Nonsense 3 - Meu Amável Psicopata escrita por Boneco de Neve
Dias depois da confusão que resultou na morte da mulher, os familiares dela estavam reunidos no velório dela, numa capela dentro do cemitério. Entre os familiares, vejam só, estavam também o gordinho, aquele da primeira temporada de Nonsense que não levantava a cabeça por nada; a esposa dele, que foi a protagonista de Nonsense 2 e gostava de sentar no colo de terceiros; esta estava junto de seu pai. O gordinho estava visivelmente triste mas não derramava uma lágrima; a menina não parecia tão triste, mas confortava o marido de vez em quando e o pai procurava alguns trevos pra fumar no cachimbo dele.
Pra completar a mistura, estava lá junto com a turma toda o ente menos querido de todos os presentes: O ex-milico. Ele, sabe-se lá como, conseguiu uma autorização da justiça para presenciar o velório de sua amada, desde, claro, que estivesse acompanhado por 2 tiras e um supervisor durante o tempo inteiro que estivesse fora da cadeia. Já o supervisor era ninguém menos que aquele advogado de jaqueta verde, que estava visivelmente contrariado por estar lá. Mesmo com o clima tenso, o velório prosseguia sem problemas, mas com um monte de murmúrios; a maior parte deles, claro, referente ao ex-milico.
Num determinado momento, o ex-milico, cansado de ficar calado no seu canto, resolve puxar conversa com o indivíduo que está ao lado dele. E era logo quem? O gordinho.
- E aí? Precisa de alguma coisa? - Perguntou o homem.
- Sim. - Respondeu o gordinho.
- E o que seria?
- Um limpador de piscina.
- Um limpador de piscina? Agora? Pra quê?
- Pra nada.
- Se é pra nada, então porque diz que precisa de um lipador de piscina?
- Porque a rainha cupim tem uma bunda gigante.
- E o que isso tem a ver?
- Nada.
- Então, por que falou aquilo?
- Por que foi a Dona Violeta com o cano na sala de jantar.
O ex-milico estava perdendo a paciência com o gordinho e o advogado de jaqueta verde, que ouvia a conversa, temeu uma reação e ficou de prontidão para evitar uma eventual casualidade. Mas, antes que o clima ficasse ainda mais tenso, um ruído forte ecoou do lado de fora da capela e, seguido disso, um brado.
- MAS QUE BOSTA!!!
E de repente... CRASH! Um paralelepípedo destruiu o vidro de uma das janelas e por um triz não acerta o caixão e derruba a defunta. Os presentes se abaixaram assustados e os tiras sacaram as armas e o advogado redobrou sua atenção.
Porém, eis que um garoto de fones de ouvido esquisitos e cabelos espetados aparece na porta da capela com uma cara que praticamente dizia: "Fiz m#%$@". Depois de conferir o estrago, ele resolve... Cantar.
- Meus irmãos! Vamos subir a pé! O carro enguiçou! Só anda de marcha rééééé! ♪
As pessoas, já um pouco mais calmas, se levantaram, mas em contrapartida, olharam uns pros outros sem entender o que se passava.
- Sério, pessoal; o carro preto já era. Vou precisar de 3 voluntários pra levar o caixão até a cova. - Diz o garoto de fones, que imediatamente aponta pro advogado de jaqueta verde. - Ah, você vai me ajudar.
- Objeção. Eu já estou trabalhando. - Retruca o advogado.
- Trabalhando como? Ficando parado aqui feito um dois de paus? Você é o quê; um boneco de neve? Bora, me ajuda aí.
- Objeção. Você não precisa da minha ajuda. Você pode muito bem carregar esse caixão sozinho.
- É, posso. Mas não quero. Você vai me ajudar; ponto final. - Sorri o garoto de fones.
- Mas por que tem que ser justo eu?!
- Porque a tua irmã é muito gostosa.
A resposta deixou o advogado bastante irritado e, de quebra, fez a esposa do gordinho, que estava sentada no colo do pai, cair na gargalhada. O advogado, porém, não querendo mais complicar as coisas, o advogado resolveu ceder ao "pedido". O garoto de fones "convocou" ainda o gordinho e o sogro dele, que aceitaram. E a esposa do gordinho continuou gargalhando.
Apesar do clima tenso, o enterro prosseguiu sem mais alardes, embora ainda seguia cheio de conversinhas e murmúrios. Porém, o ex-milico ainda não estava muito feliz em relação ao gordinho. Na cabeça dele, o gordinho tinha zombado dele e isso configura um desacato. Mas, enquanto ele maquinava algo, o garoto de fone, discretamente, chegou até ele e lhe mostrou um punhal.
- O meu amiguinho advogado me contou o que se sucedeu entre você e o gordinho... E resolvi te dar uma mão.
O homem olha o punhal, mas quando vai pegar da mão do garoto, este recua a mão.
- Antes, você precisa saber de uma coisa. - Diz o menino ao apontar para uma placa fincada no chão.
O homem vê a placa e olha onde pisava. Então, ele olha pro garoto, que diz.
- Já sabe o que fazer.
O garoto passou o punhal para o ex-milico. Foi então que o advogado percebeu que alguma coisa estava acontecendo mas, como estava atrás do do ex-milico, não sabia exatamente do que se tratava até que... TCHAC! O homem crava o punhal no seu próprio coração e cai agonizando no chão, morrendo em seguida. Os presentes que viram a cena entraram em choque, alguns passaram mal e chegaram a desmaiar. O advogado, atônito, olha para o homem, ao redor dele e em seguida para o garoto de fones, que fazia uma cara como se dizia "não tenho nada com isso". Não demorou muito para o advogado começar a perceber o que aconteceu.
- Essa placa não estava aqui quando passei por aqui antes... Não foi você que colocou ela aqui, foi?
- Se fui eu ou não... Faz diferença?
O cinismo contido na resposta dele foi o suficiente para o advogado confirmar que foi mesmo o garoto de fones.
- Aff... - Suspira o advogado. - Me diz... Por que fez isso?
- Porque o Darth Vader é o pai do Luke Skywalker?
O advogado recriminou o colega com o olhar.
- Hehe... Antes ele do que mais alguém aqui, não é? Você sabe quem.
- Hmph... Sabia que você não presta? - Diz o advogado, sentindo-se forçado a concordar.
O garoto de fones não respondeu. Apenas deu um largo sorriso.
Pergunta: Por que o ex-milico se matou?
Resposta: A placa dizia "Proibido pisar na grama". De fato, o homem pisou nela.
FIM
Epílogo: O garoto de fones, enterrando o corpo do ex-milico numa cova de indigente...
- É, aqui se faz, aqui se paga...
E ainda planta vários feijões em cima do túmulo.
- Pelo menos, vou ganhar um extra com as quianças da escola aqui perto. Haha!
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