Capítulo XXXIII

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Dakedo sono hi boku wa mitanda

(Mas no dia em que te vi)

Hitori me wo harashi naku kimi wo

(Eu te vi chorando sozinha)

Boku wa nante muryoku nan darou

(Eu percebi quão impotente eu era)

Ii ya kanojo wa nante itta?

(Mas espera, o que ela disse?)

Utagau na jibun no sonzai wo

(Não posso duvidar de mim mesmo agora)

Shoujo wa sukui wo matteiru

(Ela está esperando alguem para salva-la)

Mas um dia Jun se atrasou, ele se lembrava, havia sido a primeira vez que ela se atrasava para se encontrar com ele. Ela não estava no lugar marcado para voltar para casa. Itachi estranhou aquilo e foi a procurar, ficando preocupado. Jun nunca se atrasava, e quando pessoas fazem coisas que nunca antes havia feito, é porque algo está errado.

“Jun-chan? – Ele havia procurado a menina por toda a escola, até que ele escutou um choro vindo de perto da quadra. – Jun-chan? – Chamou mais uma vez e a viu. Ela estava chorando, agachada perto do vestiário feminino.

Itachi parou estático. O que ele poderia fazer?

Jun estava chorando e ele não podia fazer nada. Ele era uma criança, afinal de contas. E crianças não sabem como agir quando veem outra criança chorando. Engoliu em seco e se aproximou.

Ele não poderia deixá-la chocando sozinha, alguém tinha que salvar Jun do que quer que fosse que a estava fazendo chorar, e Itachi juraria que bateria na pessoa que fizera os olhos verdes e sorridentes dela ficarem tristes.”

"Tsuyogari de honto wa nakimushi de

("Fingindo ser forte mas chorando por dentro)

Etto korette maru de watashi mitai"

(Hum... Você é quase igual a mim")

Yatto waratta! yorokobu boku no mae de

(Ela finalmente sorriu! mas como eu me alegrei)

Porori porori to naki dasu kanojo doushitara ii!?

(Suas lágrimas fluiam, o que devo fazer!?)

Afinal, Itachi pensou ao se esticar, finalizando o alongamento, se sentando na borda da cama em seguida, para escutar o resto da música.

Jun não era tão diferente dele naquela época quanto ele pensava. Ela era apenas uma menininha que tentava se fazer de forte e sorria para todos, mas que quando sozinha, chorava.

Naquele dia, em que ele a vira chorando, ele não soubera o que fazer, apenas se sentara ao lado dela e esperou até que as lágrimas cessacem. Essa havia sido a única coisa que ele pudera fazer. Mas talvez fosse tudo o que ela precisava. Alguém que velasse o seu choro.

Kimi wa

(Você me disse)

Ittanda "Arigatou" tte

("Obrigada")

Shounen wa kimi to deai

(O garoto a encontrou)

Ikiru imi wo shirunda

(E também o sentido da vida)

Uso janai honto sa

(Não é mentira, mas a verdade)

Soshite kimi wo mamoru naitou ni naru

(E ele se tornará o cavaleiro que a protegerá)

Itsuka kitto ne

(Algum dia, certamente)

Kare no hidari te ni wa kanojo no nigi te

(A mão esquerda dele e a direita dela, vão se apertar tão forte)

Gyutto nigitte hanashi wa shinai kara

(Para nunca deixar ir)

“Arigatou Itachi-kun. – Foi a primeira coisa que Jun disse ao secar as lágrimas. Ele não sabia pelo o que ela o estava agradecendo, mas ficou feliz por ela ter parado de chorar. Queria a ver sorrindo de novo. De chorão ali já bastava ele.

– Me conte quem te fez chorar Jun-chan! – Pediu. – Eu vou bater nele até que ele peça te desculpas apropriadas!

– Não Itachi-kun! – Discordou enfáticamente a menininha, fazendo com que suas tranças balançassem de um lado para o outro. – Violência é ruim! Você nunca deve bater em ninguém, ok?

– Hmmm...Ok! – Ele só havia concordado porque havia sido Jun a pedir. – Mas por que você está chorando?

– Meu otouto morreu... – Jun disse com um fio de voz.

– Morreu? – Itachi sentiu seu coraçãozinho apertar. Ele também tinha um otouto, e não conseguia imaginar como seria se ele morresse, afinal, ele nem ao menos entendi direito o que era morrer. Só sabia que a pessoa não estaria mais ali com ele.

– Sim, morreu. – Jun concordou, as lágrimas teimando em voltar.

– É isso que está te fazendo chorar, Jun-chan? – Itachi perguntou, a olhando em expectativa.

– Minha kaa-san e meu mamachichi também me fazem chorar... – Ela murmurou, os olhos voltando a se encher de lágrimas, uma delas quase escapando pelo canto do seu olho. Percebendo isso Itachi se levantou e puxou Jun consigo, entrelaçando seus dedos com os dela.

– Eu não vou deixar que eles te façam chorar! – Itachi enfiou a mão que estava livre dentro do bolso e de lá tirou um daqueles doces embutidos com um anel. – Eu vou me casar com Jun-chan e nunca mais você vai chorar! – Disse enfático, brandindo o anel-doce.

– Você promete? – Jun perguntou, segurando as lágrimas.

– Prometo! – E ele pôs o doce no dedo de Jun. Ele se lembrava que sua mãe havia lhe dito que casais selavam compromissos com aneis, então ele selaria aquele compromisso com Jun com aquele anel. – Eu vou me casar com Jun-chan e lhe fazer muito, mas muito feliz! Se for para Jun-chan chorar, será de felicidade!

– Isso é uma promessa! – Jun riu e observou o que Itachi havia lhe posto no dedo, sorrindo.

– Mas você tem que deixar o cabelo crescer. – Ele disse, a puxando para o caminho de casa. – Você vai ficar muuuito mais bonita de cabelos longos! – Jun assentiu, e rindo foram para casa.”

Aquela havia sido a última vez que Itachi vira Jun, ela havia se mudado no dia seguinte.

Soshite boku wa kimi ni de au

(E assim, eu te conheci).

Itachi suspirou e escutou as últimas notas da música. A música se acabou e com ela foram as suas lembranças. Se lembrar de tudo aquilo só dava mas certeza a ele que o jeito com que ele estava tratando Kakashi era o certo. Ele tinha uma promessa para com Jun, e ele tinha a intenção de a cumprir.

Já havia a perdido uma vez, não a perderia de novo quando finalmente a tinha reencontrado depois de todos aqueles anos.

E por isso que ele mataria o trabalho hoje e iria a um lugar em especial. Sabia que isso era algo precipitado, mas ele tinha que demonstrar para Jun que ele não havia se esquecido da sua promessa. Ele ainda seria o heroí que a salvaria, e não Kakashi. Ele seria o seu herói e disso ele não abria mão.

Mais convicto de que tudo o que estava fazendo era certo, Itachi se levantou da cama, desligou o som e marchou para fora daquele apartamento. Tinha algo a fazer.

Continua...