Eu acordo, achando que é de madrugada, mas então eu percebi que ainda estava escuro. Eu tive um pesadelo de que eu tinha morrido na primeira hora dos Jogos, e tentei desviar esse pensamento da minha mente. Levanto da cama e vou até a sala, onde me deparo com Zoey olhando pela janela. Ela percebe a minha presença, e dá um sorriso, e pude perceber que ela tentou esconder o rosto, e percebi que eram lágrimas. Senti muita pena dela naquela hora, e me aproximei dela.

-Que contar o que houve? – perguntei calmamente.

-Você não ia entender...

-Me convença. – falei para ela. Ela cedeu, e então falou:

-Eu estava pensando nisso tudo, sobre os jogos, eu digo, do que adianta ser um casal se só um vai sobrar no final? E digo, se eu morresse, eu desejaria toda a sorte do universo para você ganhar, da mesma forma que eu acho que você faria o mesmo por mim, então, se você morresse e eu ganhasse, por exemplo, sua família ficaria brava com a minha, podendo gerar alguma confusão lá. Por isso que eu acho sem sentido. Por mais que eu queira ganhar, eu não quero que você morra. Eu nunca imaginei isso... – ela começou a chorar, e parecia que ela não tinha mais vergonha de mim. Eu fiquei muito triste por causa dela, e então falei bem baixinho “tudo ficará bem”. Mas eu não podia realmente afirmar isso, mas eu tentaria fazer o máximo. Abracei Zoey. E ela não rejeitou. E ficou lá, ela precisava realmente de um conforto. A garota não tinha mais ninguém para conversar, porque o resto não ia para a arena, nenhum estilista, nem um mentor... Ela então levantou o rosto, e olhou para mim com uma cara de dar pena. – Perseu, você faria o mesmo por mim, não é? Eu digo, se você morresse, e eu vivesse. Você iria me desejar toda sorte do mundo, correto? – pensei bastante, mas a quem eu estava enganando, era claro que eu iria desejar.

-Sim – falei da forma mais sincera possível, e ela pareceu sorrir. Nossos rostos estavam muito perto um do outro, e nos aproximávamos cada vez mais. Quando finalmente chegou onde conseguíamos ouvir a respiração um do outro...

-O que estão fazendo? – Dante acordara e nos perguntara. – Eu ouvi vozes, e quis vim ver o que era. Mas parece que estão só conversando.

Estávamos mais afastados do que nunca, e então ele foi embora. Fiquei muito vermelho, assim como eu achei que ela estava também.

-Desculpe... – levantei e fui indo para meu quarto. Ela permaneceu lá.  Deitei na cama novamente e fiquei pensando no que tinha acontecido até eu ir dormir.

Agora sim, confirmado, de manhã, eu acordei e fui rapidamente ao banheiro para fazer minhas necessidades, e então quando eu volto, me dirijo até a sala e vejo que o Avox estava servindo a mesa. Como sempre, Dante e Zoey acordaram mais cedo e ele estava explicando táticas para se sair bem no treinamento.

-Como eu já falei, vocês devem manter mais fixos nas coisas que vocês são bons, e aprenderem nem que seja o básico das coisas que vocês não sabem. E tentem o máximo não errar alguma coisa, porque se não, dentro da arena, os Carreiristas vão achas vocês alvo fáceis. É claro que no Distrito quatro nascem muitos Carreiristas, mas não como os dos dois primeiros Distritos. Espero que saiam bem, e o treino vai começar dez horas da manhã, terá uma pequena pausa de uma hora para o almoço, e depois vai continuar, e caso não estejam com fome, podem ainda ficar treinando. Enfim, comam muita coisa para terem mais energia. Bom dia, Perseu. Acho que conseguiu ouvir tudo, não é?

-Sim – respondi.

-Certo, então vamos aproveitar o café.

Comemos de tudo um pouco, como sempre fazíamos, e depois de terminar o café da manhã, eu fui ao banheiro, tomei um banho, escovei os dentes, vesti as roupas de treinamento que eram obrigatórias a serem usadas, e então esperei Zoey voltar.

Pouco tempo depois, eu e ela fomos andando e nos dirigimos ao elevador, que estava vazio. Eu estava muito tímido para conversar com ela por conta do que aconteceu há algumas horas. E achava que ela sentia o mesmo, por conta que ela não deu um pio. Olhei para ela, e não agüentava, e falei:

-Preparada para o treinamento? – como previ. Nada ela falou. Então corei e fiquei um pouco tímido. Depois de um tempo...

-Mais ou menos. – ela terminou de falar, e achei que seria só isso depois de muito tempo. Chegamos na arena, e vimos que a maioria dos Tributos já estavam no local, então eu olhei ao redor, e vi que uma parte tinha uma pequena simulação de floresta para armadilhas e afins), um arsenal com espadas e bonecos resistentes, arsenal de arco e flecha com bonecos de mira, lanças, facas, adagas, e muitas outras coisas. E tinha um local para resistência que tinha uma escada que levava para uma pequena plataforma com a altura de uns cinco metros a seis, onde nós só ficávamos com as mãos em alguns círculos, para chegar até o outro lado. Se caíssemos, bom, aí seria um pouco doloroso. Eu resolvi ir ali, pois Dante disse para nós irmos locais que iríamos sair bem, e se concentrar menos – mas ainda saber o que fazer – nas outras coisas. Decidi ir primeiro lá, e quando tentei falar para Zoey, ela estava na parte de arco e flecha. Então fui por conta própria lá.

Parecia que aquilo deixava a pressão maior, porque na metade do caminho, eu já estava cansado, o que era anormal, pois todo o dia eu levava meus braços de um lado para outro, não só com a vara de pesca, mas também levanto balde, vendendo os peixes, trazendo comida para casa... Eu soltei uma mão, mas coloquei de novo. Imaginei a vergonha e dor que causaria se eu caísse, e não quis deixar ser um alvo fácil na arena. Abri os olhos – que antes fechara – de uma forma determinada, e então parece que reuni forças e fui até o final. Quando cheguei lá, suspirei um pouco, e pensei em parar naquilo por um tempo, até os braços ficarem funcionando melhor de novo. Resolvi ir na parte da pequena simulação de floresta, onde um instrutor dizia uma forma de atração básica para uma armadilha, por exemplo, deixar uma mochila lá, mas com uma corda fina e quase invisível, que quando pegassem a mochila, dois galhos iriam ser puxados e iriam vir diretamente no rosto de alguém. Ele explicou como deveríamos fazer, e então eu fui tentar. O ruim era ter que subir nas árvores para isso, pois meus braços já estavam ruins, mas consegui subir. Então, quando minha armadilha estava pronta, eles lançaram uns bonecos com rodinhas para irem até a mochila. Muitas armadilhas deram ruim. E a minha foi mais ou menos. Eu digo, eu consegui lançar só um dos galhos, mas até que não foi ruim. Saí do local e pensei em qual iria, e resolvi ir ao arco e flecha, onde Zoey ainda estava lá, ao lado de mais três pessoas. Como eu tenho pequenas noções de mira por conta da pesca (eu geralmente jogava a linha onde tinha peixes), eu me sairia até que bem lá. Peguei um arco e uma flecha, e o instrutor disse como nós faríamos para lançar as flechas, e disse que na mira que iríamos lançar, deveríamos mirar um pouco mais acima, dependendo da distância, por causa, que com um tempo iria para baixo.  Mirei na cabeça, um pouco mais acima como ela disse, e então eu soltei. Não foi lá aquelas coisas, pois bateu na bochecha do boneco, mas foi melhor do que ter errado. Resolvi não falar com Zoey porque eu seria ignorado. Depois de alguns lançamentos, disseram que era a hora do almoço, e pensei que se passou rápido de mais. Eu e Zoey saímos da arena e fomos para nosso apartamento almoçar e esperar um tempo até começar o treino de novo.

Eu resolvi testar minha resistência mais do que eu agüentava, e fui na parte daquela plataforma novamente. Uma, duas, três vezes, meus braços estavam acabados. Suspirei muitas vezes, e então fui na parte das facas, onde eu me dei muito mal, e resolvi não ir mais para lá. Tentei nas lanças, e não foi a melhor coisa. Nas espadas, eu até fui bem, e consegui levantar alguns aplausos, que quem se davam bem, os Tributos faziam, e foi até legal. Vi que Zoey estava agora na parte das armadilhas, e saiu de lá rapidamente. Foi para o treino de resistência de braço, onde ela foi muito melhor que eu. Eu já estava cansado novamente, mas ainda me contive.

Depois de um pequeno descanso, eu fui numa área de corrida, onde eu cheguei em terceiro, de sete Tributos. Eu acho que se fosse pela primeira vez, poderia ter um resultado maior. Eu só perdi para o casal de Carreirista do Distrito 1.

Percebi que eu fiz muitas coisas cansativas, e o tempo passou mais rápido que antes da hora do almoço, e estávamos dispensados. Já eram umas seis e meia, ou sete horas, e a primeira coisa que eu fiz foi jantar, então tomei um banho quente e demorado, vesti o mesmo pijama da última vez, que já estava lavado e seco (imaginei que fosse o Avox), escovei os dentes, e então eu fui para a cama. Foi um dia muito cansativo, e mal esperava para o próximo.