Um Simples Beijo escrita por Kawanna Liu


Capítulo 3
Parte 3


Notas iniciais do capítulo

(:



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Eu tossi umas duas ou três vezes, olhei para ele e consegui abrir direito meus olhos, vi que ainda estávamos no táxi, e o taxista estava me olhando com uma garrafa de água e algo para abanar eu que não consegui identificar direito. Estava com as pernas no colo de Tom, com quase minha calcinha aparecendo, mas Tom estava segurando meu vestido para não parecer nada, é claro. Sentei e respirei fundo, olhei para Tom e para o homem que estava com a garrafa estendida para mim, então a peguei, ele sorriu e fechou a porta, logo entrou no banco no motorista e ligou o carro, Tom me olhou aflito e perguntou.

– Sam? Você está bem? – Ele falou acariciando meu rosto.

– É... O que houve Tom? – Disse tentando entender.

– Você desmaiou, por mais ou menos uns cinco minutos. – Ele falou olhando em meus olhos.

– Cinco minutos? – Falei olhando pra garrafinha d’água.

Ele balançou a cabeça que sim.

– Sim... Eu estou bem, deve ser porque eu não comi nada. – Disse sorrindo amarelo.

Quando estávamos quase chegando a minha casa eu olhei para Tom.

– Por favor, não conta nada pra minha mãe, ta bom? - Disse com a voz manhosa.

– Como não? É a segunda vez que você desmaia e não quer que eu conte? – Ele estava nervoso.

– Por favor, eu posso resolver isso sozinha... Por favor, Tom? – Disse quase implorando a ele.

– Ok, ok Sam. – Ele disse balançando a cabeça negativamente.

Eu sorri e o abracei contrariando qualquer gesto que ele tentasse me afastar dele. Senti que ele passou os braços em volta de mim, eu o olhei, e jamais sentira aquilo.

Bom, no dia seguinte, eu já havia marcado médico para mim, porém eu havia marcado escondido de minha mãe. Eu vestia apenas uma calça jeans escura e uma blusa azul marinho, e por cima um casaco preto, e um tênis all star vermelho. Sai de casa as 8:30, e quando cheguei lá, estava em cima da hora. Atenderam-me, fizeram um exame, então me pediram para esperar ao lado de fora. Sentei na cadeira e fiquei pensando, aflita, impaciente. Quando a médica apareceu e pediu para que eu entrasse na sala. Ela me contou da tal doença, eu infelizmente agora tinha mais ou menos um mês de vida, não tinha como saber, pois a doença podia ser controlada, como também podia sair controle a qualquer hora. Senti meu mundo desmoronar, eu engoli em seco e sai dali, entrei em meu carro e dirigi pra casa. Estacionei o carro na frente de casa, entrei em casa e corri pro meu quarto, tranquei a porta e me joguei em minha cama, abraçando um travesseiro e chorando em silêncio. Fiquei assim por alguns minutos até que Tom bate na porta de meu quarto, eu ignoro e continuo ali, sofrendo sozinha. Não demora muito e eu o vejo entrando por minha janela, eu o olhei, eu deveria estar horrível, com os olhos e o nariz inchado de tanto chorar. Levantei de minha cama e o olhei com raiva. Eu queria ficar sozinha, e ele estava me impedindo de ter isso.

– Quem deixou você entrar aqui Tom? Vai embora daqui agora! Sai! – Disse gritando com ele.

Ele me olhou assustado e não se moveu. Corri pra porta, mas ele me puxou e me encostou à parede e me fez olhar pra ele.

– Escuta aqui Samanta Smith, eu não vou sair daqui, e você vai me escutar. Nem que você me de um fora, nem que você me odeie por resto da vida. Eu vim decido e não vou amarelar agora. Entendeu? – Ele falou sério.

Engoli em seco e fiz que sim com a cabeça.

– Eu amo você Sam. Eu amo você, não como irmã, e sim como um homem ama uma mulher. Eu amo você, como jamais amei em toda a minha vida... Sam, eu estou apaixonado por você! – Ele falou com sinceridade, me olhando nos olhos.

Senti meu coração disparar, olhei pro chão e logo pro rosto dele, peguei seu rosto em minhas mãos e senti as lagrimas caindo novamente.

– Tom, eu amo você, e isso era tudo o que eu precisava ouvir! – Disse sorrindo, em meio a lagrimas.

Ele me pegou no colo e me deitou na cama, se deitou por cima de mim e começou a me beijar, não era um beijo desejoso e nem impuro. Era um beijo carinhoso, era o nosso primeiro beijo assim. Um beijo que ambos demonstravam o amor que um sentia pelo outro. Eu o amava, mas não queria que ele sofresse, já que eu... Enfim, não queria que ele chorasse por mim. Não mesmo.

Ele foi embora depois de alguns minutos, seu pai havia ligado e ele queria falar com Tom, e ele foi. Fiquei deitada em minha cama, eu estava muito mal. Eu iria morrer daqui a alguns dias, e meu emocional estava descontrolado. Eu sentei na cama e comecei a chorar com o rosto enterrado nas mãos, minha mãe abriu a porta do meu quarto, com a chave reserva e me viu ali naquele estado, ela correu e sentou ao meu lado, me abraçando e me puxando pro colo dela, me pegando igual a um bebê, afagando meus cabelos e cantando uma canção de ninar que ela sempre cantava quando eu era pequena. Aos poucos fui me acalmando, ela sabia como fazer isso. Mas era momentâneo, sabia que logo aquela sensação ruim voltaria, e eu voltaria a chorar desesperadamente. O que fazer quando você sabe que vai morrer, e aquele que você ama também ama você? Porque eu fui saber só agora? Porque só agora? A minha vida, agora está parecendo um filme de romance trágico. Eu iria abandonar minha família, meus amigos e aquele que eu amava incondicionalmente.

Olhei no relógio e era uma da tarde. Coloquei meu casaco, e sai pela janela. Andei até a praia, que no dia de semana ficava bem vazia. Andei pela areia a fiquei pensando como iria gastar meus últimos dias. Sentei na areia e fiquei fitando as ondas quebrando na praia. Era deprimente... Quer dizer, seria deprimente, pois quem soubesse ficaria cheio de “pena” da doente aqui. Levantei da areia e comecei a correr pro fim da praia, que dava em uma rocha grande e alta, que era lá onde as ondas grandes batiam, mas tinha uma parte mais alta que eu poderia ficar olhando o mar dali. Subi algumas partes, mas tinha as pedras mais perigosas que estavam escorregadias por causa do limo, e eu acabei escorregando e batendo a cabeça, não desmaiei nem nada, mas eu senti dor, nem liguei, levantei e continuei andando. Subi e fiquei na parte mais alta, sentei e coloquei meus tênis ao meu lado, abracei minhas pernas e lá fiquei por horas a fio.

Dizem que quando você está prestes a morrer, sua vida passa diante de seus olhos. Comigo não foi diferente. E essa é a parte mais dolorosa, pois quando você quer ter o ultimo olhar daqueles que estão a sua volta, você só vê o que você viveu, e nada mais (...)

– Samanta! Porra, como você não avisa que saiu? Sua mãe está preocupada sabia? E eu também estava, e cara... O que é isso? O que você fez? Como se cortou? – A voz de Tom era preocupada e extremamente brava.

Ele tocou em minha cabeça e eu senti arder, ele afastou um pouco meus cabelos e viu que havia um corte. Ele me tirou dali, eu estava um pouco tonta, ele disse que minhas costas estavam encharcadas de sangue. Mas eu nem havia batido tão forte... Ou havia?

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O médico limpou e deu três pontos em minha cabeça, perto da nuca. Aquilo não ardeu tanto, eu estava anestesiada pelo cansaço. Tom me tirou do hospital e me levou pra casa, só lembro-me de minha mãe dizer pra que eu ficasse acordada enquanto ela me dava um banho. E porque diabos ela estava me dando banho?

Eu havia dormido, e eu estava bem melhor agora... Eu acho. Espera... Eu só precisava abrir os olhos pra me certificar que eu estava realmente bem. Eu abri meus olhos e a luz do abajour estava acesa, Tom estava com os fones de ouvido olhando pra janela, quando me viu seu rosto se enrijeceu de dor, ele se levantou e sentou ao meu lado.

– Por que... Por que não disse antes Sam? – Ele estava com a voz embargada, e seus olhos estavam úmidos.

– O que? – Falei confusa.

– Sam, você tem leucemia! – Tom disse deixando lágrimas caírem.

– Não... Como sabe? – Falei assustada.

– Sua mãe achou o exame. – Ele falou segurando em minhas mãos.

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Os dias se passaram, eu fiz tratamento, mas eu sabia que não iria adiantar. Eu me sentia a cada dia mais fraca, mas eu não dizia a ninguém. Ninguém mesmo. Eu não queria que ficassem preocupados comigo. Chegou o dia em que eu tive que raspar minha cabeça... E realmente, isso foi difícil. Eu chorei muito, e Tom ficou ao meu lado, dizendo pra eu agüentar, mas nem ele conseguiu, começou a chorar comigo, minha mãe... Bem, ela tentou parecer forte, mas derramou lágrimas também.


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Notas finais do capítulo

Reviews u.u



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