Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 13
Sentimentos novos, ciúmes e bromance


Notas iniciais do capítulo

"Because maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall..."
(Wonderwall, Oasis)



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–- Senta aí. – Ele disse, quebrando o silêncio. Assenti. Coloquei minha pasta em cima do piano e caminhei até uma mesa que estava na frente dele, já que não tinham mais cadeiras. Sentei e ele olhou pra mim, enquanto se encostava na cadeira. – Está melhor ?

–- Estou. Mas, me diga uma coisa... como você conheceu o Lysandre ? O que ele fez ? – Ele deu de ombros.

–- Não foi nada tão grave mas ele é insuportável só pelo jeito dele. Aquele ar de superior, que se acha melhor que todo mundo. Enfim... foi no meu segundo ou terceiro show, não lembro... algumas pessoas da escola, que estavam no terceiro na época, mais o Lysandre e a Ambre foram. Na escola ele era como quando estava com você. Mas nesse dia ele agiu como ele realmente é, achando que ninguém saberia.

–- O Nathaniel não foi?

–- Não. – Seria estranho o Nath gostar dele mesmo sendo quem ele é, e só fui pensar nisso agora. Fiquei aliviada ao saber que ele não estava lá, portanto não sabia do verdadeiro caráter do Lysandre. – Depois do show, teve uma festa. Minha ex estava lá, e ele começou a dar em cima dela. Eu pedi pra que ele parasse e aparentemente parou, pediu desculpas e tudo mais. Depois eu a deixei conversando com algumas amigas e quando voltei, ele estava em cima dela de novo, tentanto forçá-la. Não agüentei, fui até lá e bati nele. – Ele de um riso leve, depois sorriu. – Preciso parar com essa mania... sou muito impulsivo.

–- É eu vi. – E ri.

–- E eu vi ele e a Ambre juntos nessa festa. Acho que tudo começou lá.

–- Que garoto idiota... mas é passado. Eu vou esquecer completamente. Agora mudemos de assunto né ? O que estava tocando quando eu cheguei ?

–- Wonderwall.

–- do Oasis ? Toca pra eu ver ?

–- Você canta ?

–- Sou péssima nisso... – Ele sorriu.

–- Eu canto junto então. – Ele começou a tocar os acordes iniciais. Ele nem olhava pro braço do violão ! Ele era realmente bom. Quando a letra começou, ele cantou e eu também. Rimos juntos, tentando não perder o tempo da música, com a minha voz estranha. Eu era ótima no piano e boa na bateria, mas pra cantar não servia de jeito nenhum. Quando a música terminou, comecei a rir mais ainda e ele também. Ele tinha uma risada linda, gostosa de se ouvir. Era tão bom vê-lo assim, sem toda aquela frieza, toda aquela armadura, aquele ar de homem de lata sem coração.

–- Você parece uma criança quando ri. – Senti meu rosto esquentar, estava vermelha com certeza. Ele me olhou nos olhos, aquele olhar meio sério, meio divertido. Aquele olhar marcante e profundo, que fez borboletas alçarem vôo no meu estômago. – Eu gosto de estar com você, eu... posso ser eu mesmo. Eu venho evitando algo assim há um bom tempo... mas há algo em você, é... esse olhar provocante, e ao mesmo tempo essa doçura que você carrega, a simplicidade no jeito que você ri. Esse mundo é tão egoísta, frio e cruel, e alguém como você me traz serenidade. Eu sou sempre tão sério, e você tão alegre. Me faz querer rir também. – Eu estava ouvindo aquilo mesmo ? Castiel estava sério enquanto dizia essas palavras, pareciam sinceras... meu coração acelerou e meu rosto esquentou de novo.

–- Eu... – Fiquei procurando as palavras certas. Olhei para o chão e juntei as sobrancelhas. Era confuso, apesar de eu ter gostado de ouvir aquilo... eu acabara de sair de um relacionamento, era tudo tão rápido... – Eu não queria me envolver agora, sabe... foi doloroso o modo como eu e Lysandre terminamos...

–- Eu também não queria. – Ele colocou o violão de lado e se aproximou. Tocou de leve meu rosto e estremeci com suas mãos quentes, que me fizeram sentir um arrepio que percorreu todo o meu corpo. Seu toque era tão agradável, tão bom... respirei fundo, me recompondo. Olhei para ele, que estava com o rosto á centímetros do meu. – Mas eu não consigo resistir. Você consegue ?

–- Isso é golpe baixo... – Ele riu e me beijou. Aquela mesma sensação, que agora eu sentia mais plenamente, agora que minha mente estava melhor. Essa sensação que me consumia e eu sentia que jamais, jamais enjoaria. Poderia ficar horas o beijando, iria sempre querer mais. O abracei e o puxei para mais perto de mim, e ele passou a mão pelo meu cabelo, acariciando. Quando ficamos sem ar, nos separamos e ele desceu sua boca até meu ouvido.

–- Acho que isso significa que não podemos mentir pra nós mesmos... talvez você seja aquela que me salva... – Ele sussurrou.

–- E no final de tudo você é meu protetor... – Sussurrei em resposta, completando a letra do refrão de wonderwall que ele citou. Ele se afastou um pouco para poder me olhar nos olhos. - E agora o que a gente faz ? – Perguntei. Ele deu de ombros.

–- Vamos deixar tudo acontecer como tem que acontecer. Que tal um encontro no sábado ? Posso te levar pra conhecer alguns lugares aqui em NY. – Fiquei empolgada com a idéia de conhecer mais da cidade na compahia dele.

–- Vamos ! Mas precisamos ser discretos... a Ambre...

–- Não tenho medo dela.

–- Mas ela disse que faria de tudo, até prejudicar seu sonho...

–- Ela só sabe falar. Não teria capacidade pra isso. Se quiser ser discreta eu entendo... mas não por medo dela. – Assenti e coloquei minha cabeça um pouco abaixo de seu ombro. Ele acariciou minha cabeça por alguns segundos e ficamos assim, em silêncio, apenas aproveitando a presença do outro. O silêncio não incomoda quando se realmente gosta de alguém, e isso me deixava feliz.




Ambre POV



–- Não acredito nisso até agora ! – Eu andava de um lado para o outro, gesticulando, morrendo de raiva. – Eu vi eles dois dançando, Charlotte, e depois ele foi com ela pra não sei onde... argh ! QUE RAIVA !

–- Calma Ambre... – Disse Charlotte, que estava sentada em minha cama, mexendo no meu notebook e comendo waffles.

–- Como calma ?! – Deixei meus braços caírem e me sentei na borda da cama. – Até perdi a hora hoje, nem fui pra escola...

–- Qualquer coisinha é motivo de falta né ? E ainda me liga dizendo pra eu vir, que era urgente...

–- Mas é urgente. – Charlotte revirou os olhos e riu.

–- Não, é você que é a Rainha do drama mesmo. Mas fica tranqüila. Eu tenho um jeito de afastar esses dois...

–- Sabia que poderia contar com você, Chal. – Sorri, confiante. Charlotte sempre tinha ótimas ideias.

–- Na verdade é uma coisa que eu ia fazer mesmo se os dois não estivessem juntos. Mas vai cair como uma luva...

–- O que você vai fazer ?

–- É surpresa. Vai saber depois que eu fizer.

–- Hunf. Como você é má. – Ela sorriu e depois voltou a atenção para o que estava vendo no computador.




Shizuka POV




Infelizmente, Castiel se lembrou que tinha que falar com Dakota e teve de ir. O intervalo estava quase no fim, então decidi deixar pra tocar piano no dia seguinte.

Resolvi passar na biblioteca e falar com o Nathaniel. Entrei lá toda sorridente, e ele abriu um sorriso enorme ao me ver toda feliz.

–- Shizuka ! Queria mesmo falar com você. Eu soube do que aconteceu sábado...

–- Ah...

–- É, a Ambre me contou sobre o Lysandre. Eu nem fazia idéia disso... eu disse um monte pra ela, mas ela bateu a porta do quarto na minha cara. Nem adianta eu falar nada... – Ele suspirou e eu dei de ombros. – E ela também contou que você está com o Castiel, é verdade... ? – Arregalei os olhos na hora e olhei para o lado.

–- É, não... é, na verdade... ai sei lá ! É quase isso...

–- Ah... então você está bem né ? – Eu assenti, mas notei que ele não tinha ficado muito feliz em saber que eu e Castiel estávamos praticamente juntos. Ele deu de ombros e sorriu.

–- Vou levando né... ah, eu esqueci de trazer o livro !

–- Não tem problema... mas não esquece de trazer amanhã.

–- Finalmente te achei. – Ouvi a voz de Ken e me virei para trás, e era ele mesmo entrando na biblioteca. Sorri e corri abraça-lo.

–- Ken ! Recebeu minha mensagem ?

–- Recebi sim... mas o que aconteceu ?

–- Depois eu te conto. Vem, vou apresentar um amigo. Esse é o Nathaniel. Nath, esse é o Ken. – Eles se cumprimentaram e Ken voltou a falar.

–- A Nina veio pra cá. Os pais dela estão morando em Manhattan.

–- Sério ?! Não vejo a hora de reencontrá-la !

–- É... – Ken torceu o nariz e eu o empurrei de leve.

–- Para com essa implicância com ela ! Desde criança assim... – Olhei para o Nath e ri de sua expressão de quem estava boiando. – Nina é uma amiga nossa de infância – expliquei, e ele riu.

–- Ah tá...

–- Mas você não sabe... lembra que eu te disse que namorei ? Então, foi ela. Mas brigamos feio, ela não gostava de mim de verdade...

–- Sério ?! – Fiquei extremamente surpresa com a notícia. Pedi pra que ele me contasse mais detalhes, e depois conversamos de outros assuntos para que Nath não ficasse boiando tanto. Pelo visto eles se deram bem, e fiquei feliz em ver dois amigos meus se dando tão bem. Quando a conversa terminou e voltamos pra sala, ambos pareciam que já se conheciam á anos.





Meredy POV




Eu estava super animada com a idéia do musical do Fantasma da Ópera. Eu e Dimitri, o professor de artes da escola, estávamos arrumando as coisas e esperando as pessoas para os testes. Logo Leigh chegou e corri ajeitar meu cabelo e guardar meu pacote de bolachas, já que estava correndo de um lado para o outro e uma garota descabelada comendo bolachas não devia ser muito legal de se ver.

–- Então você vai ficar por aqui mesmo ! – Disse, animada, quando ele chegou. No baile ele me contou que o irmão dele pretendia ficar um tempo em NY e como ele ainda estava no terceiro ano, iria estudar na mesma escola que eu. Confesso que fiquei feliz com isso, ele era legal, fofo, engraçado... e lindo. Corei com esse pensamento.

–- Eu vou, e fiquei sabendo do musical. Quero tentar o papel do fantasma...

–- Ah, que legal !

–- E você, o que vai fazer ?

–- Ah, eu só ajudo com roteiro e cenários, não atuo...

–- Ah sim... – Nesse momento, Hoshine chegou. Acenei pra ela, que veio correndo e me deu um daqueles nossos abraços de urso, do tipo que se dá quando não vê a pessoa há um bom tempo, e nos víamos todos os dias, mas era uma mania dela. E eu gostava, era engraçado. Depois do abraço, olhei para o Leigh, que estava um tanto surpreso com a doida da Hoshine correndo e me abraçando do nada, e riu.

–- Isso que é amor fraternal... – Ambas rimos e eu os apresentei.

–- Hoshi, esse é o Leigh. Leigh, essa é a Hoshi. – Eles se cumprimentaram com um beijo na bochecha e Leigh perguntou pra ela se iria tentar um papel. Começaram a conversar e eu apenas observava. E percebi que ele a olhava de uma forma... quase vidrada, quase que da mesma forma que Armin a olhava. E uma ponta de ciúmes começou a surgir... que besteira, não tem nada a ver.

–- Eu vou terminar de arrumar as coisas pra começar os testes. – Ele apenas acenou com a mão e mal virou o rosto pra mim, estava completamente envolvido com Hoshi. Será que... ? Ah não, deve ser viagem minha.

Enfim os testes começaram. Logo chegou a vez da Hoshi e fiquei cheia de expectativas, minha mana canta muito. Ela cantou Memories, do musical Cats. E foi incrível, a sua voz era perfeita. Me senti arrepiar com o dom que ela tinha. E não só eu... olhei para o lado e Leigh parecia estar em uma espécie de feitiço, olhando-a fixamente sem piscar.

–- Ela é incrível... – Ele disse pra mim, depois que ela terminou. Dimitri bateu palmas e foi elogiá-la, e Leigh também. De onde estava, podia ver que ele ficou envergonhado, agindo timidamente enquanto falava com ela, aquele mesmo jeito fofo com que me convidou pra dançar. Aquela ponta de ciúme voltou ainda maior... Hoshi era perfeita. Como eu poderia querer que alguém como Leigh gostasse de mim, sendo que eu tenho uma irmã como ela ? Suspirei fundo e saí de fininho, esperando não ser notada. Não queria mais ver aquela cena, já era, perdi o Leigh pra ela.





Shizuka POV




Voltei para a sala e logo em seguida, o professor de história chegou. Castiel entrou um pouco atrasado, e ri escondida da cara do professor, que acabou deixando-o entrar.

Eu queria olhar pra trás, mas estava morrendo de vergonha.

O professor resolveu passar dois trabalhos: um para fazer em classe e outro pra entregar. Em duplas. Ele sorteou os números; no trabalho pra aula eu caí com uma garota que ainda não conhecia e o para entregar eu caí com o Castiel. Me virei pra ele quando o professor anunciou, e ele estava com um daqueles sorrisos de canto irresistíveis e que pareciam que estavam tirando uma com a minha cara. Corei e sorri de volta, e me virei antes que o professor implicasse.

A garota com quem eu faria trabalho trouxe a carteira até o lado da minha.

–- Vamos começar então ? – Perguntou. Sorri e assenti.

–- Eu me chamo Shizuka, e você ?

–- Ellen. – Ela era um tanto séria, mas não parecia ser uma pessoa ruim, apenas fechada mesmo.

–- Então, o que temos que fazer mesmo ? – Ela explicou o trabalho e fizemos. Depois de mais ou menos meia hora concentradas no trabalho, terminamos e entregamos para o professor. Depois que voltei e sentei, ela olhou pra trás e depois pra mim.

–- Você e o Castiel... vocês namoram ? – Arregalei os olhos e virei pra ela, surpresa. Ela era um tipo de paranormal ?!

–- Hã ?? Não... – Ainda, pensei. Quase disse que é quase isso mas lembrei que tinha que ser discreta por enquanto. – Porque ?

–- É o jeito que ele te olha... – Senti meu rosto esquentar.

–- Viagem sua... – Não pude conter um sorriso, mas tentei disfarçar. Mas por dentro estava super feliz. Era tão aparente assim ?




Castiel POV




Enfim as aulas terminaram. Eu queria falar com ela antes de ir, mas ela disse que tinha que correr porque a mãe dela precisava resolver algumas coisas e já estaria ali. Perguntei se ela poderia ir amanhã em casa para fazermos o trabalho, e ela disse que sim. Depois saiu correndo, e eu só observei aquela coisa pequena e um tanto desajeitada correndo. Não pude evitar de rir.

–- Ei cara – Ouvi a voz do Dake e senti ele colocando a mão no meu ombro. – Onde vamos fazer as músicas ?

–- Que tal na minha casa ?

–- Vamos agora ?

–- Pode ser. – Saímos andando e Dake pegou uma carona comigo. Sorte que eu sempre tinha um capacete reserva.

Eu e Dake combinamos de fazer as melodias de umas letras que o Armin escreveu, para apresentarmos nos próximos shows. Quando chegamos, almoçamos e depois fomos compor. Dake já tinha algumas coisas em mente, e devo admitir que ele é o melhor quando se trata de melodias, ele consegue criar coisas marcantes, criativas. Terminamos uma, e já estava quase anoitecendo. Compor demora demais... decidimos dar uma pausa e fomos até a sacada do meu quarto. Ele sentou ali e eu fui buscar duas cervejas pra nós. Quando voltei, sentei do lado dele.

–- Opa, uma Stellinha geladinha, aí sim... – Brincou ele quando pegou a garrafa de Stella Artois. Eu ri. – Então... você e a Shizuka... – Engasguei e cuspi um tanto da cerveja com o susto. Quem tinha contado ?

–- Quem te contou ?

–- Estão comentando... e esse seu susto só confirmou.

–- Vai se ferrar. Mas é, é verdade...

–- Até que enfim ! – Ele deu um tapa camarada nas minhas costas e bebeu um gole da cerveja. Eu olhei pra ele, sério.

–- Mas não é tão simples assim...

–- A Helena.

–- É, eu... eu me sinto culpado, entende. Como se a traísse...

–- Cara – Ele ficou sério, mesmo com aquele jeito despreocupado e meio viajado, ele conseguia ficar sério. – Eu já te disse, faz mais de um ano, quase... se ela voltar, você não vai ter culpa, você tem que seguir sua vida.

–- Eu sei mas... – Passei as mãos pelo rosto, um tanto nervoso. Falar disso me deixava muito nervoso. Bebi um gole de cerveja pra me acalmar. – Eu fico aqui aproveitando, e ela... – olhei para o chão e Dake percebeu o quanto aquilo me pertubava. Ele colocou uma das mãos sobre o meu ombro e me olhou com um olhar compassivo.

–- Isso não foi culpa de ninguém Castiel. Foi um ato impulsivo dela. Não pode parar a sua vida... durante todo esse tempo você ficou se martirizando... se privando de sentir. No começo é compreensível, você esperou por ela... mas cara, eu tenho certeza que ela não iria querer isso. Iria querer que você continuasse e fosse feliz...

–- Se tratando da Helena eu tenho certeza que ela iria querer mesmo...

–- Então. Pára de se culpar. Eu sei que deve ser difícil... mas já passou um tempo, é hora de deixar isso cicatrizar, e seguir em frente.

–- Eu achava que nunca mais iria sentir algo desse tipo... - Encarei o nada, pensativo. - Ela tem os olhos idênticos ao dela. E foi isso que me chamou a atenção no início... ela estava no nosso último show. Quando vi aqueles olhos, até errei... me lembrei daquela noite. A última... - Bebi um enorme gole de cerveja para tentar afastar as memórias que me invadiram. Aquele último show... - Mas aí, comecei a percebê-la, ela em si, entende ? E aí já era, eu a evitava, mas... aconteceu. O namorado dela a traiu, eu fui consolar, e acabamos nos beijando. Agora não tem mais volta... - Dei uma risada irônica. - Eu, Castiel, quem diria, eu achava que tinha perdido o coração pelo caminho, achei.

–- É... a Helena te mudou muito. Mas aí, apesar de manter o que ela mudou, se tornou um cara frio, sem sentimentos. Imerso em culpa. Agora a Shizuka te salvou disso. Não a deixei ir, bro. - Sorri de canto e o encarei.

–- É... ela desperta o que tem de melhor em mim. É bom isso. De qualquer jeito eu ia te contar... pensei em falar com o Alexy também, mas com ele seria impossível. Ele só iria falar dos peitos dela.

–- Tudo bem que é um assunto muito interessante – Eu ri e ele também, depois concordei.

–- Mas não é só isso.

–- É, o Alexy não entende. Falei da Alice pra ele...

–- Quem é Alice ?

–- Uma garota que conheci no baile... jantamos, conversamos... e eu beijei ela. E que beijo, aquela menina é viciante. Eu queria vê-la de novo, eu realmente gostei dela...

–- Porque não pegou o número dela ?

–- Eu peguei. Liguei e caiu numa tal de Maria, que nem faz ideia de quem seja Alice. - Eu ri, mas ri mesmo, até coloquei a garrafa no chão de tanto que ria. - Você ri né...

–- Mulher é assim mesmo. Faz a gente ficar que nem bobo, e depois larga.

–- Ah, mas eu vou achá-la, vou prestar atenção nas garotas na escola... preciso vê-la de novo. É diferente das garotas que eu fico... não sinto falta delas. Com ela foi diferente...

–- Que bom, tava na hora de achar uma menina legal pra namorar. Espero que a encontre.

–- É... enfim. Não esquece o que te falei. Vai em frente, e qualquer coisa sabe que eu tô aqui né. Sabe que eu te amo seu viado.

–- Dake, você é muito gay.

–- Não é isso, é o bromance, esqueceu ?

–- Gaymance, só se for. - Ele me empurrou e eu fiz o mesmo. Dake estava sendo meu melhor amigo, um irmão mesmo, desde que a minha amizade com Nathaniel acabou. Mas não queria pensar nisso. No outro dia iria fazer um trabalho com ela, e aproveitaria pra ficar bem perto, entregar uma coisa que fiz pra ela e deixar acontecer. Não significava que a dor tinha ido embora, eu nem iria agir como se nada houvesse acontecido; mas precisava viver. Já que comecei isso, então vou até o fim. Tanto que iria bem devagar, realmente deixar acontecer aos poucos, pra quem nenhum dos dois se machuque. E ela merece um coração inteiro, não um despedaçado.

Até agora era muito estranho tudo isso. Não se explicar como aconteceu, só sei que agora minha vida antes de conhecê-la parece meio sem sentido. É como aprender a ler. Depois que você aprende, sua vida antes de saber ler não parece meio vazia, sem sentido... é difícil lembrar não é ? Pois é.

–- Ah, sexta vamos fazer aquela tradicional noite entre garotos. Videogame, falar sobre garotas... essas coisas idiotas mas que não conseguimos viver sem. Vai vir ?

–- Não, o Nathaniel vem né ?

–- Vem...

–- Não dá. Da próximo ele não vem e eu venho. - Dake suspirou e concordou. Eu poderia abrir uma exceção para Shizuka, mas a amizade com Nathaniel demoraria muito tempo para ser recuperada. Não era tão fácil...








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Notas finais do capítulo

aeee õ/ capítulo meio sei lá, mais rotineiro... mas são essenciais pro andamento da história né ? XD ah, e o bromance que o Dake cita, é uma expressão usada pra definir uma amizade achegada entre garotos, mas que não chega a ser gay UAHSUAHAUHSAUHS aqui um vídeo de uma música que fala sobre bromance: http://www.youtube.com/watch?v=EJVt8kUAm9Q eu rio tanto com isso gemt UHASUASHUAHSUAHSUHA



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