-Aqui está bom para você? –Ele me perguntou.

Eu assenti.

Ele me olhou nos olhos.

-Não chore. Eu entendo sua tristeza, mas não chore, por favor.

Eu o abracei, tentando segurar as lágrimas.

-Apesar de tudo, Meg estava certa. Eu não poderei fugir disso pra sempre... –Eu disse.

-Não, mas você pode pensar, pelo tempo necessário. Que tal uma semana? Você fica uma semana aqui neste hotel. E pense, pense muito. No próximo fim de semana você tem visita e sei que vai querer se divertir. Eu trarei suas roupas e tudo o que você precisar. Eu estarei aqui sempre que você me chamar. Se precisar de outra pessoa...

Eu assenti.

Nós saímos do carro e Zayn foi até a recepção.

Uma moça de meia idade sorria atrás do balcão. Depois de algumas palavras Zayn se virou para mim.

-Se cuida, ok? Você se tornou uma irmã mais nova. Vai ser difícil para mim e todos os meninos sem você. Mas é para seu bem, então vale o esforço.

-Obrigada, por tudo. Eu não sei o que faria sem você.

Ele me abraçou forte.

-Sabe o que faria você melhorar?

Eu o olhei curiosa.

-Sua mãe, elas sempre sabem o que dizer.

-Eu gostaria de ter a ajuda da minha mãe, mas acho que ela não necessita de uma perda de tempo...

-Ok, eu te entendo. Você acha que ela já tem problemas suficientes, mas você nunca foi e nunca vai ser uma perda de tempo, escutou? Muito menos para sua mãe, Em!

Eu assenti, apesar de não acreditar muito no que ele dizia.

Eu subi para o meu quarto.

No elevador um casal dizia estar em lua de mel.

Minhas lágrimas jorravam de meus olhos.

Assim que avistei um sofá, me joguei. Eu não queria ter que pensar, tudo doía.

Depois de horas de lágrimas constantes, eu decidi comer.

Chocolate. Muito chocolate.

Eu liguei a televisão, optei por desenho animado. Nada de comédias românticas.

Já ao cair da noite, alguém bate na porta.

Uma mulher á pouco maior de idade, de sorriso e olhos brilhantes.

Ela empurrava um carrinho que tinha comida e minhas malas.

Ela olhava em meus olhos e eu tentava desviar o olhar. Não queria que ela sentisse pena de mim.

De repente ela me abraçou. Deixou o carrinho e minhas malas, deu um pequeno sorriso e saiu.

Eu devia parecer realmente terrível.

Zayn havia providenciado o meu jantar, provavelmente sabendo que eu não o faria por vontade própria.

Apesar de ser seguida por lágrimas, a comida era muito boa.

Eu troquei de roupa. Roupas largas eram do que eu precisava.

Caí na enorme cama. Depois de muito tempo, caí no sono.

Meu despertador sinalizou que eu deveria acordar.

Eu mudava a música de acordo com a situação e desta vez a música escolhida foi “Torn”.

Arrastei-me até a escola.

Quando cheguei vi Meg sentada, afundada na cadeira.

Sentei-me ao seu lado.

-Desculpe Megs, mesmo. Eu fui rude e você só queria me ajudar...

-Não. Você estava certa. Você deveria fazer suas escolhas, eu nem mesmo sei cuidar da minha vida.

O professor entrou na sala e ficamos até o resto do dia sem trocarmos uma palavra.

Eu estava angustiada. Eu havia me distanciado de Meg. Eu realmente me sentia péssima.

Meu celular tocou. Minha mãe.

-Alô? Mãe????????????

-Oi filha, como vão as coisas?

-Vão... Bem – Eu gaguejei. - E você? –Tentei mudar de assunto rápido.

-Eu estou fazendo todo o tratamento, seguindo todos os passos mais ainda não apresentei nenhuma melhora...

-Mas isso não é tão rápido mãezinha, você vai melhorar é só esperar.

Eu senti que ela sorria.

-Mas minha filha, o que anda acontecendo? Você está diferente...

-Diferente? Imagine mãe, está tudo do mesmo jeito. –Eu não iria convencê-la.

-Tem Certeza?-Ela era minha mãe, afinal.

-Ér... Tenho sim. E eu tenho um... Trabalho da escola, preciso ir mãe.

-Claro, cuide-se.

-Você também. Eu te amo, muito.

-Eu também te amo filha.

Eu desliguei o telefone e fui andando até o hotel.

Eu havia percebido o quanto eu precisava da minha mãe, havia percebido a falta que ela me faz.

As lágrimas rotineiras escorriam pelo meu rosto.

Eu queria apenas poder escolher. Queria que as escolhas fossem fáceis.

Depois de um tempo derramando lágrimas, ouço uma batida na porta. Certamente o meu jantar.

Quando abri a porta, um sorriso brotou no meu rosto.