Solstício - Fic em Hiatos escrita por Junko, Nathany


Capítulo 3
mudança


Notas iniciais do capítulo

galera eu estou arrumando os capítulos, capítulos divididos os reunindo como é na versão correta



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Não sei por quanto tempo eu chorei nos braços de minha mãe, mesmo depois de não ter mais lágrimas nós continuamos abraçadas até o sono começar a me dominar. Em minha semi consciência senti braços firmes me pegarem do colo dela e caminhar comigo. Tentei abrir os olhos mas foi em vão. Eu não queria ir para o meu quarto onde passara tantos momentos com Jacob. Ir para um lugar que não me trouxessem tantas lembranças me faria bem. Lutei contra o torpor que tomava conta do meu corpo. O toque dele na cama me trouxe o desespero, não queria dormir tornar o dia mais vívido em pesadelos.

- Não. Não!!!! – Eu gritei em pânico, enquanto me debatia tentando sair da cama.

- Calma! Está tudo bem, você está no seu quarto – Carlisle tentou me acalmar.

- Eu não quero! Eu não quero dormir aqui – Não reconheci minha voz de tão falha que ela estava devido ao desespero.

- Você está no seu quarto – Carlisle tentou me convencer meis uma vez porém havia receio em sua voz.

- Eu sei que estou no meu quarto só não quero dormir aqui. - Consegui me conter para explicar o que não queria. Percebi que papai não estava em casa.

Levantei da minha cama e saí do quarto. Fui para cozinha pensando em me distrair comendo e também enquanto minha boca e minhas mãos estivessem ocupados eu não teria que falar nem mostrar nada para minha família. Abri a geladeira e peguei uma torta de abacaxi – comida humana não era nem de perto tão saborosa como sangue, mas era mais fácil de conseguir e a variedade era maior, pensa em uma pessoa caçando um litro de leite no supermercado e ele correndo dela , impossível. - Sentei em uma banqueta da cozinha enquanto comia na enorme bancada. Comi devagar, a cozinha sempre fora uma lugar seguro nunca ninguém ia lá além de mim e o sono estava me consumindo.

Senti alguém entrar na cozinha e me virei pra brigar com o invasor, mas Jasper puxou a banqueta em frente a minha e estendeu o braço tocando a minha mão com a sua. Senti uma onda de tranquilidade me invadindo, olhei para ele e pude ver um esboço de um sorriso reconfortante. Sorri de volta – é fácil estar com Jasper, ele não te obriga a falar e nem mostrar nada, respeita a sua privacidade, simplesmente te apóia.- Eu estava quase adormecendo quando ouvi o Volvo vindo na estrada. Era meu pai voltando de algum lugar. Continuei desfrutando da tranquilidade que Jasper me fazia sentir até meu pai entrar na cozinha. Sua expressão estava séria, dolorosa mas nem pude assustar o talento de Jasper não deixou.

-Vamos para casa.- Edward falou com o máximo de doçura que conseguiu, enquanto me colocava nas suas costas. A sua voz estava dura e amarga, tinha certeza que ele havia sido contrariado ou as coisas não estavam como ele queria. Vi Bella se juntar a nós.

Fomos para casa que meus pais ganharam quando casaram – não gostava de lá. Mas não estava me importando com isso naquele momento – comecei a adormecer , me sentindo segura com meus pais.

Acordei pela manhã na cama deles sentindo minha cabeça vazia. Estava péssima, meu mundo desabara . Papai estava parado ao lado da cama muito preocupado.

-Nessie! - ele me chamou – nós estamos nos mudando hoje.

Senti um bolo em meu estômago, aquele era um momento decisivo, estranhei meu corpo, a sede alucinante que eu havia sentido passara. Levantei e fui para casa arrumar minhas coisas. Eu estava profundamente triste. Jacob sempre fora uma parte muito importante da minha breve existência.

Quando cheguei no meu quarto notei que as minhas coisas já se encontravam embaladas e havia duas roupas em cima da minha cama. Uma era um vestido estampado de flores miúdas e uma sandália, com certeza fora Alice que separara. A outra era uma calça jeans e uma blusa que marcava o corpo vermelha e um scarpin vermelho, essa era obra de Rosalie. Para mim nenhuma estava boa o suficiente mas não tinha ânimo de procurar por outra. Fiquei com a blusa e a sandália e calcei a sandália. Deixei meu cabelo solto.

Quando cheguei a garagem todos estavam prontos. Meu corpo e minha mente estavam anestesiados pelo torpor que me dominava. A maioria das coisas estavam no Jipe de Emmett, o banco traseiro do Porsche estava lotado de bagagem e com certeza o bagageiro também estava. O Mercedes o e Volvo também estavam prontos. Me acomodei no banco traseiro do Volvo, senti todos os olhares de minha família recaídos sobre mim. Meu pai tirou um dos meus ursinhos do bagageiro do jipe e me entregou.

Estávamos partindo a paisagem sempre úmida de Forks seria deixada para trás. Me preparei para deixar tudo sem olhar para trás, mas o carro parou na casa de Charlie, despedida, tudo que eu queria evitar. Desejei que Leah não estivesse em casa ou o pouco de controle que consegui durante a noite não seria suficiente para evitar que eu tentasse matá-la. Mamãe e papai desceram do carro me sento obrigada a descer.

Seth abriu a porta antes de chegarmos a varanda em velocidade humana. O rosto dele era um misto de sorriso e preocupação, Charlie apareceu atrás dele . Meu avô estava tentando manter a pose mas senti o cheiro de suas lágrimas. Eles nos deram passagem para que entrássemos na pequena sala. Vi que Sue não estava em casa, com certeza vibrando por sua amada filha ter me roubado meu Jacob.

-Charlie – papai chamou – viemos despedir, já estamos de partida.

- Ah! Bells, você virá visitar seu pai! - vovô estava sem jeito e mamãe estava nervosa, palavras nunca fora o nosso forte.

Vi Seth chorando, não pensei que fosse mexer tanto comigo. Queria fazê-lo sorrir, falar para ele não importar que Leah estava comemorando minha partida, senti os olhos de papai cravados em mim em resposta aos meus pensamentos, não poderia falar nada, ele estava me vigiando. Mamãe e vovô estavam conversando . Caminhei até Seth e o abracei, o calor do seu corpo tão parecido com o de Jacob me fez tremer. Toquei seu rosto nenhuma palavra foi pronunciada porém tudo dito, a nossa amizade era muito intensa. Abracei vovô Charlie.

Papai falou que era hora de irmos, Seth nos acompanhou até o carro recebendo instruções de papai para despachar as coisas que estavam ficando para trás, como o piano e a cruz de madeira, os carros que ficaram e a moto de Jasper recebendo as chaves de nossa casa. Quando papai deu a partida a tristeza em forma de dor se apossou de mim, abracei meu elefante de pelúcia.

 

Fizemos toda viagem em silêncio, depois de algumas horas só parando para abastecer eu já não era mais capaz de identificar que horas eram, mas vi que já estava em Montana “longe demais de casa” pensei. Senti os olhos de papai cravados em mim através do retrovisor do carro, achei melhor abstrair, prestar atenção nas músicas que tocavam no rádio do carro, achei algumas interessantes e meu pai parecia mais aliviado com a minha atitude, assim passamos a última etapa da viagem.

Entrei em êxtase quando chegamos aos limites de Great Falls. “Vida nova! Escola!” meus pensamentos voavam e tive a impressão de ver um sorriso torto no rosto de papai. Mamãe olhava a cidade pelo vidro do carro. A cidade era maior que Port Angeles. Os carros diminuíram a velocidade e passaram a seguir o Jipe por um bairro residencial dominado por grandes casas, com certeza um bairro de classe alta.

Entramos em uma rua que nenhuma casa tinha muro exceto uma, pois em geral as casas eram separadas por cerca viva, estávamos muito devagar e já era noite, o Jipe parou em frente a casa murada.

Emmett desceu do Jipe e abriu o enorme portão. Carlisle que estava logo atrás de Emmett entrou com a Mercedes em nossos novos domínios. Rosalie desceu do Jipe e entrou caminhando com uma penca de chaves. Alice entrou em seguida nós entramos.

A casa ocupava um quarteirão inteiro, tinha uma área externa imensa, que possivelmente um dia fora um lindo jardim. A casa lembrava um palacete do início do século passado – nada mais que sugestivo – Esme suspirou e um sorriso estonteante amoldou seu belo rosto. Porém o estado da casa era lastimável, ela clamava por uma reforma.

Rosalie e Carlisle entraram na casa escura carregando um rolo de fios. Ouvi Rose comentar que a parte elétrica estava podre mas era possível fazer outra. Jasper e Emmett entraram acompanhando Esme. Percebi pânico no rosto de mamãe olhando para casa.

- Não se preocupe Bella, nós a consertamos em uma semana no máximo! - Alice falou tentando tranquilizar mamãe.

- Hora de recomeçar Bella! - papai falou sussurrando em seus ouvidos e a puxou para um beijo.

Entrei na casa junto com Alice, compreendi imediatamente o pânico da minha mãe. A casa naõ precisava de uma reforma ela simplesmente estava em ruínas. O piso estava oco, o reboco das paredes em grande parte estavam no chão. Todos analisavam a casa, ouvi um grito de euforia de Alice vindo do segundo pavimento. Mamãe e eu resolvemos subir para conhecer o motivo da alegria. Ouvi um crack na escada enquanto subiamos a escada de madeira qeu levava ao segundo pavimento.

-Quem falou que a casa era perfeita? - mamãe perguntou com ironia, a escada havia cedido debaixo do pá direito dela que ficara presa na escada.

- Feita para nós! - respondeu Rosalie – Esta casa está fechada a 30 anos, e as estruturas estão sólidas, nada que uma reforma não resolve.

- Não tão sólidas. - Mamãe respondeu soltando seu pé da escada com cuidado para não demoli-la.

- Trinta anos fechada? - Jasper perguntou surgindo por um portal que levava a algum lugar desconhecido da casa por mim – Alguma história macabra sobre a casa que nos deixarão mais assustadores?

Ouvi a risada estrondosa de Emmett vindo de algum lugar nos fundos do primeiro andar e no outro segundo ele já estava na sala ao lado de Rosalie. Toda a minha família se encaminhou para sala. Emmett estava muito ansioso e vindo dele não era boa coisa.

- A casa é taxada de mal assombrada na região – Emmett começou tentando ficar sério, mas para ele era muito estranho. - A trinta anos morava um casal com três filhos nessa casa. Eles eram muito ricos, família tradicional. O homem era um déspota e maltratava a esposa. Um dia ela surtou, matou os filhos e depois o marido. Estava anoitecendo e a meia-noite ela gritava e chorava a morte dos filhos. Ela pegou a pequena filha morta nos braços e caminhou para o jardim onde se matou com uma adaga no peito. - Eu estava assustada pois nunca havia pensado que uma mãe pudesse matar os filhos – As vezes é possível ouvi-la gritando e chorando a morte dos filhos, depois vê-la carregando a filhinha. - Emmett começou a rir e eu senti meu sangue gelar, afinal a casa era mal assombrada.

- Muito assombrada, realmente assombrada por uma família de vampiros – Jasper começou a rir, ele adorava o bom humor de Emmett.

-Emmett! Você está assustando Nessie. - Papai falou e Emmett começou a rir mais. Se vampiros e lobisomens existiam eu não duvidava nada que fantasmas também pudessem coexistir nesse mundo. - Não se preocupe é só pra te fazer medo.

Rosalie caminhava de um canto ao outro da casa ajudando a todos, ela nunca fora uma pessoa sorridente, mas seu sorriso estava tão radiante que iluminava seu belo rosto de deusa, tornando-a mais bela. Parei para observar todos de minha família mas Rose prendeu minha atenção – ser prestativa não é o habitual de Rose.

- Realmente algo que não se vê todo dia – Jasper comentou parado ao meu lado. Ouvimos a risada de Rosalie gritando Emmett. Jasper e eu nos olhamos assustados.

- Essa não é a Rose! Abduziram-na e colocaram essa cópia no lugar. - concluí, e Jasper riu.

- Ela está feliz e esperançosa, acha que a mudança vai nos fazer bem. Na visão dela os problemas foram deixados para trás. - entenda na visão de Rose, lobisomens.

- Assim eu espero, vida nova. - Lembrei de Forks, dos lobos e quando os Volturis tentaram me destruir a três anos atrás.

- Não se preocupa, é hora de fingir ser humano – senti a calma me dominando e comecei aficar sonolenta.

- Nessie, vou arrumar o Jipe pra você dormir – me pai falou chegando a sala e me colocando nas costas. Não queria dormir tinha medo que quando acordasse tivesse que encarar Jacob e Leah, os responsáveis pela minha tristeza.

- Eu não quero ficar sozinha – resmunguei - a casa é mal assombrada.

- Não, ela não é, era só Emmett exagerando – papai me respondeu – Claro que você pode passar a noite com ela, Jazz. Aliás é uma ótima idéia - Papai respondeu aos pensamentos de Jasper, ele arrumou o banco traseiro do Jipe e me deitou. Meus pensamentos se misturaram e eu já estava confortável graças ao talento do vampiro que velaria meu sono. Dormi.

Quando acordei o cheiro de Jasper ainda estava muito presente, ele realmente passara a noite me vigiando. Levantei e fui para a casa, durante o dia o aspecto de mal assombrada se esvaía. Ela realmente um dia fora majestosa, grandes colunas a conferiam um ar clássico. Era um verdadeiro palacete, com certeza construída no período entre guerras, antes da grande depressão. Entrei na casa e notei o progresso da minha família. As paredes estavam apenas nos tijolos, os tacos que cobriam o chão já haviam sido retirados, uma nova parte elétrica já estava pronta. Todos trabalhavam sem parar. Esme estudava a planta da casa e fazia modificações. Rosalie e Carlisle faziam uma lista do que seria necessário para começar a reforma. Papai e Jasper retiravam os canos enferrujados da casa. Emmett carregava o entulho para fora de casa e mamãe e Alice estavam consertando a escada.

- Nessie! Meu amor, vem aqui por favor! - Esme me chamou no seu habitual tom doce. Me encostei ao seu lado e notei que haviam duas plantas, uma original e outra a da reforma que ela estava montando. - Vamos escolher seu quarto.

A escada tinha um formato de um quase Y, o segundo pavimento era dividido em dois grandes corredores, fomos para o corredor da direita, onde haviam sete portas, seis quartos e um banheiro, abri todas as portas e o quarto cuja a porta ficava de fronte ao corredor era enorme, uma suíte. Ví um imenso sorriso no rosto de Esme, ela queria que eu escolhesse aquele quarto, mas era o quarto do casal. Era o quarto dela por direito.

- Posso ver os quartos do outro corredor? - Perguntei

- Claro querida, mas na ala oeste o sol bate a tarde, aqueles quartos são mais quentes – Esme tentou me persuadir. Abri todas as portas do novo corredor e notei que eles tinham as mesmas proporções do outro.

- Posso ficar com a suíte desse corredor? - Era igual a outra, o quarto possuía uma enorme janela, um closet grande, mas não digno de Alice. O banheiro possuía até banheira - claro eu era única que as vezes precisava usá-lo.

-Como você quer decorá-lo? Uma decoração moderna com muitas almofadas? - Esme me perguntou muito animada.

-Prefiro meus ursinhos. Posso colocar papel de parede? - perguntei apreensiva, Esme era a especialista em decoração e eu não entendia nada.

- Qual cor?

-Lilás – respondi rápido sem pensar.

-Vai ficar maravilhoso! Vamos conosco comprar as coisas da reforma, você vai se divertir.

-Claro, claro. - Dei a mesma resposta automática de Jacob, senti meu coraçaõ sendo estrangulado e forcei um sorriso.

 

A cidade era imensa, fiquei feliz, me passar por humana seria fácil. A loja era imensa e Rosalie e Esme escolhiam tudo com carinho e cuidado. Me diverti muito comprando. A fachada humana era perfeita. Eu me decidi. Seria humana em Great Falls, deixaria para trás essa história de Lobisomens, começaria uma nova vida, tinha quinze anos e agiria como qualquer garota da minha idade. Eu tinha um futuro pela frente – a eternidade – Viver cada dia, me divertir são coisas que os jovens pensam. Seria uma deles, me misturar e fazer amizade era o meu objetivo. Enterrei Forks e Jacob, estava pronta para ser feliz.


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