Ele se sentou á minha frente um pouco afastado.

-Eu queria te pedir desculpas, por tudo. Mas principalmente por ser uma total idiota. Eu não dei valor ao que eu sentia por você. E eu só percebi o quanto eu gosto de você quando percebi que era insuportável te ver ao lado de uma... Criatura daquela e ter que ficar só olhando. Eu não aguento ficar longe de você Niall. Não aguento mais. Eu preciso de você. –Algumas lágrimas caíam dos meus olhos.

Eu percebi que os olhos deles estavam úmidos. Mas ele permaneceu de cabeça baixa e em silêncio por um tempo.

Eu comecei a ficar preocupada.

Será que ele não queria mais nada comigo? Será que ele tinha feito à burrice de se apaixonar por aquela coisa?

-Eu preciso pensar um pouco, ok? Eu não sei se isso vai ser o ideal agora... –Ele disse e saiu depressa.

Eu estava de mãos atadas. Chorava compulsivamente.

Jess e Meg entraram no quarto.

-O que foi? –Jess perguntou assustada.

-Aquele moleque fez alguma coisa? –Disse Meg.

Eu assenti.

-Ele deve ter achado alguém que seja o bastante para ele. Ou pelo menos ele acha isso.

Eu saí correndo pelo corredor e desci as escadas, esbarrando em Liam.

-Hey, pelo jeito nós vamos sempre nos encontrar quando você estiver “fugindo”, não é?

As minhas palavras não emitiam som.

-Vamos. –Ele disse me levando até o sótão.

Lá tudo era escuro e empoeirado.

Ele apertou o interruptor e uma luz fraca se ascendeu.

-Os meninos nem sabem da existência desse lugar. Eu vinha aqui me refugiar dos problemas. Sempre funcionou. Mas agora eu não preciso mais. Acho que é do que você precisa. Quer desabafar?

Eu assenti.

-Eu percebi, hoje, que eu realmente amo Niall. –Eu não tinha me referido á palavra amor. – Eu conversei com ele. Disse que eu sentia muito por ter sido tão cega e idiota todo esse tempo. E ele disse que precisava pensar e que talvez aquilo não fosse o certo para o momento...

Ele assentiu. Parecia pensar.

-Ele disse que ia pensar, por que você compreendeu como um não?

-Por que eu sei que se fosse algum tempo atrás ele diria sim, sem pensar duas vezes. Mas já deve ser tarde demais...

-Eu não acho que o Niall vá fazer uma idiotice dessas, mas eu vou conversar com ele. Pode ficar aqui se quiser.

Eu assenti.

Eu já havia derramado todas as lágrimas que eu poderia.

Eu decidi que iria conhecer aquele lugar estranho.

Caixas e mais caixas tomavam a maior parte do espaço.

Eu escutei algo.

Continuei olhando.

Escutei outra vez. Parecia um cachorro...

Notei um pequeno buraco, próximo á uma janela.

Vi uma criaturinha minúscula enrolada em um grosso cobertor.

Eu o peguei com o maior cuidado.

Pobre filhote, largado por aí nesse frio!

No canto do sótão, havia um sofá e algumas mantas.

Sentei-me e cobri o cachorro com uma manta e me cobri com outra.

Pensei em um nome para ele.

-Vou te chamar de Nood.

Eu me lembrei da época que eu ficava todo o dia pensando, falando e ouvindo One Direction.

Nood era um dos bromances, este entre Niall e a comida. (Niall +Food).

Eu me deitei no pequeno sofá, ainda abraçada á Nood.

Acabei pegando no sono.

Escutei uma voz doce, embelezando uma melodia suave.

Automaticamente sorri.

A voz parou.

Ainda de olhos fechados eu disse:

-Não, continua!

Então a melodia foi ficando mais clara.

“Little Bird” do Ed Sheeran.