Len POV

 Já fazia uma semana que eu e Rin estávamos namorando. Uma semana que sabíamos que éramos irmãos. Eu podia ver que os olhares assassinos dirigidos a ela não a incomodavam mais, mas me deixam quase em estado de fúria. Bando de imbecis inúteis. Eles que tentem algo contra ela, e eu arranco suas cabeças fora.

- Não se irrite com tão pouca coisa – Ela diz, me trazendo de volta a realidade

- Mas eles podem tentar fazer alguma coisa contra você...

 Vejo-a olhar pra mim e sorrir.

- Eu sei que você vai estar lá pra me proteger, caso algo aconteça.

 Não consigo evitar de sorrir também. Ela sempre conseguia me fazer relaxar quando eu estava irritado.

 Apesar disso, eu sentia que alguma coisa não muito boa iria acontecer.


***

 Agora depois da aula, estou levando a Rin pra casa, de mãos dadas, como sempre faço. Aquela sensação de que alguma coisa errada estava pra acontecer estava fazendo meu estômago revirar, mas Rin parecia estar alheia a isso. Agora que noto, já havíamos andado bastante, estávamos na rua da minha casa, onde eu deveria tomar cuidado ao passar com ela.

 Então eu noto o quão idiota eu devo ser pra ficar distraído, e paro instantaneamente de andar.

 Meu pai estava parado na frente do portão, olhando pra rua. Eu rezei para que ele estivesse tão dopado por culpa da bebida que não nos notasse, e desse tempo para eu rapidamente sair dali junto com a Rin, antes que ele a percebesse. Tarde demais.

 Ele olha pra Rin e o ouço murmurar algumas coisas, enquanto ela se encolhe. Ela devia ter notado quem era. Eu me xingo em pensamentos.

- Rin...? Rin, é você não é? – Ele disse, chegando mais perto.

 Não, não, não...Merda...

 Num impulso, corro para o lado contrário, puxando ela pela mão. Era a única coisa que eu podia fazer no momento. Eu me sentia o maior retardado da face de toda a terra por não ter ido por um caminho diferente com ela. Eu escutava meu pai gritar e correr atrás de nós, enquanto virávamos a esquina. Rin corria o máximo que podia também. Escuto o barulho de um baque e imaginei que ele tivesse caído, pois os passos atrás de nós também cessaram. Era a nossa oportunidade. Corremos mais alguns quarteirões, até acharmos que a distância era suficientemente segura, e entramos em uma lanchonete, sentando em uma das mesas. Eu me xingo e xingo.

- Está tudo bem – Ela disse enquanto colocava a mão sobra a minha, e me olhava preocupada.

- Não, não está! Ele podia ter nos alcançado, podia ter feito alguma coisa com você!

- Mas não fez, certo? Nós o despistamos não é? Está tudo bem agora, nós iremos por outro caminho a partir de hoje.

 Ela tentava me acalmar, mas eu também vi que estava assustada com o que acabou de acontecer. Então apenas concordei, sem poder fazer mais nada.

- Nada vai nos separar, certo? – Perguntei, incerto.

- Nada mesmo. – Ela disse, sorrindo fracamente por causa do cansaço.

E eu a beijei. Apesar de não saber com certeza, se conseguiríamos ficar juntos.