Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Hey negada! Estou tristonha feat. bolada com vocês. Eu recebi menos Reviews no último! Vai ver foi porque eu fiquei me achando com 15 né... ¬¬ Gente, porque não fazemos assim: Se vocês não gostaram de alguma coisa no capítulo, deixem um Review me falando. Aí eu posso tentar não repetir isso e todo mundo segue feliz, né não? Mas sem esculachar viu? Me explique gentilmente antes que eu saia chorando ¬¬ Ainda assim quero agradecer as fofas que mandam sempre e alegram meu dia! Amo vocês, bebês! Ah! Eu ando meio atrasada com os Reviews das fics e as MPs, mas já já respondo. É que tava em semana de prova e to na chácara então complica. Mesmo porque eu não posso sequer digitar sem o 3G dar B.O então até isso aqui tá no Word. E como foi o Haloween, povo? Alguém bancou o bruxo que já recebeu a carta? Semideuses apareceram? Tributos? Cloves? Esthers? (Arrasei bancando a Esther, com licença) Narnianos? Vampiros, lobisomens ou sei lá mais o que?



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 -Olhem só! O Peeta! O amante do 12! – homem solta meu pulso com um baque e começa a apontar para uma TV qualquer, já que todas o mostram.

 Eu hesito um pouco, olhando para os lados e vou até Haymitch, que também está em pé.

 -O que vai fazer? –eu sussurro, sem sequer virar meu rosto, hipnotizada demais com a cena da possível morte. Bom, não ouve qualquer canhão.

 Ele não me responde por um tempo, olhando a televisão.  Nesse momento Finnick está agindo. Ele encosta Mags em uma árvore com pressa e pede para Katniss deixá-lo ajudar, empurrando-a para o lado.

 -Não! –Ela berra, se colocando entre os dois, em um gesto ridiculamente protetor. Se o Conquistador morreu, só o que ela e nós podemos fazer é lamentar. Alguns mais, outros menos... E o que ela esperaria desses Jogos e dessa aliança? Que eles iam viver para sempre? Porque pelo drama que está fazendo...

 Quando Finnick ergue o braço para provavelmente tentar conter a garota do fogo, Cato resolve agir. Ele vai até eles e tira Katniss com força. E eu sei o quanto dói quando ele tenta te segurar. Isso vai ficar roxo. Uma crueldade com a grávida...

 -Pára! Pára, Katniss! –ele berra, enquanto Finnick checa as pulsações de Peeta. –Ele tem que fazer isso! Deixa de ser ridícula, você quer ver ele morto?! –ele grita, ainda segurando a garota que se debate gritando. Eu estou me preparando para contar quantos xingamentos ele vai dizer, quando se contém e fecha a boca, a segurando com mais firmeza.

 -Idiota, idiota... –ouço Haymitch murmurar para Katniss, sacudindo a cabeça em desaprovação. Ainda não entendi o que ela acha que o Finnick vai fazer. Se ele já está morto, que mal pode acontecer?

 Então Finnick beija Peeta. Eu me curvo para a televisão de olhos cerrados, tentando ver direito o que está acontecendo. Não, não é exatamente um beijo. Pelos quadradinhos com os tributos participantes da cena, posso ver Katniss tentando buscar o arco para tentar atirar em Finnick, que agora prende o nariz de Peeta. Ele está soprando o ar nos seus pulmões com a boca. Podemos ver o peito do Conquistador subindo e descendo. Meu pai sabe o que é isso. Ele costuma nos falar exatamente o que acontecia em cada parte dos Jogos.

 Cato parece conversar algo com Katniss e ainda que o outro se mostre bastante raivoso, ela concorda, fazendo que sim com a cabeça. Deve ter sido algum acordo de distância segura de trabalho para Finnick, uma vez que ele a solta. Agora ele abaixa o zíper do Conquistador e faz uma espécie de massagem cardíaca acima do coração.

 E eu não sei o que pensar direito. Sequer vi o que aconteceu com Peeta. O cabelo dele está um pouco queimado, então existem apenas as possibilidades de queima ou choque elétrico. Mas eu não vejo de onde veio esse fogo sem fumaça e porque ninguém mais parece queimado. E massagem cardíaca para uma queimadura? E de onde pode ter vindo esse choque?

 Estamos em um momento de tensão no qual todos se mantém imóveis, esperando o sucesso ou não de Finnick Odair. As pessoas na sala estão pressionando suas unhas contra a mão, olhando fixamente para a televisão. Todos largaram as taças para observar o sofrimento alheio.

 Até eu me vejo ansiosa. Ah, eu conheço o Conquistador. Não que eu goste dele, mas eu não o odeio. Tenho motivos suficientes para isso desde que me meti no fogo ano passado para ajudá-lo e ele nos traiu. Mais não. Só o acho idiota. E se é ruim ver quem você não conhece morrer, ver ele morrer não vai ser agradável.

 E o Conquistador começa a tossir.

  As pessoas soltam um gritinho coletivo e começam a rir, abraçando umas as outras e comentando as cenas. Eu suspiro. Haymitch se vira para mim e me abraça deliberadamente, me assustando um pouco. Meu nariz coça devido ao, hoje, leve cheiro de conhaque empreguinado.

 Qualquer confiança que depositei nele ficou lá no último dia de Turnê, portanto não espero e nem quero estreitar qualquer fino laço de relação que nos una. Nos separo rapidamente, porém ainda sorrio um pouco. Temos alguns momentos de euforia e as pessoas voltam a se sentar.

 -O que aconteceu, Haymitch? –digo, me sentando do seu lado.

 -O campo de força. –só essa palavra explica muita coisa. –ele enfiou o facão para passarem por umas trepadeiras.

 Ergo as sobrancelhas. E se fosse Cato na frente? Agradeço por ele por algum motivo ter se retardado. Não sei se ele é tão importante para esse pessoal quanto o Conquistador é. Assim como não sei se moveriam um dedo para ajudá-lo, não sei se igualmente moveriam para Finnick.

 -Hum. Vai mandar alguma coisa para eles agora?

 Ele olha para mim como se eu estivesse louca.

 -Lógico que não. Eles não precisam agora, podem se virar. Mas logo vão precisar.

 -Não tem água aí.

 -Exatamente. Vão precisar de uma cavilha para tirar dessas árvores. Se usarem o pouco cérebro que tem vão ver que as árvores estão muito úmidas.                                           

 Duvido que vão fazer isso. O casal do 12 faz toda aquela ceninha de amor e depois a TV para a qual eu estava olhando mostra os outros tributos rapidamente. Dou uma olhada rápida pela sala e vejo que o nosso sofá é o que está mais cheio. É claro, outros como o do 1 e o do 4 também estão satisfatoriamente ocupados, porém o nosso os supera.  

 E mesmo com essa aparente aliança minha e de Haymitch, os patrocinadores são separados. É claro, se eu mandar uma dádiva agora, provavelmente será dividida entre eles. Porém patrocinadores de fora á parte. Confiar em alguém nesses Jogos é suicídio. E não preciso de mais mortes, já que tenho o que esperar da rebelião.

 De canto de olho vejo os mentores do 1 se levantando e indo até a porta cuja placa diz “Dádivas”. Um homem e uma mulher, com a tradicional beleza do 1. O homem de cabelo preto e a mulher loira.

 Levo meu pulso até perto do meu olho e a telinha mostra Cato, de braços cruzados conversando com Finnick enquanto Katniss verifica pela quinta vez se o Conquistador está bem. E não, ele não está.

  Ela chora irritada e Mags lhe dá um pedaço de musgo para assoar o nariz. Pelo menos esse musgo serve para algo. Cato olha estranho para ela, quando começa a emitir uns sons bizarros. Como se ela estivesse engasgada. Sinto um pouco de vontade de rir, admito. Da expressão confusa dele e do som em si.

 A televisão volta para a aliança de Layran. O homem do 10 está fazendo uso da dádiva recebida na perna de Gloss. Eles estão sentados no chão, apenas um pouco fora da Cornucópia.

 -Quando essa perna melhorar nós vamos atrás deles. –Gloss resmunga, olhando para Cashmere.

 Ela ergue as sobrancelhas com irritação.

-Finnick sempre agiu como se fosse nosso amigo. E agora resolveu se aliar com esse pessoal do 12. Sempre achei que ele já fazia parte da nossa.

 -E parecia no inicio. –Layran fala, girando uma faca nas mãos.

 Ela bufa.

-É um traíra. –eles concluem.

 Bom, um traíra. Mas um traíra mais esperto que vocês, que ainda acham que vão ter que se matar. Se nós não tivéssemos saído nessa Turnê com o pessoal do 12, também não seríamos avisados. E Cato estaria com os Carreiristas. E quem sabe se o tirariam de lá caso estivesse vivo?

 Johanna Mason e seus aliados formaram um acampamento. Ela parece bem irritada. E me pergunto: Porque se aliar com alguém que não gosta? E porque ainda não achou os outros?

 Fico sentada e conversando mais um pouco, tomando conclusões sobre os tributos. Isso está me cansando profundamente. Mais até do que a Turnê. As pessoas falam tão alto...

 -Eu assumo daqui. Pode subir se quiser. –Haymitch diz, como se lesse meus pensamentos. Ou talvez minha expressão me condene.

 Hesito. Confiança nunca foi meu forte. E nós nem fizemos uma aliança de mentores. Eu só me sentei do lado dele. E não tenho certeza das intenções dele. Ainda mais aqui em baixo, quando deixará a sobriedade logo logo.

 Porém acredito que do meu andar possa monitorá-lo melhor. E estou com tanto sono... Fora que é meio óbvia que estamos aliados nisso. Estreito meus olhos para ele.

 -Eles não vão precisar de nada por um tempo.

 -Em meia hora eu volto. –falo para ele, me levantando e checando a telinha que mostra Cato.

 Despeço-me dos patrocinadores com a promessa de regresso e os agradeço. Eles dizem que eu realmente devo descansar e que ficarão aqui me esperando. Um deles até diz que se for necessário envia ele mesmo a dádiva. Claro, porque se importam.

 O elevador demora um pouco a chegar e enquanto isso observo as pessoas vibrando com os Jogos. Com um suspiro pesado entro. Quando as portas se fecham já estou descalça.

 Minha equipe e Alexander estão assistindo os Jogos no sofá da sala. Eu falo com eles e peço para baterem na minha porta em meia hora. Olho para Cato, ajeitando algumas coisas. Vão montar acampamento. Andaram mais um pouco e depois viram que não iriam ter como continuar com o Conquistador e Mags naquele estado. Se ele não parar com essa cara feia vou ter que mandar algum lembrete do nosso combinado.

 Abro a porta do quarto e me jogo na cama. Não tem porque me desarrumar de novo, se logo vou descer. Arrasto-me para os travesseiros com o pesado vestido e sem ousar tirar a única coisa que me comunica a ele.

                                             ***

 -Isso é culpa sua! Estão todos mortos!

 Distrito 2. O de sempre. Cato e eu andando como antes do Massacre. Chegamos em casa e tudo está destruído. Corro para fora da Vila. E o 2 que há dois segundos estava de pé, agora são tijolos despedaçados.

 Cato me segue e continua me gritando, dizendo que a culpa é minha. Eu quero dizer que estou tentando reverter e que a culpa não é minha. Mas não consigo abrir a boca e falar. E também sei que a culpa é minha.

 Chego na casa prefeito e mãos enegrecidas e esqueléticas que não vejo de onde saem começam a me puxar para baixo, sussurrando:

 -Ele já jogou. É sua vez, querida, vamos jogar.

                                            ***

 -Não! Não é minha culpa, droga!

 Sento-me repentinamente na cama. Arfo por alguns segundos. Pesadelos. Eu sabia que eles iriam acontecer quando ele voltasse para lá.

 Jogo-me na cama de novo por dois minutos, fechando os olhos. Esse sonho me pareceu muito real. E muito possível... Passo mais dois segundos pensando nisso e então batem na porta, me chamando para levantar.

 Decido ficar mais um tempo deitada, porém logo tornam a me chamar, batendo com mais força na porta. Deveriam tentar quebrar em vez de baterem desse jeito.

 Escovo meus dentes e calço meu sapato. Quando eu for para a sala com certeza vão me arrumar de novo. Estou tão saturada desse povo da Capital que decido me sentar na cama de novo e esperar eles virem me chamar mais uma vez.

 Quanto mais eu demorar, melhor soa para mim. Como esses outros Vitoriosos agüentaram isso sozinhos? Eu passei a Turnê inteira agarrada á Cato e nesse curto período de tempo que estou sozinha estou desesperada e confusa. O que eles mentalizavam para não terem vontade de se jogar do trem na Turnê?

  Porque Snow insiste em deixar algum Vitorioso nesses Jogos? Ele chega nesse Vitorioso e age como se ele tivesse errado ao tentar se manter vivo. Acaba com a vida dele e o manda mandar beijos para aquele seu povo colorido.

 -Clove! Abre logo essa porta! Os patrocinadores estão te esperando!

 Acabou o descanso. Me levanto e abro a porta. Alexander está parado com a equipe atrás de si.

 Dou espaço e eles entram no quarto, sem falar nada.

 -O que foi? –pergunto para eles, enquanto refazem a minha maquiagem. Esse silencio deles é no mínimo estranho.

 -E aí, falamos? –diz Willen, olhando para Livina.

 -Claro que falam! –reviro meus olhos.

 -Haymitch está precisando de você, Clove. Ele enviou uma... –Alexander pára o pincel no meu rosto e fica de frente para mim, tentando se lembrar de algo. –uma cavilha para eles.

 -Sim, e daí? Eles pegaram água?

 -É, pegaram. Mas aí andaram mais um pouco e aconteceu uma coisa estranha... Uma névoa alcançou eles.

 -Choveu, trovejou ou algo assim? –eu falo, enquanto Livina e Flerwy voltam a arrumar meu cabelo apreensivas.

 -Sim. –ele olha para baixo, ainda sem retomar a maquiagem.

 -Então o que foi, gente? Névoa é normal quando acontecem essas coisas!

 -Acontece que essa névoa não era normal querida. Vou lhe explicar direito: Eles andaram um pouco além do ponto onde Peeta pareceu morto. Então montaram acampamento. Katniss saiu para caçar alguma coisa e o focinho do animal estava molhado. Porém ela não achou água. Quando voltou Finnick e Mags tinham tecido algumas coisas com grama. Tinha uma cabana, cestas e mais. Foi aí que Haymitch mandou a cavilha. Cato reconheceu e eles colocaram ela na árvore pra beberem água. E assim fizeram. –Estou a ponto de pedir versão resumida. –Você sabe, né?, o tempo na Arena é mais rápido, se quiserem. Escureceu. Então foram dormir. Katniss acordou quando ouviram uns barulhos como sinos de ano novo. Foram 12. Então ela assumiu a guarda de Finnick. Mas aí um raio atingiu a uma árvore, teve uma tempestade de raios  e  aí começou a chover só naquele ponto. Assim que ela ouviu o canhão soar, uma névoa começou a vir, partindo do ponto da chuva. Mas a névoa não era normal, não avançava normal. E Claudius disse que ela causa queimaduras e irritação na pele.

 -Então... Alguém morreu? –eu sinto minha garganta se apertando. Coloco minha duas mãos sobre a rosto. Tudo bem que ele disse que patrocinadores me esperavam, mas isso não significa que Cato está vivo... E poderia escolher outro tributo para patrocinar. -Fala Alexander!

 -Mags! –ele fala, também nervoso. –Finnick teve que deixar ela, não agüentaram! As pernas deles estavam bambeando...  

 -E Cato? Como ele tá? –interrompo.

 -Ele está do mesmo jeito dos outros. Está um pouco deformado.

 -Como assim?

 -A névoa fez isso. Uma parte do rosto dele está meio caída.

 Deixo ele falando sozinho e aproximo meu rosto da telinha. Ele está dentro da água do mar, junto com Katniss e Peeta. A pequena tela não me permite ver onde Finnick está, porém eles estão com uma expressão mista de alívio e dor.

 -Pára um pouco, Livina. –peço. Ela pára de arrumar meu cabelo e eu me estendo ainda sentada e ligo a TV. Por sorte a câmera mostra eles. Agora posso ver onde Finnick está. Deitado na areia, como se não conseguisse andar. Sei que daqui a pouco vão ajudá-lo.

 -Parece que eles deduziram que a água desintoxica. –Caesar fala. –E o pobre Finnick Odair sequer consegue se arrastar até lá...

 Água desintoxica dessa névoa... Eles todos saem da água. Cato e Peeta arrastam Finnick mais para perto da água e começam a jogar água no corpo todo dele. Saem pequenas fumaçinhas espiraladas onde água bate. Eles as evitam. Isso é pior que gás tóxico.

 -Escutem aqui. Da próxima vez que uma coisa dessas acontecer, vocês vão me avisar entenderam? –eu digo. Agora que o susto passou o que eu sinto é raiva. Deles e de mim. Eu fui inventar de dormir. Se ele precisasse de mim, eu estaria longe demais para ajudar a tempo. E eles ficaram sabendo e ficaram de graçinha em vez de me contar logo.

 De uma forma ou de outra não vou deixar isso acontecer de novo.

-O.k! Mas nós não queríamos te alarmar tanto, você tinha acabado de acordar. –Willen fala.

 -Como se eu já não estivesse alarmada nesses Jogos. Vocês esperam o que?, que eu vá ficar sorrindo sabendo que Cato pode morrer daqui a dois minutos? –É, eu fui bem grossa. Mas fui clara. Eles não podem e nem vão ficar pensando que eu gosto dos Jogos. Se Snow quer isso, o problema dele.

 Depois disso eles ficam calados, falando baixo entre si e sussurrando algumas coisas.

 -Pronto. –Alexander fala, se distanciando da cadeira.

 -Obrigada. –respondo, abrindo a porta com força e indo até a cozinha. Os Avoxes daqui devem saber que prefiro ficar sozinha quando venho aqui, porque eles todos saem assim que chego.

 Abro algumas gavetas até achar a que eu queria. Facas. Várias delas. Escolho a que parece mais afiada, de tamanho médio. Coloco-a em cima da bancada e volto ao meu quarto, verificando se eles já  foram. Voltaram para a sala, como eu previa.

 Volto a cozinha e pego a faca, tentando ser discreta. Quando volto para o quarto vazio, vasculho o closet até achar um cinto propício para o que pretendo.

 E acho. Na Estação ensinam como prender uma faca na sua coxa com o cinto certo. E assim faço. Dou algumas pequenas caminhadas para verificar se está tudo ok. Paro de frente ao espelho e verifico se há como vê-la. Sento e levanto ao menos cinco vezes.

 Quando consigo minha própria aprovação, refaço meu caminho até lá embaixo.

 As pessoas no sofá sorriem para mim quando me vêem e eu ando até elas.

 -Oi, gente. Desculpem a demora. –digo sorrindo e me sentando.

 -Sem problemas. Haymitch enviou uma dádiva minha á pouco. –uma mulher diz, batendo na perna dele. Seria educado saber o nome deles. Mas são tantos e não faço coisas só por educação. Se me dessem um motivo a mais, talvez.

 Sorrio para ela e a agradeço.

 -Haymitch, será que nós poderíamos conversar um pouco? –pergunto, dois minutos depois.

 -Claro, queridinha. –ele se levanta e eu o acompanho.

 -Nós já voltamos, tudo bem? –falo. Eles todos acenam e voltam a conversar entre si, enquanto não acontece nada interessante nos Jogos.

  Nós nos sentamos nas cadeiras do balcão que serve de bar no centro da enorme sala. Ele pede alguma bebida de nome estranho para o homem.

 -Haymitch, o que é essa coisa neles?

 Ele suspira.

 -Você estava dormindo quando uma névoa...

 -Eu sei, eu sei. –o interrompo. –O que podemos fazer para acabar com isso?

 O cara o entrega a bebida alaranjada e ele beberica, balançando a cabeça.  

 -Olhe queridinha, isso vai passar. Daqui a pouco começa a secar. –ele se curva para sussurrar alguma coisa. – e eles vão ficar mais feios que o pessoal daqui. –eu rio discretamente. –então nós mandamos alguma coisa para adiantar o processo de cura e melhorar a aparência. Porque imagem é tudo. Aí fica tudo bem.

 Tudo bem... Há quanto tempo não fica tudo bem... Por algum motivo, tomo a taça das mãos dele, que olha bem interessado para a parte de trás de uma mulher da Capital.

Ele olha confuso para mim. Levo a taça até minha boca e bebo um gole comprido. A bebida é fumegante e doce. Bebo mais dois.

 -Que tal ir com calma, queridinha?

 -Não vou de jeito nenhum. –falo, colocando a taça de volta em cima do balcão. Forte demais para alguém que mal agüenta o vinho do 2 que servimos no ano novo. A tontura já começou –e nem você. Não consigo trabalhar com bêbados.

 -Vou fazer o mesmo acordo que fiz com Katniss e Peeta. Você me deixa em paz com minhas bebidas, e eu te ajudo quando necessário.

 -E quem garante que vai se controlar quando eu precisar? Haymitch, já tentou pedir ajuda? Olha só como você está. Você tem chance de melhorar e...

 -Eu preciso disso, garota. Você tem o bonitão lá com você de noite. Já pensou se não? Imagine se conseguiria dormir á noite. Se ficasse sozinha, pensando nas pessoas que morreu. Ainda assim você não esqueceu os outros. Sei que não. Você acordava de noite.

-Eu sei disso tudo. Mas existem muitas formas de esquecer isso. Você pode trabalhar! Existem mulheres no 12 que precisam de um marido. Uma família.

 -Ele matou a minha família.

 -Á ponto de matar a minha. E eu continuo aqui. Estou sozinha agora, ele voltou pra lá. Tenta...

 Ele faz que não com a cabeça. Volto minha cabeça para frente e pressiono os lábios, balançando a cabeça.

 -Então tudo bem, você que sabe. Você está se degradando... E sabe disso. Você não precisa ficar sozinho. Está porque quer. Até mesmo Effie...

 Nesse momento consigo sua atenção. Ele olha surpreso.

 -É, a Effie.

 Ele resmunga algo ininteligível.

 Nós passamos um tempo olhando para a frente do balcão, calados. Espero que ele esteja pensando no que eu disse.

 Por incrível que pareça, no 2 não existem Vitoriosos assim. Eles todos, ou nós, conseguimos nos manter minimamente saudáveis. Não nos viciamos. A única coisa que demonstre que não somos pessoas normais, é  nos verem andando dia após dia até Estação, treinar futuros Carreiristas. Não demonstramos nossos problemas.

 Ainda guardamos marcas dos nossos Jogos, claro, porém reservamos isso a nossa privacidade. Aguardamos esses momentos oportunos para tratar do nosso psicológico. Uma prova próxima de que não precisamos de nada disso é meu pai. Apesar de ser bem fechado e dormir com uma faca de baixo do travesseiro, ele foi capaz de superar. E bem, eu existo não é? Filha de um Vitorioso.

 Volto a olhar para ele, sentindo cada vez mais as tonturas daquela bebida maldita.

 -Obrigada por tentar me ajudar, garota. Mas quem mais vai precisar de ajuda é você. Os Pacificadores estão vindo em sua direção. 


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Notas finais do capítulo

Gente, ganhei um fantasminha novo. Agora estou todo dia fuçando pra ver quantos deles tem. E vocês são muitos hein... É como eu disse, apesar de ter ficado mega happy com 15 Reviews, ainda é uma vergonha quando se tem mais de 50 leitores, não acham? ¬¬. Enfim, to me acabando nas jabuticabas, então: Beijos sabor jabuticaba, Reviews e menos fantasminhas!