Anjos de Cera escrita por Redbird


Capítulo 14
Livros


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Pessoal, obrigada mesmo pelo carinho que estão tendo com a história. Evelyn e Carter, muito, mas muito obrigada mesmo pela recomendação. Vocês não sabem como fiquei feliz!
Bjoos pessoal!



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Quando vi Peeta no outro dia algumas emoções conflitantes estavam passando pela minha cabeça. A primeira delas era um sentimento de gratidão. Aquele garoto definitivamente estava tentando me salvar. Além do fato de que, é claro, eu adoro ganhar chocolate de presente.

Mas apesar de tudo eu não podia deixar de ficar irritada também, afinal Peeta está invadindo todos os espaços. Quer dizer, somos amigos, mas isso não dá o direito de ele se intrometer tanto na minha vida.

Eu também estava assustada, afinal ninguém sabia que eu tinha ido com Gale ao cinema. Não que eu me importo com o que ele vai pensar. Mas é que se alguém descobrir, Gale eu podemos perder nossa maior diversão. E ainda havia outro fato que estava me deixando um pouco assustada. Ele havia invadido minha casa. Vamos combinar, qualquer um fica assustado com isso.

Peeta não falou comigo durante amanhã inteira. Nem sequer olhou na minha direção. O caminho de volta para casa foi silencioso. Até Finnick parecia quieto demais. Quando chegamos em casa meu irmão entrou correndo como de costume.

–Achei que você tinha quebrado o pacto ontem.

–Que?- Eu não estou conseguindo entender a aonde ele quer chegar

–Achei que você tinha resolvido quebrar a promessa ontem. Você não estava em casa nem na festa. Achei que você tinha resolvido que esperar três meses era demais.

–Não, claro que não. Eu apenas sai com Gale - Não sei como processar toda essa preocupação dele comigo- Fomos tomar um ar. Escuta Peeta, muito obrigado pelos chocolates. Aquilo foi realmente muito legal.

–De nada. Tive que convencer Finnick que sou seu namorado secreto. O menino não queria me deixar entrar.

–Você o que?- Agora estou vermelha da cabeça aos pés.

–Não se preocupe, ele parece ter acreditado na hora. Não sei por que, mas ele realmente acha que você tem um namorado secreto ou coisa assim. Foi divertido.

–Peeta, não tem nada de divertido nisso. Eu não tenho namorado secreto. Meu deus, meu irmão tem uma imaginação realmente fértil.

–Não sei, talvez seja por que você esconde muitas coisas dele e está sempre com Gale. Você não pode culpar o menino.

–Peeta, Gale é só meu melhor amigo, além do mais se eu escondo alguma coisa de alguém não é da sua conta – Argh, Peeta conseguiu me irritar. Odeio quando invadem meu espaço.

–Ok, ok. Bom, tome eu trouxe uma coisa para você- Ele pega um livro da mochila. O livro tem uma capa amarela, uma linda menina loira está segurando um guarda chuva. O titulo é desconhecido, isso é suficiente para conseguir chamar minha atenção. “Pollyanna”, esse é o titulo do livro de capa amarela que Peeta estava me dando.

–É a história de uma menina que sempre via tudo pelo lado positivo. Ela me lembra você quando era criança.

Não posso deixar de sorrir. Enquanto estou observando o livro, delicado e um pouco velho me dou conta de algo realmente estranho.

–Peeta, aquela lista, como você sabia exatamente o que eu gostava? – Não posso dizer que nos conhecemos bem, sim dividimos nossos maiores problemas, mas isso não quer dizer nada. É realmente esquisito que ele saiba tanto sobre mim.

– Bom quem não gosta de chocolate? E você está sempre com um livro, é meio impossível não perceber isso. Eu amo ir ao cinema e sei que você também gosta por que vive comentando todos os filmes que estão passando. São coisas simples, a maioria das pessoas gostam.

–É, é verdade.

O que não digo é que conheço muitas pessoas que não gostam das coisas da lista de Peeta. Mas isso não importa por que ele adivinhou as coisas que me deixam feliz. Simplicidade, para mim a alegria está nas coisas simples e ele adivinhou isso. É uma pena que nem todos entendam como a simplicidade pode ser maravilhosa.

– Escuta eu queria te mostrar uma coisa hoje a tarde.

–Faz parte da sua missão para salvar a Katniss?-Digo desconfiada

–Sim, faz sim, mas não seja tão durona, vai ser legal.

–Ok, tudo bem estarei a sua disposição hoje a tarde.

– Legal, esteja pronta às 15h

–Sim chefe.

Ele apenas revira os olhos e vai para casa. Não posso deixar de pensar que embora eu tenha mudado, ele continua sendo aquele garotinho tímido que desenhava, o garotinho que consolou Madge. E é isso que mais gosto nele.

Depois do almoço, me sento no sofá da sala e começo a ler o livro que Peeta me trouxe. Não posso negar que ele tem seu encanto. É  a história de uma menina que, apesar de ter perdido tudo, tenta ser feliz jogando o que ela chama de “jogo do contente”, em que em cada adversidade ela precisa ver algo bom.

Eu sei por que Peeta me deu esse livro. Ele quer que eu veja que apesar de tudo ainda se pode ser feliz. Aposto que é essa é a mesma razão pela qual os professores dão esse livro a seus alunos e os pais os dão as crianças pequenas. Reviro os olhos. Não posso deixar de pensar que Peeta é a pessoa mais estranha que conheci.

Quando Peeta chegou eu já estava na metade do livro.

–Então, o que achou?

–Se quer saber a verdade, é um livro inocente demais. Mas não posso negar que gostei.

–Katniss, alguém já te disse que você é impossível?

–Não. Só os professores eu acho

–Pois que fique registrado então, você é impossível.

O lugar que Peeta quer me mostrar não fica muito longe de casa. Fica no centro. Quando chegamos não posso deixar de olhar com uma certa surpresa para Peeta.

–Você me trouxe para a Biblioteca Municipal?

–Vem, você vai gostar do passeio.

Mas quando entramos no prédio, percebo que a visita não vai ser apenas a biblioteca. Ele acena para o senhor que está na entrada. Um homem baixo, com uma falha enorme no cabelo e os olhos negros como carvão.

– Oi seu Gaspar, tudo certo? Vim visitar a Área superior e trouxe minha amiga para conhecer. Tem algum problema?

Seu Gaspar nos olha desconfiado, posso ver que ele tem uma expressão divertida no rosto.

–Peeta, não há problema. Mas se comportem lá em cima ok.

É impossível dizer agora quem está mais vermelho. O que esse homem pensa que nós vamos fazer? Me viro para Peeta.

– A Biblioteca só tem um andar, que andar superior é esse?

–É onde eles guardam os livros novos que ainda não foram catalogados, livros que vão ser restaurados, este tipo de coisa.

– E como é que deixam você entrar lá?

–Seu Gaspar é meu amigo, ele sabe que eu vou cuidar bem do local. Você é a primeira pessoa além dos funcionários e de mim que entra lá.

Para se chegar a Ala superior é preciso subir uma escada no escritório do seu Gaspar que fica nos fundos da biblioteca. Quando entramos na sala a única coisa que me lembro de dizer é

–Uau!

–São mais de três mil livros. Todos aqui estão esperando para ser restaurados ou arrumados de alguma maneira. Eles vão ser distribuídos para as três bibliotecas da cidade- O orgulho na voz do Seu Gaspar é evidente.

–Comportem-se meninos. Vou deixar vocês aproveitando a nobre arte da literatura. Preciso atender o público, qualquer coisa que precisarem estarei lá em baixo. Só quero que vocês saibam que a acústica daqui é muito boa.

–Seu Gaspar!- Peeta está vermelho. Mas eu já não estou ouvindo nada. Estou presa no mundo de todos aqueles livros.

Ficamos mais ou menos meia hora vasculhando aquilo tudo em silêncio. Eu podia dizer que estava no paraíso. Alguns livros estavam em péssimo estado, havia bastante poeira também. Mas nada disso me afetou. Era uma pena que não poderíamos levar nenhum deles para casa.

–Aqui é maravilhoso não é- Peeta comenta do meu lado. Tinha até me esquecido que ele estava aqui.

–Sim, Peeta você é um cara de sorte sabia. Esse lugar é magnífico.

Passamos as próximas duas horas com Peeta me mostrando cada lugar escondido naquela biblioteca mágica. Ele parece conhecer cada livro, cada detalhe da Ala Superior. Há uma janela enorme nos fundos da biblioteca. A luz que entra contribui para que o lugar fique ainda mais surreal. Em algum momento me sento perto da janela e fico lendo tudo o que posso, com Peeta ao meu lado.

As 18h Peeta avisa que temos que descer. É duro ter que sair daquele lugar, mas temos que fazer isso. Quando descemos cada um de nós pega um livro e vamos retirá-lo no balcão com Seu Gaspar. Ele apenas dá uma piscada entediada quando nos vê

–Então garota, o que achou do local?

– É maravilhoso, mesmo.

–Que bom. Gostei de você. Se passar no teste eu deixo você subir sempre que quiser.

–Que teste?

–Não se preocupe, são só umas perguntas básicas. Não posso deixar qualquer um subir lá. Mesmo que seja a namorada do meu amigo aqui-Ele lança um olhar carregado de tabaco e malicia para Peeta.

–Não sou namorada dele- Digo meio agressiva.

–Que seja. Então menina, Shekeespere ou Cervantes?

–Cervantes

– Agatha Christie ou Jane Austen?

–Agatha, sem a menor dúvida.

– Edgar Alan Poe ou Stephan King?

–Agora você me pegou.

–Garota, você passou com louvor no teste. Sinto muito Peeta, ela não é romântica, mas é genial.

–Ok seu Gaspar, que bom que você gostou dela. Até mais.

Estamos rindo como se não houvesse amanhã quando saímos da biblioteca.

–Seu Gaspar é um amor- digo quando consigo recuperar o fôlego- Fico feliz que tenha passado no teste.

–Se você quiser posso trazer você aqui de novo. Sei que já vinha na biblioteca, mas posso te levar lá em cima quando quiser de novo.

–Seria muito legal obrigado Peeta.

Sinto que conhecer Peeta foi muito bom, mesmo que ele não consiga fazer com que eu mude de ideia. Ele já fez mais por mim do que qualquer um. Por hoje só dou um abraço de despedida. Não sei como agradecer por uma das melhores tardes que tive há muito tempo. Mas antes que eu pense como, ele já está correndo de volta para casa.

Ao entrar na sala de casa, dou  um aceno para Finnick que estava sentando vendo televisão. Ao me ver ele vem correndo até mim e me abraça.

– Ei Katniss- diz ele se soltando- ligaram da escola, era Irene a psicóloga, Ela disse que um policial quer falar com você amanhã, um tal de Snow.



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Notas finais do capítulo

This is it! Espero que tenham curtido