O que eu vou fazer agora?

Essa pergunta me assombrava outra vez...

Como no dia em que meu pai morreu.

Eu consegui ser forte uma vez. Fui forte pela minha mãe, mas sei que sem ela, toda a força que eu pensava ter dentro de mim vai seguir caminho junto de minhas lágrimas.

Chegamos ao hospital.

Era como se um filme passasse na minha mente. Eu fiquei paralisada.

“Uma pequena criança e sua mãe indo até o aeroporto.

Ambas sorridentes, muito animadas.

O pai da criança estaria de volta.

Ele prometera que não iria viajar á trabalho, como fazia frequentemente. Ele prometera ser um pai mais presente.

Chegando ao aeroporto, uma grande quantidade de pessoas se acumulavam, muitas correndo de um lado para outro, algumas pareciam confusas e outras simplesmente choravam desesperadamente.

A criança estava apavorada e a mãe tentava acalmá-la.

A mãe foi até uma funcionária perguntar sobre o voo de seu marido.

Hesitante, a funcionária disse que havia ocorrido um acidente e o avião havia caído. Disse que os passageiros estavam no hospital.

A mão, ainda chocada, pegou sua filha no colo e se apressou á caminho do hospital.

No hospital, elas encontraram-no num quarto.

Ele gastou suas últimas forças para segurar as mãos das duas e sussurrar ‘Eu amo vocês’.

Depois disso ele fechou os olhos. Eternamente...”

Pra mim, meu pai havia se tornado um anjo. E eu preferia acreditar que ele nunca me abandonaria, que ele estava sempre por perto.

Fui obrigada á despertar quando percebi que não poderia deixar aquilo acontecer outra vez.

A recepcionista do hospital nos mandou para um corredor cujo era destinado á casos graves.

Engoli á seco.

Niall segurou minha mão.

Vi minha tia e corri para abraça-la.

Deixei minhas lágrimas escorrerem. Afinal, todos sabiam que eu não estava bem.

-Como ela está? –Eu perguntei á minha tia quando desfizemos o abraço.

Ela encarou o chão por um momento.

-Não adianta querer não te preocupar, certo? –Eu assenti, um tanto impaciente. –Ela pegou uma infecção grave. E está muito fraca...

Eu me larguei em uma cadeira. Coloquei a cabeça entre os joelhos e envolvi meus joelhos com meus braços.

Eu era uma idiota.

O que eu tinha na cabeça para ficar longe da minha mãe? Num momento que ela precisava de mim...

2 dias depois...

Uma pequena melhora havia ocorrido na saúde da minha mãe.

Ela estava acordada e eu tive permissão para falar com ela.

-Minha filha... –Ela sussurrou assim que eu entrei no quarto.

-Mãe... –Eu a abracei. – Como se sente?

-Melhor agora.

-Mãe... O médico disse que amanhã você já vai poder voltar pra casa. –Eu tentei demonstrar animação.

-Ah sim... E não se preocupe, eu vou ficar bem...

-O quê? Você acha que vai ficar sozinha de novo? Nunca! Eu vou com você.

-Emily... –Ela começou.

-Não. Você viu o que aconteceu. Eu não vou deixar isso acontecer de novo. –Eu a interrompi.

-E seus amigos?

Eu encarei o chão. Um aperto no peito. Achei melhor mentir.

-Amizade de escola nunca dura, não é? –Eu forcei um sorriso.

Voltar á minha antiga vida.

A Jess não estaria lá, para me ajudar nos problemas e superar as dificuldades.

Eu teria de voltar á antiga escola.

Com Lucas e Cris.

Sem os meninos alegrando meu dia.

Sem Meg.

Sem Niall...

Minha mãe sugeriu que voltássemos á Londres nas férias.

Mas isso significaria mais despedidas.  Despedidas que não significariam novos reencontros.

Eu disse que não era uma boa ideia.

Sei que ela sentiu que eu estava triste em deixar aquela cidade.

Mas eu não deixaria ela me convencer do contrário.

Dessa vez eu escolheria o mais difícil, o caminho mais longo, e o mais doloroso.

Mas o caminho que meu coração escolheria, no qual eu já tinha entrado, não havia funcionado.

Era hora de mudar. Mais uma vez. E seria á partir dali, que a dor ia realmente tomar conta de mim ...