Como nos desenhos animados, senti uma lâmpada ascender em minha mente.

Nesse momento, todos apareceram nos chamando, pois a apresentação seria dali alguns minutos.

Niall me guiou até o que deveria ser o tal do camarim que Julie havia mencionado.

–Emy, o que você estava falando?- Niall me perguntou, preocupado.

–Eu vou ligar para minha mãe, assim eu fico mais tranquila. –Ele assentiu.

Eu revirei minha bolsa até encontrar o meu celular. Minhas mãos estavam trêmulas.

Disquei o número da minha mãe percebi meu coração batendo descompassadamente.

–Alô? –Disse uma voz fraca.

–Tia Becca? –Eu disse. As lágrimas já escorriam pelo meu rosto.

–Em... –Ela disse. Parecia hesitante.

–Tia... Minha mãe... –Eu não podia pensar em tal hipótese.

–Não... Por causa das sessões de quimioterapia, ela está muito fraca. Ela está desacordada, estamos no hospital...

Senti um nó se formando na minha garganta. Pigarreei tentando fazer minha voz soar com clareza, tentando esconder meu nervosismo.

–Eu estou indo aí... Onde vocês estão? –Eu perguntei.

–Em, ela me disse que hoje seria o baile de sua escola. Ela não queria te preocupar. –Ela tentou me convencer.

–Diga-me onde estão. Eu não quero saber dessa porcaria de baile. –Eu disse impaciente. Então ela cedeu e me passou o endereço do hospital.

Eu ia arranjar um jeito de chegar lá.

E, afinal, o que minha mãe fazia em Londres?

Com certeza, ela percebeu que não iria aguentar sozinha e foi até sua irmã, minha tia Becca.

Era inevitável pensar que a culpa era minha. Desde o início eu sabia que não seria uma boa ideia. Mas eu aceitei.

Minhas pernas fracas não me obedeciam e eu simplesmente fiquei lá, sentada, tentando controlar as lágrimas que escorriam constantemente.

Enfim, acho que meu choro não era mais apenas um sussurro.

Todos vieram ao meu encontro e me cercaram, perguntando o que havia acontecido.

–Mi... Minha mã-ãe está no... Hospital... –Eu disse em meio á lagrimas.

Todos me envolveram num aconchegante abraço coletivo.

Eu respirei fundo.

–Eu sinto muito. Eu sei que tínhamos combinado de cantar, aliás, eu acabei de estragar a surpresa. Mas eu preciso ir até o hospital... Agora.

–Vamos todos? –Sugeriu Liam.

–O quê? Não! Eu não quero estragar o baile de vocês e nem das outras pessoas que estão esperando lá. É só que eu preciso estar do lado da minha mãe, só assim me sentirei um pouco melhor...

–E que graça vai ter esse baile sem você? –Disse Niall e todos concordaram.

–Vocês sãos os melhores amigos que alguém poderia ter... –Eu disse com um pequeno sorriso.

–Só um minuto!-Disse Jess saindo da pequena sala.

Todos nos entreolhamos com a mesma cara de interrogação.

Assim que ela voltou todos a encaramos em busca de uma resposta.

–Eu só estava arranjando uma banda para entreter essas Directioners ensandecidas...

Eu me lembrei da menina ruiva, a que ficou chateada quando Julie substituiu a “Banda do Cris” pelo 1D e eu soube que Jess tinha feito a coisa certa.

Causamos certo tumulto no caminho até a saída do salão e até tive um vislumbre da carranca de Julie, ela iria explodir em milhares de pedaços á qualquer momento.

Fomos correndo até os carros tentando não chamar muita atenção.

No caminho até o hospital, pensamentos invadiram minha mente.

Eu estava certa de que iria me concentrar em mim e em minha mãe, mas aí apareceu esse príncipe na minha vida.

Não querendo colocar a culpa nele, mas não tinha como ser menos perfeito?

Eu me considerava uma pessoa forte, mas depois de descobrir o que eram as famosas borboletas no estômago, depois de descobrir o que era, de fato, o amor, duvido que alguém seja realmente forte quando se existe amor.

Lágrimas.

Minhas companheiras. A única certeza que eu tinha, era que quando eu me sentia sem chão, me sentia sozinha nesse mundo cruel, a única coisa que eu sabia que não mudaria era a dor no peito e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Niall me abraça e seca minhas lágrimas.

Tento sorrir e convencê-lo de que estou bem, mas é óbvio que não estou.

O que eu vou fazer agora?