Grand Chase Heroes escrita por Extase


Capítulo 1
Introdução - Memórias de Elesis


Notas iniciais do capítulo

Apenas uma introdução, excepcionalmente contada em primeira pessoa por se tratar de um flashback que expressa a própria visão de mundo que a Elesis tem.



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Eu era pequena, pequena até demais. Quem era eu aos seis anos? Provavelmente a resposta que melhor se encaixaria aqui é “uma Zé-Ninguém”. Contudo, todos me viam além disso. Não, não. Eu era Elesis Sieghart, a garota que era filha do líder da mais alta tropa de Canaban, conhecido este como Elscud Sieghart. A se somar, minha família era tida como a mais nobre do reino.

Falando nisso... o nome mencionado, “Canaban”, é meu reino, que é afinal o maior e melhor reino de todo o continente de Vermécia.

Por fim, eu gostaria de acrescentar que era mimada e nem notava. Eis que, após mais uma viagem de longas batalhas de meu pai, chegava a notícia de que em breve ele voltaria ao reino.

Aquela era apenas mais uma das ocasiões que eu saltava por todo o reino, para chegar ao mesmo local de sempre: o apertado bar de entrada.

– Phil, Phil. – eu gritava exasperada.

– Fala, mocinha. – ria ele, a quem eu tinha tanto apego.

– Meu pai já passou por aqui?

A resposta foi negativa. Cabisbaixa, voltei andando para casa. Aliás, era um costume que nunca falhou: meu pai se encontrava com seu melhor amigo, Phil; e o irmão de Phil, Gerard; para beber até sentir-se satisfeito. Gerard não tinha amizade com meu pai e estava sempre no bar, assim como Phil. Mesmo assim, o povo o considerava o segundo mais poderoso do reino – e exatamente por isso, liderava o segundo batalhão.

Mas... Ahn... Deixa pra lá, né... Era o meu pai quem me despertou todo o alvoroço, então por que não devia estar pensando nele? Esculd, o líder do primeiro batalhão. Eu praticamente nunca o via, mas no pequeno tempo que passávamos juntos, ele deixava explícito que me amava. Ele era tão alto, que eu mais enxergava sua barba curta, do que o próprio sorriso. Quando olhava alto o suficiente para enxergar os olhos, a luz solar sempre me cegava. Contudo... sim, o sorriso que era tão difícil ver, dele, era o mais sincero possível.

Fechando novamente a porta de meu humilde lar me deparo com o tal sorriso.

Me pegando no colo e imediatamente dizendo meu nome, me deu um abraço no ar. Eu respondi apalpando suas bochechas barbudas carinhosamente. Foi minha última lembrança daquilo, que era o amor paterno.

– Por que está saindo? – perguntei.

– Vim aqui somente para vê-la, minha filha. Eu tenho uma missão muito importante, e estou apenas de passagem por essas terras. Agora, prometa ao papai que vai tomar conta de nosso reino, não importa o tempo que a missão dure.

Mais do que ridiculamente, prometi. Sequer prestei a atenção na promessa. Só o vi partir. Um curto tempo se passou, diria eu que menos de quinze minutos. Nesse momento, eu encarava o retrato da mamãe que eu não conheci, e ao lado um retrato do papai – até então sem barba, com a aparência mais jovem imaginável – já sentindo saudades. Uma voz, porém, interrompeu meu momento de distração.


– Ele não vai voltar.

Minha reação instantânea de pegar a espada de madeira, que estava sobre o suporte da parede, não foi correspondida. Então... Não havia ninguém ali?

Assim que minha expressão de alívio ficou clara, a voz voltou a falar.

– Falo sério. Seu pai não vai voltar.

Resolvi ignorar o fato de que eu não sabia quem era o dono da tal voz grave e saí correndo de casa, procurando por alguém que soubesse para onde meu pai foi. Eu teria que encontrá-lo, e em caso de urgências, estaria portando a famosa espada de madeira com a qual treinava há três anos.

Não foi preciso perguntar a ninguém. Eu simplesmente segui minha intuição: fui direto à nuvem densa e roxa que se formava ao céu, percorrendo o caminho o mais rápido possível.

“Faça-se a guerra”, gritou a nuvem, se dissipando aos poucos. Assim que deu seu recado, a nuvem se espalhou por todo o reino e todos os moradores abriram suas respectivas portas, se deparando com a terrível cena do céu roxo, que seria a partir dali chamada de “a neblina da morte”.

Todos lamentavam o que acontecia enquanto eu cheguei onde antes se encontrava a nuvem que propagou aquela mensagem. Dois ou três esquadrões, que demoraram a chegar, carregavam o corpo de cada membro do grupo do meu pai. No entanto, a pergunta que todos faziam era: “cadê Elscud?”.

***

Foi uma noite longa, e só então estava perto de chegar em casa. Todo o tempo que estive na rua, o povo cochichava passando adiante os boatos sobre o grupo que foi morto ali por perto. O pior era ouvir que alguém falou: “Aquela criança tinha um futuro tão promissor. Uma pena não ser nada sem seu pai”.

O que eu podia fazer? Não tinha muitas opções.

Antes que dormisse, reparei que já era hora. A porta de casa, que eu abria agora, seria aberta pela última vez. Eu iria pegar uma quantidade plausível de comida que garantisse sobrevivência por um tempo razoável, mas que não pesasse ao ponto de eu não conseguir carregar.

Contudo, a imagem que se formou ao primeiro passo para dentro me assustou.

De pernas cruzadas, mãos apoiadas sobre o joelho e cabelos peculiares, espevitados para tudo quanto é lado, permanecia sentado alguém. Mas a pessoa não tinha face. Ou melhor... seria aquilo uma pessoa? Definindo superficialmente, tudo que se notava era uma sombra humana.

Caí com o susto assim que o vi. Tentei apontar a espada, mas eu estava desajeitada demais. Enquanto isso, a sombra se levantava. Sem empunhar a espada, restou-me colocar os braços à frente da cabeça na inútil tentativa de me proteger da tal sombra.

– Por favor, não tenha medo de mim. – pediu a sombra, que tinha a voz de quem me avisou sobre a morte de meu pai mais cedo, desaparecendo.

Minha reação instintiva foi um grito. Logo, a porta abriu-se.

– Está tudo bem, Elesis? – certificou-se Phil.

Respondi negativamente com a cabeça, chorando o mais escandalosamente que pude.

Era tudo tão estranho. Uma voz grossa me avisa do pior de todos os fatos, que foi a morte do papai. E depois uma voz de mulher dá início a uma guerra repentina que sequer se sabe que será verdade. Nada parecia fazer sentido.

***

Dez anos se passaram. Aquele homem que foi me socorrer, Phil, era também o melhor amigo do meu pai. Então, ele tomou conta de mim. Quanto ao Gerard, que agora era o guerreiro de elite do reino, treinou-me em seu pequeníssimo tempo vago. Todos os movimentos, aprendi com meu pai até os seis anos. Contudo, adquiri velocidade e prática com Gerard, que me treinava raramente conforme haviam pedido. Se me perguntassem, nem consideraria Gerard um mestre, já que mais pratiquei do que aprendi com ele.

Ah, sim. Eu completava dezesseis anos, então Gerard logo viria me buscar para virar uma das espadachins de sua tropa, mas eu evitaria isso partindo à incessável guerra naquele mesmo dia, e lutaria por conta agora que estava preparada para buscar pelo meu pai, sem Phil ter motivos para me impedir, como foi até ali – que eu não tinha idade para lutar oficialmente.


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Notas finais do capítulo

A imagem foi retirada do acervo da KOG' Studios. Não sou o autor dela.



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