Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 14
Congele o momento


Notas iniciais do capítulo

"Something about you now
I can't quite figure out
Everything she does is beautiful
Everything she does is right...
Cause it's you and me, and all of the people
With nothing to do, nothing to lose
And it's you and me and all of the people and
I don't know why, I can't keep my eyes off of you..."
(You and me, Lifehouse)



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Castiel POV


Eu estava ansioso para que hoje chegasse. Ela iria vir aqui para fazer trabalho, e eu queria que estivesse tudo em ordem. Acordei mais cedo pra deixar o quarto em ordem. Antes de sair, pedi para minha mãe fazer um almoço caprichado. Ela perguntou porque e eu disse que uma amiga viria fazer trabalho. Ela sorriu, e disse que capricharia com certeza. Pelo sorriso, já teve ter percebido que não era só uma amiga.

A conversa com Dake na noite anterior tinha me animado bastante. Ás vezes, á noite, antes de dormir, me pegava pensando nisso, na culpa e tudo mais. Mas me lembrava das palavras do meu amigo e do rosto dela, e então tudo ficava bem. Mas eu continuaria pedindo, todos as noites, para que Helena pudesse ser feliz novamente.





Shizuka POV




Ao acordar, a primeira coisa que me lembrei é que hoje iria na casa do Castiel fazer trabalho de história. Confesso que fiquei ansiosa, queria muito conhecer a casa e os pais dele. Será que iam gostar de mim ? Quando cheguei na sala de aula, fui recebida por aquele sorriso dele, e aquela jaqueta de couro o deixava ainda mais irresistível. Me lembrei de uma conversa que tive com Íris e Meredy ontem por msn. Íris no contou tudo sobre o Dake, mas acha que ele não vai nem se lembrar dela. Depois falamos dos estilos dos garotos; eu disse que amava garotos que usam jaquetas de couro, Mel gosta do jeito como Leigh usa seus casacos parecidos com ternos; ele coloca uma blusa branca por baixo e o terno em cima, com a manga arregaçada até o cotovelo. Isso no dia-a-dia, porque ele era bem clássico e gostava do estilo vitoriano, mas só usava em ocasiões mais propícias. E Dake era o garoto do swag, de acordo com Íris, ele ficava lindo com suas jaquetas de time de baseball que ás vezes pareciam com pára-queas, suas calças largas – mas não largas demais – e tênis da VANS. É, eram garotos muito estilosos. Até o Nath entrou no meio da conversa, mas ele era o mais casual de todos, amava camisas Pólo, o que devo dizer, são muito bonitas nele. Fiquei pensando nisso enquanto ajeitava meu material. As aulas passaram rápido, e no intervalo Mel apareceu na minha sala para conversarmos. Castiel resolveu ir treinar violão, já que teria bastante tempo comigo á tarde, e me deixou com a Mel.

–- Então vocês estão mesmo juntos, né... – Ela deu uma risadinha maliciosa e eu a empurrei de leve.

–- Não me olha assim !

–- Quase caí da cadeira quando me contou ontem no msn. A Íris também, deve ter tido ataques de fofura. Afinal, vocês dois ficam muito lindos juntos, Shizu. Eu apoio. – Sorri, corada. Mel riu e depois seu sorriso foi desaparecendo, dando lugar á uma expressão séria e pensativa.

–- Mas não to com a mesma sorte...

–- Porque ?

–- Ah, o Leigh ta caindo de amores pela minha irmã...

–- Hã ? Mas eles nem se conhecem direito... conhecem ?

–- Não, se viram ontem. Mas eu vi pelo olhar dele...

–- Ah Mel ! – Revirei os olhos. – Sua irmã é mesmo bonita, deve ser um encanto passageiro, não se renda assim !

–- É... ontem eu e ela discutimos. Ela acha que é viagem minha... pode ser. Vou pedir desculpas pra ela hoje e vou tentar me aproximar do Leigh...

–- Isso mesmo ! Agora, que tal a gente dar uma volta, cansei de ficar na sala. – Ela concordou e fomos andar no pátio. Encontramos a Íris e também o Armin, que pelo jeito também estava com ciúmes de Hoshi e Leigh. Mas no fim ele também preferiu pensar que era viagem dele e continuar tentando conquista-la.

–- Esse gosta de tomar sopa com garfo – Brincou Íris. Eu fiquei com cara de ‘hã’ e os outros também. – Ah, vocês não entenderam ? Olha Shizu, uma cantada. Você tem um garfo ?

–- Não... porque ?

–- Porque to te dando sopa... – Já comecei a rir por aí.

–- Mas sopa se toma de colher...

–- É que sou difícil. – A encarei por alguns segundos, e Mel e Armin já riam. Porque sou tão lerda em entender as coisas ? Depois que caiu a ficha, comecei a rir de escorrer lágrimas.

–- Então a hoshi é uma sopa pra se tomar de garfo ?

–- É, faz sentido – Disse Armin. Continuamos conversamos sobre assuntos banais, porém engraçados, até bater o sinal. Voltei pra sala, e a cada aula que passava minha ansiedade aumentava. Até que bateu o sinal de saída, arrumei meu material e me levantei, virando para trás. Castiel se aproximou de mim, sorrindo.

–- Gosta de andar de moto ?

–- Dá um pouco de medo, mas é bem emocionante. Ah, sua mãe vai estar em casa né ?

–- Vai sim...

–- É que meu pai ficou meio assim, porque não te conhece... – Dei um risinho meio constrangido. Ele sorriu.

–- Normal. – Fomos andando enquanto falávamos da emoção de andar de moto, e eu mandei um sms para o meu pai, dizendo que a mãe dele estaria em casa, para tranqüiliza-lo. Confesso que gostei da sensação de abraçar Castiel enquanto corríamos pelas ruas de NY. É bom sentir o vento no rosto, dá uma sensação de liberdade.

Não pude conter a surpresa ao chegarmos na casa dele. Era imensa. Uma portão enorme, com direito á porteiro, jardim e a casa tinha um ar imperial. Claro, o pai dele tinha inúmeras posses e uma próspera empresa no ramo de peças de carros. Minha casa era enorme, mas a do Castiel era o dobro.

–- Nem ligo tanto pra isso... – Disse, ao perceber minha surpresa. – Acho meio desnecessário.

–- É, concordo... a minha casa é grande, mas a sua dá duas da minha ! E ainda acho o tamanho da minha desnecessário... mas a parte que eu gosto é de ter sacada. – Fomos andando pelo jardim enquanto conversávamos sobre nossas casas, e falando que era até meio fútil tudo isso, mas fazer o que, nossos pais são excêntricos. Ele abriu a porta da casa e eu entrei. Meus olhos até doeram de tanto brilho, o piso era de mármore, os corrimãos da escada... e no centro do hall de entrada, no teto, havia um enorme lustre. Ele me levou até a cozinha, e eu olhava em volta, admirada com tanta organização e beleza. Tudo impecável. Quando chegamos á cozinha, a mãe dele estava tirando uma fôrma do forno. Quando nos viu, sorriu e veio me cumprimentar. Era uma mulher muito simpática, mas que tinha o olhos tristes. Me senti compassiva dela, mas não tive coragem de perguntar. Depois que ela saiu e nos deixou almoçando, perguntei para o Castiel porque ela tinha esse semblante.

–- Meu pai. Ele é o terror dessa casa. Só sabe mandar, discutir, brigar. Ele é insuportável. Mas minha mãe ainda acha que pode mudá-lo... ela ignora o lado ruim dele e diz que é uma fase. Uma fase que já faz uns dez anos... – Percebi que aquele assunto o deixava tenso e desanimado. Tratei de mudar de assunto e logo terminamos de comer. Depois ele me levou até o quarto dele, que ficava no segundo andar. Era enorme, com pôsteres de ótimas bandas, tapetes felpudos pretos, a guitarra, o violão... e aquele cheiro do perfume dele.

–- Seu quarto tem cheirinho de você – Comentei. Ele me olhou e começou a rir.

–- Vem cá – Ele me puxou pela mão e sentamos na cama, repleta de colchas macias. Eu sentei do lado dele, que passou os braços em volta de mim. – Bem melhor sentir assim não é ? – Ele perguntou, me abraçando. De novo, as borboletas, o rosto quente, um arrepio... e uma sensação de aconchego que não trocaria por nada. Era maravilhoso sentir os braços dele em volta de mim. Aqueles braços fortes e protetores.

–- Tenho uma coisa pra você. – Ele soltou um pouco de mim e se estendeu até o criado-mudo ao lado da cama. Abriu a gaveta e tirou uma folha de lá. Depois se acomodou de volta e me mostrou, era um desenho meu.

–- Não sabia que desenhava tão bem ! – Disse, impressionada com a perfeição dos traços.

–- Gostou ?

–- Demais ! Obrigada – E sorri.

–- Vai agradecer assim ?

–- Hã ? De que outra forma eu agradeceria ? – Sim, sou lerda. Ele riu e depois tirou o cabelo do meu pescoço, e passou delicadamente o nariz por ali.

–- Só de me deixar ficar perto assim já é um agradecimento e tanto. Seu perfume também é muito bom... – Nem consegui responder, senti um arrepio me percorrer inteira e fiquei sem reação. Ele beijou meu pescoço e depois chegou aos meus lábios.

–- O trabalho... – Murmurei, e pude senti-lo sorriso enquanto me beijava.

–- O trabalho pode esperar – Ele me puxou pra mais perto, e ficamos nos beijando durante um bom tempo. Quando nos faltou ar, nos separamos e ele me olhou com aquele olhar – é, aquele olhar – e eu percebi que devia estar parecendo um tomate.

–- O que você fez comigo, hem ? – Ele perguntou. Mas era uma pergunta retórica, porque eu também não tinha resposta. Dei de ombros e depois me deitei na cama, e fiquei olhando para o teto.

–- Imagina, eu ser a garota de um músico...

–- O ‘você’ das canções mais bonitas que ele compõe. Milhares de garotas sonham com isso. – Ele se aproximou de mim e se apoiou no cotovelo, deixando seu rosto bem próximo do meu.

–- Eu acho que sou muito sortuda... e acho que nós podemos realizar muitas coisas. Nossos sonhos são compatíveis... eu sonho em viajar o mundo. Quero ver essas maravilhas, não me contento em ver só pela tevê. Tipo a aurora boreal... e eu gosto de coisas com conteúdo. Andei pesquisando suas letras na internet e eu gostei, vocês tem muita essência...

–- Fico feliz em saber que acha isso. E viajar o mundo é algo que eu quero muito também...

–- Mas a fama vai vir, mas não vamos deixar subir á cabeça. Vamos usar nossa influência e dinheiro pra causas nobres também. – Ele assentiu.

–- O mundo ainda vai ser nosso. Podemos não mudá-lo mas faremos tudo que estiver ao nosso alcance. – Fiquei pensativa por um tempo. Depois o encarei.

–- Antes eu te achava que você não se importava com nada nem ninguém...

–- É que não vale a pena demonstrar... só para as pessoas certas. – Sorri. Depois comecei a rir.

–- A gente viajou nessa do mundo ser nosso...

–- Ué, não é impossível. – Assenti e ficamos alguns segundos em silêncio, com ele me olhando. Ele ficou me olhando fixamente, analisando cada traço meu. E eu fiz o mesmo, analisando aquele rosto lindo, a franja caindo sobre a testa. A afastei com as mãos, e percebi que ele ficou um tanto nervoso, mas um nervosismo bom, aquele que eu sinto quando estou perto dele. – Acho que eu gosto de você, eu gosto do jeito que você é. – Com a mão livre, ele levou a minha até seu peito, me fazendo sentir seu coração que batia rapidamente, assim como o meu. Ele sentia o que eu sentia e uma felicidade imensa me invadiu, a certeza de ser correspondida na mesma medida. E eu fiquei mais feliz ainda com a sinceridade dele. Se ele dissesse que me amava eu ficaria um tanto receosa, com medo de ser mentira. Mas os sentimentos dele, assim como os meus, cresciam aos poucos, e isso me deixava mais calma ainda. Sabia que se um dia ele dissesse que me ama, seria verdadeiro, aquele amor mais puro em sua essência e profundidade.

–- Gosta de mim ? – Não pude evitar de abrir um sorriso enorme, e meus olhos deviam estar brilhando. – E eu de você. – O puxei suavemente pela corrente em seu pescoço para que ele me beijasse. Ele obedeceu, e meu único pensamento era que eu pudesse congelar o momento. Eu me sentia como nunca me senti antes, nem com Johnny, nem com Lysandre. Eu tinha a sensação de que era algo realmente grandioso, uma certeza de que era ele. Eu poderia estar errada, mas eu sentia isso.

Infelizmente, tivemos que fazer o trabalho. Mas foi rápido, em uma hora e meia estava pronto. Faltavam duas horas para minha mãe me buscar. Resolvemos comer alguma coisa, e fizemos panquecas com molho. Fizemos uma pequena bagunça na cozinha mas depois limpamos. Quando terminamos, ele perguntou se eu não queria ajudar ele a lavar a moto. Aceitei, já que parecia divertido. E foi, com ele me molhando e eu fazendo o mesmo quando conseguia pegar a mangueira dele. Ele comentou que fico muito sedutora passando sabão na sua moto e eu comecei a bater nele de leve, deixando o cabelo dele cheio de sabão. Depois saí correndo e ele veio atrás de mim, e quando me alcançou me puxou de volta e me encheu de sabão também. Ouvir sua risada era tão bom pra mim, era gratificante saber que faço aquele garoto tão sério rir. Mas ele era incrível porque, mesmo com seu lado romântico, e seus risos gostosos, ele continuava com aquele jeito de homem sério, com aquele olhar, com aquela pose de bad boy que faria qualquer garota derreter. Aquela voz meio rouca... Essa era uma das coisas que mais me atraíam nele, além de seu caráter que eu gostava cada vez mais, e queria conhecê-lo cada vez mais. Não superficialmente, queria conhecê-lo por completo, sua essência, tudo.

Só depois pensei em como iria embora toda encharcada. A mãe dele me ofereceu roupas secas emprestadas e eu acabei aceitando, não tinha escolha. As minhas ela se prontificou em lavar e deixar secando, e ela insistiu tanto que acabei aceitando. Ficamos os últimos quinze minutos antes de minha mãe chegar na sala, conversando com a mãe dele. Era uma mulher tão amável, e engraçada. Tive dó ao pensar no modo como o pai dele a tratava.

Logo minha mãe chegou e Castiel correu buscar meu desenho, que eu lembrei quando estava saindo. Quando ele voltou, me acompanhou até o portão. Dei um selinho rápido de despedida e ainda o fiquei olhando pelo vidro do carro. Fui o caminho todo sorrindo que nem boba, me lembrando dos acontecimentos. E percebi que ele ocupava minha mente a cada segundo, que já estava sentindo falta dele. Da sua risada, do toque... do beijo. É, agora já era, era ele.





Castiel POV




Depois que ela foi embora, fui até meu quarto, e peguei meu violão. Estava com uma letra em mente, e queria tentar montar uma melodia. Ela me inspirava, me fazia rir. Dake tinha razão quando disse pra não deixa-la ir. As pessoas me vêem como uma pessoa fria, difícil. O que eu aparento ser. Um garoto como todos os outros, que apenas pensa em garotas e noitadas. Um cara vazio.

Mas por dentro sou tão cheio de tudo, inclusive de sentimentos. Mas alguns deles, como o que eu sentia por ela, eu fiz questão de esconder, de fingir que não tinha. E sou só um homem, eu tenho defeitos, fraquezas e impulsos de minha natureza, mas quando estava com ela eu queria ser alguém melhor. Ela faz minha vida valer a pena, de verdade. Além de um sonho, eu tenho alguém que preenche aquele vazio que me tornou o cara frio. Apesar de que eu ainda tinha esses traços de frieza, na escola continuava com o mesmo jeito, odiava pessoas estúpidas e fúteis, inclusive garotas assim, e acabava sendo grosso. Mas acho que era um defeito meu, e nem tão ruim, afinal, só demonstro o quando amo essas pessoas. Não as maltrato.

Fiquei lembrando do meu modo de pensar, de quando ainda a evitava. Era meio confuso ainda, mas já começava a perder o sentido. Se não fosse a culpa, não teria sentido nenhum.

Acho que vai ficar meloso se eu descrever o que ela está significando pra mim, então prefiro só sentir e não descrever.

No dia seguinte, antes de ir, minha mãe comentou comigo que gostou muito dela e que eu pareço melhor agora. Pareço feliz. Eu disse que realmente estava, só faltava uma coisa para que tudo ficasse bem por completo, e se tratava de Helena. Ela concordou. Sabia que ela merecia ser tão feliz quanto eu estou.

Quando cheguei á sala de aula, fui surpreendido por uma presença não muito agradável. Era Charlotte, a amiga da Ambre.

-- Oi, Castiel... – Ela disse, com aquela voz irritante e melosa. Eu nem respondi, apenas a encarei com desdém. – Tenho uma coisa pra você. – Ela me mostrou um papel. O olhei sério e curioso.

-- O que é isso ? – Ela sorriu, um sorriso malicioso e claramente ardiloso.





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Notas finais do capítulo

Gente perdoem alguns erros gramaticais, eu escrevo alguns no word porque mudo de pc e tem a autocorreção, que ainda não sabe que não existe mais trema, nem as novas regras de acentuação --' Enfim, capítulo digno de vomitar arco-íris *O* espero que gostem ^^ e o plano da Charlotte... vão querer bater nela com a confusão que ela vai causar !



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