Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 30
The Faery Place


Notas iniciais do capítulo

Eu nem sei como consegui escrever esse capítulo.



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Hermione ainda se perguntava qual a razão de estar entrando na Floresta Proibida na companhia de Abraxas Malfoy. A última vez que fizera algo assim na companhia de um Malfoy, estava no primeiro ano e Draco não parava de reclamar sobre como ele não devia ter pego detenção junto com os grifinórios que ele encontrara fora da cama. O rapaz que andava ao seu lado agora, cantarolando baixinho enquanto desviava de galhos caídos e pedras, não se parecia nada com aquele menino que vivia tentando fazer com que ela e seus amigos fossem parar em algum tipo de castigo.

“Aonde estamos indo mesmo?” a garota perguntou, dando um salto para atravessar uma poça de lama e rindo quando quase perdeu o equilíbrio.

“Encontrar Tom,” ele respondeu, antes de parar por um momento e sorrir, olhando para uma árvore. “Olhe só isso!”

A bruxa se aproximou, tentando ver o que parecia ser tão interessante aos olhos do sonserino até finalmente conseguir ver o que parecia ser um graveto que se mexia, escalando a árvore enquanto os olhava com pequeninos olhos negros.

“Tronquilhos. Minha casa costumava ter uma colônia deles,” disse Abraxas, colocando as mãos para trás do corpo enquanto se inclinava para dar uma olhada melhor no bichinho.

“Costumava?”

“Meu avô pediu para se livrarem da árvore onde viviam, porque eles estavam invadindo outras árvores do jardim.” O rapaz encolheu os ombros e continuou a andar. O tronquilho continuou os observando por mais um momento, antes de continuar a sua escalada. “Sabe, Tom costuma vir até aqui quando quer ficar sozinho.”

“E por que estamos indo atrás dele se ele... quer ficar sozinho?”

“Porque não quero deixar ele sozinho,” o bruxo explicou, virando-se para olhá-la rapidamente. “É capaz do humor dele estar terrível, então se prepare.”

“Como ele está?” perguntou Hermione.

Fazia uma semana desde o incidente durante o qual Walburga Black descobrira que Riddle era, na verdade, um mestiço. Hogwarts não virara de cabeça para baixo e o mundo não parou de girar, mas era possível ver algumas pequenas mudanças no comportamento de algumas pessoas: Atlas e Canopus agora se sentavam junto aos primos Black e permaneciam mais calados durante as aulas de Poções quando dividiam a mesa com Riddle; Walburga não se pendurava mais nos braços do rapaz para lhe informar alguma coisa boba e Dorea parecia evitar Tom a todo custo. Os rumores sobre o status do sonserino como mestiço havia chegado à Torre da Grifinória também e Hermione certa noite surpreendera Minerva e Charlus enquanto estes conversavam sobre a que nível ia a necessidade de ser aceito dos sonserinos para um deles mentir sobre a própria família.

Tom estava mais calado também. A quantidade de vezes nas quais levantava a mão para responder algo em sala havia diminuído e ele agora passava muito mais tempo na biblioteca ou trancado no quarto. O trabalho de Poções dele fora parcialmente abandonado por Riddle, que agora não os supervisionava mais quando eles iam preparar a Amortentia, apenas entregando para Abraxas as instruções e as pesquisas que fazia. Ele também não parecia estar dormindo bem, a julgar pelas olheiras que Hermione vira no rosto dele durante a última aula de História da Magia.

“Tom está sendo Tom e fingindo que não se importa com o que aconteceu,” disse Abraxas, diminuindo o volume da voz a medida que se aproximavam de vários arbustos altos que se erguiam por entre as árvores. O rosto do rapaz parecia ainda mais cheio de ângulos agora que parte deste era emoldurado pelas sombras das árvores enquanto o restante era iluminado pela luz alaranjada do final da tarde. “Mas é claro que está perturbado. E, por que não, com um pouco de medo.”

“Medo?” A garota observou enquanto o outro parava de andar e se encostava em uma árvore, erguendo o rosto para olhar os galhos e, por entre estes, o céu que começava a escurecer. “Sei que isso é humilhante, mas acho que o máximo que Riddle pode ter medo agora é... De não ser tão idolatrado quanto antes. Quero dizer, o maior medo dele era você não o perdoar e, bom, você está ajudando ele.”

“Nah, Tommy sabe que eu não faria nada com ele, mesmo me sentindo muito mal com tudo o que ele escondeu,” o sonserino falou, dando de ombros. “O problema são os outros. Não Walburga ou os outros Black... Ele consegue viver com gente olhando feio para ele. O problema maior é, bom, Canopus e Atlas, eu acho.”

“E por que eles seriam os maiores problemas?”

“Porque Tommy tem uma língua afiada e não sabe como controlar isso. Não foi uma e nem duas vezes que ele não foi muito gentil com eles, entende? Não me surpreenderia de ver os dois encarando essa descoberta como uma desculpa para fazerem algo contra Tom,” Abraxas explicou, ainda parado na árvore.

“Acha que eles teriam coragem?” Hermione sentiu um arrepio ao lembrar-se de como Avery a tratou quando descobriu que ela era uma nascida trouxa. “Quero dizer, eles sempre pareceram bem mansos quando estão perto de Riddle.”

“Eles eram mansos perto de alguém que eles julgavam ter poder e influência.”

“Mas ele tem poder e influência-“

“Na mente de Canopus e Atlas, o fato de Tom ter sangue trouxa indica que ele não passa de uma farsa. É engraçado, sabe? Até alguns anos atrás, os bruxos haviam parado com essa paranoia em relação aos trouxas... Pelo menos por aqui,” disse Malfoy. “Mas depois que Grindelwald começou a ganhar poder, não demorou para as tradições puristas voltarem a ganhar força. Quero dizer, é claro que os Lestrange nunca iriam deixar os filhos casarem com trouxas desde sempre, mas agora vemos gente como o Canopus falando sobre teorias que dizem que nascidos trouxas roubaram a magia de bruxos e blablabla...”

“Acho que essas ideias nunca somem realmente, mas ficam ali no canto, sendo ignoradas,” disse Hermione. “Até alguém colocar fogo para que elas brilhem outra vez na mente das pessoas. Grindelwald fez isso.”

“Sim... Bom, resumido a história, gente como Atlas e Canopus tem sérios problemas com trouxas, como você já sabe. Dessa forma, Tommy ser um mestiço é a maior traição possível aos olhos deles. Não é apenas um amigo mentindo sobre a sua família, mas sim alguém que eles admiravam dizendo ser exatamente o que eles desprezam.”

“E eles realmente o admiravam?” a garota perguntou, arqueando uma sobrancelha e então olhando para cima. A noite já havia caído e ela ainda se questionava por que diabos estava ali com Malfoy.

“Da forma como alguém admira a ideia de um dia ter poder,” o rapaz falou, sorrindo meio sem emoção.

“Certo... Mais uma pergunta!”

“Vá em frente, Srta. Elston.”

“Por que estamos parados aqui?”

O sorriso que se abriu no rosto de Malfoy foi tão genuíno que Hermione se perguntou se alguma coisa dera errado com o passar do tempo para que Lucius e Draco Malfoy simplesmente fossem impossibilitados de ter um sorriso como aquele.

“Na primeira vez que Tommy me mostrou esse lugar, estava escuro já,” ele falou, se desencostando da árvore e indo na direção dos arbustos. “Ele fez questão de me tirar do dormitório de noite e nós escapulimos do castelo. Eu achava que era a maior aventura que já havia tido na vida!”

Hermione riu baixinho e acompanhou o rapaz. Quando chegaram perto dos arbustos altos, Abraxas se abaixou, como se procurasse por algo, até soltar uma exclamação satisfeita e se embrenhar por entre os galhos e folhas. A bruxa viu que ali havia o que parecia ser uma abertura, onde os arbustos se modelavam de forma a deixar uma passagem por entre eles, um túnel escuro de mato. Respirando fundo e enfiando a mão no bolso para agarrar a varinha como precaução, a garota se abaixou e entrou pelo túnel.

Ela entendeu a razão do Abraxas Malfoy de treze anos achar que aquela era a maior aventura de sua curta vida.

Do outro lado, havia uma clareira, se é que era possível chamar aquilo de clareira, pois era pequena demais, com as árvores e arbustos se amontoando a sua volta. Por todos os cantos cresciam plantas cujas folhas tinham pequeninos pontinhos brilhantes e as flores tinham um brilho próprio, variando de um tom azulado até um esverdeado. No centro havia uma pequena lagoa (ou talvez fosse apenas uma poça grande demais) e um ou outro inseto, também brilhante, volte meia pousava sobre a água cristalina. Parecia, aos olhos de Hermione, algo saído de algum livro, como a Terra do Nunca de Peter Pan, um lugar que qualquer um acreditaria ser o lar de pequenas e delicadas fadas.

A única coisa que destoava do ambiente era o rapaz sentado perto do lago, com as pernas cruzadas e meio virado para olhar os recém-chegados. Tom estava com as sobrancelhas escuras franzidas e os lábios pressionados um contra o outro, formando um pequeno bico. Mas, apesar de parecer descontente com a presença deles, não apresentava nenhuma postura ameaçadora. Na verdade, havia um ar vulnerável a sua volta, talvez isso se devesse à ausência do terno de lã do uniforme ou às mangas dobradas da camisa amassada, deixando a mostra as bandagens em volta do seu antebraço que ele ainda usava par esconder as marcas que cicatrizavam ali.

“Achei que Hermione fosse gostar de conhecer esse lugar,” disse Abraxas, como se nem estivesse vendo o olhar irritado do outro. “Bonito, não? Foi Tommy quem encontrou.”

“É lindo,” a bruxa murmurou, decidindo também ignorar a irritação de Riddle e simplesmente olhando em volta, sentindo um sorriso repuxar os seus lábios. “Como chegou aqui?”

“Andando na floresta,” disse Tom, desviando o olhar para o loiro. “O que houve?”

“Nada. Realmente só queria mostrar esse canto à ela.”

Abraxas atravessou a clareira até alcançar o outro sonserino, sentando-se ao lado dele, de frente para o laguinho. Hermione ainda permaneceu de pé por mais alguns poucos minutos, olhando aqui e ali, tentando reconhecer as flores brilhantes ou os insetos que vez ou outra pousavam em suas roupas. A garota não pôde deixar de rir quando viu, pendurado em uma das folhas, o tronquilho que Malfoy havia visto alguns minutos atrás, olhando-a com cuidado.

“Olá,” ela murmurou, aproximando uma mão da criatura que, depois de um momento de hesitação, se soltou da folha e aterrissou em sua palma. “Seu amigo nos seguiu, Abraxas.”

Ela andou até os rapazes e se sentou ao lado deles. Tom estava com o pescoço esticado para tentar ver o que ela trazia nas mãos e soltou um suspiro pesado quando viu o tronquilho. Malfoy, por outro lado, abriu um sorriso enorme e esticou as mãos para que o animal subisse nos seus dedos.

“Por favor, não leve isso para o dormitório,” Riddle murmurou, antes de franzir o cenho por um momento e se corrigir: “Não, leve sim. Talvez ele decida rasgar os livros de alguns de nossos colegas.”

“Acredite, Flamel já está tornando a vida naquele dormitório muito mais divertida,” o loiro falou, rindo quando o tronquilho se equilibrou na ponta de seus dedos. “Flamel é o meu-“

“O seu jarvey,” Hermione completou. “Lembro dele.”

“Esses dias ele roeu as meias de Atlas e urinou nos sapatos de Canopus,” disse Abraxas e um sorriso minúsculo, mas satisfeito, apareceu no rosto do outro garoto. “Alphard acordou com ele dormindo em cima dele antes de ontem.”

“Você não poderia se contentar apenas com uma coruja?”

“Eu não seria um Malfoy se me contentasse com pouco, minha queria Hermione.” O rapaz sorriu, charmoso, e então riu alto. “Sisyphus, a coruja, não se importa de que eu tenha mais bichinhos também. Já estou pensando no que vou comprar quando sair de Hogwarts...”

“Não comece,” Tom resmungou.

“Não, não. Eu quero saber!” A bruxa sorriu de lado.

“A moça quer saber, viu, Tommy?” Malfoy falou e só faltou mostrar a língua para o amigo para soar como uma perfeita criança de cinco anos. “Pavões, minha cara, os mais belos pavões que eu já vi. Albinos. Ficariam perfeitos nos jardins lá de casa, como aparições vagando no meio da noite.”

“Pavões albinos!” o outro sonserino falou, revirando os olhos, mas ainda era possível ver o sorriso em seu rosto. “Um dia nós vamos ver ele andando por aí com um rabo-córneo húngaro numa coleira, Srta. Elston.”

“Tinha um amigo que tentou criar um dragão. Um dragão norueguês, o nome dele era Norberto,” a menina falou, sentindo um sorriso aparecer no próprio rosto ao se lembrar do filhote que Hagrid chocara e tentara cuidar, além de toda a confusão que o bicho causou para eles. “Ele também tinha um cão de três cabeças chamado Fofo.”

“Um cérbero!” Abraxas parecia fascinado, com os olhos claros brilhando e boquiaberto. Tom, por outro lado, parecia incrédulo, mas curioso. “Como ele conseguiu um cérbero?”

“Não diga, Hermione, caso contrário ele vai atrás de um.”

“Um bruxo grego o vendeu para ele ainda filhote.”

“E o dragão norueguês?”

“Ganhou de um estranho.”

“Que tipo de amigos você tem?” perguntou Riddle, afastando-se um pouco dela de brincadeira.

“Amigos interessantes,” a garota falou, contendo-se para não falar o que realmente queria: ‘Amigos nos quais posso confiar’.

 “Queria ser amigo dos seus amigos,” murmurou Malfoy, antes de suspirar. “Posso perguntar uma coisa, Hermione?” Ela assentiu e o rapaz deu uma olhadela em Tom. “Agora que não existe mais segredos entre nós, pode nos dizer um pouquinho mais sobre você? Sabe, de onde você veio? Como chegou até aqui? Essas coisas.”

“Acho que não é algo muito agradável para ela falar,” disse Tom, mas se calou ao ver a garota erguer uma mão como se pedisse silêncio.

“Como vocês já viram, sou nascida trouxa.” A bruxa ergueu o braço esquerdo onde a cicatriz deixada por Bellatrix estava coberta pela manga da camisa e da capa. Os olhares dos dois rapazes eram curiosos e Hermione sabia que teria que tentar inventar uma história qualquer para satisfazê-los. Só então percebeu que nunca havia dado nenhuma explicação detalhada a não ser pela carta que escrevera à Dumbledore para pedir uma vaga em Hogwarts. “Sou inglesa, mas morava na França com meus pais. Desde pequena conhecia uma outra família inglesa que morava perto de nós e, por acaso, descobrimos que eles eram bruxos... Eram vários irmãos e os pais deles haviam decidido educá-los em casa. Meus pais acharam que era melhor eu aprender com eles ao invés de ir para Beauxbatons ou Hogwarts. E foi isso que eu fiz até... Bom...”

“Sinto muito,” disse Malfoy em um tom que ela nunca pensou que ouviria vindo de alguém daquela família.

“A França já estava infestada por fanáticos de Grindelwald há algum tempo e nós sabíamos que corríamos risco, mas acho que nunca realmente percebemos o perigo até ele bater na porta, não é?” A bruxa encolheu os ombros e sorriu, triste. “Para falar bem a verdade, ainda não sei como exatamente consegui escapar. Estava tudo uma bagunça, feitiços para todos os lados e eu... Simplesmente... Apareci em Londres.”

“A magia consegue agir como qualquer outro instinto que temos,” disse Riddle, esticando um pé, que só agora Hermione vira que estava descalço e com a barra da calça dobrada até quase o joelho, até conseguir enfiá-lo na água. A garota arregalou os olhos ao ver pequeninos pontos azulados brilharem na água quando esta foi agitada. “Às vezes, quando estamos em situações de perigo, ela simplesmente age por conta própria para nos proteger. A sua magia deve tê-la feito aparatar até Londres sem nem perceber, pois você sabia que Londres era mais segura do que toda a França em relação ao Grindelwald.”

“Faz sentido,” murmurou Abraxas.

“E por que os outros não conseguiram se safar?” perguntou Hermione, ainda olhando o pé pálido de Tom agitar a água.

“Essa reação da magia não é algo que a gente possa saber como funciona com certeza.” Ele deu de ombros. “Talvez eles não tenham tido tempo, talvez suas mentes estivessem focadas demais em lutar, não sei...”

O silêncio caiu entre eles, os únicos sons ouvidos sendo o barulho da água e os eventuais piados de corujas ao longe. Vendo os dois rapazes ali, Hermione nunca diria que eles um dia se tornariam um Lorde das Trevas e um de seus seguidores. Eles pareciam... Normais. Jovens vivendo um momento da vida no qual não sabiam exatamente o que fazer, encarando problemas com colegas e apreciando as horas de tranquilidade e diversão.

Riddle nunca parecera tão inocente como naquele momento, sem o brasão de Monitor-Chefe preso ao peito e sem tantas camadas de uniformes, com o pé descalço na água e o rosto minimamente sorridente sendo iluminado apenas pelas luzes emitidas pelas plantas e por uma única bolinha de Lumus que ele havia conjurado antes deles chegarem ali. E Abraxas... O rapaz parecia estar querendo aproveitar aqueles minutos o máximo possível, mesmo que isso só se demonstrasse na maneira em que seus olhos brilhavam enquanto observava tudo. Ele olhava Tom de uma forma que fazia Hermione ficar curiosa: o que de tão extraordinário ele via no outro rapaz? Parte de si queria saber de onde vinha tanta admiração, pois já concluíra que a afeição de Malfoy pelo outro não estava baseada apenas nos ideais que um dia viriam a ser de Lord Voldemort.

Respirando fundo, a bruxa engatinhou até mais perto do lago e tirou os sapatos e as meias, antes de imitar Riddle e enfiar os pés na água, que borbulhou e brilhou com o movimento. Tom, parecendo hesitar, se aproximou dela, afundando mais os pés no lago e inclinando-se para a frente para poder ver as luzes dentro da água.

“É sério, como achou esse lugar?” a garota perguntou, virando o rosto para olhá-lo.

“Você não aceita nenhuma resposta simples, não é?” O rapaz revirou os olhos. “A Dama Cinzenta me falou sobre ele e eu decidi procurar. Como dizem: quem procura, acha.”

“Estou realmente começando a achar que existe algo a mais entre você e a Dama Cinzenta, Riddle,” disse Hermione, rindo.

“Eu sempre digo isso,” Malfoy falou, esticando a mão para deixar o tronquilho se pendurar em uma folha novamente, antes de imitar os outros dois. “Que ele tem uma queda por Helena.”

“Eu não tenho uma queda por um fantasma.” Riddle respirou fundo e soltou o ar devagar. “A única coisa é que ela foi muito gentil comigo no primeiro ano, quando eu ainda não... Era muito popular por aqui. Lady Ravenclaw é uma pessoa interessante, apesar de muito teimosa quando quer.”

“Até parece alguém que conheço,” cantarolou Abraxas.

“Mas você a acha bonita?” perguntou Hermione. “Gosta de conversar com ela?”

“Sim, eu gosto de conversar com ela e acho que ela foi uma jovem muito bonita em vida, mas,” ele falou. “Caso tenham se esquecido, Helena Ravenclaw está morta há quase mil anos e eu tenho plena noção disso. Eu a achar bonita ou gostar de trocar ideias com ela não significa que eu tenha algum fetiche esquisito por fantasmas.”

“Que triste, ter uma queda por um fantasma,” a bruxa murmurou, rindo ao ouvir o grunhido baixo que o rapaz soltou. “Certo, não há uma paixonite pela Dama Cinzenta, mas já teve por alguém?”

“O que?”

“Uma paixonite,” a menina falou, gesticulando com as mãos. “Uma queda. Já teve alguém que chamou a atenção do grande Tom Riddle a não ser a filha morta de uma fundadora de Hogwarts?”

Riddle ficou em silêncio, franzindo a testa enquanto olhava a água. A garota sentiu o movimento de Abraxas atrás de si e, quando se virou, viu o garoto inclinado para a frente para conseguir olhar o amigo com grandes olhos curiosos.

“Acho que sim,” ele falou e logo deu de ombros. “Não sei.”

“Por quem?” o loiro perguntou, parecendo estar se divertindo. “Não pode nos culpar pela curiosidade.”

Tom virou o rosto para olhá-los por um longo minuto, antes endireitar a própria postura e arquear uma sobrancelha.

“Acho que isso não é muito assunto referente à vocês, não é mesmo?” disse Riddle e a garota pôde jurar que as bochechas dele ficaram pelo menos levemente coradas. “Não é como se vocês também falassem muito das suas experiências também, logo não tenho nenhuma obrigação de falar nada.”

“Você sabe muito bem das minhas experiências,” resmungou Malfoy, chutando a água.

“É, eu sei que você fica de amassos com a sua prima durante o verão.”

“Como é?” perguntou Hermione.

“Ele está falando de Delphine, minha prima de segundo grau e também minha noiva,” o loiro explicou, antes de lançar um olhar cortante na direção do outro. “Não que a gente tenha tido alguma voz nessa escolha de casamento, mas pelo menos foi Delphine e não Rosamund, que é um tédio só.”

“Você tem uma noiva?” a garota franziu o cenho. Malfoy não tinha nem dezoito anos ainda.

“Bom, não oficialmente, mas todos na família sabem que Abraxas e Delphine Malfoy irão se casar um dia, então...” Ele encolheu os ombros, antes de voltar a olhar o amigo. “Mas se quer saber das minhas experiências, Tommy: Delphine é muito legal e muito bonita, os beijos dela são ótimos também e a gente se diverte no verão... No restante do ano, minha querida prima aproveita os colegas de Beauxbatons, porque nem mesmo eu posso insistir que ela se preserve até o casamento.”

“E vocês já sabem quando vão se casar?” perguntou Hermione, tentando ignorar a cara feia que Riddle fez ao ouvir a pergunta.

“Ainda não. Um ou dois anos depois de eu me formar, muito provavelmente.” O loiro levou uma mão até o queixo e coçou a pele ali, parecendo pensativo. “Vamos ver, mais experiências para trocar com nosso amigo... Ah, sim, Alphard, nas férias de verão entre o terceiro e quarto ano.”

“Como é?” perguntou Riddle, deixando a voz falhar um pouco e olhando o outro com os olhos arregalados. A garota, apesar de achar engraçada a reação dele, não podia dizer que fez algo muito diferente. “Alphard?”

“Sim, Alphard Black, do nosso ano. Cabelo escuro, olho meio cinza. Já tentou flertar com você algumas vezes, Tommy.” Abraxas tinha um sorriso tão grande no rosto que chegava a assustar, ao passo que Tom continuava parecendo quase que assustado. “Eu teria dado uma chance... Quer dizer, eu dei uma chance. Merlin sabe que ele beija bem, apesar de ser meio afobado.”

Hermione ainda olhava o sonserino boquiaberta, mas não consegui controlar um sorriso divertido. Tom, por outro lado, ainda parecia surpreso demais para fazer qualquer outra coisa.

“Mas,” o moreno murmurou. “Delphine e Alphard?”

“Como pode ver, tenho bom gosto.”

“Mas ela é uma garota e ele...”

“Definitivamente Alphard não é uma garota, Tommy.”

“Eu sei,” Riddle praticamente rosnou. “Mas qual dos dois você... Sabe...”

“Acho que Riddle quer saber se você gosta de garotos ou garotas,” a bruxa falou, não acreditando que estava presenciando aquela conversa.

“Não vejo razão para gostar de um ter que excluir meu gosto pelo outro,” disse Abraxas, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Mas como assim-“

“Eu vejo Delphine e percebo o quanto ela é bonita, que gosto dela por ela ser divertida e que gostaria de beijá-la, então vou lá e faço isso,” o loiro tentou explicar. “Um tempo depois, eu encontro o Alphard e ele vem pra cima de mim querendo conversar e eu vejo que também gosto da companhia dele e acho ele bonito. Fico com vontade de beijá-lo e o faço. Gosto das duas situações e pronto.”

Tom apoiou os cotovelos nos joelhos e então o rosto nas mãos, ainda olhando o amigo com as sobrancelhas franzidas. Hermione apenas riu baixinho, balançando as pernas dentro da água.

“E você, Hermione?” Abraxas perguntou, virando-se para a garota. “Alguma experiência para compartilhar e fazer nosso amigo se sentir mais confortável?”

“Ahm, não exatamente,” ela falou, sentindo o rosto esquentar enquanto se lembrava de seu quarto ano. “Quero dizer, uma vez fiquei bem amiga de um rapaz, fui em um baile com ele, mas nunca foi além disso. O nome dele era Viktor, ele era búlgaro. Nós ficamos trocando cartas por um tempo depois que ele voltou para a Bulgária.”

“Wow, um búlgaro,” o loiro murmurou. “E namorados?”

“Não... Tinha um amigo meu que... Bom, ele era um dos meus melhores amigos e sei lá.” Ela encolheu os ombros, mordendo o lábio inferior enquanto pensava em Ron. Sentia tanta falta dele e agora, parando para pensar, todas as brigas que tiveram durante o seu sexto ano pareciam tão bobas. “Eu tinha ciúmes dele, quando ele começou a sair com outra garota.”

“Mas nunca nem sequer o beijou? Nem ele e nem o búlgaro?” perguntou Malfoy.

“Não...” Hermione sacudiu a cabeça. “Não acredito que estou falando sobre esse tipo de coisa com vocês.”

“Ora, qual o problema?”

“O problema é que eu talvez fizesse isso com Minerva ou Dorea, mas não com Abraxas Malfoy e Tom Riddle,” ela explicou, rindo. “Isso é um tanto constrangedor.”

“Obrigado por falar exatamente o que estou pensando,” resmungou Tom.

“Nem vem.” Malfoy chutou um pouco da água na direção do amigo, fazendo-o xingar baixinho. “Vai lá, Tommy, sua vez: sabemos que abertamente você nunca namorou ninguém, mas e às escondidas?” Riddle apenas o encarou e então sacudiu a cabeça negativamente. “Nem um beijinho para fazer a Walburga parar de reclamar?”

“Não...”

“Ninguém antes de Hogwarts? Alguém no mundo trouxa?”

“Não, Abraxas. Eu não considero aquele beijo da véspera de ano novo-”

“Por Cernunnos.” O loiro respirou fundo e os observou como alguém observa um quebra-cabeça que precisa ser montado com cuidado. “Vocês dois realmente precisam de ajuda.”

“Ninguém precisa de ajud-“

“O que acha de experimentar, Srta. Elston?” Malfoy perguntou, ignorando o amigo completamente e se virando para a menina.

“Desculpe?”

“Estou perguntando se me deixaria beijá-la para ver se gosta do negócio,” ele falou, tão simples como se estivesse explicando como fazer um Wingardium Leviosa. “Se não gostar, pode me fazer sofrer ao dizer que não, você não apreciou a experiência.”

Hermione apenas o encarou. Não havia muito o que fazer, afinal, não era todo dia que um garoto simplesmente se oferecia para beijá-la apenas para ela descobrir se gostava de beijos ou não. Por um lado, a garota sabia que não devia fazer aquilo, não fazia sentido e aquele era o avô de Draco Malfoy, mas por outro... Ela não podia ignorar o fato de que a proposta despertou-lhe uma certa curiosidade. Abraxas era educado e divertido, apesar de carregar o sobrenome Malfoy e apoiar um futuro Lorde das Trevas. E ele era bonito, do mesmo jeito que Draco era bonito (que ninguém nunca a ouvisse falar isso!), mas Abraxas tinha um rosto menos arrogante e a diferença que um tom de voz educado ou um sorriso divertido podia fazer era incrível.

“Isso vai ser constrangedor,” ela murmurou.

“Já está sendo, com toda essa conversa.” A garota ouviu Riddle sussurrar atrás deles e viu o loiro apenas fazer uma careta divertida para o amigo.

“Vamos lá, eu já beijei você na véspera do ano novo, lembra? Não vai ser uma novidade tão grande.”

“Eu compartilho a opinião do Tom: aquilo não foi bem um beijo.”

Malfoy apenas revirou os olhos, antes de apoiar as mãos no rosto da bruxa e pressionar os próprios lábios contra os dela, muito parecido com o que acontecera na noite de ano novo, com a diferença de ser mais longo. Ela sentiu os lábios do rapaz se concentrarem em seu lábio superior e Hermione inclinou um pouco a cabeça para trás, sentindo o beijo voltar ao lugar certo e se aprofundar um pouco por conta de Abraxas. As mãos do rapaz continuavam em seu rosto, os dedos dele de vez em quando acariciando ou guiando. Realmente, era interessante: o jeito como a respiração dos dois se confundia e como os lábios dele eram mais suaves do que pareciam, como seu rosto estava quente e como ela não se sentiu desconfortável, apesar de querer rir da situação.

Quando o sonserino se afastou, havia um sorriso enorme em seu rosto e aquilo a fez rir. Riu tanto, ouvindo a risada de Abraxas ecoar atrás da sua, que apoiou o rosto no ombro do garoto para tentar abafar o barulho. Era engraçado e Hermione nunca achou possível conseguir rir assim na presença de um sonserino, mas ali estava ela.

“Sou tão ruim assim?” Malfoy perguntou, a risada ainda presente em suas palavras.

“Não, não, é só... É engraçado.” A garota sacudiu a cabeça, antes de soltar um risinho e se esticar para beijá-lo rapidamente. “Pronto. Já testei o seu beijo.”

“E qual é o veredito, Srta. Elston?” ele perguntou, sorrindo torto.

“É um bom beijo, devo admitir.” Ela encolheu os ombros. “Não que eu tenha experiência com outros beijos.”

Foi só quando voltou a se virar para o lago que Hermione se lembrou da presença de Riddle. O rapaz os observava com alguma coisa diferente em seus olhos e a bruxa não conseguia classificar aquilo. Parecia curiosidade misturada a... Algo que ela realmente não reconhecia. Mas o olhar dele era intenso, passando dela para Abraxas o tempo inteiro.

“Está tudo bem, Tommy?” a voz de Malfoy soou levemente temerosa atrás de si.

Hermione se surpreendeu ao sentir as pontas dos dedos de Tom em seu rosto. O toque era leve e cuidadoso, como se ele tivesse medo de que tocá-la pudesse machucá-lo de alguma forma. Os dedos do rapaz deslizaram pela bochecha dela, alcançando a mandíbula e contornando o relevo do osso até chegar no queixo, de onde subiu até os lábios. Os olhos de Riddle ainda tinham aquele brilho estranho, fixos no trajeto que ele fazia com o toque, como se quisesse entender cada centímetro de pele tocada.

As pontas dos dedos contornaram os lábios dela e então foram para o nariz, desenhando o formato deste e de vez em quando tocando em pontos aleatórios que Hermione suspeitou ser onde havia sardas. Naquela distância, apesar da iluminação ser por conta das plantas bioluminescentes e da bolinha de Lumus, a garota conseguia ver que Riddle também tinha algumas pouquíssimas sardas salpicando o seu nariz reto e delicado. Era engraçado notar algo tão comum quanto sardas em uma pessoa que sempre lhe parecera mais um vilão de contos de fadas do que um ser humano de verdade.

Quando os olhos de Tom finalmente se focaram nos seus, a bruxa prendeu a respiração. Ela vira aqueles olhos azuis cheios de raiva e frustração, vira-os brilhar enquanto o rapaz duelava contra a Valquíria de Grindelwald e também os vira ficar perdidos quando ele acordara na enfermaria. Ela nunca vira os olhos escarlate de Voldemort que Harry certa vez descrevera, mas ela conseguia imaginar como aqueles olhos azuis e frios ficariam... Mas, no momento, a única coisa que parecia era que aquele olhar tentava dissecá-la atrás de alguma informação desconhecida ao mesmo tempo que aquela cor tentava afundá-la ali dentro. Assim como era perigoso ficar perto demais do mar nos dias em que ele ficava agitado, ela suspeitava que fosse perigoso ficar tempo demais encarando os olhos de Tom Riddle.

Ele não pediu permissão em voz alta como Abraxas fizera, mas a bruxa desconfiava que tudo aquilo ali fosse algum tipo de pedido silencioso que, por alguma razão que nem ela mesma entendia, acabou acatando. O beijo de Riddle não era tão fluído quanto o de Malfoy, parecia travado e talvez até acanhado, apenas um pressionar de lábios um contra o outro enquanto o rapaz mantinha o corpo tenso. Quando ele se afastou, Hermione quase podia dizer que ele parecia assustado, o que a fez sorrir e tocar o rosto dele da mesma forma que o outro sonserino fizera com ela, mas sem se aproximar mais.

O bruxo pareceu confuso por um momento, encarando-a e, então, desviando o olhar para Abraxas, que permanecera em silêncio. E então Hermione se surpreendeu quando Tom simplesmente se levantou e se ajoelhou entre ela e o outro rapaz, ficando parado e olhando a água por alguns segundos, antes de respirar fundo e beijar Malfoy.

O loiro pareceu se surpreender, a julgar pelo barulho baixo que fez quando Riddle se aproximou. Tudo o que a bruxa podia fazer era observar, boquiaberta e de olhos arregalados, enquanto Tom segurava o rosto de Abraxas entre as mãos e o beijava, permanecendo tão tenso quanto quando a beijou, até o outro sonserino parecer despertar e passar as mãos pelas costas do amigo, puxando-o mais para perto. E o rapaz foi, fazendo parecer que o movimento finalmente destravara os seus músculos, permitindo-o relaxar enquanto continuava beijando Malfoy, suas mãos agora agarrando os ombros dele.

Hermione observou Riddle erguer o rosto, se desvencilhando do beijo enquanto puxava o ar com a respiração meio ofegante, enquanto o loiro não se afastava. Abraxas apenas desviou os beijos para o queixo do rapaz e, depois, para o pescoço. E era fascinante ver como Tom parecia ter se perdido ali, em algum lugar entre os beijos e as mãos de Malfoy. Ela mesma não sabia como havia ido parar ali e onde realmente estava, pois parte de sua mente insistia que aquilo devia ser alguma alucinação e não algo real. Essa sensação de estranhamento e fascínio continuou quando Tom voltou a segurar o rosto do outro, erguendo-o e o observando de um modo intenso por um momento, antes de abaixar-se e passar a imitar os beijos na mandíbula e no pescoço do loiro.

Foi Abraxas quem se lembrou da presença dela ali antes, quando finalmente a encontrou com os olhos e sorriu de lado, parecendo travesso enquanto erguia uma mão para segurar a dela, puxando-a para perto. Hermione riu e beijou o lado do rosto do rapaz de leve, tentando não atrapalhar Riddle, que estava tão entretido no que fazia. Mas então Malfoy a estava beijando e qualquer resquício de racionalidade deixou a cabeça da bruxa em um instante, porque tudo se tornou um beijo, uma certa dificuldade para respirar e a mão de Abraxas embrenhada em seus cabelos.

O ar voltou quando ouviu a risada de Malfoy, que agora erguia Tom outra vez e o virava até ele estar de frente para a garota. Os olhos azuis do garoto ainda estavam atentos, mas pareciam menos analíticos, menos perigosos... E o beijo dele havia mudado também, não estava mais acanhado ou tenso, mas impaciente e desastrado. Não fora apenas uma vez que Hermione sentiu os dentes do rapaz baterem contra os seus ou os lábios dele escaparem dos seus, fazendo um beijo ou outro ir parar na bochecha ou no queixo. E Abraxas... Abraxas não parecia estar nem um pouco interessado em deixar Riddle pensar direito, pois não tardou a aparecer por trás do rapaz, plantando beijos rápidos no pescoço deste e volte meia apoiando a testa no lado da cabeça do amigo e ficando apenas o observando de perto, respirando ofegante ao seu ouvido, antes de voltar com beijos.

Foi Tom quem parou primeiro. O sonserino interrompeu um beijo, deixando os lábios de Hermione escaparem e passando um braço ao redor dos ombros dela quando a garota abaixou o rosto para um beijo leve em seu pescoço e ficou ali, com a cabeça apoiada em seu ombro. Malfoy ainda continuou beijando e mordiscando aqui e ali a pele do pescoço de Riddle, diminuindo o ritmo devagar até pressionar um último beijo logo abaixo da orelha do amigo enquanto o abraçava pela cintura, fazendo-o apoiar as costas contra o seu peito.

Novamente o silêncio se fez presente. As corujas de vez em quando soltando um piado, os grilos cricrilando por todos os lados e os eventuais chamados um tanto aterrorizante das mobelhas do lago eram as únicas coisas que se sobressaíam ao som da respiração dos três. Tomando fôlego e sentindo o rosto esquentar mais, Hermione se afastou, desvencilhando-se do braço de Riddle. O rapaz a observou com os olhos meio perdidos e a bruxa não conseguiu não sorrir ao notar o quão vulnerável ele estava agora... Pupilas dilatadas, bochechas vermelhas, respiração ofegante e lábios entreabertos e vermelhos. Arriscaria dizer que Tom Riddle nunca tivera tanto contato físico quanto acabara de ter ali.

Malfoy, por outro lado, parecia realizado. Um sorriso insistia em repuxar-lhe os cantos dos lábios enquanto ele mantinha o queixo apoiado no ombro do outro sonserino e os braços ao redor da cintura deste.

Hermione passou as mãos pelos cabelos para tirá-los da frente do rosto, antes de tocar o rosto de Riddle e sentir-se sorrir mais ao ver o rapaz fechar os olhos enquanto ela passava os dedos pelos cabelos dele para tentar arrumá-los outra vez, uma tentativa vã. Fez o mesmo em Abraxas, que apenas riu fraco e deixou que ela afagasse os seus cabelos por um momento.

“Acho que devíamos ir,” ela murmurou, se esticando para alcançar as meias e os sapatos descartados. “Já está tarde. Quero ver como vamos entrar no castelo.”

“Sou monitor-chefe,” Riddle falou, sua voz soando estranhamente enrolada e pesada.

“Como eu e Abraxas vamos entrar no castelo,” ela se corrigiu, vestindo as meias.

“Esperem mais um pouco,” disse Tom, se soltando do abraço e se deitando no chão. O garoto ficou observando as estrelas por alguns segundos, o que era possível ver delas ali da clareira, antes de puxar Malfoy para se deitar ao seu lado e, depois, Hermione. “Daqui a pouco Ogg irá se recolher. Vai ficar mais fácil de atravessar os terrenos sem serem vistos.”

Hermione suspirou ao olhar para cima. Não era possível ver muito do céu por conta das árvores, mas o que era visível parecia recoberto por inúmeros pontinhos brilhante que variavam nas cores, desde branco até azulados ou arroxeados. Pequeninas estrelas os observando lá de cima.

“Helena disse que costumava vir aqui quando estudava em Hogwarsts,” Riddle murmurou. “Foi o pai dela que lhe mostrou o lugar. E Rowena Ravenclaw foi quem mostrou a ele.”

“É um recanto lindo,” a bruxa falou. “Não me surpreende que eles gostassem daqui.”

“É... É lindo.”

E, com isso, caíram no silêncio outra vez.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente não estou mais acostumado a escrever cenas assim? Me acostumei a escrever isso só com TomRow, mas realmente espero que tenha ficado bom/que vocês gostem. É estranho escrever o Tommy em uma situação assim, até porque eu sempre escrevo o /pai dele/ em cenas mais românticas, então tem algumas ações do Tommy que são parecidas com as do Tom Sr (ele querer observar tudo com cuidado, por exemplo... Tom Sr consegue se perder só olhando a pessoa que ele está a fim porque ele é um bobo apaixonado mesmo).

Vou aproveitar pra fazer um pequeno merchan aqui, por que why not? Não sei se vocês que estão curtem histórias que não sejam Tomione, mas tem outra fic que estou escrevendo e postando agora chamada 'TRÊS DE BASTÕES', que é sobre o assassinato dos Riddle, sobre a investigação do caso e sobre o Frank Bryce, o jardineiro que foi acusado como culpado. A fic tem bastante headcanons sobre magia e como funciona o mundo bruxo, tem também pubs bruxos underground, cartas de tarot, médicos que falam com os mortos, jardineiros rabugentos e bruxas russas que conseguem ouvir magia. Se vocês curtirem isso, dêem uma olhada lá e digam o que acharam :D

Muito obrigado quem comentou até agora. Espero que tenham gostado do capítulo, foi... interessante escrever, apesar de difícil. Digam aí o que acharam (;