Carla’s P.O.V on:

Olhava para o teto do quarto, nervosa, ansiosa e me sentia estranha, completamente estranha.

Desde o dia da festa, muita coisa aconteceu, para começar eu e Tom saíamos normalmente, sem esconder, sem caps, ou casacos gigantes, apenas sendo nós mesmos e tentando mostrar para todos que estávamos felizes.As fãs? bom, maioria delas, maioria, ainda não acreditavam que Tom estava namorando com a mesma Carla, a mesma menina que andava sorridente, agarrada ao namorado nas frias ruas da Alemanha.Outras, poucas, diziam que se depois de tantos anos nós estávamos juntos, era porque realmente havia alguma coisa aqui.

E realmente havia, nesses 6 anos eu nunca o esqueci, e pelo que ele diz, ele também não. Afinal, foram 3 anos juntos, 3 anos que só não foram melhores do que esse 1 mês que estamos juntos agora.

Tirei o braço dele com cuidado, de cima de mim e com o mesmo cuidado me levantei da cama e descalça, procurei por minhas roupas no chão do quarto dele. Coloquei apenas as roupas íntimas e fui até o banheiro do quarto, me olhei no espelho, estava descabelada e com os olhos pequenos de sono, apesar de não sentir sono nenhum.Fiz minhas higienes e saí do banheiro, olhei para a cama e Tom ainda dormia de barriga para baixo, com o lençol branco apenas tapando da cintura para baixo, deixando suas costas nuas, sorri e saí do quarto, vestida com a camisa dele, mania minha.

Desci as escadas devagar, e a casa estava silenciosa, muito silenciosa.Olhei para um relógio na sala e eram exatamente 08h da manhã de Domingo, caminhei até a cozinha com passos de bebê, na ponta dos pés.Não havia ninguém, então abri a geladeira e tirei de lá uma jarra com suco, estava com sede, mas não sede de água e sim sede de suco.Coloquei o suco num copo de vidro, e bebi com calma, fechando os olhos e virando o líquido gelado em minha boca.

-bom-dia - abri rápido os olhos, me deparando com Georg sem camisa na cozinha, cabelo amarrado e cara de sono. Sorri e acenei.

-bom-dia - coloquei o copo na pia, a jarra na geladeira. Lavei o copo e me encostei na bancada, olhando Georg procurar alguma coisa nos armários.

-Tom? Ainda não acordou? - neguei com a cabeça e ele riu, tirando uma caixa de cereais de dentro do armário.

-eu vou subir, ou então ele dorme até meio-dia - gargalhou fraco, subi as escadas devagar, sempre com cuidado para não fazer muito barulho, afinal os outros ainda dormiam, assim como Bill e Jenna no quarto do lado.

Abri a porta do quarto dele e entrei de fininho, subi em suas costas e lhe dei um beijo no pescoço. Mexeu um pouco e pude ver ele abrir um sorriso ainda com os olhos fechados.

-Bom-dia - ele balbuciou alguma coisa e, sem me tirar de cima dele, virou de barriga para cima.

-bom-dia - disse com uma voz rouca, grossa e fraca ao mesmo tempo - já de pé? - sorri.

-agora não estou em pé, mas… - rimos juntos - tem que levantar, são 8h e meia - ele fez uma careta de preguiça e colocou uma mão em minha coxa,

-eu estou de férias, não preciso levantar cedo - eu não sei quanto tempo eles estariam de férias, mas eu espero que muito pois também foi tirar uma longa folga do trabalho, e quero passar muito tempo com ele, e eles.

Saí de cima dele, quando meu celular começou a tocar no bolso da calça que estava no chão, olhei no visor que piscava “Mário”, olhei para Tom que sorria de olhos fechados e atendi.

-alô - houve silêncio do outro lado da linha, podia ouvir sua respiração por segundos, até que o silêncio foi cortado por ele mesmo.

-oi Carla - sua voz continuava a mesma, grave e suave ao mesmo tempo, respirei fundo e Tom abriu os olhos. Fiz sinal de que iria sair do quarto e assim fiz - está tudo bem? - desci rápido as escadas, tão rápido que quase caí.Fui para o jardim, passando por Hanna e Georg na cozinha, fiquei de pé, sempre olhando para a porta que dava na cozinha.

-sim está - disse um pouco ofegante da corrida. Eu não falei com Mário desde o dia do restaurante, em que Ria disse tudo sobre eu e Tom, no jantar de casais.Nunca mais o vi, nunca mais falei com ele - quanto tempo né? - continuei, olhando para a porta de vidro.

-sim quanto tempo… - silêncio de ambos e ele voltou a falar - o que acha se a gente fosse sai?. Ouvi dizer que está namorando, mas é só para conversar mesmo, colocar os assuntos em dia - senti alguma coisa passar pela minha perna, me virei em um salto dando de cara com Scott, sorri e passei a mão no pêlo do cachorro.

-eu não sei… - respirei fundo, olhei para o céu azul e já iluminado pelo sol da manhã - isso seria quando? - virei de costas para a porta e cruzei um braço apenas.

-quando você puder linda - me senti constrangida com aquela última palavra e me mexi incomodada - pode ser amanhã, almoçamos juntos e podemos falar melhor - pensei durante vários segundos, o que para mim pareceu horas e para ele também deve ter parecido. Respirei alto e respondi.

-ok, amanhã na hora do almoço, no Spago - bela escolha de restaurante hãn? Último lugar que nos vimos, que inteligente que eu sou…

-amanhã, ao meio-dia no Spago - eu pude ver ele dar aquele sorriso, aquele mesmo sorriso que ele dava quando conseguia alguma coisa que queria há muito, aquele mesmo sorriso que, por vezes, tirou Tom da minha cabeça por horas - até amanha linda.

-até amanhã - desliguei o celular e me virei, percebendo que Scott já não estava comigo e sim com Tom,que me olhava sério, enquanto o cão, traidor, estava ao lado dele.

-falava com quem? - engoli em seco - vai almoçar com quem amanhã? - nem deixou em pensar em como responder a primeira, e já fez a segunda pergunta.

-um cliente, ele quer fazer parceria com a empresa e vamos conversar amanhã no almoço - sorri, ou pelo menos tentei, por mais que eu mentisse bem, ou um pouco bem eu sabia que Tom não estava convencido, e também sabia que ele iria atrás de mim se for preciso para saber com quem estava falando - agora vamos, eu preciso deixar Jenna em casa, e ir para a minha.

Ele sorriu desconfiado e caminhamos para dentro da casa, ele ficou na cozinha enquanto subi para vestir a roupa. Entrei no quarto, olhei para o corredor para ver se não havia ali ninguém e mandei uma mensagem para Mário.

“Amanhã não vai dar, pode ser terça-feira?”

Eu sabia muito bem que Tom viria atrás de mim, e eu não estava fazendo nada de mal, mas ele iria ter um ataque de ciúmes quando soubesse que estou falando com ele de novo.

Vesti a blusa larguinha com algumas listras em azul escuro, o shorts preto por cima das collants pretas transparentes, Jefrey Campbell pretas, agarrei na mala preta e no casaco jeans, abri a porta e recebi a resposta de Mário(http://www.polyvore.com/out_with_tom/setid=48839781)

“Tudo bem terça-feira mesma hora e mesmo lugar”

Coloquei o celular na mala e desci as escadas, passei pela sala e deixei lá minhas coisa e me virei, indo para a cozinha e encontrando as meninas e rapazes comendo e conversando. Me sentei ao lado de Tom, que sorriu para mim e retribuí.

-a gente um dia desses ainda vai saltar de pára-quedas - rimos da ideia do gêmeo mais novo e voltamos a comer.Depois de muita conversa, fomos para a sala, agarrei em minhas coisas e tirei de dentro da mala as chaves do carro.

-vêm? - olhei para Hanna agarrada em Georg e para Jenna sorrindo com Bill. Tom me abraçou por trás, e pude sentir sua respiração quente sobre meu pescoço, ri.

-vamos - também pegaram em suas coisas e Jenna voltou a falar - saímos hoje? - nos entreolhamos todos e sorrimos.

-sim podemos - Tom respondeu - a não ser que a Carla tenha alguma reunião, ou alguma coisa do gênero - todos riram, e ele apenas sorriu, me virei de frente para ele e o olhei confusa. Espera, aquilo foi um indireta?