Um Simples Beijo escrita por Kawanna Liu


Capítulo 4
Parte 4


Notas iniciais do capítulo

Ultima parte.



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Depois da quimioterapia, fomos á minha casa, e Tom queria dormir comigo. Ele estava deitado comigo, eu estava com a cabeça apoiada no peito dele, ele fazia carinho em meu rosto.

- Sam...

- Fala meu amor. – Disse com a voz rouca.

- Eu amo você, não importa se você tem cabelo ou não, e você continua linda do mesmo jeito. – Ele falou em um tom de voz sério.

- Tom, eu... – Eu engoli em seco, segurando o choro.

- Sam, eu já volto. – Ele saiu da cama de pijama e desceu correndo.

Passaram se uns vinte minutos, e ele voltou com uma touca na cabeça, eu o olhei desconfiada. Ele sentou no pé da cama e me olhou sorrindo.

- Meu amor, eu vou ficar igual a você... Quer dizer, eu estou igual a você. – Ele disse tirando a touca e mostrando que havia raspado a cabeça.

Coloquei as mãos no rosto e deixei as lágrimas caírem. Essa era a maior prova de amor que ele poderia ter me dado. Ele amava seus dreads, e abriu mão deles, raspando a cabeça como eu fiz... Mas eu fiz por necessidade, e ele por... Amor. Eu o abracei e o beijei com carinho, passamos um bom tempo conversando, até que chegou uma hora que eu fiquei tonta, mesmo deitada, senti tudo girar, me sentei na cama e coloquei as mãos no rosto. Ele me olhou e perguntou se eu estava bem, disse que foi só uma tontura, senti minha respiração falhar e um aperto no peito.

Desesperei-me.

Engoli em seco e forcei a respiração, Tom estava assustado, ele ia chamar minha mãe, mas eu o impedi, ele falou que eu estava empalidecendo, e que ia chamar minha mãe sim. Eu senti minha respiração falhar novamente, ele correu e me pegou nos braços, deixei lágrimas caírem, eu estava mais fraca ainda, ele estava chorando descontroladamente.

Eu senti meu corpo ficar leve, aos poucos eu fui me sentindo diferente, eu não sentia mais dor nenhuma, aperto nenhum e nem minha respiração falhar.

- Não! Fica comigo Sam... Não... Por favor, meu amor... – Ele estava chorando mais ainda.

Forcei-me a abrir os olhos, olhando pros olhos dele e tentando me manter ali, se é que isso era possível.

- Tom... Não chora, por favor... – Disse respirando fraco.

“Quando você dá de frente com a morte, ela te humilha e te faz ver o quanto você perdeu, e vai perder. Ela mostra tudo o que você viveu, o que você vai perder depois que ela te arrastar pra o mar da calmaria. Você vai ser ver desesperado, mas sem muito o que fazer, tendo que aceitar isso.”

- Sam... Eu não quero te perder meu amor... Por favor, não vai! – Ele falava desesperado.

Minha mãe apareceu do nada e agora os dois choravam, e eu estava com o coração apertado de vê-los assim, era ruim. Ver duas pessoas que eu amava chorando por mim, não era justo! Tenho apenas 16 anos e vou morrer? Eu não vivi o bastante, e nem tinha chegado a fazer muitas coisas que eu queria ter feito, antes de morrer.

“Humilhação é ver o que você construiu ao longo do tempo se desmoronar diante de seus olhos, e não poder fazer nada. É a pior coisa que um ser humano pode agüentar. A dor diante de seus olhos, você está ali, seu ultimo suspiro, e a ultima lembrança é a de que ele está a chorar por você, partindo pra nunca mais voltar.”

- Eu amo vocês, mãe e Tom. Vocês são os seres que mais realmente importam pra mim! Mãe, fale pro meu pai, que eu o amo, mesmo que ele tenha sumido quando eu tinha menos de dez anos... Eu não quero que vocês chorem por mim, é sério. Eu vou pra um lugar melhor, aonde eu não sentirei dor nem nada, e quando chegar a hora vocês também irão pra lá. Por favor... Por favor, não chorem... – Disse com a voz fraca.

“Eu oro pra que você seja feliz pra sempre, pro resto dos seus dias. Os meu chegaram ao fim, mas eu tenho que aceitar isso. Se a morte deu um “olá” a mim, eu dou um “olá” a ela, e sigo o caminho tortuoso até o lar celeste. Pois sei que sou digna de estar lá, e que se eu estou, vocês um dia também irão pra lá. Eu quero que você não esqueça de mim meu amor, mas também não quero que você não viva. Eu quero que você encontre uma garota linda e que te faça feliz, pois a sua felicidade, é a minha felicidade, de onde eu estiver eu vou estar vendo você. A sua felicidade vai aparecer uma hora ou outra. O sorriso mais belo lhe chamará a atenção em meio a multidão, e esse sorriso vai aquecer seu coração novamente, e vai mostrar a você o que é amar. E é isso que eu quero. Que você ame e seja amado. Em outra palavras, que você seja feliz eternamente, meu anjo.”

- Samantha, eu amo você minha filha... E eu um dia sei que vou reencontrar-te meu bebê! Eu só quero que se vá se for mesmo à hora, e que não fique sofrendo aqui minha filha... Eu te amo! – Mamãe disse me dando um beijo na testa e indo até a janela chorar.

- Eu amo você, ta Sam? Você é a única garota que eu realmente amo, amei e amarei. – Ele falava com o coração.

- Não Tom! – Disse colocando um dedo em seus lábios. – Quero que seja feliz, e que não fique chorando por mim. Se você não for feliz, eu não serei feliz, entendeu? – Disse sorrindo fraco.

- Tom, pode fazer uma ultima coisa? – Eu falei olhando nos olhos do mesmo.

- Tudo que você quiser Sam. – Ele falou sofrendo.

- Um ultimo beijo... Um simples beijo... Meu amor. – Falei respirando fraco novamente.

Ele arregalou os olhos e se curvou sobre mim, logo me dando um selinho demorado, acariciando meu rosto, ele se separou lentamente de mim e vi lágrimas caindo de seus olhos.

- Eu te amo Samantha.

- Eu amo você tom. – Disse finalmente sentindo meu corpo relaxar por total.

“Eu não reclamarei mais da morte, afinal, eu não vou mais sentir nada de ruim... E assim ninguém vai precisar se preocupar comigo e nem sofrer, acho que será melhor assim. E eu espero que todos que gostavam de mim, sejam felizes e sigam suas vidas. Esse é o fim.”

Ultima Parte.

Os anos passam e a dor diminui, mas o amor não. Tom estava andando lentamente até a lápide de Samantha, com um buquê de rosas vermelhas em mãos, ele estava indo pela segunda vez na semana no cemitério. Toda vez que ele sentia necessidade, ele ia até lá pra se sentir mais confortável e mais amado. Ele se ajoelhou em frente à lápide e colocou o buquê ali, sorriu e tocou a impressão das letras do nome da garota e suspirou.

- Eu sinto muito a sua falta meu amor. – Ele falou olhando para as rosas. – Eu ainda não encontrei a minha felicidade. Você sabe que a minha felicidade era estar contigo, e com mais ninguém. Creio que minha felicidade não vá existir, pois a que existia, se foi.

Uma brisa soprou em Tom, que fez os cabelos loiros esvoaçarem de leve, os cabelos que agora estavam perto do ombro.

Ele escutou algo caindo e então olhou para o lado. Era uma garota que aparentava ser frágil, ela acabara de deixar alguns livros caírem na grama, e ela estava com dificuldade para abaixar, pois sua barriga não ajudava. Ela estava grávida. Tom se levantou e ajudou a menina, sorriu e entregou os livros a ela que retribuiu o sorriso.

- Obrigada... Obrigada por pegar os livros pra mim...

- Tom.

- Tom, obrigada. – Ela falou sorrindo. – Sou Ana. – Ela corou.

“Alegria é uma coisa momentânea, que muitos têm, mas logo passa. Felicidade é uma coisa que poucos têm, e que dura a vida toda.”

Os dois seguiram conversando até a saída do cemitério, Tom descobrira que Ana estava ali pra visitar o tumulo de seu ex-namorado, que havia sofrido um acidente e acabara morrendo por não conseguir sair do carro a tempo que ele não explodisse. E que iria ter que se sustentar e sustentar os bebês que estariam por vir em pouco tempo, sozinha. Ele não perdeu tempo, disse que eles poderiam conversar mais vezes, se a garota quisesse, e ela queria.

 A felicidade pode chegar de várias formas, e às vezes ela chega de uma forma que é inacreditável, e nesse caso, a felicidade se chama Ana, João e Matheus. Tom não negou a felicidade, recebeu-a de braços abertos e recebeu mais do que esperava, ficando muito feliz com isso. Mesmo não sendo seus filhos de verdade, ele os criou como se fosse. Ele não deixou de visitar o tumulo de Sam e nem de levar rosas a ela, pois o amor que ele sente, não deixou de existir sequer por um segundo. Ele estava lá, guardado com carinho em seu peito. Todos os momentos que tiveram juntos, nada foi esquecido, apenas guardado em sua memória, assim como os momentos que teve e ainda terá com Ana e seus filhos.

“Não sei o que é ter felicidade se eu não estiver com aqueles que eu amo e cuido, e eu sei o que é ter tristeza e sofrimento quando eu não estou com eles. Pois a dor da distancia é pior do que ser ignorado por aquele que você ama.”

Eu oro pra que você seja feliz, pra sempre. Eu oro pra que você tenha felicidade sempre e que tudo que você quer em sua vida, se torne a sua realidade. Eu não deixei de amar você. A sua felicidade, é a minha felicidade. Portanto não importa onde você esteja, ou com quem você esteja, se você estiver bem, eu vou estar bem. É só isso que importa pra mim.

Fim.


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Notas finais do capítulo

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