Eram 23h30 e eu já tinha voltado da casa de Harry, ele pegou no sono nos meus braços. Depois daquela conversa a minha vontade era de passar cada minuto do dia com ele, para ver se ele estava seguro e respirando. Ficar longe dele me matava aos poucos. Suspirei e olhei a minha casa escura, me direcionei para a cozinha. Iria tomar um calmante se não, não conseguiria dormir essa noite. A luz da cozinha para minha surpresa já estava acesa, entrei cautelosamente na cozinha e vi meu irmão sentado na mesa fitando o copo de leite vazio.

-Boa noite. – eu sussurrei e ele sorriu de canto.

-Boa noite. – ele respondeu com a voz fanha – como ele esta? – Louis perguntou preocupado.

-Ele esta bem. – eu respondi abrindo o armarinho para ver onde estavam os calmantes.

-Como você esta? – escutei Louis perguntar mais preocupado, dando ênfase no “você”. Eu parei por um minuto e olhei para baixo. Nunca me sentia tão frágil e desprotegida. Queria gritar de ódio e indignação, mas era lógico que não demostrava isso perto de Harry, não queria que ele se preocupasse.

- Péssima. – eu disse deixando os meus ombros caírem sob meu corpo, e suspirando. Fui andando em sua direção e me sentei na mesa – essa situação esta me matando, Lou.- eu dei continuidade enquanto me sentava. – eu não consigo acreditar sabe? Parece que eu ainda estão naquele estado de êxtase que acabou de acordar de um pesadelo? E o pior é que é real. E por mais que eu esperneie e grite, nada vai mudar. – eu abaixei o olhar, era a primeira vez que estava me abrindo com alguém sobre o assunto, era a primeira vez que me sentia livre para chorar. Senti as lágrimas descerem sobre minha face, levantei a cabeça e olhei para meu irmão que me escutava e olhava com os olhos marejados. – Mas eu escolhi ficar com Harry, não importa o que aconteça. Só que...é tudo tão difícil, Lou... eu tenho medo. Eu tenho medo da morte. – eu disse e comecei a chorar compulsivamente. Eu sei como isso funcionava um dia estava minha irmãzinha e eu em casa assistindo filme e no outro ela estava dentro de um caixão a sete palmos do chão. Não há como impedir, não há como impedir a morte. Ainda mais a de Harry...que vai morrendo aos poucos.

- Ei...Tess. Não precisa aguentar tudo isso sozinha – escutei meu irmão falar enquanto se ajoelhava ao meu lado, eu me virei para ele – nós estamos todos juntos nessa, tudo bem? Conte comigo para tudo. – ele disse terno e me abraçou, encostei minha cabeça em seu pescoço e o abracei forte, chorei tudo aquela noite. Tudo o que eu tinha para chorar.

                                          [...]

-Vem Harry! – eu disse o puxando pelo braço em direção ao cais, era uma bela tarde ensolarada. Com uma brisa fria...porém ensolarada. Vento estava perfeito para velejar. Ele riu e entrelaçou nossos dedos logo depois deu um beijo em minha testa fomos andando em direção ao cais até onde estava meu barco. Estava admirando o mar que se fundia com o azul do céu. Paramos na frente do meu barco e eu falei – Vamos ? – eu indaguei indicando para ele entrar, e ele abriu um sorriso. Desatei o nó das cordas e subi abordo ligando o motor do barco que foi cortando a água, não fui até muito longe...afinal teria uma tempestade ali por perto.

- Tess! – escutei ele me chamar e vir andando em minha direção – venha cá ver uma coisa! – ele disse segurando minha mão e me guiando até a ponta do barco, ele se apoiou atrás de mim me deixando ficar a sua frente encostada nas grades do navio – olhe para o mar.- eu abaixei os olhos e vi três golfinhos – temos companhia ! – ele comentou e logo depois beijou o meu pescoço, me virei de frente para ele e deslizei meus dedos sobre seus cabelos – eu te amo – ele sussurrou encostando nossos narizes. Ele me ama eu sorri e disse:
-Eu também te amo, Harry.- ele me puxou para mais perto e me beijou. Me beijou de tirar o fôlego. Nós nos beijamos como se necessitasse desse beijo.