Eu tinha 10 anos na época, meu pai me deixou mais uma vez na casa dos Malfoy, tia Ciça era como uma mãe para mim, ela quem cuidava de mim, eu passava quase o ano todo no casarão dos Malfoy enquanto meu pai lecionava em Hogwarts. Tia Ciça sempre falava: “Liz, se você fosse loirinha do olho azul eu chamava-a de Malfoy e faria de ti minha filha”, nós riamos disso, ela me supria a falta que me fazia uma mãe e eu a supria a falta que lhe fazia uma filha. Isso era bom, mas naquele ano Draco iria para Hogwarts e eu ficaria sozinha na mansão Malfoy já que sou um ano mais nova que ele.

Corri até o quarto de Draco enquanto tia Ciça e meu pai conversavam e o encontrei arrumando o malão.

– Está ansioso? - perguntei entrando sem ter permissão, Draco era como meu irmão mais velho, ou pelo menos foi até os meus dez anos. Sentei-me em sua cama observando-o colocar suas ultimas peças de roupa no malão. - Me deixe ver sua varinha.

Ele me entregou uma caixinha retangular, eu a abri e peguei sua varinha com cuidado, não queria causar nenhum estrago.

– Estou muito ansioso, gostaria que você pudesse ir comigo Liz.

– Eu também. - digo lhe entregando a varinha.

– Ano que vem nós vamos juntos.

– Vai me deixar sozinha. - digo emburrada.

– Só por este ano, vai fazer companhia a minha mãe e eu prometo te escrever sempre para te fazer inveja. - ele diz rindo.

– Não se esqueça de escrever, é sério. - eu o adverti.

– Eu vou agora se não me atraso, meu pai vai me levar e você vai ficar aqui com minha mãe. - eu assenti. - Cuide-se pequena. - ele beijou minha testa e saiu cantarolando “eu vou para Hogwarts e a Liz não, haha”.

– Cala a boca Draco. - eu disse rindo e indo atrás dele.

Se em algum momento eu fui feliz no futuro e no meu passado, tinha sido enquanto eu passava os anos na mansão Malfoy. E Abraxas Malfoy me fazia sentir falta desse tempo, pois agia exatamente como o irmão mais velho que eu esperava que Draco fosse para mim, mas deixou de ser a partir de meu segundo ano.

– Hey Liz, esqueceu seu livro na sala de poções. - ele diz me entregando o livro de poções.

– Obrigada Abrax.

Nós estávamos nos arredores do castelo, num dos últimos dias ensolarados em Hogwarts, pois o inverno se aproximava, Tom devia estar em algum lugar com a fantasma da corvinal, dizia que ela tinha alguma coisa que ele queria, mas eu não me importava. Druella devia estar em algum canto com Cygnus, Walburga com Orion, Ângela em algum lugar com suas amiguinhas conversando sobre roupas e cabelo e eu estava sozinha.

– Eu vou treinar quadribol agora, quer ir comigo Liz, você pode assistir. - convidou-me Malfoy, eu encolhi os ombros e o segui.

– Você devia estudar mais sabia. - eu o advirto. - Os N.I.E.M.s estão próximos.

– Não consigo estudar sozinho, é tão chato e eu sou inteligente, não preciso disso. - ele diz me fazendo rir.

– Quero só ver.

– Podemos estudar juntos, alguns dias depois das aulas quando eu não tiver treino. - eu assinto, acho que é uma boa ideia.

– Joga em que posição?

– Tsc tsc, somos amigos a tanto tempo e ainda não sabe? Que feio, Elizabeth Tyler, apanhador.

– Desculpe. - digo, mas nós dois rimos.

– Liz, - ele para antes de nos separarmos, ele teria de ir para o vestiário com seus colegas de time e eu iria para a arquibancada. - Você e o Riddle, ainda estão juntos?

– Ah, não, por quê?

– Fico feliz, não acho que ele seja o garoto certo para você. - ele olhou para os lados e sussurrou. - Eu sei que ele é o nosso lorde, é inteligente, influente, por isto andamos com ele, mas, é um pouco mau demais, podia acabar te machucando.

– Eu sei me cuidar Abrax. - eu digo sorrindo e ele sorri também beijando minha testa.

– Nos vemos mais tarde.

Eu vou para a arquibancada e assisto ao treino, Abraxas voa muito bem, gostava da semelhança dele com Draco, arrogante, preconceituoso e ambicioso sim, todos podiam ver isto, mas somente os amigos mais próximos sabiam o quanto eram bons amigos e talvez o mais gentil da turma de amigos de Voldemort.

Voltamos juntos para o castelo e desse dia em diante ficamos mais próximos um do outro, afinal eu não podia ficar perto de Tom, ou Dumbledore desconfiaria que lhe falei sobre a missão, (o que não nos impedia de nos encontrar as escondidas na sala precisa) e Druella agora tinha Cygnus e eu ficava a maior parte do tempo sozinha.

Era noite de inverno e nós estudávamos até tarde na sala comum da sonserina, todos os outros já tinham ido dormir e éramos os únicos ali.

– Eu já tenho um estagio garantido no ministério graças a influencia de meu pai, mas você já pensou no que vai fazer quando terminar Hogwarts?

– Ainda não sei bem, talvez seja uma curandeira.

– Seria a mais bela curandeira que já conheci.

– Não seja bobo Abraxas. - digo revirando os olhos, cansada, deito apoiando a cabeça em seu colo. - Acho que chega de lição por hoje, estou exausta.

– Liz, eu vou a Hogsmeade nesse fim de semana, você quer ir comigo? - ele perguntou enquanto acariciava meu cabelo.

– Tudo bem Drac, Abraxas. - eu digo em meio a um bocejo e me sento novamente. - Acho melhor eu ir dormir, boa noite Abrax. - digo lhe aproximando para dar-lhe um beijo no rosto, mas delicadamente Abrax segura meu rosto e aproxima nossos lábios, vejo Draco em seus olhos acinzentados, o único garoto em meu tempo por quem eu já senti alguma coisa e não consigo pará-lo, seus lábios pressionam os meus e sem pensar, minhas mãos vão até sua nuca trazendo-o mais para perto. Afasto-me quando me lembro de Tom, mas a expressão feliz de Abraxas me parte o coração, como posso dizer a ele que não sinto o mesmo que ele, será mesmo que não sinto o mesmo que ele?

– Desculpe, - ele diz, mas não consegue tirar o sorriso do rosto. - Eu queria esperar e te levar até o café da madame Puddifoot.

– Liz... - ouço uma voz doce vindo da porta do dormitório feminino, Ângela me olhava com os olhos arregalados e marejados e correu para fora da sala comum da sonserina.

– O que houve com ela? - Abraxas perguntou franzindo a testa.

– Abrax, nós não podemos ficar juntos.

– M-mas por quê? - ele perguntou visivelmente confuso.

– Ângela, droga... É com ela que você deve ficar. Eu vou para o meu dormitório, boa noite.

Recolho meu material espalhado pelo chão e corro para o meu dormitório onde todas as garotas já dormem, exceto Ângela, sua cama está vazia e ela agora estava perambulando pelos corredores do castelo. Acordei Druella sem hesitar.

– O que foi? - ela perguntou resmungando um pouco, mas se sentando.

– O Abraxas me beijou. - sussurrei.

– Ele gosta de você. - ela disse o óbvio.

– Você já sabia disso antes? - perguntei e ela assentiu. - Podia ter me avisado, eu teria me afastado dele.

– Mas você não gosta dele, não é mesmo? Você gosta do Tom, aliás, é bom que o Tom não saiba disso, senão você está mesmo ferrada.

– Eu já estou ferrada de qualquer jeito Ella, a Ângela viu, ela vai me odiar eternamente. - eu digo enquanto me troco e me deito na cama sentindo-me culpada.

– Não se culpe tanto Liz, afinal você não gosta do Abraxas, não é? - não respondi essa pergunta, pois nem eu mesma sabia a resposta, Tom e eu estávamos muito afastados, em meu tempo, eu sempre tivera algum sentimento por Draco e Abraxas me lembrava dele. - Liz, você não gosta dele, não é?

– Eu não sei. - digo mordendo o lábio. - É que ele me lembra alguém de quem eu gostava tanto...

– Bom... Tudo ainda está bem enquanto o nosso lorde não souber Liz, mas se ele souber, aí sim você tem o que temer. Foi errado o que você fez, mas eu sou sua amiga, pode contar comigo para o que precisar.

– Obrigada Ella.

– Boa noite.

Tom POV

Passava a minha ronda noturna conversando com Helena Ravenclaw, fazendo-a confiar em mim para que pudesse me dizer onde está o diadema perdido de Rowena, até agora sem sucesso, mas ela ainda iria me dizer onde o escondera. Voltava para a sala comum da sonserina quando alguém correndo esbarrou em mim e quase caiu se eu não a segurasse. Era Ângela Marchand.

– Você está bem? - perguntei ao ver seus olhos vermelhos e marejados, ela abaixou os olhos e balançou a cabeça negativamente.

Entramos na sala comum e conjurei um copo de água para ela, nos sentamos no sofá de frente para a lareira, que crepitava baixo quase apagando.

– Obrigada. - ela sussurrou depois de tomar um gole de água e encolheu-se ainda mais no sofá, abraçando suas próprias pernas.

– Angel, o que houve? - perguntei gentilmente, fazendo-a olhar para mim, para ter certeza de que não estava mentindo, devia haver um sério motivo para aquela garota estar assim, logo ela que estava sempre irritantemente sorrindo e andando com um monte de garotas.

– E-eu, eu encontrei o Abrax, o Abrax e a Liz, eles estavam se beijando. - ela disse voltando a chorar.