Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 17
"Afinal…eu tenho uma namorada."


Notas iniciais do capítulo

Awwwwwwwwwwwwwwyeeeeeeeeeeeeeeeeaaaaaaaaaah!
Finalmente, mano!
Consegui postar antes do tempo previsto, viu, amores?
Mesmo com as tretas dos castigos, eu cumpro minhas promessas u_u
Leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiam já!
E eu vou postar o próximo assim que eu conseguir digitar, já que eu tenho que acertar minhas dívidas com vocês, né?
That's it!



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Frank acompanhou o silêncio da sala por alguns instantes antes de começar a falar.

– Eu concordo com você, Victoria. – Sua voz era calma, como se absolutamente nada houvesse acontecido. – Mas por que defende esse ponto de vista? 

Respirei fundo. A sala ainda em silêncio aguardava minha resposta.

– Eu… Não concordo com o que Lively disse. – Dei uma pausa muito longa, como se tivesse parado de falar. O prof. Frank já estava abrindo a boca quando eu continuei. – Afinal…Eu tenho uma namorada.

Se antes a sala estava em silêncio, agora este era sepulcral. Mas foi tão intenso quanto curto, já que no minuto seguinte as conversas já tomavam conta da classe.

Frank se dirigiu à porta e fez sinal para que eu o seguisse, então ambos saímos da sala barulhenta e fomos para o corredor. Ele se encostou na parede antes de começar a falar.

– Bem, Victoria. Achei muito corajosa a sua atitude de, digamos, “se assumir” assim, logo no primeiro dia de aula. Mas creio que você deve saber que como toda escola, a Haymitch Abernathy tem muita gente legal, mas também há preconceito. Ao fazer o que você fez, automaticamente assumiu o risco de ser “assunto” de todos os alunos, afinal eles irão comentar.– Sim. Eu sei disso. Mas é melhor que ter de esconder.

O professor sorriu levemente.

– Você está certa. – Ele deu uma leve pausa. – Veja, Victoria. Eu não disse o que disse para te assustar nem nada disso. Na verdade, é que eu sei como é isso. Eu também tenho um companheiro, sabe? Nós estamos juntos há quatro anos e já passamos por muitas adversidades, tanto juntos quanto separados por causa disso. Eu já enfrentei muito preconceito e sei como é ruim. Ruim não, péssimo. Então… Se precisar de algo… Se acontecer algo… É só falar.

Seu rosto de trinta e poucos anos tinha uma expressão solidária. Ele sorriu.

E eu também.

– Muito obrigada, professor. 

– Frank. – Ele corrigiu. – Me chama de Frank.

– Ok. – Acenei positivamente com a cabeça, soltando um riso baixo por entre os lábios.

– Vamos entrar? 

Assenti. Ele empurrou a porta e estávamos de volta á sala.

As conversas continuavam, mesmo quando Frank pediu por silêncio duas vezes. Mas quando ele deu um grito, o silêncio foi quase completo.

A aula transcorreu normal. O tema anterior não foi mais abordado, e Frank passou um pequeno texto sobre o respeito e sua importância.

Pouco tempo depois o sinal finalmente tocou. Aguardei que todos saíssem para me levantar. Demorei um pouco mais colocando alguns materiais na bolsa. Frank me deu um sorriso cúmplice que eu retribuí antes de deixar a sala.

Alguns grupos de alunos me olhavam e comentavam. Em cada um deles havia pelo menos um dos alunos da sala de Filosofia.

Ignorei tudo o máximo que pude, caminhando normalmente até o corredor do meu armário. Abri-a e tirei alguns dos materiais que pesavam a bolsa, colocando os da próxima aula: matemática.

Caminhei diretamente para a sala, mas dessa vez me sentei o mais atrás possível, e ali me manti quieta e calada, aguardando o professor entrar.

Houveram comentários e olhares nada discretos direcionados à mim. De qualquer forma, eu não me importava. A culpa era minha mesmo.

Já em direção à aula seguinte, eu conseguia sentir os olhares praticamente me perfurando no corredor. Pelo menos eu não imaginava nada de diferente. Mesmo que não houvesse estranhamento de alguns, a curiosidade passava por cima da discrição.

Eles pareciam procurar em mim algo que mostrasse o fato explicitado mais cedo, como se fosse algo físico e visível.

E isso continuou durante a aula do terceiro tempo inteira.

No intervalo, comprei uma maçã e decidi por ficar sozinha em uma mesa vazia. Aquela não era uma oportunidade muito boa de fazer amigos.

– Victoria? – Uma voz masculina me chamou.

– Sim? – Me virei e vi Nicholas com uma bandeja cheia de comida se sentando à nossa frente.

– Posso sentar aqui? – Ele perguntou rindo levemente.

– Já que já sentou... – Ironizei e o vi rir de novo.

– Eu ouvi o boato que está rolando. Uma droga, né? Aposto que é inveja dessas meninas daqui. É raro ver uma menina infinitamente mais bonita que elas só de tênis e sem maquiagem.

Eu ri sem muito humor.

– Não é inveja e nem boato, Nick. Eu tenho mesmo uma namorada. O nome dela é Madison, e ela ficou em Lauderdale. – Dei de ombros.

– Ah...entendo. Mas você é mesmo...

– Claro, Nick. Se eu tenho uma namorada é meio óbvio, não? Eu sou gay sim.

Ele parecia meio sem palavras. Ri pelo nariz.

– Vou jogar isso no lixo. – Apontei o resto da maçã e me levantei, caminhando até a lixeira mais próxima.

Vi Yuri se aproximar e sorri abertamente.

– Yuri! – Chamei-o.

– Ei, Tori! – Ele sorriu também.

– Tori?!

– É. Um apelido. Não gostou? – Sabe o Gato de Botas do Shrek? Então.

– Não, não! É bem legal. Eu gosto. Estranhei porque ninguém nunca me chamou assim. – Expliquei.

– Ah. Onde você se sentou?

– Eu estava sozinha numa mesa... bem, até um garoto chato chegar conversando comigo. Eu não tive paciência. – Nós rimos.

– Vem, senta com a gente! – Ele chamou.

– Tem certeza?

– Relaxa. Os meninos são gente boa, e se alguém abrir a boca vai arcar com as consequências. – Ele abriu outro sorriso daqueles e eu não consegui impedir de fazer o mesmo.

– Mas quem era o garoto? – Yuri perguntou enquanto andávamos em direção à mesa.

– Nicholas. – Respondi.

– Meu Deus! Não anda com ele, Tori. Esse menino tem uma fama meio péssima aqui. – Ele riu de leve.

– Eu não pensava nisso. Não gosto muito dele. – Dei de ombros.

Chegamos em uma mesa onde havia um menino e uma menina.

– Gente, essa é a Victoria. Ela se mudou para a casa ao lado da minha. – E para mim. – Tori, esses são o Ryan e a Lily, a namorada dele.

Reconheci o menino que falou na aula de Filosofia.

– Prazer em conhecer vocês. – Sorri.

Yuri se sentou e eu fiz o mesmo.

– Digo o mesmo. – Lily sorriu também, mostrando os dentes brancos que contrastavam com a pele negra.

Ryan também me cumprimentou.

– Você não é o garoto da aula de Filosofia? – Perguntei a ele.

– Sim. – Ele sorriu. – Gostei do que você disse. Foi... corajoso. Pouca gente tem a capacidade de fazer algo assim.

Mirei minhas mãos por alguns segundos.

– Obrigada.

– Mas o que houve, gente? Eu só ouvi os boatos por alto. – Lily perguntou.

– Posso contar? – Ryan olhou para mim e eu assenti. – O professor Frank estava falando sobre preconceito e pediu para quatro pessoas falarem o que achavam. Eu, a Celine e a Lively levantamos a mão. A Celine falou que preconceito era relativo, eu discordei e a Lively começou a dizer que os gays eram errados. E aí a Victoria levantou e começou a dizer que não dá pra escolher quem amamos e não podemos julgar alguém por que essa pessoa gosta de homem ou mulher. Aí o Frank pediu para ela justificar e ela disse que tinha namorada. Foi muito legal. A turma começou a conversar super alto e depois o Frank passou um texto enorme sobre o respeito, por indireta mesmo.

O entusiasmo com que Ryan contava fazia aquilo parecer um feito épico, e não uma discussão da aula de Filosofia.

Mirei Yuri diretamente. Ele tinha um sorriso leve nos lábios e seus olhos brilhavam. Mas não aquele brilho de menino apaixonado ou encantado. Era mais um brilho direcionado às palavras de Ryan – minhas palavras –, como se houvesse algo de muito especial nelas.

– Uau, Victoria! Parabéns, Foi bem legal isso. – Lily me elogiou.

– Verdade, Tori. Foi muito corajoso. – Yuri sorriu para mim e eu fiz o mesmo.

– Obrigada, gente. Mas não é para tanto, ok? Eu só estava defendendo o que acho certo. – Dei de ombros.

– Se prefere assim... Mas Victoria, qual é o nome da sua namorada? – Lily tomou a palavra novamente.

Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Brinquei com o anel que agora ficava no dedo anelar da mão direita.

– Madison. – Respondi.

Sempre que eu dizia o nome dela, seu sorriso caloroso aparecia em minha mente. E junto dele os olhos que podiam ser como prata derretida ou uma forte tempestade.

– É um nome bonito.

Concordei.

Lily iria abrir a boca quando Yuri se levantou.

– Tori! – Ele praticamente gritou.

– Que isso, garoto! Endoidou? – Comecei a rir enquanto falava. – Ou quer me matar do coração?

Ele riu.

– Não é isso. Espera. – Ele disse e pegou no bolso o próprio celular, apertando algumas teclas e me entregando.

Coloquei-o na orelha e aguardei paciente os toques arrastados, até que aquela voz inconfundível soou em uma gravação.

– “Oi! É a Madison, e você me ligou... – Nesse momento ela era interrompida por risadas minhas e dela, para depois continuar: – como eu não estou atendendo, pode mandar uma mensagem depois do sinal!” – Depois disso eram ouvidas mais risadas, um “Para, Vick!” e o fim da gravação, assinalado pelo sinal.

Meus dedos agarravam o aparelho sem firmeza. Eu lembrava perfeitamente daquele dia, quando ela gravara a mensagem da caixa postal em meio às minhas cócegas.

Senti meus olhos marejarem. Engoli em seco.

– Ei, amor! – A minha voz não era animada. – Como vai? Tá tudo bem? Comigo está mais ou menos. – Risos sem humor. – Eu estou morta de saudades de você! Jordan bloqueou as ligações lá da casa onde eu estou morando. E você mudou de número né? Me passa o novo quando puder? Te amo muito, pequena! Beijo.

Era isso. Uma mensagem de voz e só.

Yuri segurou a minha mão.

– Calma, Tori. Ela vai te responder.

Sorri para ele.

– Sim, ela vai.

Lily e Ryan também disseram algumas palavras de incentivo e o sinal tocou.

Nos três horários que se seguiram, as aulas foram História, Geografia e Biologia, todas com Yuri.

Quando o último sinal tocou, nós já estávamos com o material praticamente todo arrumado. Saímos da sala junto ao grupo de alunos, e enquanto andávamos pelos corredores, a maioria das pessoas olhava e comentava. Até quando Yuri colocou um braço sobre meus ombros e as conversas cessaram em parte. Ele sorriu para mim.

– Foi preciso.

Eu ri.

– Ah, relaxa.

Finalmente chegamos ao gramado da entrada, onde diversos alunos iam embora de ônibus ou carros caros.

– Espera um minuto, vou buscar a Sienna. – Yuri disse-me e eu assenti.

O acompanhei com os olhos, até Nicholas cortar meu campo de visão.

– Ei, Vick! – Ele sorriu para mim com aquele entusiasmo exagerado.

– Victoria. – Corrigi e ele riu.

– Ok, Victoria. Quer uma carona para casa?

– Não, obrigada. – Nem me preocupei em ser simpática. – Eu vou de ônibus.

– Mas um carro é bem mais confortável. – Já não bastava o humor exagerado, agora havia também a tentativa de ser legal.

– Bem, isso depende da companhia. Com licença.

Voltei-me para onde Yuri aparecia com Sienna e me juntei a eles.

– Você estava com aquele Nicholas de novo, Tori? – Yuri me perguntou.

– Não fui eu. Ele que veio me irritar. – Dei de ombros e ele riu.

Sienna já andava em direção a onde o ônibus parava. Nós a seguimos e entramos logo depois dela ali.


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Notas finais do capítulo

Bom, amores. Não vai dar pra eu dizer quem comentou no último capítulo por causa das tretas em geral, soooo hoje eu vou ficar devendo.
Mas agora tá tudo certo! aweeeeeeeeeeeeeeeee!
e eu vou cuidar pra não dar treta de novo.
É issoo!!!!!!!
(sim, hoje eu tô feliz. Acabei de ficar feliz, na verdade. Eu AMO postar capítulos, principalmente agora, que tô em atraso com vocês!)
Bom, fiquem com mais um exagero de letras antes de deixarem o reviewzinho lindo ai embaixo!
Ooooooohhhhhhhh yeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeaaaaaaaaah! ^-^