Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 18
"Por que tão diferente?"


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NOVOAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!
Eu disse que ia postar o capítulo logo que digitasse, e estou cumprindo com a minha promessa.
Mas esse é o último. O próximo já sai no ritmo normal de postagem, uma vez por semana.
Bom, eu digitei a maior parte do capítulo ouvindo Sapabonde (se vc não sabe o que é isso, pode perguntar no review que eu respondo xD). Então se tiver alguma coisa meio diferente, é por causa disso.
Leeeiam!



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– Eu aviso se ela ligar, Tori. Pode deixar. – Yuri disse-me enquanto saíamos do ônibus.

– Ok. Eu sei que moramos lado a lado, mas anota meu telefone. – Respondi e tirei uma caneta preta da bolsa, puxando a mão esquerda de Yuri e anotando o número da casa de Jordan ali.

Ele riu.

– Ok, obrigado. – Mais um sorriso daqueles que pareciam irradiar. – Até mais tarde!

– Até. – Sorri de volta e me virei para o meu caminho. Abri a porta da casa e soltei um sorriso longo e fundo, pensando novamente em Madison.

– Boa tarde, Victoria! – A voz de Jordan se fez ouvir.

Joguei minha bolsa sobre uma poltrona e andei até a cozinha.

– Como foi a aula?

Enchi um copo d’água e dei um gole.

– Ótima! Ah, só por curiosidade... tem quantos alunos naquela escola?

– Uns oitocentos e pouco. Por que?

– Agora tem oitocentas e poucas pessoas que sabem que eu namoro uma garota. – Dei uma risada seca e entrei no corredor que levava aos quartos.

Entrei no meu e fechei a porta e as cortinas. Tirei a blusa branca, a saia vermelha e os tênis e coloquei shorts, um par de tênis boot e uma camiseta azul clara sem mangas. Levei o uniforme até a área de serviço e joguei-o na máquina de lavar junto com algumas outras roupas.

Coloquei o molho de chaves no bolso, peguei meu skate e atravessei a sala.

– Vai sair, Victoria?

Bati a porta.

...

Subi a rua em direção à praça e logo encontrei Yuri, sentado num banco conversando com uma garota de longos cabelos loiros e olhos muito azuis.

– Oi! – Sorri para os dois.

– Tori! – Yuri fez o mesmo e eu vi a menina mirar fixamente seu rosto. Parecia encantada com seu sorriso radiante. – Essa é Dora, uma amiga minha.

– Muito prazer, Victoria. – Me apresentei e trocamos um aperto de mãos.

– Você é namorada dele? – Ela perguntou.

Nós rimos.

– De jeito nenhum. Yuri é meu amigo e nada mais que isso! – Respondi.

– Exatamente, nada mais que isso. – Ele concordou ainda rindo.

– Eu vou indo. Foi bom falar com você, Yuri. – Dora se levantou e beijou o rosto dele. – Tchau, Victoria. Prazer em conhecê-la. – Ela sorriu.

– Igualmente. – Sorri de volta e a esperei se afastar antes de me voltar para Yuri. – Por Deus, Yuri! Que gata! O que tá rolando, hein?

Ele ficou levemente corado.

– Que isso, Tori! Não tá rolando nada! Eu nem gosto muito dela.

Eu ri e cruzei os braços.

– Ok, tá bom. Vou fingir que acredito. – Ele riu.

– Vem, vamos andar de skate, Tori. – Ele levantou-se e esticou a mão para mim.

...

Os dias que se passaram foram quase idênticos um ao outro.

Pela manhã eu ia à escola, mas não antes de presenciar Jordan tentando ser legal comigo. Nicholas fazia quase o mesmo na escola, fazendo minha paciência ir para os ares em minutos. E não importava quantos foras ou perdidos eu desse, ele sempre voltava a me incomodar.

Na volta da escola, eu almoçava em casa e logo depois me encontrava com Yuri na praça. Lá nós conversávamos, andávamos de skate e lanchávamos.

Depois da mensagem deixada por mim no número de Madison, nos havíamos conseguido nos falar, e desde então ela ligava todos os dias para o telefone público, e ali nós conversávamos por um tempo e ela me mandava novidades de Robert e meus amigos. Mas mesmo assim a falta deles forte e frequente, e eu ainda não me acostumara com ela. E assim meus sonhos me faziam acordar quase chorando no meio da noite.

Quando era hora de Jordan chegar em casa, eu fazia o mesmo, e aguentava novamente toda a chatice do “meu pai”. E então eu ia para o meu quarto e ali eu estudava, comia, tomava banho e dormia, para começar um novo dia bem parecido com o anterior.

Isso perdurou até o sábado seguinte. Naquele dia, eu não tinha aula, mas também estava sem nada pala fazer.

Yuri saíra para almoçar com a família e só voltaria à tarde. Obviamente eu não o culpava. As pessoas em geral não eram como eu, sozinha e com uma vida meio estragada.

Jordan também saíra para o seu trabalho, que eu não sabia muito bem o que era – mas também não tinha o menor interesse.

Então o que me restava era ficar deitada na cama, folheando alguns dos livros que eu trouxera enquanto as músicas So Far Away e Dear God se repetiam pela terceira vez nos fones de ouvido.

So Far Away me lembrava muitas coisas. A minha vida de Liverpool, principalmente, mesmo que quase nunca aparecesse nos meus pensamentos, já que nos anos anteriores todos os meus esforços para esquecer a dor me fizeram esquecer também de pensar nela.

Ela e Dear God também me lembravam Fort Lauderdale. Madison, principalmente. Eu pensava no quanto precisava dela perto de mim, e o quanto ela estava longe. Tão longe de mim.

Uma ideia surgiu na minha mente como um estalo. Desliguei a música, coloquei os livros de lado e me levantei da cama. Troquei o pijama por uma blusa larga com a bandeira da Inglaterra, que tinha um dos ombros caídos, shorts e um par de tênis. Dei um jeito no rosto e no cabelo e coloquei no bolso da bermuda o necessário para a saída: dinheiro, chaves, o celular e dois papeis dobrados.

Tomei um táxi até uma área mais central de Miami, onde as pessoas andavam com roupas de banho pelas ruas. O sol brilhava e as palmeiras derramavam uma sombra leve na rua. Era quase como aquele trecho da música Paradise City, dos Guns n’ Roses: “take me down to the Paradise City where the grass is Green and the girls are pretty.”

Bom, pelo menos o cenário. Eu não me enquadrava ali, se aquele fosse o caso.

Pedi para que o motorista parasse em frente a um salão de beleza com paredes lilases e portas de vidro escurecido e paguei a corrida.

Logo na entrada havia um grande balcão onde um homem baixo, mas forte atendia telefonemas e anotava coisas. Assim que apareci em seu campo de visão, ele sorriu para mim.

– Bom dia. O que deseja?

– Tem algum horário livre para agora? Eu quero cortar o cabelo.

O homem deslizou o dedo por uma página de uma agenda aberta em meio de tantos papeis.

– Oh! É seu dia de sorte. A cliente das dez desmarcou!

Sorri.

– Com certeza. – Concordei.

– Por favor, me acompanhe.

Obedeci-o enquanto andávamos entre as diversas cadeiras, onde mulheres – em sua maioria – arrumavam os cabelos e unhas e conversavam.

– Dee! – Ele chamou e outro homem surgiu. Este era alto e magro. Tinha a pele branca e os cabelos espetados, e trajava um avental com a logomarca do salão.

– Sim?

– Ela quer cortar o cabelo. – O primeiro me indicou.

– Ok. Venha, querida. – Ele sorriu para mim e me puxou pelo braço.

Sentei-me na cadeira que ele indicou, onde meu cabelo seria lavado.

– E então, qual é o seu nome?

– Victoria. – Respondi.

– Muito prazer, eu sou Dee. – Eu sorri. – E quantos anos tem?

– Quinze, quase dezesseis.

– É jovem, então! – Assenti.

– Tem namorado?

Eu ri.

– Não. Namorada. – Dei de ombros.

– E qual é o nome dela? Por que não veio com você?

Ri de novo.

– Madison. E eu me mudei faz pouco tempo. Ela ficou em Fort Lauderdale.

– Ah... que pena. – Não foi uma exclamação muito falsa.

Dee enrolou meu cabelo numa toalha pequena e me guiou até uma cadeira frente a frente com um espelho.

Peguei numa cesta uma revista de cabelo e comecei a folheá-la enquanto o homem penteava meus fios.

– E aí, o que vamos fazer? – Ele perguntou e eu bati o dedo na página aberta.

– Isso aqui.

– Uau! Mas por que tão diferente?

– Ah. – Dei de ombros. – Sei lá. Deu vontade de mudar.

Dee riu.

– Entendo.

Ele abriu sobre um balcão de vidro uma bolsinha com tesouras e navalhas. Ao lado haviam pentes de todos os tamanhos, e também prendedores de cabelo. Estes foram usados para separar e prender as partes do meu cabelo, para que o corte novo tomasse forma.

Dali a quarenta minutos, finalmente as tesouras e pentes descansaram novamente sobre o vidro. Dee pegou um espelho ao seu lado para me mostrar a parte de trás do cabelo.

– E aí, o que achou?

Abri um sorriso largo.

– Ficou perfeito. Muito obrigada, Dee.

– Por nada, querida. Volte sempre, certo?

Assenti.

Me olhei novamente no espelho e mexi com os dedos no meu cabelo, para deixá-lo do meu jeito antes de voltar ao balcão para pagar e sair dali.

Andei por alguns minutos, até parar em frente a um estúdio. Empurrei a porta de vidro ainda mais escuro do que o do salão e este tocou uma campainha, chamando a atenção da mulher que ali estava.

Ela tinha os cabelos vermelhos até quase a cintura, com a lateral do lado direito raspada. Alargadores nas orelhas, piercings no nariz e lábios e tatuagens nos braços.

– Posso ajudar? – Ela sorriu para mim.

– Bem... sim. Eu queria fazer... uma tatuagem. – Respondi.

– Certo. Qual é a sua idade?

– Dezesseis. – Menti um ano. – Mas eu trouxe uma autorização.

Tirei do bolso o papel dobrado por duas vezes no meio e entreguei-a. Ela o desdobrou e analisou com os olhos.

– Ok, está certo. – Ela colocou a folha sobre uma mesinha. – Bom, vamos à tatuagem. Qual, como e onde será?

Tirei outro papel do bolso, mas dessa vez era meia folha de caderno meio amassada. Havia uma frase escrita com letras caprichadas ali. Entreguei à ruiva.

– Bem bonita a frase, garota. Onde vai ser?

– Não escolhi um lugar certo. Onde você acha que fica melhor?

– Bem... – Ela parou para pensar. – Se você quiser algo discreto, pode fazer na costela. Se não, acho que no braço fica interessante. – Ela tocou o meu braço no ponto certo. Um palmo abaixo do ombro.

– Deve ficar legal aí. Pode ser.

– Ok. – Ela sorriu e me indicou uma maca alta. – Senta aí.

Obedeci ao pedido e ela puxou para perto de si uma mesa com as coisas necessárias para uma tatuagem. (N/A: eu nunca fiz nenhuma tatuagem, e não farei tão cedo, então eu não sei como acontece. Quebrem essa, vai.)

Primeiro houve o desenho a lápis. Olhei no espelho e vi que ficaria legal.

– Aí mesmo? – Ela perguntou.

– Com certeza.

E então começou.

– A frase é para alguém em especial? – Ela perguntou e eu ri.

– Não exatamente. Bem, mais ou menos, na verdade. Eu gosto dela, e é uma brincadeira que faço com a minha namorada. – Dei de ombros e ela arqueou as sobrancelhas.

– Uau! É raro ver garotas da sua idade com namoradas.

Eu ri.

– Pois é. Já ouvi isso antes. – Dei de ombros. – Mas nós estamos juntas desde os meus quatorze.

– E qual é o nome da garota?

– Madison. – Respondi.

– Ah, agora faz sentido. – Ela sorriu. – E eu sei que ninguém perguntou, mas a minha se chama Rachel.

Sorri.

– Sério? Que legal! – Respondi com verdadeiro entusiasmo.

Enquanto a tatuagem era sendo feita, ela puxava assuntos para me distrair da dor – que não era tão forte -, e assim começamos a falar de namoradas e outras coisas do gênero.

– Pronto. – Ela colocou a máquina sobre a mesinha e passou novamente o algodão sobre a tatuagem já pronta. Levantei-me dali e andei até um espelho pendurado na parede, vendo o novo componente da minha pele.

– Ficou muito boa. – Sorri abertamente e ela também o fez. – Obrigada.

Ela colocou o curativo ali e sorriu de novo.

– Espero que você volte logo para Lauderdale, para ela ver sua nova tatuagem.

Assenti.

– Eu também.

Acertei o pagamento e, não antes de agradecer novamente a mulher, saí dali.



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Notas finais do capítulo

Uma transformação e tanto, né? Pois é, nossa Tori (já peguei o apelido do Yuri > <) tá meio rebelde kkkkkk
Ah! Uma pequena lembrança: durante a enquete que teve lá no inicinho da fic, a minha amada Sweet Morphine (que na época chamava Joy/BruunaKaulitz e mais uns noventa mil nomes diferentes) sugeriu So Far Away, e eu coloquei no cap.
E quem não entendeu a parte da música Paradise City, tá escrito "Me leve para a cidade do paraíso, onde a grama é verde e as garotas são bonitas." é uma música [fodástica] do Guns.
Haam... que mais?
Ah, sim. Vocês ficaram curiosas com o cabelo e a tatoo? Espero que sim xD Foi por querer!
No próx cap eu posto como são os dois, mas por enquanto vocês ficam na curiosidade, kay?
Ah, e me perguntaram isso aqui esses dias, então eu respondo para não restar dúvidas: SIM, eu sou lésbica. Gosto de mulheres e tal. Só pra deixar claro, kay?
Haam... que mais?
Eu tinha várias notas pra colocar aqui, mas acho que é só isso mesmo. Quem comentou no último cap foi a
> LeahAddams
> BeehMonsen
> Alice Ferrocosta
Não vou reclamar por que postei esse capítulo hoje mesmo, né. Mas espero mais reviews!
E, pra fechar com chave de ouro:
VAI, NÃO SE ESCONDE, VEM PRO SAPABONDE!!
Malz...ainda tô no clima.
Por hoje é isso, pessoal!
Fui!