Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 4
A caçadora e a caça




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Eu fico com medo de entrar em estado de choque e não conseguir nem correr, mas tenho sorte por ter um instinto de sobrevivência dos bons. Pulo da árvore quase instantaneamente, sem ligar do impacto no meu tornozelo e dor que vem depois e saio correndo como eu nunca tinha feito na minha vida, sei que eles estavam atrás de mim pelo barulho das armas metálicas e pelas lanças, facas, flechas e machados que são jogados sobre mim, acho que nunca agradeci tanto na vida por ser pequena, quanto menor mais difícil de acertar. Mas não posso contar vantagem, estamos numa caçada, eles são os predadores, eu sou a caça.

Infelizmente a luta era injusta, dez contra uma. O desespero crescendo em meu peito ofegante de tanto correr. Preciso de um plano, não posso correr para sempre. Então solto um grito tão alto que sinto minha garganta arder de dor, mas fico satisfeita com o resultado. Todos os tordos começaram a imitar meu grito, ao mesmo tempo, dezenas de gritos meus ecoam pela floresta. Vejo os carreiristas pararem por um segundo, achando provavelmente que eu fui atingida. Corro para a esquerda e dou mais um grito, então vou desesperadamente para a direita e grito de novo, e assim vai, até que em pelo menos num raio de cem metros se ouve dezenas de “Maysilees” gritando. Resolvo parar por dois segundos mínimos para resgatar um pouco de fôlego

–Que droga Mason, me dá esse lança-chamas aqui! – diz a menina que pelo jeito deve ser a líder – Vocês dois vão por ali, você por aqui e vocês dois aí, vão para aquele lado e vocês se dividam e vão para os outros lados, entenderam? Eu vou por aqui. Mason, ainda não parou de sangrar? Então vem comigo... E PARA DE RECLAMAR! – pude ouvir seus gritos continuarem, ou seja, ela estava vindo na direção certa... Na minha direção.

Olho para a árvore, será que eu conseguiria escalar a tempo? Eu tenho que tentar, não consigo mais correr, e se eu escalasse a tempo, talvez eles nem me achassem mais. Não tenho mais tempo para pensar, corro para a primeira árvore que vejo e começo a subir. Não é tão fácil como da primeira vez, minhas mãos estão suadas e tremem muito. O medo, a adrenalina, é demais para mim, mas eu não tenho opção, então me forço a subir. A árvore não é tão alta como a segunda, mas não estou nem na metade e ouço o barulho de passos e uma faca sedo afiada

–Não tenha medo querida, a gente só vai matar você, prometo. – ouço a estranha risada dela, que provavelmente se imaginava incluída na minha morte, como assassina – Mas quanto mais você fugir, pior sua morte vai ser, então é melhor você aparecer, garota!

–Espera! – diz o menino que está junto dela – Não ouço mais passos...

–Como dá pra saber com esses pássaros idiotas gritando? Mason, por favor...- ela para e eu também, pois pela proximidade da voz eles estão bem embaixo da minha árvore. Então continuo a subir, mais rápido que antes e chego ao topo da árvore antes que ela continue a falar – Preciso do seu lança-chamas, Mason... AGORA! Já perdi minha paciência com essa menina, vamos fazer um belo e longo espetáculo para o público!

Os tordos começam a parar de imitar meus gritos aos poucos. Paro um pouco na árvore e encaro uma menina muito musculosa e o dobro do meu tamanho, e um menino do mesmo tipo dela que está com um corte no rosto, e então acontece uma coisa estranha... Me lembro de uma parte da minha entrevista com Caesar...

“-Sabe Maysilee, você é muito simpática – ele sorri – e isso é ótimo!

–Porque? – eu pergunto sem muito entusiasmo

–Dizem que quanto mais simpática, mais mortífera - ele não sorri, mas me encara como se esperasse uma resposta... ”

Então era a isso que ele se referia? Mortífera... Essa é a hora de comprovar isso, não posso me esconder para sempre, então faço uma coisa idiota:

–Hey! – grito – Estou aqui!

O tempo parece desacelerar, eu arranco um dardo da bolsa ao mesmo tempo em que a menina esquenta a ponta do seu machado com o lança-chamas do menino, então o tempo volta ao normal, mas eu e a menina ainda parecemos sincronizadas, no mesmo instante em que ela joga o machado na minha direção, eu lanço meu dardo no coração, não dela, mas do menino. Só tenho tempo de ver o dardo entrar exatamente no lado esquerdo peito do menino e depois olhar para minha barriga e ver a lamina em chamas enterrada nela.


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