-Churrasco coletivo no návio! -gritou Alice enquanto dançava de felicidade, eu estava sentado em um cadeira, lendo um livro, com um guarda-sol enorme me cobrindo do sol do alto mar, e um copinho de suco de uva na bancada ao lado da cadeira, resumindo, totalmente fora do clima do návio.

-Vamos lá não vai ser divertido? -disse ela.

-A: Eu odeio pessoas, B: Você só está feliz por causa da carne, C: Tem muito sol, eu odeio sol, D: Estou com maresia, E: Meu personagem favorito no livro acabou de tomar uma porra de um facada nas costas de um bezouro gigante.

-Nossa, você é depressivo...

-Realista, não tem motivo pra eu ficar feliz aqui, eu quero que esse návio exploda, com todos os tiosinhos, vadias, tripulação, bombados e joguinhos que estiverem aqui dentro.

-Séria divertido.

-Hey vocês! -disse uma loirinha de um grupo de garotas, estavam passando perto da gente. -Vocês estão vestindo só jeans preto e couro, não podem entrar no clima do návio? Qualé, coloquem uma roupa mais descontraida!

-Tem cinco segundos pra sair do meu campo de visão vadia. -tirei minha visão do livro por um instante, olhando pra elas como quem iria estrupá-las e depois espanca-las até a morte, funcionou elas foram embora.

-Quando a comida fica pronta? -Alice olhava pro boffet esperando os cozinheiros trazerem a comida. 

-Não sei.

-Que livro é esse?

-Eragon.

-Você tá muito concentrado nesse livro, eu vou descolar um rango pra mim! -ela saiu, dando alguns pulinhos enquanto andava.

-Você parece muito bem hoje não é, Órion Del Diablo? -eu reconheci a voz, me virei e me vi olhando para um mulher de cabelo castanho, vestindo um bíquine branco, sentada na cadeira ao meu lado, seus olhos estavam cobertos por um grande óculos de sol, uma flor vermelha estava presa em seu cabelo.

-Afrodite, por que você está atrapalhando minha paz? -perguntei sem tirar os olhos do livro.

-Hora, não está fascinado com minha maravilhosa beleza? -ela perguntou um tanto quanto surpreza.

-Na verdade... Nem te acho bonita. -Fatallity!

-Q... Que?! -ela ficou chocada, a mágia de Afrodite fazia com que você a visse como uma mistura perfeita de todas as mulheres que sentia atração, ela podia ser loira, morena ou qualquer outra coisa, tudo para você a ver como a mulher mais linda da face da terra, uma pena pra ela que isso não funciona comigo.

-Você não veio aqui pra discutir isso não é? Se sim pode voltar pro salão, eu não gosto da sua presença -eu não estou de bom humor hoje.

-Bem... Eu vim aqui discutir sobe seu futuro romântico! -tem gente que pede pra apanhar, Afrodite é uma dessas pessoas. -São tantas probabilidades, e além disso você ja está nessa missão pra salvar sua namorada.

-Para por ai, eu to aqui pra salvar Yakusa, ele é um soldado forte demais pra se perder, minha namorada é um assunto relevante, salvar ela ou não, isso não faz diferença.

-Mentira!

-Eu não minto. -por um instante olhei para ela, e depois voltei ao livro.

-Mas tem tantas surpresas no seu caminho, você vai ver como o amor é lindo!

-O amor é nojento... E tenho vários motivos pra afirmar isso.

-Tipo quais? Garotinho que não entende de nada!

-Por causa de um amor entre um homem e uma mulher, houve a Guerra de Tróia, muitos inocentes morreram, por causa do amor de homens a sua religião, ocorreram as Cruzadas, por causa do amor de um homem a sua pátria, foi fundado um grupo racista que matou negros, homosexuais e judeus aos montes, sem falar dos outros inocentes que morreram durante a máldita guerra para tentar deté-lo! Por causa do amor dos homens ao dinheiro, milhares morrem em guerras, de fome e de todo tipo de doença pelo mundo todo, o amor é um sentimento que eu repúdio, algo que não deveria existir, eu prefiro o ódio, ele é sincero, e muito melhor que o amor, agora tire essa sua cara de prostituta daqui antes que eu a arranque de você e de como comida aos peixes!

-Vai se arrepender garoto! -ele estalou os dedos e desapareceu em um monte de brilhos

-Vadia...

-Quem era aquela mulher? E como ela sumiu? -perguntou Alice sentando na cadeira até pouco tempo ocupada pela deusa, com um enorme sanduiche na mão.

-Vênus... Veio encher minha pâciencia.

-Hum... Que um pedaço? -ela me ofereceu.

-Não... Pode comer...

-Tá! -ela sorriu. E começou a comer, assim que terminou começou a falar... -Você não gosta muito dos deuses né?

-Nunca me deram um motivo pra gostar deles, até hoje, apenas me irritaram.

-Mas não é por causa disso que vai para o lado mal, não é? -quando ela falou lado mal, provavelmente estava se referindo a Cronos.

-Não existe bem ou mal Alice, apenas pessoas lutando pelo que acham certo... Pontos de vista, é isso que existe, Cronos acha que está certo, os olimpianos acham que estão certo, é como uma pártida de xadrez, eu, você e os outros semi-deuses, somos apenas peões.

-Você fala como se não estivesse nem ai pra para o lado que ganhar, tanto faz pra você...?

-Eu não me importo, para mim nem os deuses ou os Titãs importam, os dois lados são apenas orgulhosos, não se importam com ninguém além deles mesmos, os olimpiados veem os humanos como diversão, os homens como galos em uma rinha, as mulheres com brinquedos criados com o único proposito de dar prazer a eles, e os semi-deuses... Bem, nós somos os cães de guarda dos deuses.

-Se você diz... -ela suspirou, e os cozinheiros chegaram e levaram o buffet para dentro e depois de um tempo o retornaram com ele cheio de comida, a Alice chegou antes que todos e começou a servir, enquanto o carinha de camiseta havaiana anunciava o começo da festa, ou o meu sinal pra ir embora daquele lugar antes que toca-se música pop, se fosse o Michael Jackson até que eu ficava, mas nunca iriam lembrar de colocar qualquer coisa que prestasse.

Sai do deck principal do návio e caminhei pelos corredores, até chegar em uma área onde eu nunca fui, mesmo sendo bem perto da cábine onde eu estava, o bar (não o barzinho onde servem sucos, é um bar daqueles onde tem Vodka, Whiskey, Conhaque entre outros) o barman estáva lá, limpando os copos.

-Hey garoto! Por que não vem aqui, aposto que está sozinho, não deve gostar de se enturmar! -conversar com o barman, parecia um boa ideia... Me sentei em um daqueles banquinhos que ficam grudados na frente do balcão.

-Em que tipo de missão você está? -ele perguntou, se eu estivesse tomando qualquer coisa eu estaria guspindo tudo agora.

-Hãn?!

-Michael Lennis, filho de Hermes! -ele tinha cabelos curtos e estampava um sorriso malandro, vou prestar atenção nesse cara.

-Como descobriu que eu era um semi-deus?

-Afrodite não fala tão com mortais, e nem sai ofendida e zangada quando fala com eles, você deve ser poderoso para não cair na mágia dela.

-É fácil... 

-Mas me conte, essa sua missão, eu sei que está em missão.

-Tenho que salvar um dos semi-deuses mais fortes do acampamento, é minha namorada, mas ela é relevante. -ele pegou um copo e serviu um pouco de água nele, eu tomei.

-Hum... E quem seria esse semi-deus?

-Yakusa Lee.

-Ele?! Como alguém poderia ter sequestrado ele?!

-Não faço a mínima ideia, mas é isso que quero descobrir, e coloque mais um pouco de água nesse copo.