Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 27
Crawling with magic


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada, Luschka Violet, pela recomendação :DD



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Todo mundo sabia da história de Myrtle Mortmore. Bom, é claro... Uma aluna morreu dentro de Hogwarts, era fácil todos saberem disso. Mas a morte da menina parecia já ter sido quase esquecida por muita gente, ou talvez eles só estivessem tentando ignorar o ocorrido para não se preocuparem demais. Aquilo havia acontecido com a morte de Cedric Diggory também, principalmente depois que o Ministério e o Profeta Diário insistirem tanto que tudo não havia passado de um acidente do Torneio Tribruxo.

“Ela era quietinha,” disse Minerva um dia, enquanto se ocupava em tomar notas a respeito de animagia na biblioteca. “Conversava bastante com Clio Douglas e Dismas Lovegood. Eles eram mais velhos, se formaram ano passado, mas acho que Myrtle conhecia Clio de antes de Hogwarts ou algo assim.”

“Ela não era nascida trouxa?” perguntou Hermione, apoiando-se nos cotovelos enquanto observava a pena de McGonagall arranhar o pergaminho.

“Era, mas Clio era mestiça e morava em uma área trouxa. Da onde você ouviu falar da Myrtle?”

“Ouvi algumas pessoas comentando por ai,” a garota mentiu, encolhendo os ombros.

“Acho horrível quando ficam falando dela como algum tipo de história de terror de Hogwarts,” Minerva murmurou, franzindo o cenho. “O Ministério e Dippet meio que... Fizeram de tudo para esconder o que aconteceu depois que tudo foi resolvido. Você não vai encontrar nada disso em arquivos d’O Profeta, mas foi bem complicado. Ameaçaram fechar a escola, o que teria sido horrível... Imagine? Fechar uma escola de quase mil anos...”

“Seria horrível,” Hermione murmurou, contendo-se para não falar que ela sabia muito bem como era aquilo, apesar de que a situação ficara crítica em seu tempo apenas depois que ela fora petrificada. “E descobriram o que aconteceu com ela?”

“Descobriram que um menino da Grifinória estava escondendo uma acromântula no castelo, mas... Rubeus não fez isso por mal. Ele gosta de animais, o Rubeus, então ele achou que poderia cuidar da acromântula como um bichinho de estimação,” disse McGonagall, antes de suspirar e descansar a pena sobre a mesa. “Ele também era do terceiro ano. Foi expulso, é claro, mas Dumbledore deu um jeito de fazer com que ele ficasse como guarda-caça junto com Ogg, porque ele não tinha para onde ir fora de Hogwarts.”

“Entendo...”

“Foi Riddle quem encontrou a acromântula,” a outra garota falou. “Por isso que ele tem um troféu com o nome dele na Sala dos Troféus. ‘Serviços Prestados a Escola’.” Minerva riu, sem emoção. “Quero dizer, era o dever dele, claro, mas... Ele sempre tratou Rubeus mal, sabe? Principalmente depois do que aconteceu. Rubeus não precisava disso.”

Hermione respirou fundo, voltando a olhar o livro de poções sobre a mesa. Queria encontrar Hagrid, nem que fosse apenas para conversar com alguém conhecido, apesar de que ele não a conhecia ainda. Desde o seu encontro com Avery e os outros sonserinos, aquele sentimento ruim de estar no lugar errado havia voltado e tudo o que queria era voltar para a sua Hogwarts, longe de Tom Riddle e de Abraxas Malfoy, longe da guerra...

“Gostei do seu cabelo,” disse McGonagall e, quando a menina ergueu o rosto, viu um sorriso leve nos lábios da outra. “Tinha esquecido de comentar. Ficou bonito.”

“Obrigada.” Hermione sorriu, antes de, instintivamente, correr uma mão pelos cabelos curtos.

“E como foi o feriado?”

“Foi... Calmo. Slughorn deu uma festinha de Ano Novo e tinha uma boa janta lá,” ela explicou, rindo baixo. “Depois Malfoy me seqüestrou para uma festa particular com Riddle, porque ele achou que Tom estava sendo muito antissocial de ficar enfiado no quarto no dia do aniversário dele. Eles ficaram bêbados e começaram a recitar poesia.” Granger observou a colega, que agora tinha os olhos arregalados e os lábios entreabertos, e riu. “Valeu a pena.”

“Me diga que você tem fotos disso!”

“Infelizmente, não tenho. Vai ter que confiar na minha palavra,” disse Hermione, estufando o peito.

“Esse é o tipo de coisa que você tem que tirar foto!”

“Mas eu não tenho câmera-“

“Você arranja uma! Accio câmera! É por uma boa causa.” McGonagall riu.”Eu quero ver Riddle bêbado...”

***

“Você algum dia vai sumir da minha cabeça?” perguntou Riddle enquanto tentava manter o olhar fixo no mar a sua frente, ignorando o homem sentado na areia a alguns metros dele.

“Desculpe. Só queria ver como estava.”

“Você está vendo como eu estou o tempo todo,” Tom resmungou. “Não acredito que nem morrer direito você conseguiu.” O rapaz virou-se para olhar o outro, vendo o rosto deste se contorcer em uma expressão que ele não conseguia classificar de qualquer outro jeito a não ser como ‘miserável’.

“Helena falou com você?”

“Sim, sua amiga falou comigo. Ela me explicou o que você é e, realmente? Era uma coisa simples que você tinha que fazer: cair morto. Mas não, você tinha que ficar.”

“Talvez seja algum mal meu? Não conseguir morrer,” o homem murmurou, antes de suspirar profundamente, sem tirar os olhos do mar.

“Ainda estou tentando entender que merda aconteceu. A maldição foi perfeita, afinal, matou os seus pais.” O outro pareceu se encolher ainda mais ali ao ouvi-lo. “Talvez tenha a ver com você ficar implorando tanto para não te matar. Sei lá, magia faz essas coisas, apesar de você ser trouxa-“

O garoto se interrompeu ao ouvir uma risada fraca vinda do trouxa na areia. Arqueando uma sobrancelha, Tom virou-se de frente para o pai, vendo que ele ainda ria baixo, sem emoção, enquanto afundava os dedos nos cabelos. Quando o homem ergueu o rosto outra vez, o bruxo sentiu nojo outra vez ao ver que ele estava com os olhos brilhando com lágrimas.

“Eu não implorei para você não me matar,” disse Tom Riddle Sr., antes de morder o lábio inferior e desviar o olhar para o mar de novo.

“Eu lembro de você implorando, Riddle.”

“Pelo contrário!” ele falou, esticando os braços e encarando as próprias mãos, flexionando os dedos. “Eu pedi o contrário,” o homem repediu, agora mais baixo.

Tom franziu o cenho, antes de se aproximar, hesitante. Inspirou fundo enquanto via uma linha fina e mais esbranquiçada na pele do pulso do trouxa, antes de olhar o rosto dele outra vez.

“Que merda é essa?”

“Como você disse: nem morrer direito eu consigo,” o Riddle mais velho riu fraco.

Tom sacudiu a cabeça, antes de virar-se para olhar o mar. Não queria olhar aquele trouxa por mais tempo, era revoltante. Respirou fundo uma, duas, três vezes, antes de voltar a se virar, mas não vendo o pai ali, mas sim o teto de seu quarto.

Outro sonho. Outro sonho com aquele trouxa imbecil se metendo no meio. E agora... E agora descobrira que a última coisa que fizera para aquele homem fora exatamente o que ele queria! Devia tê-lo deixado vivo, devia ter matado os pais dele e o deixado vivo, deixado que ele cuidasse da própria morte sozinho de novo. Devia ter...

“Saia daqui,” o rapaz murmurou, sentando-se na cama e olhando em volta. “Não posso te ver, mas sei que está aqui, então saia!”

Nada. Nem um arrepio ou alguma ventania, apenas silêncio.

***

Ao contrário do que ele pensava, o hall onde os retratos dos fundadores de Hogwarts ficavam não ficava cheio uma vez que os alunos voltavam para o castelo. De vez em quando um grupo de crianças passava por ali chegar às suas aulas, mas nunca era tão cheio quanto as masmorras ou os corredores que levavam ao Grande Salão. Na verdade, era bem calmo e Tom só conseguia pensar que era um lugar do tipo que Helena gostaria para passar o tempo se não fosse o quadro de sua mãe. Para ele, aquele hall ainda estava perfeito, principalmente para quando tentava não pensar tanto em seu filho e, por alguma razão o retrato de Rowena Ravenclaw era uma das razões para isso.

Na verdade, os quadros dos quadro fundadores eram interessantes e eram o suficiente para distraí-lo, até mesmo Slytherin, que parecia gostar de lembrá-lo que ele era um trouxa e chamá-lo de ‘verme’. Mas ainda era possível começar uma conversa interessante com o bruxo e era interessante ver como Salazar era bem diferente do que os alunos falavam. Além de ser diferente do que ele imaginara, já que vivia associando Salazar Slytherin aos Gaunt.

Mas Ravenclaw... Ele já estava bem acostumado com Helena. Desde que chegara em Hogwarts, fazia quase quatro meses, ele ficara o tempo todo com ela e, talvez fosse por conta da perda recente de sua família e do fato de agora ser um fantasma, já havia começado a se preocupar tanto com ela quanto com seu filho. Mais de uma vez eles acabaram conversando sobre a famosa Rowena Ravenclaw, mas Helena era sempre discreta quando o assunto era a sua mãe e, na maioria das vezes, falava da mulher como se ela fosse uma figura de um livro apenas. Foi fascinante conhecer o retrato de Rowena e ver que ela não era apenas parte de um livro.

Desde que falara com ela pela primeira vez, havia se tornado quase um hábito ficar conversando com ela por alguns minutos quase todos os dias. Rowena falava sobre assuntos interessantes e com tanta paixão que o fazia se lembrar de Thomas Riddle.

“Nós somos uma bela dupla, não?” ela perguntou uma vez. Era de noite e a Monitora Chefe havia acabado de passar por eles enquanto os dois conversavam em sussurros para não acordar os quadros de Godric Gryffindor e Helga Hufflepuff, que dormiem em suas molduras. Fora logo depois de sair dos sonhos de seu filho e tudo o que queria era pensar em qualquer coisa que não fosse ele ou a agonia que ainda estava sentindo dentro do peito.

“Desculpe?”

“Você e eu. Um homem trouxa preso entre a vida e a morte e uma bruxa presa em um retrato. No meu tempo, a maioria das pessoas como você ficaria louca se visse Hogwarts por dentro, além de ordenarem queimar tudo,” disse Ravenclaw, suspirando.

“A maioria das pessoas?”

“Nem todos os trouxas eram assim. Alguns temiam aqueles que queimavam bruxas. Alguns eram acusados pelos nossos ‘crimes’ também,” ela explicou.

“Bom, acredito que até hoje existem trouxas que iriam surtar caso entrassem em Hogwarts,” disse Riddle. “Quero dizer, eu... Eu fiquei assim. Mas não acho que eles iriam mandar queimar tudo. É muito bonito. Seria um pecado colocar esse lugar abaixo.”

“Mesmo que ele esteja infestado com magia?”

“Mesmo que ele esteja infestado com magia.” Tom encolheu os ombros, olhando para a mulher no retrato. “Na verdade, a magia é uma das coisas que faz ser tão belo. É... Diferente de tudo que eu já vi ao vivo e em livros. Digo, não é todo dia que se vê escadas que se mexem sozinhas ou que você... Realmente sente o lugar. Ou talvez eu só ache tudo tão bonito porque estou morto? Já não sei direito.”

Tom franziu o cenho ao ver que Ravenclaw não respondera. Ele se virou, vendo a mulher o encarando como se visse algo muito intrigante ali.

“Quero dizer, o lugar é lindo, Srta. Ravenclaw,” disse Riddle, amaldiçoando-se ao sentir suas palavras tremerem um pouco com o seu sotaque. “Não quis dizer que não-“

“Graças a Deus há trouxas como você, Tom,” murmurou Ravenclaw a medida que um sorriso pequenino curvava os cantos de seus lábios. “Eu senti falta de ver trouxas como você. Na verdade, senti falta de ver pessoas como você.”

“Posso perguntar...?”

“Pessoas que apreciam a magia por ela mesma e não pelo poder que vem junto com ela. Apenas... Magia. Pessoas que acham a magia linda e que apreciam a sensação dela.”

“Eu posso lhe assegurar, Srta. Ravenclaw, eu não... Não é que eu não goste de magia, eu só-“ Ele gesticulou com as mãos, tentando se explicar. “Eu me sinto um pouco desconfortável perto dela.”

“Você conhecia magia antes de vir para Hogwarts,” disse Ravenclaw. “Você entrou em contato com ela pela primeira vez da forma errada. E agora, aqui, você está encontrando magia de novo, mas em uma situação diferente, e você está gostando. Você disse que consegue sentir o lugar, certo? O que você acha que é isso se não a magia? Todo esse castelo é coberto por ela... Os alunos, os professores, os livros, as pedras, as tapeçarias, as corujas, os quadros, os fantasmas... Venha aqui, me dê a sua mão.”

“O que?”

“Sua mão,” ela falou, erguendo a própria mão e a pressionando contra algo invisível a sua frente. Era como se a mão de Rowena estivesse contra um vidro, que na verdade era apenas o limite de seu quadro. Tom franziu as sobrancelhas e fez a mesma coisa, estranhando quando seus dedos atravessaram a tela, passando pela mão da bruxa. Em um primeiro momento, sentiu apenas o desconforto de ter parte do seu corpo atravessando uma superfície sólida, mas logo era como se algo levemente quente estivesse ali. Foi como a primeira vez que pisara em Hogwarts e sentira uma enorme confusão de sensações por todo o seu corpo... O que era estranho, considerando que ele não tinha mais um corpo propriamente dito. E agora estava sentindo aquilo de novo, quente e confortável, como se alguém realmente o estivesse tocando, só que mais quente. “É magia. A minha magia, a que ainda vive nesse retrato. Você consegue sentir a minha e eu, a sua.”

“Eu não tenho magia,” ele falou, ainda olhando para o ponto em que seus dedos atravessavam os de Rowena. “Sou um trouxa.”

“Seu filho não seria um bruxo se você não tivesse magia dentro de si,” ela falou, sorrindo suavemente. “Você não estaria aqui se não tivesse magia.”

“E você consegue sentir? Mesmo sendo um quadro?”

“Sou um quadro encantado, por favor.” A mulher riu. “E, sim, consigo.”

“Uma sensação quente e boa?”

“Por quê? A minha é assim?” ela perguntou. “A magia varia de pessoa para pessoa. A sua é mais como... Algo fresco e úmido, como o vento que vem do mar. Você mora no litoral?”

“Não exatamente.”

“E a minha?”

“Algo quente e... Não sei descrever direito. É quente e parece formigar?” ele falou. “Não é exatamente o que eu esperava de magia, na verdade.”

“Essa é a coisa mais bela da magia: você nunca sabe como ela vai se apresentar para você,” disse Rowena, ainda sorrindo. “Ela é instável e cria as surpresas mais belas por ser assim.”


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Notas finais do capítulo

Eu ainda existo. Ainda estou lutando com essa história, I'm sorry pela demora e pelo capítulo meio ruim. Koly está naquele estado em que mudanças começam a acontecer e eu não sei se fico com o plot original ou mudo mais.

ANYWAY, essa capítulo foi meio alheio, mais para engatar a história... Algumas coisas sobre ele:

1) Tom Sr e Rowena: MAIS DESSES BBYS PLZ. Lembra que já falamos do pai da Helena e tudo mais? Esse moço ganhou uma fic só dele. Quem quiser ler, está no meu perfil, 'A Águia e a Raposa' (não aquela pequena de antes, eu deletei aquela, agora é uma longa sobre toda a vida dele e da Rowena e da Helena). Fica o convite para dar uma olhada nela :33

3) Acho válido você roubar uma câmera pra tirar foto de Tommy e Brax bêbados, Hermione.


Bom, desculpas pela demora. Mas, novamente, peço para que comentem o que acharam, isso é sempre ótimo. E de novo vou falar sobre a fic do pai da Helena, A Águia e a Raposa :33 quem quiser passar por lá, prometo magia e desenhos (ela é ilustrada, olha só ehehe).