coração.

-Sente isso? Ele voltou finalmente a bater. E fará isso somente por você.

-Oh Edward! Não consigo parar de chorar.

-Se suas lágrimas forem de alegria eu não me importo. Eu sempre achei seu narizinho vermelho adorável.

Ela riu ainda mais.

-Agora você pode dormir com a gente. - sussurrou apreensiva.

-Você ainda tem dúvidas disso? Eu amo aquela gatinha e agora ela é minha também! E eu não poderia ser mais feliz do que ouvir Nessie me chamando de papai... Eu a amo tanto!

-Ela também ama você. Espero que eu não fique de lado!

-Você sempre foi minha. Tentaram nos separar, tentaram me fazer acreditar que você não me amava, mas agora nada mais vai nos impedir. Ninguém vai machucar minha família, eu prometo.

Selei nossa promessa, com um beijo fervoroso.

A chuva havia parado.

Raios tímidos de sol entravam pela minha janela.

Eu me sentia feliz e aquecido.

Minha felicidade voltara.

Meu coração também.

Abraçados, conectados, com um dia claro como pano de fundo, nos entregamos mais uma vez ao amor, com a certeza de que agora estávamos completos.

Minha alegria chegara ao amanhecer, depois de uma tempestade.

A vida finalmente sorrira para mim.