Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 28
Half Wizard


Notas iniciais do capítulo

O que é isso? Um capítulo? De Kolybel'naya? Será que amanhã o mundo irá acabar com uma chuva de meteoros? Bom, se isso acontecesse iria facilitar a minha vida, podem ter certeza.



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“Querida Hermione,

    Como você está? Faz algum tempo que não trocamos cartas. Infelizmente, as coisas estão corridas por aqui. As crianças mais velhas estão ajudando cada vez mais nas tarefas do orfanato, já que não queremos ver Martha se excedendo. Tentei perguntar o que ela e o Dr. Mazarovsky fariam depois que a criança nascesse, mas ela simplesmente disse que ainda não sabem. Não creio que eles deixem o orfanato sem antes arranjarem outras pessoas para ficarem em seus lugares, mas, mesmo assim, só pensar na possibilidade de eles irem embora já é o suficiente para nos fazer ficar cabisbaixos.

    No fim das contas, ter o quarto só para mim por mais tempo realmente não é nada interessante. Como já disse em outra carta, não há ninguém com quem conversar. Por sorte, estou conseguindo sair mais do orfanato… Já que Martha está ficando mais com as tarefas daqui, me prontifiquei a sair fazer algumas tarefas fora. Volte meia acabo encontrando com o seu amigo, o Sr. Ollivander. Na verdade, encontrei-o sem querer uma vez depois daquele dia horrível do ataque aéreo e combinamos de nos encontrar sempre (ou quase sempre) que eu puder sair do orfanato. Pelo menos sempre que eu conseguir colocar as mãos no telefone da sala da Sra. Cole antes de sair… O que exatamente ele faz da vida, Hermione? Sempre que pergunto, ele simplesmente fala que tem uma loja, mas nunca me explica o que vende lá, mas imagino que, para ter um telefone, deve ser uma loja movimentada. É tão engraçado falar com ele pelo telefone, até parece que ele acha que não irei ouvi-lo do outro lado da linha!

    De qualquer forma, estou com saudades. Espero que tudo esteja correndo bem por aí. Mande notícias.


                        Com amor,
                            Anna Parker.”



    Tudo o que Hermione pôde fazer foi rir ao imaginar Ollivander com um telefone em sua loja empoeirada. Será que ele já tinha um perdido por lá? Ou será que adquirira um especialmente depois de conhecer Anna? Aquilo apenas a fez sorrir mais largo. Depois de tudo o que havia acontecido nas últimas semanas, receber uma carta de Anna fora ótimo para fazer o seu coração ficar mais leve outra vez.

    A outra carta que veio junto com a da amiga também ajudou o seu humor. Garrick havia mandado um envelope cheio de pergaminhos grossos e bem dobrados junto com a sua carta.


“Hermione,

    Estou lhe enviando algumas das pesquisas de Horace, ou melhor, alguns resumos delas que o próprio escreveu. Ele ficou muito animado de descobrir que uma moça tão jovem como você está interessada em uma área da magia tão complexa quanto as magias do tempo. Também devo lhe pedir desculpas pela demora para lhe dar alguma resposta… Recebi a carta que mandou, mas achei que, talvez, fosse melhor lhe enviar algo que realmente a animasse (como essas pesquisas) do que apenas uma carta dizendo o quão preocupado fiquei ao saber que fora atacada em Hogsmead.

    A guerra trouxa está ficando mais calma, apesar de as pessoas continuarem tensas. Em relação à Grindelwald, Londres não está tão livre dele… Quando se está no Beco Diagonal (e na Travessa do Tranco, afinal, não posso mentir e dizer que nunca vou lá), você ouve todo tipo de besteiras saindo da boca das pessoas. Alguns sangues puros parecem que ficariam muito felizes de aderir à causa dele, mas o acham ‘radical’ demais. Imagine só! O homem acredita que apenas a magia dos bruxos puros é que conta e ainda assim é muito radical! Isso me faz pensar que a pureza britânica é a mais retrógrada de todas.

    Em uma última nota, gostaria de dizer que os trouxas estão me surpreendendo cada vez mais! Eu já ficara fascinado (e aterrorizado) ao saber das bombas e dos aviões que eles haviam criado para a guerra, mas imagine a minha surpresa ao descobrir que eles também criaram alternativas para conseguirem se comunicar a distância? Esses telefones são incríveis… Um tanto complicados, devo admitir, mas muito engenhosos.

    Espero que aproveite as pesquisas de Horace. Escreva-me caso queira que eu tente me aprofundar mais em alguma delas, agora será mais fácil, pois ele pareceu bem interessado em ouvir mais histórias das minhas viagens para coletar materiais para varinhas.


                
                        Garrick Ollivander.”



Com cuidado para não fazer muito barulho com todos os pergaminhos - afinal, suas colegas de quarto já estavam dormindo e ela estava lendo aquilo apenas com a luzinha de um Lumus, fechada dentro das cortinas de sua cama -, Hermione desdobrou o que Ollivander dissera ser as pesquisas de Horace Resande e começou a lê-las rapidamente. Estava tão curiosa que queria apenas ver sobre o que elas falavam para, depois, estudá-las com mais atenção.

Resande era parecia fazer diversas pesquisas sobre viagens no tempo. Não apenas sobre vira-tempos, mas outras formas de conseguir sair de um tempo e ir parar em outro, como rituais, feitiços e alguns acidentes, como locais específicos que eram o que ele chamava de ‘armadilhas do tempo’. Tudo isso era magia perigosa e instável, e a maioria das informações que ele compilava era baseada em teorias ou alguns poucos registros de viagens no tempo, como uma bruxa galesa que fora encontrada vagando sem rumo em 1901 e que, quando perguntaram o que havia acontecido, ela disse que havia entrado em um círculo de fadas para colher uma flor e, quando saiu, tudo estava muito diferente. Ela dizia, ainda, ter nascido em 1734. Não havia mais nada sobre essa mulher, todos os registros eram do bruxo que a encontrou, nada oficial.

De certa forma, era reconfortante saber que existiam outras formas de se viajar no tempo, já que o vira-tempo que a levara até 1944 estava quebrado e, até onde ela sabia, aqueles objetos só serviam para levar alguém ao passado. Ao mesmo tempo, a falta de informações oficiais concretas era assustador… Aquilo a fazia se perguntar o que o Ministério fazia com quem se metia com magias do tempo.

A garota voltou a guardar os pergaminhos dentro do envelope e, depois, guardou este dentro da bolsinha de contas que escondia debaixo da cama. Quando tudo estava arrumado - a bolsinha outra vez em seu esconderijo, com os feitiços protetores ao seu redor -, Hermione se deitou e apagou o foco de luz.

Fazia tempo desde que voltar para o futuro havia sido algo palpável para ela e agora, apesar de ter lido apenas superficialmente aquelas pesquisas, uma pequena esperança voltara a aparecer. Ela poderia achar um jeito de ver Harry e Ron outra vez, de ajudá-los de novo… Ela poderia voltar a ser Hermione Granger. A medida que tal pensamento crescia em sua mente, várias lembranças voltavam, como se aquela esperança estivesse juntando coisas que a alimentassem: a imagem dos amigos, de seus pais, d’A Toca, das suas colegas de quarto, de Viktor Krum… Até Draco Malfoy entrou no meio de tudo isso!

“Hermione?” Ela ouviu a voz de Harry a chamar. Era realmente incrível pensar que ela ainda conseguia se lembrar de como era a voz dele. “Mione!”

A garota abriu os olhos e surpreendeu-se ao ver que não estava mais deitada em sua cama, no dormitório escuro, mas sim parada no meio de um nada escuro. E Harry estava ali. Ele continuava magro e com os cabelos compridos, os olhos verdes parecendo ainda mais brilhantes e contrastando com o resto de sua imagem apagada.

“Vamos roubar Gringotts,” ele falou, sorrindo meio sem graça. “Demoramos um pouco para arranjarmos tudo, ainda mais sem você. Mas deu certo. Remus nos ajudou e amanhã eu e Ron estamos indo… Fleur vai junto. Precisamos de alguém que se passe por Bellatrix e ela se prontificou.”

“O que? Não!” Hermione falou. “É perigoso, ela não pode-“

“Mione, Fleur foi uma campeã tribruxo, lembra?” o rapaz riu fraco. “Bill irá nos esperar do lado de fora do Beco e Griphook irá conosco. Vai dar tudo certo.”

“Mas, Harry… Vocês não tem a capa. Como vão levar Griphook? Com certeza os outros goblins sabem que ele foi capturado.”

“Nós… Fizemos uma capa improvisada.” Harry encolheu os ombros. “Bill e Remus nos ajudaram a colocar alguns feitiços em uma outra capa. Não é perfeita, mas irá servir.”

“Harry…”

O bruxo sorriu fraco, erguendo uma mão para segurar a da amiga. Ela quase não conseguia sentir os dedos dele, mas sabia que estavam ali.

“Vai dar tudo certo, Mione,” ele murmurou. “E, se não der, você pode brigar conosco o quanto quiser quando voltar.”


***


Abraxas Malfoy havia se acostumado a acordar no meio da noite para ouvir alguma brilhante idéia ou receber alguma ordem besta vinda de Tom Riddle, mas isso era quando o rapaz ainda dormia no dormitório da Sonserina. Desde que ele se mudara para o dormitório dos monitores, Tom desistira de acordá-lo no meio da noite, afinal, seria muito trabalho se deslocar até as masmorras para fazer isso (e o rapaz se surpreendia que o amigo ainda não havia achado algum meio mágico de fazer isso sem ter que levantar-se da sua cama).

Mas ali estava Tom, parado ao lado da sua cama, enfiado dentro de um robe e com um olhar que quase poderia ser classificado como ‘loucura’.

“O que foi dessa vez?” perguntou Malfoy em um sussurro, esfregando os olhos com os dedos.

“Não consigo dormir,” o outro falou, desviando o olhar por um momento.

Ele estava envergonhado, Abraxas conseguia sentir isso. E, apesar de a idéia de irritar Riddle com aquilo, o loiro não conseguiu fazer nada a não ser levantar da cama, colocar um robe e empurrar o amigo para fora do dormitório até estarem sentados nas poltronas do salão comunal vazio. A luz das velas acabavam dando uma tonalidade azulada à sala, graças ao reflexo destas nos vidros envoltos pela água do lago, e aquilo dava à Riddle uma aparência ainda mais doentia.

“Não quer procurar Octavian? Ele talvez tenha algo para te ajudar a dorm-“ perguntou Abraxas, ajeitando-se na poltrona de couro e esticando a cabeça para olhar as janelas, mesmo sabendo que seria impossível enxergar muita coisa com aquela luminosidade.

“Não.” Riddle puxou os pés para cima da sua poltrona, ficando quase empoleirado ali enquanto abraçava os próprios joelhos.

“Sonho ruim?” perguntou Malfoy, mas logo se repreendeu por tal pergunta ao ver o olhar que o outro lhe lançara. “Esses dias estava pensando… Você devia ir visitar a nossa casa de praia quando o ano letivo acabar.”

“Como é?”

“A casa na praia da qual eu sempre falo e vivo lhe convidando para visitar, mas você sempre arranja uma desculpa para não ir?” O rapaz riu. “Fica em East Yorkshire, perto de uma vila trouxa, Hornsea. A praia enche um pouco no verão, mas o local onde fica a nossa casa é meio isolado.”

“Assim que terminar o ano, vou ter que procurar um trabalho,” murmurou Tom. “E um lugar para morar.”

“Nossa, seus pais querem te colocar para fora assim tão rápido?” perguntou Abraxas, arqueando uma sobrancelha. Nunca sabia o que esperar dos pais de Tom, já que ele quase nunca falava sobre eles. “Bom, fique alguns dias lá em Hornsea e depois vá procurar trabalho, que tal? Pode ser legal… As últimas férias antes de cairmos no mundo, hum? Se quiser, podemos convidar Hermione também.”

“Hermione?”

“Sim, ela é melhor companhia que Atlas e Canopus, você deve concordar comigo.”

Riddle apenas o observou por um momento, parecendo um tanto descrente, antes de rir. Era difícil arrancar uma risada sincera dele, mas aquela parecia autêtica e aquilo fez Malfoy sorrir.

“Por que uma vila trouxa?” o rapaz perguntou, passando uma mão pelos cabelos para tentar arrumá-los.

“Porque a praia ali é boa e a vila é agradável. Além disso, Yorkshire é calmo e bonito… Se você quer passar o dia no mar, você pode. Se quer sair cavalgar, também pode. Dá até para caçar raposas, se quiser.”

“Caçar raposas?”

“Sim, trouxas fazem isso de montes por lá… Bom, os trouxas com dinheiro. Eles usam cães de caça.”

“E bruxos?”

“Feitiços de localização, é claro,” ele explicou. “Nunca participou de uma caçada mágica?”

“Não.”

“Sempre esqueço que você é de Londres.” O rapaz riu. “Alphard também não sabia nada sobre caça até começar a passar algumas temporadas lá em casa… Eu te digo, bruxos morando na cidade grande perdem toda a diversão!”

“Nós temos o Beco Diagonal,” disse Tom. “E a Travessa do Tranco.”

“Que nós podemos acessar com pó-de-flu.” Malfoy sorriu de lado. “Além disso, os trouxas do campo são interessantes… Alguns deles acreditam mesmo em magia. Sabia que eles também dizem para as crianças não entrarem nos círculos de fadas? E alguns procuram por pedras-de-bruxa para usar como proteção.”

“Pedras-de-bruxa são usadas em alguns feitiços de localização…”

“Eu sei, mas eles acreditam que ela os protege. Uma vez vi dois homens conversando sobre plantas e um deles falava de certas plantas que tinham ‘propriedades mágicas’,” disse Abraxas. “Ele não usou essa expressão, é claro, mas dizia que era para prender um raminho de bluebells na lapela do terno para trazer sorte durante o dia ou para queimar pétalas de gardênias para atrair um pouco de tranquilidade.”

“Trouxas são bobos,” disse Riddle, desviando o olhar e observando a sala, antes de prestar atenção em um quebra-cabeças que alguém havia deixado meio montado em cima da mesinha de centro. “Mas é melhor continuarem a acreditar que essas besteiras são mágicas à descobrirem a magia de verdade.”

“Pensei que um dia quisesse mostrar a eles-“ Abraxas começou a falar, vendo o outro se levantar e ir até a mesinha de centro e se ajoelhando ali, olhando o quebra-cabeças.

“Sim, mas não gostaria de ver a magia ser exposta para que os trouxas pudessem… Pudessem estudá-la ou usá-la. Eles fariam isso errado e, no fim, iriam voltar a ficar com medo, como ficaram no passado. E, como nós estaríamos tentando ser amigáveis, eles atacariam,” ele explicou. “Se a magia for exposta, os bruxos devem manter a posição superior em relação aos trouxas.”

Malfoy observou o amigo em silêncio, enquanto Riddle parecia concentrado no jogo e pegava algumas peças alheias, tentando identificá-las. Depois de alguns minutos, o loiro se levantou e foi até ele, ajoelhando-se no lado oposto da mesa e passando a procurar por peças também.

“É engraçado, não? Essa mistura de magia e trouxas… Alguns lugares conseguiram conciliar as duas culturas, outros não.” Abraças suspirou, antes de sorrir ao encontrar uma peça que se encaixava na imagem parcialmente montada. “Não consigo nem imaginar como deve ser para casais meio mágicos meio trouxas, sabe?”

“Deve sempre acabar mal,” murmurou Tom. “Aposto.”

“Pense na Dama Cinzenta… Se aquelas pesquisas estão corretas, a o pai era trouxa e a mãe era bruxa. E eles parecem ter dado certo.”

“Ele morreu antes que desse errado,” disse Riddle, soltando um muxoxo ao ver a imagem que ele havia acabado de montar no quebra-cabeças (um passarinho amarelo) alçar vôo e sair das peças já montadas para as outras ainda perdidas no meio da mesa. “Além disso, se tivesse dado tão certo, deveria haver pelo menos um quadro dele por aqui, não acha? Existe uma tapeçaria com Hufflepuff, o marido e os filhos…”

“Oh, mas tem!” Malfoy sorriu largo ao ver o rosto confuso do amigo. “Lembra que uma vez você me disse que a Dama gostava de ficar parada na frente de um vitral perto da torre da Corvinal? O vitral do casal de mãos dadas… São eles, Rowena e Didymus - ou Thomas, como preferir - Ravenclaw.”

“Como é que você sabe disso?” o garoto perguntou, estreitando os olhos.

“Se você prestar bastante atenção, vai perceber que os dois são parecidos com Helena. Além disso, há a águia da Corvinal no topo do vitral… E ela é parecida com o quadro de Ravenclaw que temos por aqui,” ele explicou. “O homem, por outro lado, não se parece com Gryffindor ou Slytherin, além de que o animal aos pés dele é uma raposa, não um dos animais mascotes. E como Ravenclaw não teve nenhum filho…”

“Isso tudo não tem nenhuma base-“

“E uma das cartas do Sr. Wright, o pesquisador que me mandou as informações que você pediu, deixava claro que aquela era a única representação conhecida de Thomas Ravenclaw,” ele falou, por fim sorrindo. “Talvez pudesse falar com a Dama sobre isso? Quero dizer, ela era filha deles. Se está interessado nos dois-“

“Não estou interessado em uma bruxa que morreu faz mais de mil anos e um trouxa qualquer,” Tom resmungou, antes de se levantar. “Acho que vou indo. Já está tarde.”

“Já estava tarde quando você apareceu e agora você já vai?” Malfoy franziu o cenho e fez um bico. “Nem valeu a pena ter me levantado.”

“Boa noite, Brax.” Riddle acenou e, sem olhar para trás, saiu do salão comunal. Ele havia ficado irritado, mas talvez isso o ajudasse a pegar no sono… Bom, era só o que Abraxas podia esperar agora.

***

Walburga Black sabia reconhecer uma pessoa promissora de longe, afinal, ela era uma Black e sua mãe não a educara para deixar essas coisas passarem. Não que ela fosse interesseira, afinal, também se associava e era amiga de pessoas que nada lhe trariam, como Dorea que, se continuasse como estava, iria acabar casada com um traidor do sangue. Mas ela sabia reconhecer promessas e Tom Riddle era uma… Por isso, ser uma boa companhia para o rapaz não lhe era nenhum peso, afinal, além de interessante e promissor, Tom também era um rapaz bonito e gentil.

“Eu sei que pode parecer grotesco, mas tia Elladora dizia que manter as cabeças dos elfos espantava as possíveis maldições que outros elfos pudessem lançar contra a nossa família,” disse Walburga, ajeitando-se melhor ao lado de Riddle no sofá da sala comunal e esticando o pescoço para ver o que o rapaz lia. “Então, quando eles não conseguem mais servir… Bom, nós acabamos com o sofrimento deles.”

“Aposto que Borgin e Burke pagariam um bom preço por essas cabeças se vocês dissessem que são amaldiçoadas,” Abraxas falou enquanto acariciava o pêlo branco de seu Jarvey, que no momento se encontrava enroscado como uma bolinha em seu colo, na poltrona.

“Nunca iríamos vender uma relíquia de família!” a garota falou, parecendo horrorizada.

“São cabeças de elfos!”

“Elfos que nos serviram e cuja magia continua em nossa casa,” ela explicou, olhando de esguelha para Tom e vendo que ele não parecia muito interessado na conversa. “Aposto que vocês também tem algum tipo de proteção em casa, não é, Tom?”

“Hm? Sim, claro,” o rapaz falou, parecendo meio perdido quando ergueu os olhos do livro. “É importante ter todo que é tipo de proteção.”

“Viu, Abraxas?”

“Eu concordo com ele, mas prefiro não ter cabeças decepadas no meu corredor.”

“Você devia usar algum tipo de amuleto para proteção, Tom,” disse Walburga, erguendo uma mão para arrumar a gola da camisa do rapaz, que pareceu ficar estático por um segundo. “Principalmente depois do que aconteceu em Hogsmead. Se quiser, posso encontrar algo para protegê-lo contra bruxos das trevas e afastar… ah… pessoas indesejadas.”

“Pessoas indesejadas?” perguntou Alphard, que estava sentado em uma das mesas perto das janelas, alternando entre fazer a sua tarefa e observar um trio de sereianos que se divertiam no lago.

“Traidores do próprio sangue,” disse a garota, praticamente cuspindo as palavras no outro Black. “Sangue-ruins… Essas coisas.”

“Pode ficar tranquila, Walbie,” disse Alphard, rindo de forma debochada e acenando para um sereiano. “Logo vocês não vão precisar de nenhum amuleto para me manter afastado.”

“Só para garantir,” ela falou, sorrindo de forma ácida e descendo a mão para a de Riddle, desgrudando-a do livro por um momento. “O que é que você tanto estuda aí, Tom?”

“Projeto de poções,” ele explicou, mantendo a mão parada enquanto Walburga brincava com seus dedos e espiava o texto no livro. “Amortentia acabou sendo mais complicada do que esperávamos.”

“Mesmo? Achei que fosse uma das mais fáceis,” ela falou e riu ao encontrar uma das pontas das bandagens que ainda enrolavam o pulso machucado do rapaz. “Ora, não vai mais tirar isso? Se quiser, tenho uma loção que minha tia comprou de um boticário na França…”

E, para Walburga, tudo aconteceu muito rápido. Seus dedos rapidamente desfizeram a bandagem (algo que já estava querendo fazia tempo, afinal, as aulas já haviam começado fazia quase duas semanas e ele continuava andando com aquele trapo horrível no braço; será que o curandeiro não conseguira curá-lo de direito?) e seus olhos tiveram apenas alguns segundos para registrar a palavra que as cicatrizes ainda avermelhadas formavam no braço do garoto, antes que uma onda de magia a empurrasse com força para longe, fazendo-a cair de forma desajeitada no outro lado do sofá.

“O que…?” ela murmurou, vendo Riddle se levantar em um pulo e tentar desenrolar a manga da camisa o mais rápido possível para cobrir o antebraço.

“Que diabos foi isso, Tom?” perguntou Abraxas, que olhava a cena com os olhos arregalados e com o Jarvey agora empoleirado em seu ombro, também parecendo assustado.

“Por que você tem a mesma cicatriz que a sangue-ruim, Tom?” perguntou Walburga, ajeitando a própria saia e se levantando do sofá.

“O que?” Malfoy desviou o olhar do rapaz para a garota.

“A cicatriz que Elston tem no braço, a marca,” ela falou, apontando para Riddle, que parecia mais pálido do que o normal. “Foi isso que a Valquíria fez nele. ‘Sangue-ruim’, é isso que está escrito ali!”

“Ela só fez isso para que achassem que ele era um nascido trouxa, Walburga,” disse Malfoy, se levantando com calma do sofá e colocando o Jarvey sobre as almofadas. “Não é, Tom?”

Mas Tom não disse nada. Permaneceu em silêncio, com as mãos tremendo e o rosto pálido, os olhos azuis arregalados. Walburga, em seu íntimo, esperava que ele confirmasse a suposição de Abraxas, que aquilo fora apenas um plano bobo da seguidora de Grindelwald, mas o rapaz continuou em silêncio. Ele parecia chocado e… Aterrorizado? Seria possível Tom Riddle ficar aterrorizado? Mas, se fossem esses os sentimentos dele, então aquela cicatriz realmente denotava a real natureza dele.

“Você é um sangue-ruim,” ela murmurou, lentamente, enquanto a verdade daquela frase parecia começar a fazer sentido. “Isso explica… Porque ninguém conhece os seus pais.”

“Walbie, vamos lá, isso é loucura.”

“Seu pai conhece os Riddle, Abraxas?” ela perguntou, ouvindo sua voz sair esganiçada.

“Ninguém conhece todo mundo-“

“Nós nunca os vimos na Plataforma! E ele nunca aceitou nenhum convite-“

“Walburga, acho que a família de Tom não é da nossa conta,” disse Alphard, que finalmente saíra da mesa perto da janela e se aproximara da irmã devagar. “Além disso, acho que não deve ser muito confortável para ele falar do incidente com a Valquíria…”

“Cale a boca, Alphard,” ela falou, lançando um olhar sério para o rapaz e, depois, voltando a observar Tom. “Quem são os seus pais, Tom?”

Riddle permaneceu mais um momento em silêncio. Abraxas também parecia estar esperando uma resposta, apesar de parecer mais apreensivo do que irritado. O olhar de Tom, de repente, passou de perdido para sério e toda a sua compostura voltou como que em um passe de mágica.

“Minha mãe era uma bruxa vinda de uma família muito mais pura que a sua, Srta. Black,” ele falou, sua voz soando firme e fria, fazendo com que a garota corasse de raiva. “Quanto ao meu pai… Quem ele foi, como disse Alphard, não é algo que seja da sua conta, mas posso lhe garantir que não tenho absolutamente nada dele a não ser o seu nome.”

E, antes que pudesse falar qualquer outra coisa, o rapaz deu meia volta e saiu da sala comunal, levando consigo o seu livro de poções e quase esbarrando em Dorea Black, que estava entrando no recinto no mesmo momento.


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Notas finais do capítulo

Eu nem vou tentar explicar a razão de ter sumido de Koly, é uma mistura de faculdade com falta de inspiração e falta de vontade pra continuar e medo de errar. Mas vou tentar, não prometo nada, como podem ver, esse capítulo já não ficou dos melhores, mas eu tinha que fazer de qualquer jeito pra poder continuar...

1) Bluebells: aquelas plantinhas que as flores parecem sininhos, elas atraem sorte;

2) Gardênias: trazem paz e tranquilidade e protegem de influências externas;

3) Hornsea: uma cidade litorânea em East Yorkshire, fica ao lado da vila de Leven (na vida real), a vila que é minha inspiração geográfica para Little Hangleton, ou seja, ela fica do lado de Little Hangleton;
4) Vitrais: eu amo vitrais, principalmente quando se trata da representação da história dos Ravenclaw... a minha fic "A Águia e a Raposa", sobre Thomas/Didymus Ravenclaw, é ilustrada em estilo vitral exatamente por isso. Me dêem todos os vitrais e tapeçarias com os Ravenclaw!

Momento propaganda: se alguém por acaso se interessar por alguma histórinha com o pai do Tommy, o Tom Riddle Sr (aka, o fantasma camarada de Koly), tente dar uma olhada na minha fic "O Contador de Histórias" :))

Como sempre, reviews são lindos. Eu sei que eu sumi e fiz besteira sumindo, eu nem lembrava direito onde tinha parado ou o que havia acontecido... Eu perdi a mão para essa história, principalmente porque no último ano eu escrevi muito, mas muito sobre Tom Sr e os fundadores, então... É. Mas espero que tenham gostado :)