Não, eu não estava calmo, não estava respirando direito e não estava me sentindo normal. Eu estava quase tremendo de medo, minha respiração estava mais desregulada do que relógio velho e eu estava me sentindo um idiota por fazê-la escolher, mas era o melhor pra mim. Essa aproximação toda ‘tá me machucando e sei que ela não está melhor que eu.

Vi uma lágrima descer sobre seu rosto e seus olhos brilharam na pouca luz que havia ali.

-porque é tão difícil? - ela soltou o ar e me olhou limpando a lágrima. Se sentou na erva jogando os sapatos mais para os lados, não me contive e me sentei ao lado dela, olhando lá para baixo onde as luzes de Hollywood brilhavam e eram distantes. Ela encostou a cabeça no meu ombro, não esperava por essa ação dela, sorri passei o braço a volta do corpo dela, ela virou o corpo mais para mim, afundou a cabeça no meu pescoço, apertei seu corpo contra o meu querendo que o tempo parasse ali e que ficássemos assim pra sempre.

-isso é um sim? - senti meu coração acelerado e sabia que ela também conseguia senti-lo, levantou o rosto e me olhou sorrindo.

-sim - sorri, a abracei com tanta força que acho que parti uma costela, ela riu e me apertou também, se colocou entre minhas pernas e ficamos ali, sentados observando a cidade. A abracei por trás e ficamos assim, não sei por quanto tempo, calados, nenhuma palavra foi dita em todo aquele tempo que ficamos ali, acho que o silêncio foi a melhor forma de dizer que ambos estávamos transbordando de alegria.

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Estacionei o carro em frente á casa sorrindo, ela dormia no banco ao meu lado com meu casaco sobre o corpo. Coloquei o carro na garagem e tirei ela de dentro do carro com cuidado, a levando para meu quarto, a deitei sobre a cama e apenas tirei os saltos dos pés e a cobri com o fino lençol branco. Troquei de roupa e desci as escadas indo para a cozinha, a luz já estava acesa e Bill estava sentado bebendo alguma coisa na caneca branca.

-estava preocupado com vocês - sorriu de lado e vi que ele não tinha dormido ainda. Abri a geladeira e tirei de lá a jarra de água.

-desculpa - sorri e coloquei a água no copo de vidro, me sentei de frente pra ele que apenas assentiu sorrindo.

-falou com ela? - assenti sorrindo - e pelos vistos correu tudo bem - assenti novamente, sorrindo.

-sim correu - meus pensamentos foram em lugar, outro assunto - ainda tenho que descobrir quem anda atrás dela - não ficamos ali muito tempo, subimos para os quarto e quando entrei no meu, Carla ainda dormia na mesma posição em que tinha deixado, me deitei ao lado dela e a observei dormindo, serena e até parecia sorrir.

Acabei dormindo também.

Olhei para o lado e senti falta de alguém, ela não estava lá mesmo assim sorri por saber que esteve. Me estiquei em cima da cama, fechando os olhos com força e depois ouvi a porta do quarto abrir. Me virei e ela estava lá, de pé enrolada na minha toalha branca, os cabelos molhados e o sorriso no rosto.

-bom-dia - foi a primeira a quebrar o silêncio que se formava lentamente no quarto.

-bom-dia - caminhou no quarto e vi que tinha uma peça de roupa dela em cima da cama, sorri - dormiu bem? - assentiu sorrindo, me levantei e caminhei até ela, a abracei sentindo o cheiro dos seus cabelos e de sua pele molhada. Ela passou a mão á volta do meu pescoço e nunca me senti tão bem como me sentia ali. Nos separamos, mas não muito, ainda estávamos com nossas testas coladas.

-tive saudades tuas - ela sorriu e me deu um selinho breve, voltou a me olhar e voltou a sorrir, o mesmo sorriso, os mesmos olhos, o mesmo jeito de ser e o mesmo impacto sobre mim.

-também tive saudades tuas - nossos lábios se encontraram mais uma vez e pude sentir ela sorrir durante aquele beijo, demos alguns passos para trás e minhas mãos pararam na cintura coberta pela toalha.

-quer tomar outro banho? - sorriu e me olhou com uma sobrancelha levantada - vou aceitar isso como um sim - peguei ela no colo enquanto ela se debatia.

-Tom, o que você vai fazer?! - ri da sua expressão de medo, liguei o chuveiro - Tom? - e na água fria mesmo, entrei no box com a calça de moletom e ela com o toalha - doido! - coloquei ela no chão e iniciámos outro beijo - te amo - a olhei sorrindo.

-também te amo.

Flashback on:

-Devilhish é muito macabro Bill - Georg reclamou ainda caminhando.

-eu não a… - bateu contra alguém, alguém mais baixo e mais fraco visto que esse alguém caiu no chão - desculpa, eu não te vi - a menina tirou o cabelo do rosto, colocando uma mecha atrás da orelha.

-não faz mal - Tom ficou olhando a menina, ela era linda: tinha olhos claros da cor do cabelo e possuía um sorriso divino.

-Tom - o irmão mais novo cutucou Tom com o cotovelo - vai ajudar a menina ou vai ficar aí igual á um idiota - Tom estendeu a mão para a garota que ainda estava sentada no chão. Quando suas mãos se tocaram um choque elétrico passou por ambos os corpos e eles sorriram.

-obrigada - ela tinha uma voz suave e também avaliava o corpo e o piercing no lábio do menino de rastas loiras - hum…eu sou a Carla - sorriu e todos os outros também.

-eu sou o Tom - se aproximaram - prazer - olharam um para o outro sorrindo - estes são Bill, meu irmão, Georg e Gustav meus amigos - ela acenou sorrindo para os outros rapazes.

-você é da aula de matemática certo? - Tom assentiu avaliando o corpo da menina, ela corou - bem, temos aulas juntos agora.

Flashback of.

-\-

-você é um idiota, eu já tinha tomado banho - se sentou na cama colocando os saltos altos e secando os cabelos com a toalha.

-vai aonde? - coloquei uma t-shirt branca e preta enquanto ela colocava algumas coisas dentro de uma malinha castanha de lado.

-empresa - passava perfume enquanto ela passava uma leve maquiagem sobre os olhos e sorria olhando para o espelho. A primeira coisa que veio em minha mente foi aquele ou aquele doido que fica atrás dela.

-vou com você - tirou a atenção do espelho e me olhou confusa e já sabia que ela iria contrariar, dizer que não - lembra Carla, não vou deixar você sair de casa sozinha, não vou - girou os olhos e sorri, vendo que ela já tinha desistido. Olhei pra ela de cima a baixo, usava um shorts curtos claros, uma blusa larga castanha que não mostrava muito, apenas que seus seios já começavam a aumentar e daqui a pouco sua barriga já seria perceptível em uma blusa daquela. Saltos altos gigantes nos pés e a mala castanha pequena cruzando seu corpo - ‘tá linda, linda demais - sorriu e ajeitou a malinha - não quero ninguém olhando pra você - veio até mim, lentamente sorrindo.

-não faz mal olhar - encostou a boca na minha orelha e em um sussurro - pois só você pode tocar - um arrepio percorreu minha espinha, ela se afastou rápido, provavelmente calculando que mais um segundo naquele quarto e ela não escaparia. Desceu as escadas se equilibrando nos sapatos exageradamente altos.

-você me paga - riu e caminhou até a cozinha, a segui e quando lá cheguei ela estava dando um beijo na bochecha de Bill

-olá gente linda - abriu a geladeira e tirou de lá uma jarra com suco, encheu um copo e se apoiou na bancada enquanto eu roubava um bolinho do Gustav

-ontem teve né? - atirei o bolo na cara do Georg e rimos - palhaço - rimos mais uma vez.

-vão sair? - foi a vez de Jenna intervir. Carla sorriu, assentiu e colocou a jarra na mesa e o copo na pia.

-sim, mas não preocupem o casalzinho - apontou para Georg e Hanna - nós voltamos antes de vocês irem embora - sorriu e caminhou acenando um tchau pra todo mundo.

-cuidado - Bill disse baixo e apenas assenti seguindo a mulher de belo corpo á minha frente. Saímos de casa e entramos no meu carro, dirigia com calma enquanto ela falava sobre o que iria fazer na empresa. Eu apenas olhava pra ela, do jeito que ela falava e refletia sobre tê-la de novo comigo.

Parei em frente ao grande prédio aonde ela um dia trabalhou, me olhou sorrindo.

-fica aqui, eu já volto - sorriu.

-mas Car… - ia dizer que não, que não iria deixar ela em lugar nenhum sozinha, mas parece que grávida ela fica mais teimosa do que já é.

-fica aqui, já volto - girei os olhos em forma de rendição e ela riu - prometo que não demoro - me deu um selinho rápido e saiu do carro, olhou para os dois lados da estrada e atravessou rápido. Liguei a rádio, não estava passando nada de bom, abri o porta-luvas do carro e tirei de lá um fone de ouvido, conectei ao celular e comecei a ouvir Samy, encostei a cabeça no banco e sorri, eu me sentia estupidamente feliz.

Meu celular vibrou sobre minha perna, abaixei a cabeça, uma mensagem nova.

“A mãe dos teus filhos é muito linda, fica atento, tanta beleza assim atrai atenção demais”

Minha raiva tomou conta de novo, a mensagem veio de um número privado. Saí do carro colocando os óculos escuros e olhando para todos os lados, vendo se tinha alguém suspeito por perto, mas nada, ninguém. A porta de vidro se fechou e ela saiu de lá sorrindo, atravessou a rua e veio até mim, me deu um selinho rápido e me olhou sorrindo.

-cansou de ficar lá dentro? - olhei mais uma vez ao redor e nada - Tom? Aconteceu alguma coisa? - perguntou desconfiada, não iria dizer que a pessoa tem meu número não quero que ela fique nervosa.

-não, só estava um pouco quente lá dentro - assentiu desconfiada, entramos no carro e fomos direto pra casa, afinal Georg e Hanna viajariam hoje.

Durante o percurso, vínhamos conversando até que o celular dela vibra, ela lê a mensagem e me olha assustada. Parei o carro em frente minha casa e ela me entregou o celular.

“Sai e deixa o namorado no carro? Tão linda não devia sair sozinha, as pessoas cobiçam sabe?”

-droga! - bati no volante e ela me olhou assustada - quem é essa pessoa?

-não sei, mas ‘ta começando a me assustar.