Mar de Lírios escrita por Jajabarnes


Capítulo 20
O que Estava Errado.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem? Cá estou de volta com um capítulo bem menor que os anteriores, meio monótono, mas de um momento muito necessário! Bom, eu andei relendo o livro de A Viagem do Peregrino da Alvorada, especialmente a parte da Ilha do Dragão e pude ver o quanto o filme foi pobre em detalhes. Por isso, decidi trazer para a ilha a descrição que está no livro, e aos fatos ocorridos nela, uma mistura do livro, do filme e do enredo da fanfic, claro kkk. Espero que gostem!
Boa leitura!



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“Such a heavenly view
You're such a heavenly view."
Sky Full of Star, Coldplay

 

O dorso rochoso deitava-se no mar em formas pouco complexas. Na verdade, a maior parte da ilha trazia a silhueta de elevações altas que não se definiam claramente por estarem encobertos pelas nuvens. O sol forte iluminava as rochas manchadas de cinza e preto, e, ao usar a luneta, Drinian confirmou que não havia praia daquele lado, bem como nenhuma vegetação. Decidiu-se então dar a volta para encontrar um lugar adequado para o desembarque.

Pela segunda metade da tarde, avistamos uma baía cercada por um bosque de pinheiros. Parecia ser um dos poucos – senão único - recanto verdejante naquela ilha rochosa. Como em todas as outras ilhas que estivemos, essa também nos recebia com silêncio. Faltava apenas uma hora para o fim do dia, então ficou decidido que ancoraríamos na baía até o dia seguinte. A tranquilidade era perceptível no rosto de cada um, até os sorrisos voltaram a aparecer entre os tripulantes. Depois de tanto tempo sem sinal de terra, encontrar uma que poderia nos fornecer comida e madeira para o navio, sem dúvida era uma benção.

Logo todos se recolheram, pouco depois do sol se despedir. O revezamento nos remos havia cessado e não havia um que não almejasse por horas a mais de sono. Quando retornei para a cabine, sabia que meu sono demoraria um pouco mais a vir e, com o céu convidativo, abri as portas da pequena varanda, pondo-me ao ar livre para observar as estrelas. A noite estava fresca, o mar estava calmo, o silêncio era envolvente. Tão envolvente que quase me fez esquecer quão diferentes as coisas estavam por aqui.

Os pensamentos andavam vagos por minha mente. Havia muito barulho ali nos últimos tempos e não ter nenhuma preocupação fixada era um alívio. No entanto, o silêncio trouxe saudade. Os acontecimentos e ocupações faziam esse sentimento ter que aguardar, mas a calmaria levava-me a senti-la. Caminhei até a mesa, remexendo nos papéis ali, alguns desenhos que fizera nos dias de tempestade. Pelo meio da pilha, encontrei os três rostos tão familiares.

Pouco mais de um ano. Era o tempo que não via ou abraçava meus irmãos. Sequer sabia exatamente como estavam, especialmente Lúcia que já devia estar bem diferente da última fotografia que recebi. Estar em Nárnia sem nenhum dos três era estranho e um pouco incompleto. Apesar de ser muito grata por estar de volta, era impossível dissociar Nárnia de meus irmãos. Suspirei, lançando um último olhar para as estrelas antes de levantar e apagar a maior parte do fogo aceso na cabine, pronta para tentar dormir.

[...]

Cedo pela manhã, logo após a primeira ração, o Peregrino se aproximou mais da baía cercada pelo bosque. Ela estreitava-se por entre as montanhas sendo alimentada pelo rio que serpenteava para dentro da ilha. As árvores eram frondosas e a água de um azul intenso que lembrava-me um cartão postal da Noruega que papai mantinha em seu escritório.

Assim que Caspian autorizou, todos desembarcaram do navio nos botes sob aquela manhã um pouco nublada e a brisa fria. Como esperado, o silêncio nos recebeu, dessa vez nem um pouco convidativo. O plano era simples: certificando-nos de que era seguro, todos os esforços estariam voltados para os reparos necessários no navio. Havia muito trabalho a fazer, porém nada mais urgente do que saciar a sede, a fome e a necessidade de descanso depois de um bom banho de rio.

A praia silenciosa acentuou a sensação não acolhedora da ilha. Pouco se podia ver para dentro do bosque olhando das rochas na praia, então um pequeno grupo foi destacado para adentrar e caçar. O banho foi menos complicado do que pensei que seria, apesar de ter precisado subir o rio por dentro do bosque escuro e quente até encontrar um lugar apropriado. Aproximei-me devagar da margem e toquei a água cristalina ao passo que as vozes e risadas dos marinheiros chegaram até mim, não estavam longe, mas a uma distância segura e confortável.

Dizer que aquele banho não pareceu lavar minha alma seria uma mentira. A água azul estava na temperatura certa, refrescando até o mais adormecido pensamento e relaxando o mais tenso dos músculos. Os arredores eram deslumbrantes e depois de vestir roupas limpas – o último par que tinha disponível, ouso admitir -, foi inevitável observar o bosque de verde intenso no caminho de volta. Além do silêncio, não havia sinal aparente de animais ou moradores.

Sequer tive tempo de assimilar esse pensamento pois, de repente, o som de passo despretensiosos capturou minha atenção. Num movimento rápido puxei o arco e a flecha de minhas costas, apontando para onde vinha o som. Pude soltar a respiração aliviada ao ver a cabra pastando tranquilamente a alguns metros.

—Você não saberia falar, saberia? – soltei, quando o animal pareceu perceber minha presença, erguendo os olhos lânguidos para mim.

“Mbeh-eeh

Baixei o arco devagar, dando de ombros.

—Suspeitei que não.

Deixei-a em paz com sua refeição e retomei o caminho, alcançando a praia quase ao mesmo tempo que Ripchip e mais dois homens despontaram em outro ponto do bosque.

—Majestades! – chamou ele, animado. Eles, Caspian e eu alcançamos o mesmo ponto na praia, onde Rip pôde contar a novidade: - Encontramos uma lugar adequado para acamparmos, a poucos metros da praia e do rio. Não há sinal de moradores ainda.

—Ótimo, Rip. – disse Caspian. – Montaremos acampamento assim que Rince retornar do navio.

—Tenho ótimas expectativas para esta ilha, Majestade. – confidenciou Ripchip, não escondendo sua animação. – Há mais aventura por perto, eu posso sentir!

—Espero que você esteja certo. – confessou Caspian.

Rip e os que estavam com ele fizeram uma breve reverência e se retiraram.

—Está tudo bem? – Caspian perguntou logo em seguida.

—Sim. - disse-lhe, sentindo o vento jogar meus cabelos molhados contra meus ombros e costas. – Fiz amizade com uma cabra.

Caspian riu, para minha alegria, com um sorriso que custava a aparecer nos últimos dias. Sorri de volta e caminhamos até os demais. Os barris e as velas foram trazidos para terra, começaríamos por estes e avançaríamos nos consertos. Haveria muito trabalho. Bastava um breve olhar para o Peregrino flutuando sobre o mar calmo para ver quão triste estava sua situação.

O pequeno grupo destacado para caçar retornou com duas cabras selvagens. Felizmente, pude notar, vindos do lado oposto ao qual deixara minha mais recente conhecida. Caspian, Drinian, eu e todos os outros fomos com Rip até o local indicado para assentarmos acampamento. Passamos algumas rochas e logo o alcançamos: o terreno era íngreme em algumas partes, irregular. Tendia a subir e descer como todo caminho naquela ilha, porém fazia isso com suavidade e árvores mais espaçadas, o que nos permitiria uma pouco de espaço para as tendas.

Enquanto as cabras assavam, tomamos a manhã para adiantar as tarefas erguendo as tendas, trazendo do navio o que faltava, lavando as roupas. O trabalho estava em fartura para quem o procurasse e, quando desenrolava o último tecido da tenda que ajudava a montar, o almoço finalmente foi anunciado. Num piscar de olhos famintos, estávamos sentados pelo chão com nossas porções.

—É a carne mais maravilhosa que já comi na vida! – Rince declarou, de boca cheia, não muito longe de nós.

—Olhe os modos, homem! – Rip reclamou ao meu lado.

Caspian escondeu o sorriso de canto com um gole de vinho à minha direita. Rince olhou de esguelha para Ripchip enquanto eu mordia mais um pedaço.

—Não vai sequer ficar de pé no seu turno comendo só isso. – Rince anunciou, indicando com o queixo a porção de cereais e legumes que Rip comia. A pena vermelha tremeluziu quando o pequeno guerreiro franziu o cenho.

—Lá vamos nós... – cantarolei baixinho para minha comida e pude ver Caspian erguer as sobrancelhas para a dele, concordando.

—Pois saiba, meu jovem, que mesmo que passasse dias e dias sem alimento ou água, jamais vacilaria em minhas responsabilidades...

Os dois seguiram em sua discussão e vi Drinian balançar a cabeça de um lado a outro, provavelmente pelo mesmo motivo que me desliguei da conversa que seria infinita, pois Rip não percebia que Rince só o estava provocando, não querendo ofender sua honra, e fazia isso exatamente por ele não se dar conta.

Tomei o último gole de vinho após esvaziar a tigela, erguendo o olhar para o acampamento e deixando o prazer da refeição completa escapar em um leve suspiro. Por toda parte, os homens tinham seu mais que merecido descanso, resgatando do mar, da tempestade e da fome sorrisos deixados para trás. Era um alívio termos chegado a salvo até ali. A tranquilidade, no entanto, hesitou a me atingir. Corri os olhos pelo acampamento de novo para tentar identificar o que estava errado. Meu coração vacilou uma batida.

—Alguém viu Eustáquio? - perguntei, não conseguindo lembrar da última vez que o havia visto.

—Certamente está escondido por aí fugindo do trabalho. – Comentou alguém. Um frio dançou por minha coluna, dando o impulso necessário para me pôr de pé.

—Vou procurá-lo. – avisei e saí, sem conseguir tirar os olhos dos arredores torcendo para vê-lo.

Vaguei de tenda em tenda, perguntei a um e outro, mas ninguém o tinha visto. Eustáquio havia desembarcado na praia no mesmo bote que eu e aquela foi a última vez que o vi. Ousei entrar poucos metros no bosque, mas não havia nenhum sinal dele. Voltei ao acampamento com o coração apertado. Se Eustáquio havia entrado no bosque logo após nossa chegada, como tudo indicava, há - muitas - horas atrás, só Aslam sabia o que havia sido feito dele. E, sinceramente, eu preferia não pensar muito a respeito.

—Caspian! - chamei chegando a tenda dele, aberta para a reunião com Drinian, interrompendo a conversa dos dois. – Ele não está em lugar algum.

Caspian voltou-se para Drinian.

—Vamos procurá-lo. - Disse ao capitão simplesmente, que assentiu.

Antes mesmo que Caspian alcançasse a entrada da tenda, fui a passos rápidos até a tenda ao lado, a minha, apanhando o arco e as flechas. Dois segundos depois, encontrei Caspian do lado de fora.

—Vamos começar da praia. - Disse ele. Respondi com um rápido “certo” e então seguimos.

A praia estava deserta como havíamos deixado. Reprimi mais uma vez um aperto no peito e caminhei até o rio enquanto Caspian checava os limites do bosque. A correnteza suave do rio desaguava tranquila, pacífica. Nada.

—Susana, aqui! - Caspian chamou. Corri até ele, de pé da margem do bosque. Indicou a relva. – Veja.

Havia um caminho ali, quase imperceptível, cuja relva no início estava levemente amassada. Era uma trilha já existente, antiga, mas ainda era visível. Adentrei alguns passos no bosque escuro, apoiando-me em uma árvore no desvio de uma pedra. A saliência estranha sob meus dedos chamou a atenção. Coberto de musgo, havia um corte na diagonal. Avancei para outra árvore, encontrando o mesmo sinal.

—Estão marcadas. – Comentei para Caspian, que se aproximou, muito perto de mim. Inconscientemente dei um passo para o lado, o que não passou despercebido pelos olhos dele. Caspian respirou baixo, voltando seus olhos para a árvore.

Não havia como desfazer, apesar de eu não ter tido qualquer outra intenção a não ser dar-lhe espaço ao me afastar. Mesmo dando margem para má interpretação, sabia que Caspian não veria desta forma. Ademais, nossos assuntos pareciam deixar nossas interações muito sensíveis e ainda martelavam em aberto dentro de minha mente, porém naquele momento e em todos que se seguiriam até que Eustáquio aparecesse, era meu primo irresponsável em perigo era o que martelava mais alto.

—Foi feito com lâmina. – Declarou Caspian. Senti o leve arregalar de meus olhos. Cabras não usariam lâminas nem sendo animais falantes de Nárnia. – Moradores.

—Ou viajantes. – acrescentei. Caspian olhou em meus olhos e assentiu, sério. O mesmo pensamento lhe ocorrera.

—Vamos.

O caminho se tornou cada vez mais íngreme a partir dali, nos obrigando a quase escalar em algumas partes, buscando o apoio na relva verde. O mais estranho, no entanto, era o nevoeiro cada vez mais denso a medida que subíamos, ladeando o caminho, cortando nossa visibilidade dos arredores. Ao chegar ao topo, Caspian estendeu mão para me ajudar a subir.

Com o chão estreito, a proximidade entre nós foi estritamente reduzida, bem como meu fôlego foi acordado. Sentia o calor de Caspian a poucos centímetros e sua respiração chegando suavemente a meus cabelos. Havíamos chegado ao cume e as nuvens pareciam ter se misturado ao nevoeiro criando uma camada alva sobre toda a ilha, tão densa que só era rompida por pontos altos como aquele. Ao longe podíamos ver o brilho do mar, mas a nossa volta, com exceção do pequeno espaço que nossos corpos ocupavam, só havia a névoa e as nuvens densas além do céu sobre nossas cabeças.

—É lindo... – sussurrei com sinceridade. Senti os olhos negros sobre mim.

—É sim. – concordou seguido de uma pausa, fazendo-me olha-lo. Ele voltara a olhar o horizonte. – Nunca voei ou estive em outro mundo, mas a sensação deve ser parecida com a que essa vista causa.

Sorri.

—Um pavor deslumbrante.

—Exatamente. – vi o sorriso surgir em seu rosto. Caspian olhou-me. - Uma visão maravilhosa.

A intensidade de seus olhos fez-me corar levemente, mas antes de qualquer outra reação, Caspian emendou em outra frase, em tom de voz descontraído:

—Temos mesmo que voltar a procurá-lo?

—Sim.

—Poderíamos passar horas aqui... – simulou, fechando os olhos.

—Caspian! – era para ser um tom mais sério, mas o leve riso foi incontido. Ele respirou ruidosamente e eu mordi o lábio para guardar a vontade rir.

—Se ele caiu, teremos que descer para encontrá-lo de qualquer forma. - Caspian comentou, dando de ombros. A tentativa de guardar transformou-se num leve ofegar de riso.

—Não importa para onde ele foi. – respondi, olhando o horizonte e trazendo o tom sério de volta propositadamente – Quando o acharmos, vou fazê-lo andar na prancha.

—Temos uma prancha, mas não é para isso. – não vi seu rosto, mas por sua voz soube o sorriso de canto que ostentava.

—Também não importa. – dei de ombros como ele. – Posso jogá-lo pela beirada.

Preparei-me para descer e senti o toque de Caspian em minhas costas, fazendo-me congelar. Ele nada disse a princípio, então arrisquei erguer a cabeça para olhá-lo. Caspian ainda olhava o horizonte, mas logo baixou os olhos para mim. Seus cabelos estavam soltos e balançaram de leve com o movimento e a brisa suave, os olhos intensos fitando-me com confiança.

—Vamos encontrá-lo. – e a confiança tranquila em sua voz não afugentou minha preocupação, porém compartilhou comigo a segurança de que precisava. Sorri-lhe levemente, agradecendo-o.

Retornamos pelo mesmo caminho, descendo com cuidado. A névoa se dissipava ao nosso lado direito, permitindo-nos ver a queda terrível que espreitava por aquele lado. Meu coração se apertou ainda mais, meus olhos não encontraram nenhum vestígio de Eustáquio e pedi a Aslam para que estivesse bem, a salvo. Não muitos metros longe do cume, Caspian parou, observando o que a névoa revelava.

—Olhe só. – indicou quando o alcancei. Uma descida abria-se diante de nós, mergulhando no bosque escuro até o que parecia ser a entrada de uma caverna. -Consegue ouvir alguma coisa?

Concentrei-me no som da ilha, que mais do que nunca pareceu mudo. Neguei com a cabeça.

—Não há sinal de que alguém tenha passado por ali. – concluiu. – Devemos seguir.

—Tem certeza? – questionei. Sabia que era quase impossível, mas tudo em mim queria revirar cada canto daquela ilha. Tanta coisa poderia ter acontecido a ele que o pavor podia me acometer a qualquer momento. Recuei um passo, indicando a decida a qual me referia. – E se ele tiver caído mais acima?

Caspian se ergueu com calma.

—Su, confie em mim. – disse. – Não há sinal algum de que alguém tenha caído por ali. – respirei fundi e assenti. Caspian chegou mais perto, ou tanto quanto aquele terreno permitia. Continuou, tocando meus braços: - Também estou preocupado. Vamos encontrá-lo.

Assenti mais uma vez com um leve sorriso. A paz que ele tentava passar tinha facilidade em me alcançar, era um fato. O peso de nossas próprias questões coçou no fundo de minha mente como em todos os outros dias. Fechei os olhos. Como um reforço de toda sua confiança, Caspian aproximou-se deixando um beijo cálido em minha testa. Foi como uma brisa suave levando para longe aquela angústia. Sentia sua falta mais do que podia mensurar, com os últimos dias atarefados e nossas questões inacabadas ficamos numa distância que eu não poderia suportar por muito mais tempo, não estando tão perto.

—Caspian – chamei baixo. – Precisamos conversar... Depois que encontrarmos Eustáquio... - afastei-me, recuando um passo para olhá-lo, escapando de seus braços, mas não do toque de suas mãos. – Nós precisamos...

Naquele momento, os olhos de Caspian prenderam se a algo atrás de mim. Seu rosto ficou lívido e o aperto de seus dedos ao redor de meus braços tornou-se rígido.

—Nem mais um passo. – sussurrou.

Joguei um olhar por cima do ombro com cuidado, vendo os metros e metros de descida logo ao meu calcanhar. Voltei o rosto para a frente, repelida pela vertigem que parecia querer abrir um vale de igual tamanho dentro de mim.

—Certo. - ofeguei.

—Um passo de cada vez. – Caspian recuou devagar e eu o acompanhei, afastando-me da beira.

Aconteceu que a névoa dissipara-se parcialmente do lado esquerdo do caminho, tão sutil quanto a brisa, revelando o início de um vale muito estreito e profundo. O caminho pelo qual havíamos subido era a parte alta e estreita entre dois declives vertiginosos que antes estavam completamente camuflados pela névoa densa. O disparo de meu coração quase perfurou meu peito. Por todo o trajeto até o topo, um tolo desequilíbrio teria bastado para encontrarmos a morte. Caspian levou-me contra si com mais firmeza, deixando-me saber que ele pensava o mesmo. Puxei o ar lentamente, girando em meu próprio eixo, deslizando em seus braços. Na borda do chão havia terra remexida e arrastada, como se algo ou alguém houvesse escorregado por ali.

—Parece que temos uma pista. – indiquei. O que quer que tivesse acontecido com Eustáquio, estávamos para descobrir. Caspian olhou-me com um sorriso leve.

—Pronta para descer?


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Notas finais do capítulo

Foi mais curtinho, mas se eu colocasse tudo o que tinha planejado ficaria tão grande que seria quase outra fanfic kkk

Espero que não tenha ficado confusa essa mistura de cenário e enredos, mas se ficou, me deixem saber, ta bem?

Ainda tem muitos planos para explorar nessa ilha, fiquem comigo kk

Se cuidem e até o próximo capítulo!
Beijos!



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