-Tom…- tentei empurrá-lo, mas parecia que seus pés estavam agarrados ali, ou então eu estava sem forças,  acho que realmente era isso. Ele tira todo meu controle, minha respiração e minha sanidade mental. Ele me deixa louca, sem noção do tempo ou do espaço, ele me fazia sentir feliz, estúpida, diferente e depois, quando me apercebo de tudo que eu fiz com ele, de tudo que eu passei por ele e de tudo que sinto por ele, eu me acho uma idiota por tê-lo deixado lá, me sinto culpada do meu próprio sofrimento, do sofrimento dele e do sofrimento que trouxe para todos á nossa volta.

Senti sua respiração perto da minha, sobre meu rosto e meu corpo estremeceu, eu não conseguia me afastar, meu corpo e meu coração dizia para ficar ali, amá-lo mais mas, minha consciência me afastava, eu o fiz sofrer e agora estou destinada a viver de arrependimentos.

-não diz não, por favor… - sua voz saiu em um sussurro rouco, ele se aproximou mais e já podia ouvir seu coração batendo forte, ou seria o meu? As batidas rápidas se misturavam e pareciam ser o único som naquele quarto além das nossas respirações que já estavam aceleradas.

O quarto foi invadido por um som que fez elas voltarem ao normal, o celular dele tocou. Não se moveu, mas o celular continuou tocando, abri os olhos e vi que ele também fez o mesmo.

-vai atender… - minha voz sai falha e sentia que iria chorar a qualquer momento.

-não quero…

Flashback on:

-vai contar o que você tem? - havia acabado de sair da escola e fomos para um paquinho que sempre íamos depois das minhas aulas, mas que já não íamos com tanta frequência pois ele estava viajando para fora em shows da banda - eu disse que voltava, não disse? E nem demorei tanto assim - ele insistia em saber porque tanto mal humor.

-só…nada. Eu não quero pedir muito de você, mas sinto que é isso que eu estou fazendo - me sentei no balanço depois que joguei a mochila na terra.

-mas você não está pedindo nada de mim - sorriu e sentou no balanço ao lado do meu, aquilo era tão velho que fazia barulhos estranhos.

-porque eu sinto que estamos indo a baixo? - engoli a vontade de chorar e de jogar tudo na cara dele, eu não queria ficar sozinha com ele ou ela, mas não queria acabar com o sonho dele, então aquele pareceu o melhor momento para acabar com tudo, deixar ele feliz enquanto viro mãe adolescente e solteira.

-não estamos - sentia que ele não estava tão confiante nas palavras, assim como eu também não estava - só… - me olhou com os olhos vermelhos - não sei…

-acho que… - me levantei e peguei a mochila do chão, ele apenas acompanhou meus movimentos com o olhar - devíamos…

Flashback of

-atende… - ele se virou, provavelmente iria matar quem estava do outro lado da linha, quando olhou no visor olhou diretamente pra mim, saí do quarto, mas não ouvindo antes um “Carla” como pedido pra ficar.

Fui até meu quarto, respirando fundo a cada passo que dava no corredor, abri a porta e Hanna ouvia música sentada na cama.

-ainda não arrumou? - olhei pra ela, não estava na Terra ainda - Carla? - abri os olhos direito, ela estava na minha frente estalando os dedos na minha cara.

-o que foi? - vi toda sua testa enrugar.

-arrumar…jantar de despedida…vai dizer que esqueceu?

Sim

-não - sim, eu havia esquecido. Hoje iríamos todos jantar para despedirmos do casal Hanna e Georg que viajam amanhã, depois vamos “comemorar” em um lugar qualquer.

-hum - me olhou desconfiada - vai arrumar então - girei os olhos e entrei no banheiro, tirei minhas roupas e joguei as mesmas em um canto qualquer do banheiro. Enquanto a água caía sobre meu corpo eu pensava o que diabos eu ainda fazia nessa casa, devia estar á quilômetros de distância daqui. Saí do banheiro enrolada na toalha, peguei uma roupa qualquer e me vesti: shorts de couro preto, uma blusinha larguinha pois apesar de não ter nenhuma barriga, ainda, não queria deixar ninguém pensando que estava grávida. Nos pés saltos altos brancos e na mão uma bolsa cinza. Pouca maquiagem no rosto, soltei os cabelos um pouco mais longos e alguém entrou no quarto.

-’tá linda! - seus olhos brilharam e sorri na frente do espelho.

-você também - ela usava um vestido justo e tomara que caia preto, um bolero de renda preto, saltos altos com detalhes em renda também e uma mala preta, quase igual á minha - agora vamos, homens odeiam esperar - rimos juntas e descemos as escadas, Georg sorriu e meu coração acelerou quando ele me olhou. “Se controla Carla, ele nem é tão bonito assim” repetia mentalmente para mim mesma.

-Olá! - abracei Jenna, ela estava linda* com um vestido vermelho um pouco solto, saltos altos pretos acompanhados de batom vermelho sangue e um colar preto - está linda - sorri e ela devolveu, o sorriso e o elogio.

-você também - sorri e abracei Jessica, a maravilhosa das roupas. Ela estava* com uma blusa larga preta, calça jeans azul e ankle boots pretas, o cabelo em um coque e unhas pintadas de preto.

-vamos? - nesse momento meu corpo gelou e pedi á tudo que existe para que não fóssemos em carros separados.

-sim, vamos em carros separados caso a gente quiser voltar em horas diferente - aí você pergunta, que deu essa ideia maravilhosa? Tom é a resposta.

-sim - Bill.

Caminhamos até lá fora, todos entramos nos carro, e ele foi o último a dar partida ficando bem atrás de todos.

-está…bonita - sorri com o comentário, olhei para a janela do carro tentando esconder o fato da minha cara vermelha que nem pimentão. O silêncio reinou até chegarmos no restaurante, o jantar foi normal: animado, todos falavam, menos eu, e riam das situações que eles passavam juntos. Saímos do restaurante com a intenção de ir em uma boate qualquer, má ideia pra mim.

Olhava paras as luzes passarem e darem caminho para árvores e estradas sem iluminação alguma, olhei para Tom que dirigia sério, a estrada á nossa frente só era iluminada pelos faróis do carro e a lua. Estávamos subindo para algum lugar.

-aonde a gente vai? Aonde estão os outros? - estava apavorada, ele não respondeu á nenhuma das minhas perguntas, apenas dirigiu, sempre subindo.O carro parou em um lugar no meio do nada, apenas árvores e uma subida, tipo montanha, Ele saiu do carro e também saí o encarando com raiva.

-Tom! Aonde a gente ’tá? - ele sorriu, mas me mantive séria.

-vem - olhei para aquela terra toda e tirei os sapatos dos pés, ele me paga. Subi com dificuldade quando cheguei lá em cima, lembrei muito bem aonde era aquele lugar.

-os letreiros de Hollywood? - sorri olhando pra ele que ria com as mãos nos bolsos da calça e a cabeça baixa - porque me trouxe aqui - coloquei os sapatos no “chão” e o encarei séria. Ele tirou as mãos dos bolsos e me olhou sério, aquilo m afetou.

-eu…preciso falar com você, sério - engoli em seco e apenas assenti, dando motivação para que ele continuasse - não sei por onde… - parecia perdido, respirou fundo e continuou - eu…Carla eu não aguento mais, viver com você, falar com você e ver você todo dia na minha casa está sendo…um inferno. Não que eu não queira você lá, mas eu te quero lá de outra forma - senti meu mundo parar novamente - eu, te quero tanto mas, eu sinto que só eu estou querendo assim, que só eu amo e que só eu estou lutando contra todas minhas vontades pra ver você feliz. Isso, ’tá acabando comigo e eu não aguento mais - meus olhos marejaram, mas logo tratei de colocar as mãos sobre eles para que ele não visse isso - eu vou te fazer uma pergunta e você tem que escolher: ou você fica comigo, ou a gente se esquece eu vou estar presente durante a gravidez e durante todos os passos dos nossos filhos, mas eu vou estar longe de você. Agora escolhe, porque eu sinto que tudo isso está acabando com nós os dois e…eu não consigo mais.

-Tom eu…

-escolhe Carla…