Jogos Vorazes escrita por Tooom


Capítulo 4
Capítulo 4 - O desfile




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/221849/chapter/4

Eu já conseguia ouvir muitas vozes e gritos, e imaginei que seriam as pessoas esperando nosso aparecimento. E então começou o arco-íris: diversas pessoas, cada uma mais feia que a outra, cabelo pro lado, pra cima, pra baixo, pra diagonal, pintado de roxo, vermelho, verde, azul (às vezes um cabelo com todas essas cores). Muitos olhos eram claros com alguns detalhes em volta bem brilhantes, e as roupas... Ai, as roupas. Elas pareciam que eram pelos de abutre morto, outras eram muito coladas que davam para escorregar nelas, outras eram muito largas... Era muito estranho. Quando eles me viram olhando pela janela, começaram a acenar e aplaudir e gritar e tudo mais que pode fazer para mim. Eu não sabia o que fazer e então acenei. Logo depois Zoey apareceu e ficou ao meu lado olhando (horrorizada igual a mim) e acenando sem saber o que fazer. Então, quando o metrô parou, começamos a ouvir passos e vozes, e então percebi que todos os metrôs tinham parado, e cada casal de Tributo ia sair na ordem, então foi o primeiro, depois o segundo, depois o terceiro, e finalmente Effie apareceu e nos chamou. Atrás de nós estava o resto. Eu não acenava mais, da mesma forma que a Zoey não fazia isso. Vi os dois primeiros tributos se gabando, o que era normal, mas não me importei muito.

Todos os Tributos iriam para um local onde seria o tratamento de beleza, que algumas pessoas nos tratavam, e depois estilistas iam fazer nossas roupas para o desfile que iria ter na Capital. Ah, o desfile. Bom, o desfile é uma etapa que você pode ganhar patrocinadores, porque nós iremos sair em carruagens, trajados com roupas que são em referência ao nosso Distrito, e se patrocinadores aprovar alguns dos Distritos, já tem vagas, e eu espero já conseguir a partir de já. O desfile acaba quando chegamos numa espécie de hotel, que é o local que ficaremos hospedados até os Jogos começarem. Entramos num prédio e cada andar seria o referente ao nosso distrito, então o meu e o da Zoey seria o quarto andar. Quando chegamos lá, muitas pessoas estavam vestidas de branco, e tinham duas cabines, que e imaginei que seria uma para mim e outra para a Zoey. Óbvio, digo, é ruim que eles deixariam um homem e uma mulher na mesma cabine. Enfim, comparecemos lá, e quatro pessoas me levaram para uma cabine, e quatro levaram a Zoey para a outra.

Aquela transformação era algo muito inconveniente, eles me davam banho, ajeitavam o que tinha de errado (nem que fosse um pequeno fio de sobrancelha desalinhado), aparavam as pontas dos cabelos, cortavam unhas... Era desconfortável pessoas me dando banho, digo, eu não era bebê. Aconteceu que eu fiquei só com um roupão na cabine, e então uma mulher de estatura alta apareceu no local. A primeira pessoa que eu vi na Capital que não usava roupas exageradas nem cabelos, olhos e maquiagem assim. Era uma maquiagem leve, com um pequeno lápis de olho. O cabelo dela era azul, mas podemos deixar isso de lado porque pelo menos era liso e não tinha nada demais, e seus olhos eram verde-amarelados.

-Olá, Perseu, eu sou Juvia, e sou sua estilista. Eu já criei suas roupas, e então te darei algumas dicas de como se dar bem no desfile. Sempre sorria, não importa, o público vai adorar ver que você é uma pessoa... “Gentil”. Se pudermos dizer assim. Acene o máximo que puder. Levante para mostrar a sua roupa, que, modesta a parte, está muito bem feita. Uma coisa muito legal que eu vi faz alguns anos que trouxe patrocinadores para um certo distrito, foi dar as mãos e levantar pra cima. É uma boa idéia. Só vai faltar a menina concordar. Acho que é isso. Bom, daqui a pouco eu irei trazer sua roupa, mas antes, você tem algo a perguntar?

-Na verdade não. – respondi.

-Então está certo, espere três minutos.

Eu realmente contei os três minutos, e como ela disse, assim que eu terminei, ela voltou com uma roupa simplesmente muito... Uau. Ela era toda azul marinha, e parecia um terno, mas não era. A calça era comprida, e parecia ser de um tecido macio, os sapatos eram a única coisa preta, a camisa ela era com uma manga muito curta (você até poderia confundir como sem manga), e no final era desfiado, e a camisa era de botões. E tinha um chapéu de pescador, o que poderia não combinar, mas na verdade, realmente combinava muito. Era algo simples – ainda bem – e eu fiquei satisfeito. Ela percebeu como eu me sentia e disse:

-Eu não queria algo complexo, mas tinha que ser chamativo, então eu fiz isso. O que achou?

-Simplesmente fantástico.

Ela sorriu meio que convencida, e então disse que ia sair do local onde eu estava para esperar eu me trocar.

Passou algum tempo, e eu já estava com as roupas. Me olhei num espelho e vi que combinou comigo, e ficou legal. Sai da cabine e Juvia olhou para mim, segurou as próprias mãos e disse:

-Se eu fosse mais nova, hein, Perseu. – Ela riu do que a própria disse, e eu não pude deixar de rir também. – Mas ficou muito bom em você, e agora tenho certeza de que fiz um bom trabalho. Agora vamos, venha ver a Zoey.

Juvia despertou curiosidade em mim, e faz um tempo que eu não tinha visto a garota, e quis ver como ela estava.

Se fosse um desenho animado, eu estaria babando agora. Amigo, as pontas dos cabelos dela estavam cacheados e suaves, ela usava um salto não tão grande assim, sua roupa era parecida com a minha, só que a dela tinha algo em cima do coração dela que brilhava, e percebi que era uma âncora. Juvia deu um pequeno grito, e deu um pequeno soco no meu coração, e então a mesma âncora brilhou nele (confesso que doeu). Voltando para Zoey, uma das coisas que diferenciava as roupas era ela usava uma camisa branca sem manga, e um casaco de manga cumprida que aparentava ser jeans cobria a camisa. Ela parecia uma pescadora empresária linda. Sinceramente. Eu acho que poderíamos descolar alguns, mesmo que poucos patrocinadores.

Juvia e o estilista da Zoey nos levaram para um local onde alguns Tributos já estavam lá. Cada um perto de sua carruagem, e então, apontaram-nos a nossa, onde a carruagem era puxada por cavalos negros, e a carruagem em si tinha o número 4 nos lados, e atrás tinha uma espécie de âncora.

-É o seguinte, vocês ficarão aqui, até esperar todos os casais de Tributos restantes aparecerem aqui, e então vocês se preparem subindo na carruagem, porque quando o portão abrir, vocês comecem a andar logo depois do distrito 3. Outra coisa, não se apavorem com o barulho, pois eles vão tocar o hino da Capital. Boa sorte, e espero que consigam patrocinadores logo agora. – disse o estilista de Zoey. Agradecemos, Juvia deu uma piscadela para mim e então foi embora. Nossa, aquela mulher estava me secando. Ri com meu pensamento, e então voltei a ficar prestando atenção para ver quando o portão ia abrir.

Passou-se um tempo, e já estava completamente lotada a área dos Tributos. As únicas pessoas que conversavam com outras eram seus parceiros. Eu quis acelerar as coisas, e então subi na carruagem, e ajudei a Zoey a vir também.

-É chato ficar sendo tratado, não é? – ela pergunta. – Eu digo, eles te dão banho, e você parece um bebê, mas sabem que não somos.

-Concordo plenamente com isso – falei para ela. Então ficamos calados, sem saber o que falar, e ela disse:

-Espero não morrer nos jogos, eu realmente quero ganhar, mas... Eu não sei, é tudo muito confuso. E se só nós dois sobrássemos, por exemplo? Eu não queria te matar, mesmo não falando muito com você. – olhei para ela realmente alucinado com o que ela disse, e fiz um movimento de cabeça indicando que eu achava o mesmo, o que era verdade. Tomamos um susto – o que na verdade não era para ter acontecido – por conta que o hino da Capital começou a tocar, e o portão se abriu. Foi o Distrito 1, depois o 2, depois o 3, e finalmente o nosso. Eu coloquei a mão no cavalo, e então começaram a andar. Eu expliquei rapidamente o que a Juvia me disse, e então fizemos isso. Nos levantamos, acenamos, e até ela concordou em dar as mão e levar para o ar. Muitos aplaudiram por conta do nosso gesto, e fiquei satisfeito. O presidente Snow e alguns patrocinadores estariam lá, e esperava que eles aprovassem o que fizemos e nos fizesse ter patrocinadores. Olhei para Zoey, e tive uma súbita vontade de beijá-la, mas eu contive, ia ser muito estranho e não sei o que ela faria. E eu realmente não sabia o porquê de eu ter aquela vontade do meio do nada.

Os cavalos sabiam o seu percurso, e então foram indo em direção ao lugar em que ficaríamos hospedados. E eu sinceramente às vezes tinha vontade de desviar das coisas que jogavam (não que estivessem vaiando, mas sim jogando “presentes”), e acredite, eu já vi sapatos sendo jogados, assim como batons e outros pertences.

Antes deles chegarem ao destino, eles pararam em frente à um balcão imenso, e então o presidente Snow aparece. Ele tem cabelo e barba cor de papel, e é baixinho e gordinho. Vestia um terno azul escuro, e então falou algumas poucas palavras sobre nós jogarmos com honra, e outras besteiras. Então ele terminou o discurso e os cavalos voltaram a cavalgar.

Entramos em outro prédio, que era onde ficaríamos hospedados, e então os nossos estilistas já estavam lá, aplaudindo e falando que nós fomos ótimos, nos parabenizando... Eu não achei nada mau, também, pensei. Agradeci, e fiquei olhando em volta, vendo os Tributos e seus estilistas. Juvia e o outro nos chamaram, e apareceu Dante novamente, o que foi estranho, ele disse que não nos veria mais, mas resolvi não me importar, vai que era só um teste para ver como nos viraríamos sem ele, ou sei lá... Deve ter sido isso. Ele nos cumprimentou, e então, chegamos num elevador. Disseram que cada casal de Tributo tem um andar, e obviamente o nosso era o quarto andar.

Aquilo era muito melhor que o vagão do metrô. Era muito maior, sem dúvida era um apartamento magnífico. Posso dizer que só tem comida em umas duas estantes e na mesa da sala. Do outro lado da parede, tem uma janela imensa onde tem a vista da Capital inteira, se bem que não estávamos tão alto, então não dava para ver muita coisa, mas era satisfatório. Tinha dois corredores, que eu imaginei que um era para a cozinha, e outro era para os quartos. Na sala, tinha dois sofás que estavam alinhados num ângulo de 90º graus, em frente tinha uma TV colada na parede, de tela plana, e entre os sofás tinha uma pequena mesinha de vidro. Num dos corredores, pode-se ver um homem com postura ereta, e disseram que eram Avox, pessoas que fizeram algum crime e tiveram a língua cortada. Me assustei com isso, e o estilista da Zoey disse para eu não ter amizade com Avox. Olhei para ele, e senti pena dos pobres coitados, mas o que eu podia fazer, não sou eu quem fazia as regras. Uma pequena escada levava para um dos corredores, que era o da cozinha, o outro não tinha escada. Juvia disse para eu ir me trocar e vestir “roupas de casa”. Fui até o quarto e fiquei encantado com o local. Uma cama ficava no centro de uma parede, uma cama de casal! Um ar condicionado gelava satisfatoriamente. Do lado direito da cama, havia um imenso guarda roupa com muitas gavetas, e ao seu lado, um banheiro com uma banheira de hidromassagem. Tinha alguns enfeites pelo quarto inteiro que eram de peixes, âncoras e varas de pesca, o que eu achei legal, e tinha um interruptor que tinham alguns botões, inclusive três eram para: apagar a luz, apagar a luz desses enfeites, e desligar o ar condicionado. Imaginei que os outros eram para fazer gelar mais ou menos. Abri todas as gavetas do guarda roupa para ver o que tinha dentro, e era muita coisa: Uma tinha só roupas íntimas, outros tinham calças, outros camisas, outros brinquedos que eram de navios, marinheiros, pescadores, peixes e etc., outros tinham cachecóis, outros eram meias, outros sapatos, outros casacos, outros eram conjuntos de pijamas, e assim por diante. Tinha muita coisa que eu não acho necessário citar também. Ah, sem contar que em cima da porta de entrada (que fica em frente à cama) tem uma televisão igual ao da sala de estar. E do lado esquerdo da cama, tinha uma janela imensa que eu acho que um dos botões do interruptor seria para “colocar” alguma cosa que cobrisse a janela, o que eu achei sem sentido, porque tinha uma cortina escura lá. Se eu pudesse viver aqui para sempre, sem ter que ficar alguns dias e depois ir para uma matança... Seria um sonho. Mas não para por aí, dos dois lados da cama tinham umas mesinhas com lamparinas que mudavam de cor depois de uns 80 segundos. E em áreas livres do quarto, tinham algumas plantas e quadros, o que não me deixava muito a favor. Peguei uma calça com tecido leve e largo azul marinho, e uma camisa de manga cumprida da mesma cor, e depois peguei uma sandália muito confortável que não fazia barulho nenhum, então peguei uma toalha e fui ao banheiro. Retirei minhas roupas por completo, e esperei a água esquentar um pouco, mas não agüentei e fui logo. A água estava no processo do frio para o quente, então não me incomodei. Fiquei lá um certo tempo pensando nas coisas, e então resolvo terminar para não ficar enrugado. Peguei rapidamente uma cueca, algo que eu esqueci, e ri da minha própria besteira. Já estava vestido, e então saí do quarto e fui em direção a onde todos estavam, e o jantar já estava servido. Era como os alimentos do metrô, de tudo um pouco, e fiz a mesma coisa que eu fiz naquele dia. Peguei de tudo um pouco.

No final da noite, eu escovei os dentes, troco minhas roupas por um pijama (que era bem parecido com as roupas que eu usara) e desejei boa noite à todos, e fui para meu quarto dormir. Fiquei encolhido na cama, até vir o sono, algo que foi bem rápido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!