Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 21
Razão e emoção


Notas iniciais do capítulo

"It's not over tonight
Just give me one more chance to make it right
I may not make it through the night
I won't go home without you
Of all the things I felt I've never really showed
Perhaps the worst is that I ever let you go
Should not ever let you go..."
(Won't go home without you, Maroon 5)



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E começam nossas férias.

Na verdade passamos o resto de tarde arrumando tudo nos quartos e dormindo, e só fomos aproveitar mesmo no outro dia. Ficamos em uma casa com vários quartos, divididos para meninos e meninas. Tirando a Ambre e o Lysandre que graças a Deus alugaram um apartamento pra eles.

Passamos o dia na Disney. Eu nem consigo lembrar os detalhes, porque fui em um monte de brinquedos e passei o dia gritando, e nem tenho mais voz agora. Eu e quase a metade do grupo ficou sem voz, aliás. Ainda bem que o Castiel não, pra fazer um show pra nós, talvez hoje ou amanhã. E compramos badulaques, Mickeys de pelúcia, chaveiros, e tudo quanto é coisa. Foi muito bom, e a melhor parte foi que ficamos separados e fiquei longe de Castiel. A melhor coisa pra se esquecer os problemas é ir em um parque de diversões, isso se você não tiver que pegar uma fila de mais de meia hora. Mas por sorte não tivemos.

E claro, a melhor parte é que é a Disney né. A magia toda e tal.

Até agora está tudo ótimo e perfeito, e espero que continue assim. E pra melhorar o dia – sem ironia – Ken me disse que Johnny pediu meu número e que me ligaria, dito e feito! Nem acreditei quando ouvi a voz dele do outro lado da linha, quanto tempo não a ouço. Contamos as novidades e ele me disse que trabalha no Hard Rock Cafe, e nos convidou pra ir lá na noite seguinte, e é claro que concordei. Os planos pro resto do dia variavam. Os garotos quiseram ir ver o jogo dos Lakers, mas eu quis ficar por aqui, junto com as outras meninas. Bom, nem todas.









Nina POV









–- Nina, o que você vai fazer o jogo dos Lakers ?! - Hoshine ficou me seguindo pela casa toda me perguntando que raios vou fazer num jogo de basquete que eu nem gosto. Mas só os meninos vão, e a Hoshine. E o Ken vai.

–- Não posso deixar o Ken solto assim... e eu tenho que mostrar pra ele que temos várias coisas em comum...

–- Mas Nina você nunca foi em um jogo !

–- Mas agora vou ! E você tem um boné do Lakers não tem ? - Hoshi fez um gesto com as mãos já demonstrando que eu nem deveria cogitar a possibilidade.

–- Eu ganhei aquele boné, e morro de ciúmes !

–- Por favor Hoshi...- Fiz biquinho – Eu preciso causar uma boa impressão... - Ela revirou os olhos e ficou um tempo me encarando. - Pooor favooor...

–- Tá bom tá bom ! - Disse ela jogando os braços pro alto e indo pegar o boné enquanto resmungava algumas coisas a respeito de eu ser louca. Quando voltei, corri pegar o boné e coloquei na cabeça. Me olhei no espelho e abri um sorriso enorme.

–- Fiquei estilosa não fiquei ? Agora vamos antes que eles saiam sem a gente – Puxei ela pela mão, que resmungou alguma coisa e corremos até lá fora, onde os garotos esperavam na van que eles alugaram. Passei toda feliz na frente de Ken, esperando que ele reparasse no boné.

–- Não vejo a hora de ver um jogo de baseball !

–- Nina... - Olhei para Hoshi, que estava com uma das mãos no rosto – Lakers é basquete... - Ah, que ótimo, paguei um mico enorme!

–- Ahn... isso aí! - Tentei consertar com um sorriso e entrei no carro, ouvindo os risos dos garotos, inclusive de Ken. Infelizmente fomos em carros diferentes. Já começou tudo errado... e durante o jogo não consegui sentar perto dele. E nem consegui conversar com a Hoshi que estava super concentrada no jogo. Tentei remediar tudo, gritando um “vai Michael Jordan!” quando um negro grandão do Lakers estava com a bola indo pra cesta, e todo mundo olhou pra mim como se eu fosse um ET, e a Hoshi me explicou que não era ele, mas pra mim todo negro grandão jogando basquete é o Michael Jordan. E ainda por cima me perdi deles na saída, com toda aquela gente! Sou uma idiota mesmo, agindo feito criança, achando que ir ao jogo ia fazer mágica, e Ken iria voltar a gostar de mim. Agora eu estou fora do estádio, perdida, quase chorando. Milagrosamente vi um daqueles telefones pagos e corri usar. Quem sabe conseguiria falar com alguém ? Liguei pra Hoshi, mas ela não atendeu. De cabeça, só sei o dela e de Ken, que estavam aqui... disquei o número dele e esperei, o coração apertado, acelerando a cada bipe. Será que ele atenderia ? ah, droga... ele nem deve estar se importando. Deve estar com uma garota agora. Nem deve ter percebido que sumi... não restou nada Nina, acorde, você o perdeu pra sempre. Coloquei o telefone no gancho, arrasada, assumindo minha derrota. Mas como vou voltar pra casa? Não faço ideia de onde estou... posso usar o GPS do celular mas além de ser tarde, é muito longe... espera, os números no celular! O peguei mas estava sem bateria.... deixei os braços caírem, derrotada, e me sentei na calçada e comecei a lembrar dos momentos com Ken, que eu fiz questão de estragar. O que aconteceu com a gente ? Nem um resquício de amor ficou ? E nossos planos ? Nesse momento, um carro estacionou próximo de mim e uma música romântica estava tocando. Ah, que ótimo. Música romântica nesse momento. Comecei a chorar de verdade. O que vou fazer ? Não posso pedir carona pra um desconhecido... respirei fundo, tentando lembrar de mais algum número de telefone. E, além de toda essa maravilha, reparei que estava em uma rua quase deserta.








Ken POV








–- CADÊ ELA? - Gritei desesperado, depois de perguntar umas duas vezes e não ter resposta. Estavam todos no carro, se perguntando o mesmo que eu, mas não tão nervosos. Hoshine se aproximou de mim e colocou uma das mãos no meu ombro.

–- Calma, ficar desesperado agora não resolve nada. Eu acho que ela se perdeu no meio do tumulto da saída...

–- Isso é óbvio Hoshine! Agora que praticamente todo mundo foi embora, vamos procurá-la nos arredores. Cada um pra um lado ! E com celular na mão pro caso dela ligar !

–- O meu acabou a bateria... - Disse Hoshine desolada.

–- Ah, mas que... - Tirei o meu do bolso, e também tinha acabado a bateria. Mas que droga é essa? É epidemia de bateria fraca? Bufei e o guardei de volta no bolso, e fui junto com Hoshine procurar Nina. Saímos gritando o nome dela, e a cada vez que gritávamos e nada dela responder, mais meu desespero aumentava. Será que ela fez alguma loucura? Mas isso não é do feitio dela... será que alguém está fazendo algo ruim com ela agora? Senti meu estômago contrair com esse pensamento e passei a andar mais rápido. Minha Nina, cadê você? Me desculpe por ter sido grosso, por não ter te dado uma chance... você vem tentando provar que mudou e eu só lutando contra esse sentimento... você errou mas quem não erra ? Esteja bem, Nina, esteja bem...











Nina POV









Estava quase cogitando a ideia de procurar um metrô, quando um moço se aproximou. Eu achei que ele simplesmente ia passar por ali, mas ele tirou uma arma de dentro do casaco e sentou ao meu lado. Gelei na hora e estremeci.

–- Passa o celular e todo o dinheiro que tiver garota. - Ele apontou a arma pra minha cabeça e eu delicadamente tirei o celular do bolso e todo o dinheiro que tinha e entreguei.

–- Só isso ? - Ele riu e me pediu mais. Mas eu não tinha! Segurei as lágrimas e tentei não estremecer a voz.

–- Não tenho mais nada...

–- Ah, você tem sim... - Ele colocou o braço em volta de mim e o outro por baixo da minha blusa. Eu tremia descontroladamente, e algumas lágrimas estavam escorrendo. Isso não... o que eu vou fazer ? E então ouvi Ken gritar meu nome. Me virei na hora e o bandido com certeza percebeu que eu reagi ao nome.

–- Então seu nome é Nina... ? - Ele ergueu o revólver e apontou na direção do nome. Assim que Ken aparecesse, ele atiraria. Arregalei os olhos, com vontade de gritar pra que Ken corresse, mas com certeza seria pior. Senti meu corpo amolecer, como se todas as minhas forças escorressem, me faltou ar, minha mente embaralhou. O que eu vou fazer ? O homem se levantou e ergueu o revólver, e então vi Ken aparecer. Ele parou ao ver a arma apontada em sua direção, ao me ver no chão desolada, e logo atrás dele, Hoshine também parou analisando a cena. Todos com a surpresa e o medo estampado nos olhos.

–- Vai embora daqui, cara. - Disse o bandindo para Ken, que cerrou os punhos.

–- Não vou, deixa ela e a gente não faz nada.

–- Não, eu quero a garota. Você é namorado dela? - Ele se ajoelhou ao meu lado e com a mão livre voltou a acariciar minha barriga e continuou subindo por baixo da minha blusa. Eu olhei para Ken implorando para que ele fosse embora, com a respiração pesada. Sentia nojo daquele homem, mas o que eu poderia fazer? Eu estava chorando de novo, incapaz de fazer qualquer coisa, me condenando por ser tão fraca.

–- Solta ela... - Ken deu um passo á frente e o cara se preparou pra atirar.

–- Vou te dar dez segundos. E a garota aí também. Dez... - O quê ? - Nove... - Ele vai atirar mesmo ? Mas é claro que vai... droga, não consigo pensar !

–- Vão embora! Por favor! - Meu impulso foi gritar, e foi o que fiz. Mas minha voz não saiu tão alta, eu me sentia sufocada.

–- Sete... - Já está no sete ? E eles ainda estão parados lá ! Com certeza Ken está planejando uma loucura... - Cinco... - A cada pensamento meu, o tempo corre. O tempo não pára, eu preciso fazer algo, eu preciso... - Três... - Ken permanecia imóvel, Hoshi também. Será que eles iriam tentar desviar do tiro ? Mas ele atiraria de novo... - Um – Nesse momento, o desespero tomou conta de mim de uma forma tão intensa que empurrei o braço dele no momento do tiro, fazendo-o mudar de rumo. Que não acerte ninguém, implorei em pensamento. A arma caiu a algum metros e logo Ken estava correndo para chutá-la para mais longe, e Hoshi foi para o telefone que eu estava antes, acho que chamar a polícia. O homem me empurrou para o chão e correu atrás de Ken. Eu me levantei e o alcancei, e pulei em cima dele para atrasá-lo, e consegui, Ken chutou a arma á metros e metros de distância. O filho da mãe me empurrou pro chão e foi pra cima de Ken, por sorte ainda não percebeu Hoshi no telefone. Eu me levantei e assisti os dois brigando, aos gritos. A boca de Ken já estava sangrando, seu olho roxo, e ele já não aguentava, eu via pelos seus membros frouxos e a pose curvada. Mas ele continuava ali. Me defendendo. Logo ele levou um soco no estômago e caiu, e nesse momento ouvi as sirenes, do resgate e da polícia, se aproximando. O bandido se assustou na hora e saiu correndo, mas a polícia o alcançou. Agradeci imensamente por saber que aquela miséria de ser humano vai ser preso. Corri até Ken e me ajoelhei ao seu lado, enquanto Hoshi ia falar com um policial e contar o ocorrido.

–- Ken ? - Eu coloquei uma das mãos em seu rosto, e ele abriu os olhos lentamente, e sorriu.

–- Eu morri e fui pro céu? - Eu revirei os olhos e ri.

–- Você continua besta...

–- Escuta, me desculpa por aquele dia, do encontro... eu não me sentia seguro pra me encontrar com você de novo, fiquei fugindo disso achando que tudo seria como da outra vez... a razão me dizia "fuja dela, você já se machucou uma vez" mas você mudou tanto... e acho que vale a pena arriscar. Eu quero te dar outra chance.

–- Bom, vamos dar uma olhada nisso ? - Era um dos enfermeiros do resgate.

–- Não preciso ir pro hospital – Reclamou Ken.

–- Ele vai sim, pode levar.

–- Não sem ela – Ele segurou minha mão e o enfermeiro riu. E eu sorri.

–- Sem problemas.









Shizuka POV








A casa ficou inteirinha só pra gente. Eu achei que os garotos, junto com Nina e Hoshi estavam demorando, mas isso só prolongava nossa diversão entre garotas. E deviam ter ido comer alguma coisa. Nós pedimos pizza e ficamos conversando de várias coisas, também ligamos o som e dançamos como um monte de retardadas. Tirando o fato de Charlotte também estar aqui, estava perfeito. O único garoto que não foi ver o jogo foi Castiel, o que estranhei. Devia estar trancado no quarto... as garotas resolveram ver um filme na tv e eu já estava com sono. Mas não queria dormir, nem ver filme... resolvi fazer um chocolate quente e ir pra varanda, dar uma olhada pro céu, que estava incrivelmente estrelado. Lindo.

Estava tão distraída com o céu noturno, parada na soleira da porta, que nem percebi um som de violão vindo da varanda. Acompanhei o som e me aproximei, até conseguir ver Castiel sentado em um canto tocando. Me bateu uma nostalgia de quando o vi concentrado assim pela primeira vez e deixei escapar um sorriso, que logo escondi. Já estava quase saindo de fininho quando ele me viu.

–- Oi – Ele disse, com um sorriso de canto. Isso me lembrou do dia em que o encontrei na sala de música, e ele estava tocando. Aquele sentimento voltou, aquela vontade de ficar perto dele. Eu estava me traindo. Mas poderíamos conversar como amigos não poderíamos ? Até quando eu iria fugir ? Fiquei parada feito tonta, indecisa entre seguir a razão ou meu coração.




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Notas finais do capítulo

Aee finalmente postei --' Desculpa a demora gente... mas é que to cheia de coisa pra fazer, mesmo sendo férias @_@ espero que gostem *O*