– Preciso levar-te a um lugar.

Eu gostaria que Tom não tivesse me acordado tão cedo, mas a curiosidade para saber onde ele queria me levar ardia dentro de mim.

Sem saber como me vestir, já que não sabia qual era o meu destino, coloco uma simples calça jeans com regata preta, faço minha higiene matinal e estou pronta.

Agora eu já era definitivamente uma Sra. Riddle, casamo-nos um dia depois que o ministro controlado pela maldição Imperius assumiu o posto.

– Você mesmo podia candidatar-se a ministro da magia. - digo beijando-o.

– Política não é para mim. - ele diz divertido, arqueando uma sobrancelha e com um convencido sorriso no canto dos lábios. - Está pronta?

Assinto, damos as mãos e aparatamos. Estou de olhos fechados quando sinto um vento forte com respingos de água bater em meu rosto. Abro os olhos admirando a bela paisagem a minha volta, o mar está a toda volta e estou pisando em uma rocha que leva até uma caverna, mais a frente há uma praia vazia.

– Uau! - deixo escapar por entre meus lábios. - É lindo...

– Quando estava no orfanato vínhamos para cá em excursões, sim, é um lugar bonito. - aperto sua mão que ainda está unida à minha, gosto que ele compartilhe coisas de seu passado comigo, mas logo noto que não estou sozinha. Monstro está ali.

– Aquele não é o Elfo Doméstico dos Black? - pergunto, ele assente.

– Pode esperar aqui algum tempo? - ele pergunta, eu estreito os olhos.

– O que vai fazer?

– Volto em breve.

– Tom, o que vai fazer? - insisto, ele tira o medalhão de Slytherin do pescoço.

– Guardá-la em um lugar seguro.

Assinto e sento-me na rocha, enquanto ele se distancia com Monstro. Vejo o sol nascer e a manhã tornar-se mais agradável, troco a roupa por uma mais confortável, um vestido branco, justo até a cintura e solto depois da mesma e tirei o calçado sentindo a rocha escura sob meus pés.

Tom demora um pouco e volta sozinho, sem o medalhão. Ele vem até mim, os fios negros desgrenhados por causa do vendo, a camisa branca com as mangas arregaçadas até o cotovelo, ele se senta ao meu lado acariciando meu rosto.

– Onde está Monstro? - pergunto.

– Morto, talvez... Não me olhe assim, ele é apenas um elfo doméstico. - ele diz com desdém. - Está pronta para sua horcrux?

Hesitante eu confirmo, levanto-me, estive me preparando para isto, a morte dos trouxas Granger, sim, os pais de Hermione Granger. Li muito sobre esta magia também e estava pronta.

– Ninguém poderá nos deter. - diz Voldemort à minha frente, quando olho em seus olhos rubros, qualquer hesitação ou medo que estivesse sentindo antes se dissipou.

Seguro em minha mão o objeto que quero tornar minha horcrux, o anel de pedra negra e começo em uma voz quase sussurrada. O feitiço é quase uma cantiga, em uma língua tão antiga que desconheço, seus versos são tão horríveis que me causam arrepios, ou talvez, seja apenas o feitiço começando a surtir efeito.

Tom tira do bolso das vestes um pequeno frasco com um líquido cinzento e espesso e me entrega. Encosto o vidro nos lábios com a mão tremula e viro o líquido em minha boca, o gosto é horrível, se a morte tivesse um gosto, seria aquele e por ser espesso, era difícil de engolir. Continuo pronunciando o feitiço, o anel começa a flutuar a minha frente e meu corpo parece queimar por dentro.

A dor é quase insuportável, como se facas com as lâminas ardendo em chamas acertassem cada canto de meu corpo, mas eu não paro, não posso parar.

Grito com todas as minhas forças quando a dor chega a seu ápice, caio deitada na rocha, meu corpo não parece mais arder em chamas, pelo contrário, parece um vazio imenso, um frio que me faz bater os dentes.

Sinto Tom tocar minha mão e olho para ele.

– Você conseguiu. - ele diz me ajudando a sentar.

– Podia ter me dito o quanto é doloroso. - digo com a voz fraca.

– Depois da primeira não fica tão ruim assim. - deixo minha cabeça pender em seu ombro por alguns minutos, ele beija minha testa.

– Precisa descansar.

– Posso descansar aqui neste lugar lindo, fugir um pouco da guerra. - digo beijando-o.

Ficamos ali mais por algum tempo antes de voltarmos para a mansão.

Nos dias que se seguem, Regulus Black é dado como desaparecido, sei que estou cada vez mais cruel e perversa, como ele, mas não me dou conta ou ignoro.

Torno as coisas mais fáceis, quando faço Pedro Pettigrew se juntar a nós por medo e ser nosso espião na Ordem da Fênix, descobrindo coisas como Lily Potter já está grávida de Harry Potter.

Acabo de encontrar-me às escondidas com Pettigrew para que me conte tudo o que sabe e chego animada à mansão ansiosa para contar ao Lorde das Trevas.

– Boa noite Willy. - digo despindo a minha nova capa vermelha de veludo que agora uso sempre. - O Lorde das Trevas...

– No porão, milady.

– Obrigada.

Sigo para o porão, bato na porta antes de entrar mesmo sem consentimento. Porém quem vejo quando entro no porão me faz paralisar e prender a respiração.

– Fez um ótimo trabalho Severus, pode ir. - ouço a voz gélida de Voldemort.

Snape atravessa o porão em direção à porta, parando apenas para fazer uma breve reverencia à mim.

– Princesa. - cumprimentou-me e saiu, mas percebi seu olhar desconfiado, o que era compreensível, afinal ele se intitulava Príncipe Mestiço, deve ter estranhado também nossa semelhança.

– Vocês são bem parecidos. - ouço a voz de Tom que me faz acordar do transe. - Embora o cabelo dele seja oleoso e você não tenha puxado o nariz dele, para sua felicidade.

– Hey não fale nada, da onde eu venho você nem tem nariz. - digo me aproximando de um Tom com a testa franzida. - Tom... Tom aquele era meu pai.

– Eu sei.

– Não o vejo desde que... Desde que ele me enviou para a minha antiga missão.

– Ele veio contar-me sobre uma profecia. - novamente fico tensa. - Está na hora de destruir Harry Potter.