— Como assim planejar? — Indaguei para o homem a minha frente. Será que ele estava pensando que ia ser assim tão fácil. Há, vai sonhando meu queridinho, vai sonhando. — Kaito, as coisas não são assim tão fáceis como você pensa, homem. Temos que ter cuidado, é o nosso emprego que esta em jogo!

— Nem começou e já quer desistir? É o emprego? Há. Logo logo não saberão nem mais quem somos, Meiko! Precisamos agir também e fazer com que se lembre de nós.

Suspirei. Ele tinha razão, por um lado ou por outro acabaríamos sendo demitidos e logo expulsos de Crypton. Caminhei, sentando ao lado dele, juntei os joelhos e fiquei olhando para minhas mãos. O que iríamos fazer? Como se ele lesse minha mente, abraçou-me e respondeu baixo.

— Vamos batalhar por nossos sonhos, Meiko.

— Como faremos isso?

— Ué. Vamos nos shows com eles e daremos um jeito de cantar uma música ou podemos cantar em botecos também... — Vi ele levantar e pegar o meu violão que estava no canto, apenas sorri.  — Farei o back vocal e você será a Dama de Vermelho.

Dama de vermelho? Gargalhei alto. Só podia estar brincando.

— Ah claro e depois posso fazer um streep e esperar que coloquem dinheiro na minha calcinha!

— É, quem sabe! — Ele riu. Dei um cascudo no topo da cabeça do homem.

— Vai tomar no cu.

— Ok, ok. Vamos arrumar nossas malas?

Encolhi os ombros e me levantei. Iria me arriscar... Se ganhasse que bom, se perde-se paciência, a vida não iria parar por causa da Crypton. Peguei duas malas, jogando no chão. Não eram grandes, o suficiente para colocar as minhas roupas, separadas das dele.

— Pronto. Acho que essas duas dá.

— Sim... Vamos arrumar.

— Quero levar meus sakes.

— Meiko... não dá. Lá a gente compra.

Fiquei furiosa.

— Não dá, caralho! Nos países ai de fora, os sakes são horríveis.

— Mas você não pode levar garrafa de bebidas no avião...

— PORRA.

Bufei de raiva. Por que não podia levar minhas bebidas favoritas? Que saco... Por falar em bebida, ainda tinha a história da garrafa. Assim que terminasse de arrumar a mala iria procurar a Miku, se ela ainda estivesse na Crypton.

— A Miku e o pessoal ainda está aqui?

— Só até amanhã, eu acho, por que? — Ele ergueu a cabeça e me olhou. Olhei pro lado, colocando mais roupas na mala.

— Nada.

Assim que terminei de arrumar a mala e fechar, sai do quarto. O Kaito iria perguntar alguma coisa, mas acabei fechando a porta antes de ouvir... E foda-se. Ele não era meu namorado para ficar no meu pé. E ainda nem sei porque o aceitei no meu quarto, sendo que ele morava no quarto à frente do meu. Iria procurar a Miku... Primeiro no quarto dela. Quem sabe teria a sorte de encontrá-la.

Subi as escadas, até ouvir vozes...

— Miku, você não pode continuar fazendo isso... vai ferir os sentimentos daquela pessoa.

Era a voz do Gakupo. Subi mais alguns degraus, a Miku estava de costas com a mão na cintura e o Gakupo à frente dela.

— Você me prometeu que ia me ajudar... você sabe Gakupo.

— Não sei de mais nada, Miku... Vai acabar ficando sozinha, isso sim! Pare já com isso!

Ia subir mais um degrau, porque a porra de um passarinho piava na janela e eu não conseguia entender, porém o Gakupo me viu. Idiota. Poderia ter disfarço e continuado a falar, mas não, parou de falar e foi embora. A reação fez a Miku virar-se e me olhar. Ela estava séria e quando percebeu que era eu, sorriu que nem uma idiota.

— MEIIIIKOOOO-CCHAAAN.

— Ah, oi, Miku. — Acabei subindo o restante e ficando no corredor.

A menina me abraçou e eu apenas retribui, afastando-a em seguida.

— Quero conversar com você.

— Vamos pro meu quarto, Meiko-chan... — Ela me puxava e eu, apenas a acompanhei. Mas de quem eles estavam falando? Aquela conversa não saia da minha mente... acabaria perguntando também.