– Harry, que merda foi aquela? - Perguntei irritada.

– Só você pode beijar agora?! - Ele deu de ombros.

– Então você só beijou a Liesel porque achou que tinha os mesmos direitos que eu? Isso é infantil! - Bufei.

– Não foi por isso! Eu gosto da Liesel.

– Sério? Da Liesel? Quer dizer, isso não tem nenhum problema, mas... - Disse surpresa.

– Não tem nada demais nisso. É a Liesel e pronto! - Harry girou os olhos.

Esse babaca ficou com a Liesel! Vocês não tem noção disso. Eu preferia mil vezes que o Harry tivesse me contado que beijou o travesseiro dele do que a Liesel. Ela é a - como eu posso dizer isso de uma forma delicada? - menina da escola que fica com qualquer um (vulgo: é uma vadia!). Eu poderia bater no Harry por ele ter feito isso, porque com certeza isso foi para me provocar. E daí se eu beijei o Brian? É, o Harry acabou de se igualar a mim. Isso é realmente ridículo e eu sei que ele não precisava disso!

– É verdade! É só a Liesel, né? Além do que eu não tenho nada a ver com a sua vida, Harry...

– Hmm. - Resmungou.

– É só isso que você diz? Então tchau! - Me levantei rapidamente.

– Qual é? Depois eu que sou infantil...- Harry soltou sem delicadeza alguma.

Balancei a cabeça negativamente. Caminhei em direção a minha casa, que ficava a poucas quadras de lá. O Harry mudou bastante, mas por que? Isso está ficando confuso e ridículo. Mas de agora em diante, se ele quiser pegar a professora de espanhol eu não vou nem ligar, apesar de ela ter uns 70 anos. Ele sabe o que faz, nunca precisou de ninguém para aconselha-lo, eu sempre fui só companhia mesmo. A idiota que precisa de conselhos sou eu! Mas são conselhos do tipo: " Esqueça o Harry, que nunca se preocupou com você." É exatamente disso que eu preciso. Vocês podem achar que é ciúmes ou algo relacionado a possessividade, mas não é. O problema é que o Harry nem liga se eu estou bem ou não. Antes ele se importava, mas agora...

Pov's Brian

Eu avisei para o Patrick que tinha conseguido o que eu queria, mas ele disse que ele só acredita vendo. Não vai ser problema nenhum beijar a esquisitinha de novo. Eu ainda tenho duas semanas para isso. Só estou meio confuso, vou ter que ser delicado de novo. Não dá pra ficar sendo assim toda hora.

Decidi dar uma volta, tomar um pouco de ar enquanto pensava como ia fazer para conseguir beijar a Kath novamente. Vi uma menina muito parecida com a Kath andando na rua. A menina parecia mal, então não deveria ser a esquisitinha, já que ela sempre aguenta tudo forte, porque sempre foi assim. Mas por incrível que pareça, era ela sim! Era minha oportunidade de "preparar o campo" para a próxima vez que fossemos nos beijar.

– Ei, Kath! - Gritei acenando.

Ela só sorriu fraco e não disse nada. Quem conseguiu derrubar ela assim? Nem eu, em anos de convivência, não consegui! Realmente deve ter sido um babaca - não que eu esteja defendendo ela - , porque irritá-la é trabalho meu, então só eu posso deixar ela assim. Ninguém mais podia.

– Vai, pode começar contando o que aconteceu! - Passei o braço pela sua cintura.

– Você sabe que se eu não estivesse mal, a essa altura eu estaria te batendo por estar fazendo isso, não sabe?! - Ela me olhou com um sorriso forçado no rosto.

– É, eu sei! Mas também sei que você não está legal, então... Me conta, vai? - Insisti.

– Você não precisa saber disso, curioso. E não se aproveite desse momento! - Kath cruzou os braços.

Levantei as mãos em sinal de rendição.

– Problemas com meninos?! - Arrisquei um motivo.

– Talvez.

Suspirei.

– É o esquisi... Quer dizer, o Larry, não é?!

– É Harry! - Kath me corrigiu rindo.

– Então, eu acertei?!

– Uhum. - Resmungou.

– O que ele fez?

– Você não precisa saber! - Deu de ombros.

– Não preciso saber ou não quer me contar?!

– Os dois! Agora eu vou entrar. - Kath parou no portão. - Obrigado.

– O que eu...? - Não consegui terminar a frase.

– Só fez com que eu me sentisse melhor. Obrigado mesmo. - Kath ficou na ponta dos pés e beijou minha testa.

Abracei a esquisitinha forte. Eu sabia que ela precisava disso. Foi um dos momentos mais entranhos da minha vida. Quem diria que aquelas duas crianças birretas não estariam aqui, se abraçando agora? Se me contassem, eu não acreditaria. Beijei o topo da sua cabeça.

– Eu ainda não sei o que ele fez, mas... Se cuida! - Baguncei seu cabelo de leve.

Kath mandou língua e entrou. Ela ainda parecia aquela mesma menininha de antes. A mesma boba que brigava comigo na primeira série e pro resto da minha vida, porque com certeza a gente ainda vai brigar muito. Eu só senti que eu devia proteger ela, senti isso de uma forma estranha, mas senti. Antes que pensem que eu estou fazendo essas coisas de gay porque eu estou afim dela, não é isso. Como eu disse: " É só aquele lance de preparar o campo, só isso..." . Eu não estou apaixonado, nunca estive e nunca vou estar. Ficou claro?!

Pov's Harry

Eu sou muito idiota mesmo! Desde o momento em que eu fiquei com a Liesel até o momento em que eu fingi não me importar com a coisa mais importante pra mim. Que história é essa que eu disse: " ... Eu gosto da Liesel!". Não dá pra gostar de vadia. Estou com ódio mortal de mim. Se eu pudesse voltar e concertar as coisas, não teria feito isso. Acho que levei o pensamento de que esqueceria a Kath longe demais. E se eu fizesse isso com uma pessoa decente?! Tinha mesmo que ser a Liesel? Estou me sentindo um lixo por ter ignorado a Kath. Não vai ser fácil concertar as coisas por aqui...