Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 11
Bônus 2:Show me a garden That's bursting into life


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei... E agora é pra ficaaaaaaar!!!
Oi galera linda!
Desculpem mais uma vez... Eu não deixei de pensar na fic durante esse tempo sumida. O problema é que eu pensava e não vinha nada interessante.
Quero agradecer a todos que comentaram, a todos os leitores novos que apareceram nesse período, e aos antigos que não desistiram de mim hiihihi
O capítulo de hoje é mais um bônus e tem o POV de outro personagem. Na verdade é uma mesma cena com dois pontos de vista. Espero que gostem e no próximo continuo exatamente de onde parei o capítulo 10, ok?
Ah, tem um pequeno comentário nas notas finais. =***



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Turne dos Vencedores dos 74º Hunger Games

1ª noite após a chegada na Capital


*Katniss*


“Você tá bem?”


“Aham... Só estou cansada... E não tem uma maldita cadeira vazia nesse lugar.”

Olhar dele Peeta era divertido. Eu tenho certeza que um de seus grandes divertimentos é me ver nervosa ou com raiva. É como se ele nunca me levasse a sério e isso costuma me irritar   ainda mais.


“Vem.” - ele disse já pegando minha mão e me guiando entre as pessoas.


“Para onde você está me levando?”


“Para onde você possa descansar esses pezinhos... E dar alguma coisa para todo esse povo comentar.”


Ele me levou até o fim do salão, onde uma enorme janela estava aberta e ninguém estava por perto, me pegou pela cintura e me colocou sentada no parapeito. Foi tão inesperado, que soltei um gritinho ridículo de menininha, que até pareceu adequado, pois algumas pessoas que estavam  mais próximas olharam e sorriram junto com Peeta, que sussurrou um pedido de desculpas. 


Depois que as pessoas pararam de nos encarar encantados e foram cuidar de suas vidas, ralhei com ele.


“Você ficou doido?” - cochichei.


“Desculpe” - mas ele não parecia realmente culpado.


“Eu posso cair...”


“Por favor, Katniss... Com sua experiência em escalada e pulos, você com medo de uma janela de primeiro andar? Além do mais, eu nunca te deixaria cair.”

“É bom mesmo...”  - digo enquanto arrumamos a saia do meu vestido rodado e ele se posciona entre minhas pernas me abraçando pela cintura. - “Odeio saltos!”

“Se você quiser eu posso tirar seus sapatos e fazer uma massagem nos seus pés.”

“Aqui, no meio do salão?”


“Por que não?”

“Porque não, oras! Nem pense em fazer isso!”

Ele ri de novo, e encara a paisagem atrás de mim. Minhas mãos estão segurando o parapeito da janela enquanto eu observo o salão  e as pessoas nele. Haymitch e Effie parecem bem entretidos em meio a uma roda de conversa e as outras pessoas bebem, comem e, de tempos em tempos, lançam olhares risonhos em nossa direção.

“Katniss...”

Quando volto a minha atenção para Peeta ele está com os olhos levantados para mim.   Naquela posição eu fico apenas alguns centímetros mais alta que ele.

“Coloque seus braços em volta do meu pescoço” - obedeço - “Agora,  brinque com meu cabelo e sorria pra mim.”

Era sempre assim. Ele me guiava, porque eu nunca sabia o que fazer.

“Sorrir?”

“Sim. Um sorriso envergonhado como se eu tivesse lhe dito algo...”

“Que tipo de coisa?”

“Que você é perfeita, mesmo quando faz esse bico quando se irrita... E eu não consigo tirar meus olhos de você.”

Droga! Como pode ser tão  fácil pra ele? Eu desvio o olhar e sorrio... Ás vezes quando ele me olha, eu me sinto tão... bonita...

“Eu sou péssima, não é?”

“Péssima... Péssima... não.”

“Ah, tá! Admita, eu não sei namorar!”

“É. Isso é verdade.” - ele disse enquanto pousava um beijo em meu braço, próximo ao seu rosto.

Como assim? Peeta sempre tinha o cuidado de me dizer coisas que me faziam me sentir melhor. Tudo bem, o que eu disse era verdade, mas ele não precisava jogar na minha cara desse jeito. Minha expressão deve ter ficado muito engraçada, pois ele riu e beijou meu outro braço.

“Eu também posso jogar esse jogo, ok?”

“Aham.” - agora ele deslizava o nariz pelo meu braço. Ainda bem que Octavia esfregou aquele creme de morango em minha pele.

“Você está duvidando de mim?”

“Claro que não...”

Claro que estava! Peeta Mellark... Tão perfeitinho e adorável. Estava ficando cansada de todas aquelas pessoas me dizendo o quanto eu tinha sorte de tê-lo tão apaixonado por mim! Será que as pessoas diziam o mesmo para ele a meu respeito? Elas precisavam dizer, não é? Eu queria mostrar ao mundo que eu também posso ser perfeitinha... Fechei os olhos. Parecia muito errado usar aquelas lembranças como ponto de partida para uma encenação... E eu jamais faria se a pessoa diante de mim não fosse Peeta. Simplesmente porque eu confiava nele.

Devagar, retirei minhas mãos de sua nuca e deslizeu meus dedos sobre a face dele. Peeta me olhou desconfiado.

“O que vocêestá fazendo?”

“Sabe, quando eu tinha 7 anos eu estava brincando fora de casa e vi meu pai chegando em casa... Minha mãe estava colocando Prim para dormir e ele foi direto para o quarto em que nós duas dormíamos. Eu só queria correr para um abraço com ele, mas parei quando vi os dois... E ele estava fazendo exatamente assim com a minha mãe...”

Então eu me inclinei um pouco e encostei minha testa na de Peeta, ao mesmo tempo em que continuava a fazer um carinho desajeitado no rosto dele, que fechou os olhos, assim como minha mãe fez naquele dia.  Me afastei alguns centímetros e passei a passar, devagarzinho, meu nariz sobre o dele... Senti o hálito de menta dele, quando ele abriu os lábios para soltar uma respiração. Então me afastei mais, e ele me olhou. Sorri e depositei um beijinho na ponta do seu nariz.

“Aí, minha mãe olhou para o meu pai e disse: o alvo é um pouco mais embaixo, caçador...”
  

Trocamos um ulhar rápido enquanto ele respirava mais uma vez.

“O alvo é um pouco mais embaixo, caçadora...” - ele repetiu num sussurro.

E eu o beijei.  Eu esperava que fosse um beijo rápido... Mas não foi. Nós tínhamos que dar algo para as pessoas falarem, então tinha que ser um beijo de tirar o fôlego.  Por isso voltei a segurá-lo pela nuca e ele estreitou mais o abraço em minha cintura.  Devagar... Ritmado... Sem que eu pudesse  me controlar, aceitei quando ele deslizou sua língua entre meus lábios. Quer dizer,  já tínhamos nos beijado assim na arena, mas desde o início da  turnê nossos beijos eram mais contidos... mais falsos.  Senti um arrepio em minha espinha e foi quando Peeta se afastou devagar e me olhou... quer dizer, quando eu abri os olhos, ele já estava me encarando, respirando devagar...

“E então?” - foi a única coisa que consegui perguntar.

Então ele baixou os olhos, quando voltou a me sorrir, eles já não brilhavam mais como há poucos segundos.Mas, mesmo assim, ele me sorriu.

“Você  foi perfeita.”


*-*-*


*Peeta*


Havia música e pessoas, muitas pessoas ao nosso redor. O salão estava cheio e sempre aparecia alguém para nos perturbar, portanto, a melhor maneira que tínhamos  de escapar do assédio era nos mantendo na pista de dança. E já faziam alguns bons minutos em que estávamos ali. Ou seja, Katniss já estava muito inquieta.

“Você tá bem?”

“Aham... Só estou cansada... E não tem uma maldita cadeira vazia nesse lugar.”

Olho para ela, um sorriso querendo brotar dos meus lábios. Era incrível como Katniss podia ser rabugentinha. Sempre de mau-humor, incomodada... Ela não se permitia relaxar e isso dificultava um pouco o trabalho do Haymitch, então eu sabia que sobrava para mim tentar contornar essas pequenas coisas. No início eu me irritava, não deixava transparecer, claro, mas me irritava pensar que tinha que desempenhar um papel que era o meu natural junto de uma garota que não me amava... Então, depois eu só tentava me divertir, e aproveitar meus momentos com ela. Masoquismo. É. Eu sei.
       

“Vem.”

“Para onde você está me levando?”

Ela estava  cansada. Eu também estava, mas como sempre preferi dar atenção a ela, afinal, deve ser bem chato ter que usar esses sapatos desconfortáveis.

“Para onde você possa descansar esses pezinhos... E dar alguma coisa para todo esse povo comentar.”

Meus olhos correram rapidamente pelo salão.  Nem uma cadeira, um banco, uma batente... Nada. Será que Effie ficaria muito zangada se sentássemos no chão? Eu quase gargalhei com esse pensamento enquanto guiava Katniss por entre as pessoas. Tentava andar rapidamente com ela, para que ninguém nos parasse. Então eu vi uma janela aberta. Teria que servir.

Ela deu um gritinho fino quando a segurei pela cintura e a coloquei sentada no parapeito. Seu olhar para mim foi mortal e eu apenas lhe sorri sem graça.

“Você ficou doido?” - ela sussurrou irritada.

“Desculpe...” - Eu disse, mas na verdade eu queria rir.
   

“Eu posso cair...”

“Por favor, Katniss... Com sua experiência em escalada e pulos, você com medo de uma janela de primeiro andar? Além do mais, eu nunca te deixaria cair.”

“É bom mesmo...”

Eu a ajudo a arrumar a saia do vestido e, bem cauteloso, separo suas pernas me encaixando ali, rezando mentalmente para qeu ela não empurre ou me estapeie no rosto.

“Odeio saltos!”


“Se você quiser eu posso tirar seus sapatos e fazer uma massagem nos seus pés.”


“Aqui, no meio do salão?”

“Por que não?”

“Porque não, oras! Nem pense em fazer isso!”

Agora eu realmente não consigo não rir do mau humor dela. Eu acho que seria muito interessante se todas essas pessoas me vissem fazendo massagem nos pezinhos cansados dela. Eu praticamenten posso ouvir as pessoas suspirando e o Haymitch respirando aliviado.

Alguns minutos depois eu praticamente consigo ouvir Haymitch bufando. Porque não parecemos nem um pouco apaixonados. Quer dizer, eu devo parecer... Não sei. Mas ela está com o olhar perdido no meio da multidão, as mãos apoiadas do lado do seu corpo... Meu Deus, Katniss...

“Katniss...”

Ela me olha de cima. Tem a iluminação da rua na sua pele. Meu Deus, Katniss...Tão linda.  E tão inexperiente...Tão inocente nessa arte de fingir. Às vezes eu me sentia um monstro, porque eu tinha malícia e ela não... E, no fim, eu me aproveitava desses pequenos momentos. Nunca fui um santo.

“Coloque seus braços em volta do meu pescoço” - ela obedece -  “Agora,  brinque com meu cabelo e sorria pra mim.”


“Sorrir?”

“Sim. Um sorriso envergonhado como se eu tivesse lhe dito algo...”

“Que tipo de coisa?”

Oh, Deus.

“Que você é perfeita, mesmo quando faz esse bico quando se irrita... E eu não consigo tirar meus olhos de você.”

Primeiro vejo susto em seu olhar. Eu sei que ela nunca vai se acostumar  com minhas declarações... Depois ela desvia os olhos dos meus e sorri... Não posso afirmar, mas acho que ela corou.

“Eu sou péssima, não é?”

“Péssima... Péssima... não.”

“Ah, tá! Admita, eu não sei namorar!”

“É. Isso é verdade.” - eu falo enquanto beijo seu braço do lado do meu rosto.

Um brilho de irritação passa em seus olhos novamente. Fim da trégua. Eu ri novamente e beijei seu outro braço, tentando desviá-la, mas acho que quem foi distraído fui eu, porque estou deslizando meu nariz em sua pele tão cheirosa...

“Eu também posso jogar esse jogo, ok?”

“Aham.” - eu não quero brigar, só quero ficar sentindo seu cheiro a noite inteira.
           

“Você está duvidando de mim?”


“Claro que não...”


Ela faz um som irritado com a garganta. Tenho certeza que nem percebe isso. Ainda está com os braços em volta do meu pescoço. Eu apenas observo quando um brilho cruza seus olhos cinzentos e ela fecha os olhos suspirando.  Então os abre e um sorrizinho surge no canto de seus lábios.

Um arrepio cruza meu corpo quando ela desliza as unhas pelo meus pescoço e arrasta seus dedos em direção ao meu rosto.

“O que vocêestá fazendo?”

Há um tom meio desesperado em minha voz que eu espero não ter sido percebido. As mãos dela raspam  em minha pele. Eu não consigo tirar os olhos dela... Ela tem alguma noção do que esse tipo de coisa causa em um garoto de 17 anos?

“Sabe, quando eu tinha 7 anos eu estava brincando fora de casa e vi meu pai chegando em casa... Minha mãe estava colocando Prim para dormir e ele foi direto para o quarto em que nós duas dormíamos. Eu só queria correr para um abraço com ele, mas parei quando vi os dois... E ele estava fazendo exatamente assim com a minha mãe...”

Ela se inclinou em minha direção, fazendo carinho em mim. Tão bom.  Fechei os olhos. Ela se afastou e  eu a encarei.  Me surpreendi quando ela deslizou seu nariz sobre o meu. Quis sorrir, porque me senti feliz. Esqueci do fingimento. Era algo tão singelo... tão típico de casal de namorados.  Soltei a respiração presa e ela se afastou mais uma vez, sorrindo e beijando a ponta do meu nariz.

“Aí, minha mãe olhou para o meu pai e disse: o alvo é um pouco mais embaixo, caçador...”
  

Olhei para ela novamente. Eu estava hipnotizado... tanto que não conseguir controlar minha voz:

“O alvo é um pouco mais embaixo, caçadora..”

E ela me beijou. Um selinho no início. Mas eu queria beijá-la... Eu precisava beijá-la. Então como um desejo realizado ela me puxou para mais perto e eu me senti a vontade para abraçá-la mais apertado.  Nosso beijo foi lento, sem aquela ansiedade que nos dominava todas as vezes. Eu conseguia sentir o sabor e a textura de seus lábios e não consegui controlar quando minha língua deslizou para sua boca.  Ela hesitou por alguns segundos, nos quais eu apenas voltei a apertar meus braços ao seu redor. Eu realmente precisava daquele beijo.  Ela não recuou e suspirou afundando suas mãos em meus cabelos...

Durante toda a arena, eu havia beijado Katniss de corpo e alma. Eu a amava e acreditava que ela também sentia o mesmo por mim. Mas quando soube da farsa, tudo aquio pareceu tão sem sentido... Então, fiz questão de respeitar seu espaço durante a turnê. Beijos técnicos, era isso que tínhamos sempre. Acontece que eu estava cansado daquele dia agitado, cansado de fingir eu queria os beijos da arena... eu merecia isso.

Senti o momento em que ela movimentou seu corpo para a frente e um aperto maior em meus cabelos. Um alerta acendeu em meu corpo e me afastei. Afinal, eu era apenas um garoto de 17 anos, que tinha plena consciência das consequencias que beijos assim eram capazes de causar.

Ela abriu os olhos devagar... Corada. Linda. Sorrindo orgulhosa de si mesma.

“E então?” - perguntou.

Foi quando a realidade caiu em mim. Ela estava fingindo. Eu devia estar fingindo.  Perdi o chão por alguns segundos em que não consegui encarar Katniss.  Era parte do show, e um namorado não deveria  parecer triste após beijar sua namorada daquela f orma. Então lhe sorri novamente.

“Você  foi perfeita.”

Eu a abraço,  escondendo meu rosto em seu abdomen. Ela faz o mesmo, descansando a cabeça sobre a minha. Posso não ter certeza sobre os beijos de Katniss, mas posso jurar que ela realmente gosta de me abraçar, porque sinto verdade naquele gesto. Às vezes é como se ela realmente me quisesse ao seu lado.

“Também estou cansado” - minha voz sai abafada - “Que acha de sairmos daqui?”

Sinto sua respiração.

“Eu adoraria dormir um pouco.”

Ajudo Katniss a descer da janela e caminhamos de mãos dadas em direção à Effie e Haymitch em sua rodinha de “amigos”.

Effie dá um sorriso brilhante ao nos  ver e Haymitch se vira com aprovação no olhar. Ele não parece bêbado. Na verdade, ele nunca fica bêbado nesses eventos. Parece que deixa para fazer isso quando está sozinho em seu quarto. Ele é muito esperto para perder a noção da realidade perto dessas pessoas.

“Muito bem... muito bem...” - Ele diz e eu sei que isso tem um significado maior.

“Estamos mortos. Vamos subir.”  - Eu digo encarando-o.

“Mas já?” - Uma mulher que eu não conheço, de cabelos azuis e olhos violetas nos diz.

“Esses sapatos estão acabando comigo.”

As pessoas riem achando bonitinho a reação de uma menina do interior ao modo de vida da Capital.  Sinto Katniss tensa ao meu lado.

“Tudo bem, podem ir. Vamos ficar um pouco mais. Não é Effie?”

Sorrio para Haymitch que nos lança um olhar divertido e diz de forma maliciosamente ensaiada.

“Juízo, crianças!”

Mais risinhos histéricos ecoam em nossos ouvidos. Caminhamos alguns metros e então ouço a voz irritada de Katniss, cochichando.

“Odeio quando Haymitch fala como se fôssemos retardados! ‘Juízo, crianças...’” - ela  imitou o tom de voz do nosso mentor - “Como se fôssemos sair correndo, fugir daqui sem mais nem menos...”

Eu realmente tentei, mas não pude evitar sorrir.  Ela me olhou franzindo a testa e eu a puxei para perto de mim quando chegamos ao elevador.

“Do que você está rindo?’ - ela me perguntou enquanto eu pressionava o botão para chamar o elevador.

“Katniss...” - Dei um beijo em sua testa. Como ela podia ser tão inocente? Tão desligada?

“Não me trate como o Haymitch, ok?”

“Katniss... Ele está insinuando, na frente de outras pessoas, que nós estamos tentando fugir para ficar sozinhos...”

“Sim. E daí?”

“E sozinhos, temos privacidade...” - ela ainda me olhava - “para ter nossos momentosmais íntimos...”

Ok. Eu não costumo ficar  envergonhado, mas senti que devo ter ficado muito vermelho agora.  Os olhos de Katniss estouraram abertos e ela apenas sussurrou.

“Oh...”

Um silêncio meio constrangedor entre nós. Bom, Haymitch sabia que dormíamos juntos. Effie também sabia... E todos os empregados ao nosso redor também.  Os boatos começaram a correr e Haymitch me procurou. Depois de explicar, ele disse que isso seria muito útil para nossa encenação. Eu apenas assenti.

“Meus pés realmente doem...” - sua voz soou baixa, mas quebrou o silêncio.

“Vamos, tire os sapatos.”

“Effie me mata... Ainda tem pessoas por aqui.”

“Mas a Effie não está. Tire os sapatos, eu os levo para você.”

Ela levantou o olhar para mim e riu.

“Isso seria fofo...”

Eu ri de volta para ela.

“Sim, seria.”

Ela retirou os sapatos e eu os peguei, no momento em que as portas do elevador se abriam. Vazio. Ainda bem.

Entramos no elevador e ouvimos uma mulher pedir para segurá-lo. Eu o fiz. Uma moça e um rapaz vinham correndo e sorriram para mim. Eles se abraçaram e trocaram um selinho. Eu puxei Katniss para mim, envolvendo sua cintura em um abraço casto.

Então a mulher nos olhou novamente.

“Oh! Vocês são...”

Nós rimos para ela.

“Um prazer conhecê-los.” - o rapaz nos disse, mas foi interrompido.

“Viu? Ele tá segurando os sapatos dela...” - a moça lançava um olhar estreito para o rapaz que ficou sem graça.

Eu ri novamente, porque achei aquilo realmente divertido e pude sentir Katniss rindo também.

“Se você quiser eu posso...”

“Agora não adianta. Se vai fazer só pra imitar ele, não adianta.”

Dois andares depois, eles saltaram. Ela na frente. Antes de a porta se fechar, pude ver que ele a puxava para um beijo. Sim.  Eles sim, estavam buscando  seu ‘momento de privacidade’.

Katniss tinha encostado a cabeça no meu ombro e permaneceu ali. Eu não a repeli. Era bom segurá-la.

Entramos em nosso lugar ainda de mãos dadas e eu a conduzi para seu quarto. Entreguei-lhe os sapatos quando chegamos à porta.

“Vou deixar destrancada.”

“Ok. Eu vou só tomar um banho e já venho.”

Ela me olhou e entrou.

O fato sobre eu e Katniss dormindo juntos é que eu nunca conseguia dormir muitas horas em uma noite, então costumava ficar vagando  pelo nosso lugar. Uma noite ouvi um grito baixo vindo do quarto de Katniss e ao me aproximar da porta, seus soluços. Não me importei em bater, apenas empurrei o trinco que, não estava trancado, e entrei. Ela se debatia debaixo dos lençóis, chorando.

Fui até ela, tentando acalmá-la... Tentando acordá-la. Eu sabia o que ela estava sentindo. Eu também tinha pesadelos... Quando seus olhos assustados se abriram, foram segundos até que ela pulasse em meu pescoço. Balbuciava sobre as imagens horríveis em seus sonhos e eu apenas a abracei e disse palavras tranquilizantes. Foi um tempo até que ela realmente se acalmasse e começasse a adormecer. Tentei sair de seus braços, mas ela me apertou mais forte e na embriaguez do sono, falou.

“Fiquei... Apenas fique comigo...”

Então eu fiquei. Eu queria ficar. Eu queria segurá-la a noite inteira. Velaria seu sono para sempre se ela quisesse.

No dia seguinte, saí antes que ela acordasse. Obviamente um empregado me viu saindo na surdina do quarto dela. Foi o inicio dos comentários. À tarde, após o almoço, ela me falou o quanto se sentia segura comigo, o quanto seu sono tinha sido mais tranquilo. Não foi preciso mais nada. Todas as noites, eu estava com ela.

Saí do banho e fui até o seu quarto. Entrei e tranquei a porta, como sempre. Ela estava saindo do banheiro e me olhou. Sem dizer nada, subiu na cama  e entrou debaixo dos lençois, deixando meu espaço ao eu lado. Eu fui até ela, me acomodei sobre os travesseiros e ela se aconchegou em meu peito.

“Muito bonita a história dos seus pais...”

Ela suspirou e senti que sorriu.

“É... Mas eles não se beijaram naquela noite... Digo, não ali. Eu fiz um barulho e os atrapalhei.”

Eu ri.

“Você era muito sapeca, Srta. Katniss.”


Ela levantou os olhos para mim.

“Foi sem querer... Eu juro.”

E voltou a acomodar sua cabeça em meu peito.

“Boa noite, Peeta.”

Deslizei minha mão em seu braço.

“Boa noite, Katniss.”


*-*-*-*-*-*-*


*Chasing Cars - Snow Patrol



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Notas finais do capítulo

Então, eu já tinha iniciado a escrita deste capítulo e ele viria mais para frente, mas a inspiração não voltou 100% para a continuação mesmo da fic e esse fluiu tão bem que resolvi postá-lo.
Inicialmente seria somente o POV da Katniss. Então quis mudá-lo para POV do Peeta... Mas queria o POV dos dois mesmo, então deu nisso aí rsrss
Obrigada e desculpem mais uma vez.
Por favor me deixe saber o que acharam. Comentem e recomendem ok?
Um beijo e um queijo!