Nonsense 3 - Meu Amável Psicopata escrita por Boneco de Neve


Capítulo 3
Capítulo 3 - Tribunal




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Tudo bem que nessa historinha os personagens são um tanto excêntricos, mas isso não quer dizer que todo mundo é. Por que estou dizendo isso? Simples: Nosso caro ex-milico foi pro xadrez.

Meses depois, eis que ele senta no banco dos réus. No tal tribunal, estavam presentes também a sua pobre esposa (que diga-se de passagem, continuava completamente desnorteada), a viúva do dono do restaurante e os pais daquela menininha que foi eletrocutada pelo ex-milico.

A esposa do ex-milico chegou a contratar um advogado para o próprio, mas isso foi mais por desencargo de consciência, tanto que ela nem se deu muito ao luxo de procurar um dos melhores - E também, dada a situação financeira dela, nem tinha como. Em compensação, pro azar do ex-milico, a acusação resolveu apelar pro chumbo grosso: Contrataram, a pedido da viúva do dono de restaurante (que diga-se de passagem de novo, era podre de rica e cheia de contatos), um advogado considerado "poderoso", ainda que fosse um tanto incomum.

O advogado de defesa era um sujeito bem arrumado, cabelo penteadinho tipo boi-lambeu, usava terno e gravata e tinha mesmo pinta de profissional. Já o de acusação mal havia saído da adolescência, usava uma jaqueta acolchoada verde com um grande J amarelo no peito e uma gola alta, de forma que a cabeça ficava visível só do meio do nariz pra cima; tinha uma cabelo meio esvoaçado e tatuagens de setas curvadas verdes embaixo de cada olho. Normalmente, à primeira vista, parecia que o advogado de defesa iria ganhar de lavada, mas as aparências realmente enganam: Embora ele tentasse parecer sereno, no fundo, ele estava quase se borrando. Ele sabia com quem estava lidando. O de acusação parecia só um moleque otaku, mas tinha o olhar de que queria matar alguém. Também pudera - Ele não é originalmente um advogado de acusação, mas aquela viúva tanto encheu o saco dele que o garoto acabou por ceder.

Finalmente o julgamento começa. Depois das disposições iniciais, os advogados tiveram a chance de começar as atuações. O advogado de defesa começou:

– Quanto ao primeiro incidente... Não há provas de que ele tenha sido o perpetrador da pobre menina. E mesmo que tenha sido, temos atestados de problemas de origem psicológica à respeito do meu cliente, o que explica o seu comportamento no restaurante...
– Me pergunto de onde vieram estes atestados... - Disse o advogado de acusação.
– Eu ainda não acabei, senhor...
– Ah, acabou sim. Porque eu simplesmente não consigo ver o que a sua defesa pode acrescentar de novo nesse caso; e não precisa ser muito esperto para perceber que a corte falhe em ver isso também, dado os detalhes da carreira militar do réu; tais detalhes estão incluídos no dossiê do réu, que é a evidência nº 1. Esse sujeito de maneira nenhuma é insano, mas, segundo a evidência, demonstra traços claros de psicopatia, visto que se julga no direito de impor punições exacerbadas a delitos pequenos. Enquanto esteve fora do país, este homem foi suspeito de atacar e matar um incontável número de pessoas por míseros pormenores, sendo as suspeitas confirmadas depois que ele matou o filho de um oficial com 5 tiros no rosto por este ter entrado escondido numa residência apenas para pegar de volta a sua bola que havia entrado pela janela, sendo a justificativa deste barbaridade que a vítima havia cometido o crime de invasão de domicílio. Por estar fora do país e pelo fato do exército ter ajudado a encobrir a maior parte do seus atos, ele foi julgado sequer uma vez; mas, devido a pressão que o governo exerceu em cima do exército, este decidiu expulsar o agora réu, desconsiderando totalmente o perigo que ele poderia representar para a sociedade; tal perigo foi concretizado, dando origem às ocorrências que levaram o réu à sua presença perante a corte; estas ocorrências, como todos os presentes aqui sabem, são lesão corporal gravíssima contra uma menina de 7 anos, que está agora no hospital em estado grave com paralisia severa na garganta e respirando com a ajuda de aparelhos, infligida por uma arma atordoadora, evidência nº 2, cuja posse, como mostrado no relatório de investigação, é indubitavelmente do réu, uma outra lesão corporal gravíssima infligida contra uma cliente do restaurante, que ficou desfigurada depois de duas violentas colisões contra mesa e agora aguarda uma cirurgia plástica e o mais grave, um homicídio duplamente qualificado; motivo fútil e sem chance de defesa. E mesmo tendo evidências que comprovem a culpa do réu nestes dois últimos casos, creio que elas não seriam necessárias; as dezenas de testemunhas presentes no local podem confirmar esta versão para a corte. Se isso não for o suficiente para condenar o réu e terminar esse julgamento de uma vez, meritíssimo, eu não sei mais o que mais será necessário.


Foi o suficiente.


Vinte minutos depois (10 só de recesso), eis que sai a sentença: Prisão perpétua.


Enquanto as pessoas iam embora, os guardas se prontificavam pra levar o ex-milico pra corredor da morte. Porém, o sujeito olha para a sua mulher, que chorava e soluçava diante dele. Ela, desolada, não sabia o que dizer. Ela apenas disse:


– Por quê?


E ele, com toda a serenidade e frieza do mundo, respondeu:


– Porque o sol é amarelo.


A mulher mudou a expressão de completo desolamento para uma expressão de total espanto. Ainda ficou alguns segundos olhando para o rosto do seu marido, quando então...


– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!


Todos que estavam em volta olharam assustados para a mulher, que insistia em berrar desesperadamente e soltava lágrimas como se olhos dela fossem rociadores de incêndio. A mulher então saiu do fórum como uma louca e foi correndo sem direção até se atropelada por um ônibus, sendo arremessada a 10 metros distância, morrendo na hora.


Uma multidão começou a se aglomerar perto do corpo da moça. Um pouco mais longe dali, no hall do fórum, o advogado de jaqueta verde olhava impassível para a cena. Ele, então, pega o seu celular e faz um telefonema.


– Sou eu... Despacha o carro preto pro fórum... Tem presunto fresco aqui.

Pergunta: Por que o homem foi dizer justo para aquela mulher que o sol era amarelo?













































































































































Resposta: Para perguntas idiotas, respostas cretinas. Tolerância zero.


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Notas finais do capítulo

O leitor que adivinhar quem é o advogado de jaqueta verde vai ganhar de brinde um boneco de neve! XD



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