- Não George! Isso não é possível! – escutei a voz da minha mãe soar desesperada da sala, me preocupei e desci as escadas vagarosamente.

-Eu sei querida...eu também pensava assim! – foi a vez do meu pai falar – mas acontece que com a cirurgia ajudou o câncer se espalhar ainda mais pelos pulmões. – eu arregalei os olhos e desci mais um degrau provocando um barulho, os dois olharam para mim e eu perguntei tentando parecer forte:

-Como assim? O que aconteceu ? – eu estava desesperada, mas eu segurava meu desespero e angustia para não demonstra-lo. Queria passar para eles que eu era uma menina forte e que eles poderiam contar para mim tudo o que estava acontecendo.

-Tess, querida...venha cá! – minha mãe se virou para mim falando mansa, eu desci as escadas segurando as lágrimas e me sentei no sofá entre minha mãe e meu pai:

-Princesa...as notícias não são boas. – meu pai começou a falar e eu engoli a seco – Nós erramos, Tess. Erramos feio. – ele continuou -  achamos que com a cirurgia cessaríamos o crescimento das “pequenas células” , como são chamadas, que causam  o câncer no pulmão. Mas nós nos engamos. – eu suspirei e perguntei com a voz firme:

-Quanto tempo ele tem ? – minha mãe engoliu a seco e respondeu massageando as minhas costas:

-Não sabemos ao certo quantos meses, é de 6 á 12 meses de vida após o primeiro diagnostico. Mas...querida...- meu pai a interrompeu:

-Não crie esperanças. – ele disse um pouco seco – eu não quero que você sofra. – ele disse acariciando minha cabeça. Eu assenti positivamente com a cabeça e me levantei do sofá:

-Obrigada por me contarem. – eu falei sorrindo melancolicamente. Vesti minhas Uggs que estavam ali perto do sofá e peguei minha bolsa. – eu vou dar  uma volta...- eles assentiram positivamente com a cabeça e eu sai de casa. Coloquei as mãos no bolso do moletom. E aos poucos as palavras ditas pelos meus pais me assombravam. Senti as lagrimas descerem sob meu rosto gélido e caírem mortas em minha boca. Solucei eu não conseguia acreditar que o fim estava próximo. Andei mais um pouco e decidi ir ao centro da cidade, eu sempre que via o movimento da cidade a noite eu me acalma, minha mãe sempre dizia que quando eu era criança para eu dormir ela e meu pai tinham que dar uma volta de carro pelo centro. Eu sempre gostei de movimentos e cores. Cheguei ao  centro da cidade e o vi movimentado, encontrei uma mercearia ali perto e peguei a minha identidade falsa e entrei, a claridade ofuscou meus olhos e pisquei algumas vezes para me acostumar, fui em direção a prateleira de bebidas alcoólicas e peguei algumas garrafinhas de Smirnoff, fui até o caixa entreguei minha identidade falsa e ele nem desconfiou. Fui andando até o píer, e subi em meu barco e fiquei sentada abri a garrafinha e virei com tudo na boca, o liquido desceu queimando mas ajudava a aquecer. Eu não conseguia aceitar que iria perder Harry. Abri minha bolsa e vi ali uma caixinha de cigarros Marlboro e um isqueiro  que havia tirado da mão de Zayn para ele não fumar e guardado na bolsa. Estiquei o braço e peguei o maço e o isqueiro, abri com cuidado e fiquei encarando o maço aberto, eu não podia fazer aquilo eu não podia. Meu namorado estava sofrendo de um câncer pulmonar e eu iria fumar? Não... eu não podia. Segurei fortemente a caixinha e logo a- atirei no oceano. Junto com o isqueiro. Mordi o lábio inferior e fechei os olhos.

- Tess! – estava tão bêbada que conseguia ouvir Harry me chamar- TESS! – abri os meus olhos caindo na real que Harry estava me chamando me virei para trás fazendo com que o vento levasse meu cabelo – o que você esta fazendo? – escutei ele perguntando enquanto andava em minha direção. Funguei um pouco e ele se aproximou mais, logo senti o seu corpo quente junto ao meu.

-Harry.- foi a única coisa que eu consegui dizer antes de me jogar em seus braço e chorar. Sim, eu chorei. Sei que era para eu demostrar segurança ao lado dele, mas tinha certas horas que era impossível.- eu não quero te perder. – eu disse agarrando o seu casaco e afundando meu rosto em seu peito.

-Tess...é a vida. – ele disse com a voz trémula. Ele parecia remendar as palavras, por que não encontrava nada para dizer – todos vão morrer algum dia...é uma coisa que nós não conseguimos impedir. Porém em alguns casos...a morte é um pouco mais....- ele parou o meio da frase e beijou o topo de minha cabeça me abraçando mais forte, senti todo o calor de seu corpo ao meu. Seu coração batendo rapidamente. Sua respiração ofegante e fanha pelo choro. Senti o seu cheiro. Senti como ele estava magro. Apertei-o mais forte, buscando segurança. Eu não iria deixar Harry partir, nunca.