Uma súbita raiva subiu e percorreu meu corpo inteiro. Apertei o cabo da minha espada com muita força vendo os Carreiristas ali diante de mim. Eu estava com tanta raiva que eu estava tremendo, e queria atacar naquele momento, mas eu estava me contendo, eu sei que as habilidades deles são altamente fortes e mesmo eu com raiva poderia até, quem sabe, ganhar, mas sem uma estratégia ficaria muito ruim. Zoey estava calada, e Linda também. Só Alexander falava no momento.

-Então... Eu quis matá-los na cornucópia um pouco mais cedo, mas parece que vocês já tinham pegado as caixas, então esse momento vai ser bem legal. Eu vou fazer vocês sofrerem bem.

Alexander correu na minha direção com sua espada, e eu saquei a minha. Eu ia me vingar. Okay, não foi ele que matou Trevor, mas ele riu da morte dele, e isso não iria ficar barato. Nossas espadas se chocaram fortemente, tanto que eu achei que nossas lâminas iriam se quebrar. Eu o fitava com muito ódio, e ele poderia não demonstrar por causa do sorriso dele, mas ele estava bravo também, eu tinha certeza. Não dava para eu olhar para Zoey se não eu iria morrer, e ela devia pensar o mesmo. Nos afastamos e eu fui na direção dele dando uma investida, porem ele desvia e tenta me cortar com a espada. Rapidamente eu viro e consigo defender. Rapidamente ele vai tentar dar um corte diagonal em mim, começando por cima, mas eu acho que foi um ato um tanto que besta, pois eu simplesmente defendi a espada dele com a minha, ainda no alto, e chutei sua barriga. Ele ficou um tempo sem respirar e aproveitei essa chance. Tentei estocar com a ponta da espada, mas ele deu um giro e cortou meu braço. Não foi um corte profundo, e a dor foi só no começo. Ignoro e vejo que ele também foi tentar dá uma estocada em mim, e o que eu faço é me abaixar, e então pego a espada e dou um imenso corte na barriga dele. Eu escuto ele urrar de dor, e com a mão esquerda (a que eu não segurava a espada), dei um soco no rosto dele para ele ficar atordoado, chutei seu joelho esquerdo para ele se agachar, e quando iria dar o golpe final, eu escuto uma voz um tanto longe de mim.

-PERSEU! VOCÊ TEM QUE GANHAR!

Aproveitando que Alexander estava atordoado, olho para a direita, e vejo Zoey com uma lança cravada a cima do seu seio, no coração. Mas parece que ela não tinha deixado barato para a Carreirista também, pois ela tinha uma flecha no meio da cabeça. Até que minha lerdeza foi embora, e percebi: Zoey estava com uma lança no coração. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Não, não, não, não, não, não, não – fiquei repetindo. – ZOEY! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

Aquilo não podia estar acontecendo. Eu jurei protegê-la, e eu nunca desfaço uma promessa, e dessa vez não deu certo. Eu devia protegê-la. Alexander ainda estava se dando conta de si, então fui na direção de Zoey.

-Você jurou me proteger, você cumpriu sua promessa – falou.

-Não, eu quebrei-a, isso sim. Era para você viver. Zoey, desculpe... – eu estava chorando, eu não agüentava aquilo. Trevor e Zoey. Era um pesadelo. – Desculpe.

Ela olha para mim, e dá um sorriso.

-Você precisa ganhar, Perseu. Eu te amo. Saiba disso.

-Eu também te amo, Zoey. Não me deixe... Não... – ela então fecha os olhos para um sono eterno. – Zoey... – falei baixo o nome dela.

Eu me dei conta de que os Jogos eram daquela maneira, e se eu sobrevivesse, tinha que ser de forma forte. Assim, pensei que eu não iria perder.

-Por Zoey e por Trevor! Eu, Perseu Bullivard, irei ganhar os Jogos Vorazes! – dei um grito. Seco as lágrimas, e olho para Alexander, não antes de ouvir dois canhões soando. O último Carreirista ali olhou para mim, e disse:

-Eu irei ganhar.

Então corre na minha direção. Parecia que eu estava sendo movido por uma criatura, eu não sabia o que fazia, parecia que algo dentro de mim despertasse e tomasse conta de mim. Ele tenta me atacar no mesmo golpe começando de cima, então eu troco a mão da espada, segurando-a com a esquerda, e seguro seu punho, novamente, ainda em cima. Com a espada, eu faço um corte profundo que atravessa sua barriga.

-Isso é pelo Trevor. – falei. Então, retiro a espada, faço ele se ajoelhar, dou um chute no queixo dele, fazendo-o cair, e a espada sai das mãos dele, então eu seguro a espada, e digo – E essa é por Zoey. – Cravo as duas espadas na sua barriga, perto de algum órgão vital.

Eu me lembro do dia em que eu tinha cerca de dez anos de idade, e estava conversando com meu pai sobre os Jogos.

-Filho – começou –, se você entrar para os Jogos, uma coisa que eu realmente não desejo nunca para você, você tem que dar o maior de si, eu já falei muitas vezes e irei repetir, os olhos nunca mentem. Se você estiver lutando contra alguém lá, olhe sempre nos olhos. Essa sempre será a dica de sua vida, nunca esqueça disso.

-Eu não vou esquecer, pai. – falei.

Outra vez, eu tinha os doze anos de idade, e fiquei tão nervoso como nunca, pois seria o dia em que eu já poderia ser selecionado aos Jogos. Meu pai estava tentando me acalmar, até que ele disse:

-Quando você tinha dez anos, você lembra do que eu disse?

-Dos olhos?

-Sim. Como eu disse, os olhos nunca mentem, e na arena, se você olhar para alguém no fundo dos olhos, ela pode parecer a pessoa mais perigosa ali, mas ela pode expressar medo. Convença-a de que você não quer briga, claro, você tem doze anos, mas você tenta ao máximo possível. Eu sou horrível em conselhos, filho, mas eu tento falar de qualquer forma, e quero confortá-lo. Mas confie em mim, você não será selecionado, tem poucas chances disso.

Aos treze anos, eu estava menos nervoso, mas ainda assim um tantinho.

-Filho, os olhos...

-Nunca mentem. Eu estou carregando isso sempre, pai. Nunca vou esquecer, como você pediu.

-Ótimo.

E agora eu lembro um tempo recente em que eu conheci Trevor, olhando nos olhos dele para ver se ele queria matar eu e Zoey, ou realmente fala a verdade.

E agora, eu olhava para os olhos de Alexander. Eles pareciam pedir piedade, mas já não dava. Ele iria morrer de qualquer forma, mas rapidamente seus olhos mudaram para um ódio mortal.

-E essa – falei – é por todas as pessoas que você matou nos Jogos, e sentir a dor de ser morto. Lamento, Alexander, mas dessa vez não serão os Carreiristas que vão vencer.

Retiro as espadas e cravo no coração dele, ambas. Ouço um canhão.

Pouco tempo depois, eu vejo o céu se clareando mais, e um aerodeslizador chegando, para me levar para casa. Pelas caixas de som ocultas ali, eu escuto a voz de um homem falando:

-Eu declaro o fim da octogésima edição dos Jogos Vorazes. Perseu Bullivard, Distrito 4, é o vencedor.