POV Percy

Aquela noite, foi a melhor de todas as noites. Dormi como uma pedra. E ainda sonhei com a minha loira de olhos cinzas preferida.  Estávamos felizes. Ela sorria e eu também. Eu a beijava e era como se tudo aquilo fosse real, como se meus lábios estivessem mesmo tocando os seus. Por mim, ficaria para sempre naquele sonho.

Acordei com o barulho de meu celular vibrando. Abri os olhos lentamente. Não me lembrava da última vez que durmira tão bem em uma noite como hoje. Olhei para o relógio e vi que já havia passado das onze. Tirei meu sono atrasado.

Peguei meu celular e vi que Annabeth havia me mandado uma mensagem. A abri e li.

"Percy, não precisa passar em casa hoje. Fui fazer uma visita para Luke. Depois te explico o que aconteceu"

De certa forma, não tinha gostado muito daquilo. Por que raios Annabeth fora visitar Luke? Ainda mais naquela hora da manhã? Fechei a mensagem e voltei a me deitar na cama. O dia anterior havia sido ótimo. Annie e eu tomamos milk-shake, como sempre fazíamos. E ela havia encontrado um brinco de Rachel, que esta certamente derrubara de propósito em meu carro quando lhe dei uma carona algum tempo antes de ir para a casa de Zeus. Fiquei pensando na reação de Annabeth. Me peguei sorrindo ao pensar em como ela havia ficado com ciúmes.

Me espriguicei uma última vez e levantei da cama. Dormi se camisa, então assim que sai debaixo das cobertas, um vento frio bateu em meu peito. Peguei uma camiseta e uma blusa, e coloquei minhas calças. Ainda era cedo, então eu provavelmente deveria preparar meu almoço. Mas achei melhor comer alguma outra coisa, afinal sou a última pessoa do mundo em que você pensaria para cozinhar alguma coisa. Certamente a cozinha pegaria fogo ou eu cortaria meus dedos, caso tentasse preparar uma omelete.

Fui para o banheiro e fiquei pensando no que poderia comer. Talvez encontrasse alguma pizza de anos atrás, ou então algum pão comestível. Terminando de usar o banheiro, fui até a cozinha. Abri as prateleiras e dei de cara com um pote de cereal. Era isso ou tentar cozinhar alguma coisa. Peguei o pote e despejei em uma vasilha. Coloquei um pouco de leite e comi rapidamente. A ideia de visitar Grover antes de ir para a casa de Zeus me veio à cabeça de repente. 

Larguei a vasilha na pia e fui pegar as chaves do carro. Estava começando a fica acostumado com aquela Ferrari. Mas não ia deixar meu velho companheiro na mão. Tranquei minha casa e fui para o laboratório tentar encontrar Grover.

Ele praticamente morava ali, só voltava para seu apartamento para dormir, e olhe lá ainda. Grover estava sempre entupido de trabalho, esse era o motivo pelo qual eu só ia vê-lo no laboratório. Não demorou muito, cheguei ao seu local de trabalho.

Estacionei meu carro nada chamativo e fui encontrar meu amigo. Entrei no laboratório e vi que Grover estava com suas luvas e o óculos, devia estar fazendo algum de seus testes. Me sentei no pequeno sofá e pus-me a esperá-lo. Olhei em meu celular para ver se Annie havia dado notícias, mas não havia nada. Já era quase meio-dia, e eu teria que estar às uma na casa de Zeus. Tinha tempo de sobra para conversar com Grover.

Então, uma música me veio à cabeça. Corri para a mesa que ficava na recepção e abri a gaveta que era cheia de papeis cor-de-rosa. Peguei um papel e uma caneta e escrevi. Annie certamente iria gostar. Me perguntei se assinaria meu nome desta vez. Meu peito apertou com esse pensamento. Estava mais do que na hora de fazer alguma coisa. 

Na hora de assinar, me contive. Talvez ainda não fosse o momento, talvez ainda fosse cedo demais. "Pare de ser fraco, Perseu!" minha consciencia gritava. Eu não sabia ao certo o que fazer. Continuava com o papel e a caneta em minhas mãos, mas ainda não havia assinado nada. 

- Bom dia, Percy. Parece que acordou inspirado hoje. - a voz de Grover fez com que eu dispertasse.

Olhei para ele e vi que ele já não usava mais as luvas e nem a máscara. 

- Bom dia, Grover - digo levantando o papel - Estava pensando... Que talvez... Fosse melhor eu assinar com meu nome desta vez.

Grover sorriu para mim com satisfação. Ele sabia que eu queria mais do que nunca me declarar, mas não sabia ao certo como fazer isso. 

- E está esperando o que? - ele me perguntou apontando para o papel em minhas mãos.

Isso. Afinal, o que eu estava esperando? Era só assinar a droga do papel. Era só escrever no final: "Assinado: Percy Jackson". Por que eu estava tão assustado assim? Acho que porque, como minha sorte é incrível, aquela papel provavelmente seria perdido, ou Annie sequer o notaria e, de algum modo sobrenatural, ela nunca chegasse a lê-lo. Estava sentindo que algo assim aconteceria

- Não sei, Grover. E se...

- Percy, já parou para pensar que, com essa sua demora, um dia Annabeth possa se cansar de tanto esperar? Coragem, cara! - Grover me interrompeu - O que acha de você mesmo entregar este bilhete?

Olhei novamente para o papel depois da sugestão de Grover. Ele poderia estar certo. Isso realmente poderia dar certo. Abri um sorriso, já sabendo o que poderia fazer. Grover entendeu meu sorriso e retribuiu com outro sorriso. Eu acho que tinha um plano.

- Já sabe o que fazer, não é? - Grover perguntou.

Sorri e dobrei delicadamente o papel. 

- Sim, mas por enquanto, não posso te dizer nada. - digo.

Grover pareceu um pouco decepcionado, acho que ele queria saber o que eu pretendia. Mas eu não iria contar nada. Ficamos conversando o resto do tempo que eu tinha sobrando. Grover, inclusive, me mostrou o anél de noivado que ele havia comprado para Juníper. Fiquei feliz por saber que ele, finalmente, parecia estar dando um jeito na própria vida. E fiquei feliz por saber também que ele me queria, junto com Annie, como padrinhos de casamento. Me senti honrado.

Me despedi de Grover e fui para a casa de Zeus. Annie não havia ligado nem nada, imaginei que já estaria lá. Mas, infelizmente, não a encontrei. Desci do carro e corri para a casa dos fundos. Queria vê-la novamente, mas ela não estava lá. Encontrei apenas Zeus lendo vários papeis. Eram, com certeza, o trabalho que havíamos começado à noite.

- Bom dia. - eu disse.

Zeus levantou os olhos e pareceu confuso. Deveria estar se perguntando porque Annie não havia vindo. 

- Bom dia. Onde está Annabeth? - ele perguntou.

- Foi visitar um amigo, acho que daqui a pouco ela chega.

Zeus assentiu e voltou-se para um envelope que estava ao seu lado. Ele não tinha selos, e nem endereço. Zeus se levantou e veio até mim, me entregando o envelope branco. Estranhei porque, assim que meus olhos pousaram sobre ele, vi meu nome escrito no mesmo. Olhei confuso para Zeus e notei que ele estava ainda mais.

O abri lentamente e dei de cara com uma letra familiar. Conforme fui lendo não conseguia acreditar no que meus olhos viam.

"Percy, 

Sei que pensou que talves nós poderiamos ter algoma coisa a mais, mas não. Sinto muito por ter que te dizer isso, mas gosto de você apenas como amigo, nada mais. E eu cei que, você, é o único que aceitaria minha felicidade. E estou fazendo isso, vou fogir com Luke. Eu o amo. Semprer foi ele. Esperro que entenda. Ainda te considero como meu melhor amigo. Mas estou partindo com outro homem. O homem que eu amo. Nunca me esquecerei de você, disso eo tenho certeza.

Até mais, te desejo toda a felicidade do mundo

Annabeth"

Minhas mãos começaram a tremer assim que li a última palavra. Não, Annabeth não poderia escrever algo assim, nunca! Além dos erros de português, como ela teria coragem de fugir com Luke? Meu coração pareceu parar naquele momento. Eu a queria, mas ela estava indo embora com o cara que mais odeio.

Amassei o maldito papel e cerrei os punhos. Meus olhos se enxeram de lágrimas, mas eu estava com raiva. Sentia ela me corrompendo. Queria ir até lá e quebrar cada osso do corpo do Castellan. Mas contive. Se Annie estava indo livre e espontanea vontade, eu não poderia fazer nada. Aquilo poderia ser uma brincadeira de mal gosto, mas era a letra dela. Eu conhecia cada detalhe.

Olhei para Zeus com fúria, ele me parecia ainda mais confuso. Já não havia mais nada a ser feito. Eu perdera Annabeth. Só me restava seguir em frente.