Cat’s P.O. V

–Cat! Vamos logo! – Camila gritou enquanto caminhávamos até o carro da minha mãe.

–Olha, eu já não queria fazer o trabalho hoje e você ainda grita no meu ouvido! – respondi.

–Eu sei que você não consegue viver sem a minha pessoa. Olá, tia Elena! – ela dizia enquanto entrava no carro.

E aqui estou eu novamente! Catelyn Thompson! Só que um pouco diferente do que eu era. Um pouco? Ok, totalmente diferente. Agora eu não sou mais aquela garota bobinha e gordinha que vivia sonhando pelos cantos. Sou uma versão mais madura, mais fria e mais, como o Harry diria, em forma.

Nós saímos de Londres e fomos morar no Rio. Eu assistia The X Factor toda semana, porque apesar de o Harry ter me magoado daquele jeito, eu ainda o amava. Toda vez que via ele me dava um aperto no coração e eu me sentia um lixo. Então, em uma noite, eu me dei conta de quão burra eu estava sendo de ficar daquele jeito por um garoto que nem se importava comigo. No dia seguinte, praticamente implorei para os meus pais me colocarem em uma academia e me levarem em uma nutricionista. Me esforcei praticamente todo dia por dois anos para chegar ao meu tamanho 38 de hoje em dia. Enfim, dei a volta por cima e me esqueci dessa pessoa chamada Harry Styles.

Quando chegamos em casa, fomos direto almoçar e depois começamos nosso “trabalho”. Na verdade ficamos conversando a tarde inteira. Estávamos olhando um site de notícias, quando me deparo com uma foto da One Direction, que estava começando a ficar cada vez mais famosa. Camila, que já sabia da minha história, disse:

–Er, vamos começar o nosso trabalho?

–Camila, você sabe que tá tudo bem, né? Eu nem me importo mais com ele... – fechei o laptop.

–Eu sei, mas sei lá, vai que você tem uma recaída? Você não merece sofrer por causa dele.

–Escuta, Harry Styles, nunca mais vai colocar a minha vida de cabeça pra baixo novamente, entendido? – ela assentiu – Ótimo! Agora vamos fazer o trabalho logo, antes que minha mãe brigue comigo.

Ficamos fazendo esse trabalho até, mais ou menos, umas duas horas da manhã, quando fomos dormir. No dia seguinte, minha mãe nos acordou e fomos tomar café.

–Mãe, não precisava ter acordado a gente tão cedo. – falei enquanto bocejava.

–Bom dia pra vocês também! – ironizou meu pai fechando o jornal.

–Bom dia! – respondemos eu e Camila, sonolentas.

Tomamos o café tranquilamente, quando o meu pai e minha mãe começaram a ter uma troca de olhares bem misteriosos. Ignorei e continuei a comer normalmente quando não deu mais para aguentar:

–Tudo bem, o que está acontecendo?

–Hmm, filha, podemos conversar sobre isso depois? – pediu minha mãe.

–Por quê? Porque a Camila tá aqui? Que isso, ela já é da família, né Cammy? – dei uma cotovelada de leve em seu braço.

–Acho que sim... – ela respondeu meio constrangida.

–Bom, a Camila teria que ficar sabendo disso de um jeito ou de outro, né amor? – disse meu pai se dirigindo a minha mãe.

–Quem sou eu para discordar. – ela limpou a boca com um guardanapo e disse: - Hmm, filha, nós vamos ter que voltar para a Inglaterra.

Camila, que tomava seu suco, começou a engasgar violentamente. Minha mãe, rapidamente se levantou para ajuda-la enquanto eu permanecia congelada.

–Catelyn, se levanta daí e venha ajudar! – meu pai ordenou.

Depois que Camila se acalmou eu perguntei para ele, o porquê de estarmos voltando para lá.

–Bom, a empresa vai abrir uma filial em Londres e...

–Em Londres?!

–Você pensou que voltaríamos para Holmes Chapel? Não! Enfim, eles acabaram de abrir uma filial lá e me deram uma promoção.

–Eu não acredito! Quando eu finalmente me acostumo com esse país eu vou ter que me mudar? De novo? Vai ser sempre assim?

–Filha, seu pai sempre faz o que é melhor para nós... – minha mãe tentou argumentar.

–O que é melhor para nós? Você realmente acha que ficar mudando de anos de anos em anos é uma coisa boa?

–Catelyn, pare de gritar com a sua mãe, agora! Primeiro: Eu pedi permanência, o que quer dizer que nós não sairemos de lá, a menos que haja uma urgência. Segundo: Eu sempre, sempre farei o melhor para nossa família, nunca duvide disso! Você tem ideia do quanto isso vai ser bom para todos nós? – ele levantou o tom de voz, o que fez Camila se encolher na cadeira.

–Camila, querida, acho melhor você ir para casa. – minha mãe a acompanhou até a porta.

–Quando nós vamos nos mudar? – perguntei quando a minha mãe voltou.

–Semana que vem. Filha, escuta... – ela se aproximava para me abraçar, mas eu me afastei e fui para o meu quarto.

Tranquei a porta, enfiei a cara no travesseiro e comecei a chorar. Eu iria voltar para tudo o que eu estava tentando evitar, pois se no Brasil eles ainda não eram conhecidos, lá eles eram. One Direction e Harry Styles estavam por todo o lugar e eu não sabia se iria conseguir lidar com isso. De repente, um flashback veio a minha mente. O dia em que eles disseram que nós teríamos que voltar para o Brasil e também o dia em que...

Me lembrei de que tudo havia mudado. Me lembrei que eu não era mais aquela garotinha bobinha. Me lembrei que eu tinha dado a volta por cima. E então, veio na minha cabeça a ideia de mostrar para ele no que a “pequena Cat” havia se transformado.