Harry Potter e o mistério dos animagos escrita por Absolem the oracle


Capítulo 2
Capítulo 1 - O incrivel noitônibus




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Meredith mandou uma carta de parabéns a Harry. Não ligou, já que não tinha um telefone em casa. Mas mandou um caleidoscópio bruxo, que mostrava as imagens em que você pensasse, todas emboladas de um jeito incrível, formando novas imagens

Em pouco tempo as novidades foram muitas. Meredith leu alguns dias antes no Profeta Diário:

FUNCIONÁRIO DO MINISTÉRIO DA MAGIA GANHA GRANDE PRÊMIO

Arthur Weasley chefe da Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas no Ministério da Magia, ganhou o Grande Prêmio Anual da Loteria do Profeta Diário.

A Sra. Weasley, encantada, declarou ao Profeta Diário:

Vamos gastar o ouro em uma viagem de férias ao Egito, onde nosso filho mais velho, Gui, trabalha para o Banco Gringotes como desfazedor de feitiços”.

A família Weasley vai passar um mês no Egito, de onde voltará no início de ano letivo em Hogwarts, escola que cinco dos seus filhos ainda freqüentam.

Na foto os Weasley acenavam freneticamente diante de uma enorme pirâmide. A Sra. Weasley, pequena e gorducha, o Sr. Weasley, alto e um pouco careca, os seis filhos e uma filha, todos (embora a foto em preto e branco não mostrasse isso) com flamejantes cabelos vermelhos.

Bem no meio da foto se achava Rony, alto e desengonçado com o seu rato de estimação, Perebas, no ombro e o braço passado pelas costas da irmã, Gina.

Rony mandou uma carta animada contando sobre a viagem. Foi realmente interessante ver.

Principalmente a ultima mensagem.

PS.: Percy agora é monitor-chefe. Recebeu a carta de nomeação na semana passada.”

Seria um tanto irritante ter que conviver com Percy agora, já que ela vivia onde não devia. Apesar de tudo Meredith se sentia bem melhor ali. A Sra. Pegg, a mulher que Dumbledore mandou para cuidar de Meredith, ia diariamente na pequena casa de apenas um quarto. A casa em si não ficava em um bairro bruxo, mas era muito próxima, de forma que Meredith recebia todas as manhãs o Profeta diário.

Dumbledore achou melhor Meredith não permanecer na casa de sua família. Ela não sabia ao certo por que, mas era algo relacionado a Voldemort.

Hermione também mandou sua carta, a qual ela leu com atenção.

Meredith,

Rony me escreveu contando o telefonema que deu para Harry. Ele disse que ficou gritando para Harry ouvir. É claro que eu ri horrores com isso.. Estou de férias na França e Rony diz que vai a Londres na última semana de férias.

Será que Harry vai? Bem, e você? Apesar de tudo, acho que devemos nos falar.

Rony me contou que Percy virou monitor-chefe. Ele não pareceu muito contente com isso. Ah, Ele disse também que Fred e Jorge o enlouqueceram com a história sobre a monitora da Corvinal, e sobre um certo beijo que você deu nele. É verdade?

Qualquer coisa nos vemos no Expresso de Hogwarts no dia 1º de setembro!

Afetuosamente,

Hermione.”

Meredith não pode deixar de se animar. Apesar dela aparentemente ainda desconfiar de Meredith, tudo ia bem. Logo depois ela recebeu a seguinte carta:

Prezado Srta. Riddle,

Queira registrar que o novo ano letivo começará em 1º de setembro. O Expresso de Hogwarts partirá da estação de King’s Cross, plataforma nove e meia, às onze horas.

Os alunos de terceiro ano têm permissão para visitar a aldeia de Hogsmeade em determinados fins de semana. Assim, queira entregar a autorização anexa ao seu pai ou guardião para que a assine.

Estamos anexando, nesta oportunidade, a lista de livros para o próximo ano.

Atenciosamente,

Prof. M. MacGonagall

Vice-Diretora

PS: Dumbledore já assinou, então estamos enviando uma cópia.”

Era ótimo saber aquilo tudo. Mas o dia de ir a Hogwarts se aproximava e Dumbledore pediu a Sra. Pegg para levar Meredith para sua casa. Elas iam pegar um transporte esquisito dos bruxos. Um ônibus. Ela levantou a varinha e sacudiu, depois esperaram.

As duas, a noite, foram para a beirada da rua, carregando todos os materiais e uma vassoura semi-nova que a Sra. Pegg deu muito animada a Meredith. Ela era uma boa mulher apesar, de as vezes, ficar olhando por um longo tempo com um olhar curioso para Meredith, como se ela tentasse descobrir algo dentro da garota.

Ouviram um barulho ensurdecedor e Meredith ergueu as mãos para proteger os olhos da luz repentina e ofuscante...

Um segundo depois, dois faróis altos e dois gigantescos pneus pararam cantando. As luzes pertenciam a um ônibus de três andares, roxo berrante, que se materializara do nada. Letras douradas no pára-brisa informavam: O Nôitibus Andante.

Então, um condutor de uniforme roxo saltou do ônibus para anunciar em altas vozes aos ventos da noite:

- Bem vindas ao ônibus Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau, e serei seu condutor por esta noite.

As duas subiram devagar no ônibus. Meredith levava seu malão com certa dificuldade.

- Onze sicles. - ele anunciou - Mas por catorze você ganha chocolate quente e por quinze um saco de água quente e uma escova de dentes da cor que você quiser.

- Não obrigada... - a Sra. Pegg disse, dando vinte e dois sicles para o garoto que não era tão velho assim.

Não havia lugares para a pessoa sentar; em vez disso havia meia dúzia de estrados de latão ao longo das janelas protegidas por cortinas. Ao lado de cada cama, ardiam velas em suportes, que iluminavam as paredes revestidas de painéis de madeira. Na traseira do ônibus, uma bruxa miúda usando touca de dormir estava em um sono profundo.

- Nosso motorista, Ernesto Prang. Esta aqui é a Sra. Pegg, Ernesto.

Ernesto Prang, um bruxo idoso que usava óculos de grossas lentes.

Lalau indicou as duas, duas camas próximas a saída. Andaram de repente. O ônibus foi a uma velocidade que quase jogou Meredith para o fundo. Por cinco minutos ela sentiu o ônibus dar guinadas e quase a jogar para fora dele, se as janelas não estivessem fechadas.

Ele parou e tudo foi arrastando para a frente.

- Mais um! - Lalau falou animado. Por algum tempo ficou lá fora.

- Agora não, obrigada, estou fazendo uma conserva de lesmas. - a bruxa resmungou e voltou a adormecer.

- Você fica com essa aí - cochichou Lalau, empurrando o malão de Harry para baixo da cama logo atrás do motorista, que se achava sentado em uma cadeira de braços diante do volante.

- Este é o nosso motorista, Ernesto Prang. Este aqui é o Neville Longbottom, Ernesto.

Ele cumprimentou com um aceno de cabeça o novo passageiro, que tornou a achatar nervosamente a franja contra a testa e se sentou na cama.

- Pode mandar ver, Ernesto - disse Lalau, sentando-se na cadeira ao lado do motorista.

Ouviu-se mais um estampido assustador e, no instante seguinte Harry foi achatado contra a cama, atirado para trás pela velocidade do Nôitibus.

- Neville? - Meredith perguntou tocando o ombro de Harry, e ele se virou em um pulo.

- Você? Também está perdida?

- Eu não, mas a Sra. Pegg provavelmente. - ela apontou para uma mulher com aparentemente cinqüenta anos, cabelos castanhos presos em um coque meio desgrenhado - Andou fazendo besteira?

- Como...?

- Neville.

- É. Mas foi um acidente.

- Relaxe! Não vou abrir a boca. - ela riu.

Endireitando-se, eles espiaram pela janela escura e viram que agora deslizavam suavemente por uma rua completamente diferente. Lalau observava o rosto surpreso de Harry e Meredith achando muita graça.

- Era aqui que a gente estava antes de você e as duas fazerem sinal para o ônibus parar. - ele disse - Onde é que nós estamos, Ernesto? Em algum lugar do País de Gales?

- Hum-hum... - o motorista respondeu.

- Nossa! - Meredith cutucou Harry e mostrou o vulto das pessoas e carros pelas ruas.

- Como é que os trouxas não ouvem o ônibus? - Harry perguntou.

- Os trouxas! - Lalau exclamou com desdém. - E eles lá escutam direito? E também não enxergam direito. Nunca reparam em nada, não é mesmo?

- É melhor ir acordar Madame Marsh, Lalau... - Ernesto disse - Vamos entrar em Abergavenny dentro de um minuto.

Lalau passou pela cama de Harry e desapareceu por uma estreita escada de madeira. Os dois continuaram a espiar pela janela sentindo-se mais nervosos a cada hora. Ernesto não parecia ter dominado o uso do volante.

O Nôitibus a toda hora subia na calçada, mas não batia em nada. Os fios dos lampiões, as caixas de correio e as latas de lixo saltavam fora do caminho quando o ônibus se aproximava e tornavam à posição anterior depois de ele passar.

Lalau voltou do primeiro andar, seguido de uma bruxa meio esverdeada e embrulhada em uma capa de viagem.

- Chegamos, Madame Marsh!- Lalau exclamou alegremente, enquanto Ernesto metia o pé no freio e as camas deslizavam bem uns trinta centímetros para a dianteira do ônibus.

Madame Marsh cobriu a boca com um lenço e desceu as escadas, titubeante. Lalau atirou a mala para ela e bateu as portas do ônibus e de novo um barulho infernal, e o veículo saiu roncando por uma estradinha do interior, fazendo as árvores saltarem da frente.

Meredith não teria conseguido dormir mesmo se estivesse viajando em um ônibus que não produzisse tantos barulhos e saltasse um quilômetro e meio de cada vez. Harry parecia cansado, mas sentia o mesmo em relação ao ônibus. O estômago deu muitas voltas quando o ônibus saia chiando com o pneu arrastando no asfalto.

Lalau abrira um exemplar do Profeta Diário e agora o lia mordendo a língua. Um homem de rosto encovado e cabelos longos e embaraçados piscou devagarinho para Harry e Meredith em uma grande foto na primeira página.

- Ele piscou pra mim? - Meredith sussurrou para Harry. - A foto?

- Esse homem! - exclamou Harry, esquecendo-se por um momento dos próprios problemas. - Ele apareceu no noticiário dos trouxas!

- Eu também vi! Lá em casa tem televisão. - Meredith falou agora prestando mais atenção.

Lalau virou para a primeira página e deu uma risadinha.

- Sirius Black. - ele disse confirmando com a cabeça - Claro que apareceu no noticiário dos trouxas, Neville, por onde você tem andado?

E, deu uma risadinha de superioridade ao ver o olhar vidrado no rosto de Harry rasgou a primeira página e entregou-a a eles. Meredith fez uma cara estranha. Não estava acostumada a não ouvir Harry ser chamado de “o magnânimo Potter”.

- Vocês deviam ler mais jornal.

Harry ergueu a página diante da luz e leu em voz alta:

. BLACK AINDA FORAGIDO

Sirius Black, provavelmente o condenado de pior fama já preso na fortaleza de Azkaban, continua a escapar da polícia, confirmou hoje o Ministério da Magia.

Estamos fazendo todo o possível para recapturar Black” disse o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, ouvido esta manhã, “e pedimos à comunidade mágica que se mantenha calma.”

Fudge tem sido criticado por alguns membros da Federação Internacional de Bruxos por ter comunicado a crise ao Primeiro Ministro dos Trouxas.

Bem, na realidade, eu tinha que fazer isso ou vocês não sabem?, comentou Fudge, irritado. “Black é doido. É um perigo para qualquer pessoa que o aborreça, seja bruxo ou trouxa. O Primeiro-Ministro me garantiu que não revelará a verdadeira identidade de Black. E vamos admitir, quem iria acreditar se ele revelasse?

Enquanto os trouxas foram informados apenas de que Black está armado (com uma espécie de varinha de metal que os bruxos usam para se matar uns aos outros), a comunidade mágica vive no temor de um massacre como o que ocorreu há doze anos, quando Black matou treze pessoas com um único feitiço.

Sirius Black se parecia com um vampiro, realmente branco e sinistro, exceto por seu olhar sombrio e cheio de algo indescritível.

- Carinha sinistro, não é mesmo? - comentou que esteve observando Harry enquanto lia.

- Ele matou “treze pessoas” - Meredith disse devolvendo a página a Lalau

- Com um feitiço? - Harry se admirou.

- É, isso aí, bem na frente de testemunhas e tudo. Em plena luz do dia. Armou uma confusão do caramba não foi, Ernesto?

- Hum-hum! - Ernesto confirmou sombriamente.

Lalau girou a cadeira de braços, cruzou as mãos às costas, afim de olhar melhor para os dois.

- Black foi um grande partidário de Você-Sabe-Quem - ele disse.

- De quem, do Voldemort - Harry disse sem pensar.

Até as espinhas de Lalau ficaram brancas. Ernesto deu tal golpe de direção que uma casa de fazenda inteira teve que saltar para o lado para fugir do ônibus.

- Você ficou maluco? - Lalau gritou - Pra que foi que você foi dizer o nome dele?

- Desculpe - Harry se apressou em dizer- Desculpe, eu... me esqueci...

- Se esqueceu! - Lalau exclamou com a voz fraca - Caramba, meu coração até desembestou...

- Então... então Black era partidário de Você-Sabe-Quem? - Meredith tomou a frente.

- É, é! - Lalau confirmou ainda esfregando o peito - É, é isso aí. Dizem que era muito chegado ao Você-Sabe-Quem... Em todo o caso, quando o pequeno Harry Potter levou a melhor sobre Você-Sabe-Quem...

Meredith prendeu uma risada e Harry, nervoso, achatou a franja na testa outra vez.

- Todos os partidários de Você-Sabe-Quem foram caçados, não foi assim, Ernesto? A maioria deles sacou que estava tudo acabado, Você-Sabe-Quem tinha desaparecido e o pessoal ficou na moita. Mas o Sirius Black, não. Ouvi dizer que ele achou que ia ser o vice quando Você-Sabe-Quem assumisse o poder. Em todo o caso, eles cercaram Black no meio de uma rua cheia de trouxas e o cara puxou a varinha e explodiu metade da rua, atingiu um bruxo e mais uma dúzia de trouxas que estavam no caminho. Uma coisa horrorosa! E sabe o que foi que o Black fez depois? - Lalau continuou num sussurro teatral.

- O quê?- Lalau perguntou.

- Deu uma gargalhada. Ficou ali parado dando gargalhadas. E quando chegaram os reforços do Ministério da Magia, ele acompanhou os caras sem a menor reação, rindo de se acabar. Porque ele é maluco, não é, Ernesto? Ele não é maluco?

- Se ele ainda não era quando foi para Azkaban, agora é - Ernesto comentou com sua voz arrastada - Eu preferia estourar os miolos a pisar naquele lugar. Mas acho que é bem feito... depois do que ele aprontou...

- “Tiveram uma trabalheira para abafar o caso, não foi, Ernesto? - Lalau disse - Ele mandou a rua antiga para o espaço e matou todos -aqueles trouxas. Que foi mesmo que falaram que tinha acontecido, Ernesto?

- Explosão de gás. - Ernesto resmungou.

- E agora ele anda solto por ai! - Lalau continuou examinando mais uma vez a cara encovada de Black na foto do jornal - Ninguém nunca fugiu de Azkaban antes, não é mesmo, Ernesto? Não sei como foi que ele fez isso. É de apavorar, hem? E olha só, não acho que ele tivesse muita chance contra aqueles guardas de Azkaban, hem, Ernesto?

Ernesto sentiu um arrepio repentino.

- Vamos mudar de assunto, Lalau. Esses guardas de Azkaban me dão até dor de barriga.

Lalau largou o jornal com relutância e Harry se encostou-se à janela do Nôitibus sentindo-se pior que nunca. Não podia deixar de imaginar o que Lalau iria contar aos passageiros nas próximas noites... “Você soube o que aconteceu com aquele Harry Potter?

Meredith não sabia muito sobre a prisão dos bruxos, embora todo mundo que ela já ouviu falar daquele lugar o fizesse no mesmo tom de medo. Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts, passara dois meses lá ainda no ano passado.

Harry parecia tenso. Ele estaria fugindo? Faria sentido que Harry fugisse, se não, por que estaria perdido?

O Nôitibus corria pela escuridão, espalhando para todo o lado moitas de plantas, latas de lixo, cabines telefônicas e árvores, e Harry continuava inquieto e infeliz. Passado algum tempo, Lalau se lembrou de que Harry pagou pelo chocolate quente, mas derramou no travesseiro do garoto quando o ônibus passou bruscamente de Anglesea para Aberdeen. Harry começou a contar a Meredith, com a voz baixa, o que ele tinha feito a sua tia Guida. Um a um, bruxos e bruxas de roupa de dormir e chinelos desceram dos andares superiores e desembarcaram do ônibus.

Todos pareciam satisfeitos de descer.

Finalmente restaram Harry, Meredith e a Sra. Pegg em um profundo sono.

- Muito bem, então, Neville e Meredith. - Lalau disse batendo palmas - Em que lugar de Londres vocês vão ficar?

-No Beco Diagonal. - respondeu Harry.

- E você? - ele olhou para Meredith.

- Vou pra lá também. A Sra. Pegg vai voltar para o lugar onde pegou o ônibus.

- É pra já. Segura firme ai...

BUM.

E na mesma hora o Nôitibus estava correndo pela rua Charing Cross como uma trovoada. Ficaram observando os edifícios e bancos se espremerem para sair do caminho do veículo. O céu estava um pouquinho mais claro.

- Vou no Gringotes e depois.... eu não sei.

- Har... Neville! Acho que fazer isso não...não vai adiantar. Vão te encontrar de qualquer jeito.

Ernesto fincou o pé no freio e o Nôitibus parou derrapando diante de um bar pequeno e de aparência mal cuidada, o Caldeirão Furado, nos fundos do qual havia a porta mágica para o Beco Diagonal.

- Ah! - Meredith deu um grito rouco.

- Obrigado... - Harry disse a Ernesto com a voz tremida.

Eles desceram os degraus com um pulo e ajudou Lalau a descer os malões e a gaiola de Edwiges para a calçada.

- Bem - Harry disse - Então, tchau!

Mas Lalau não estava prestando atenção. Ainda parado à porta do ônibus, arregalava os olhos para a entrada sombria do Caldeirão Furado.

- Ah, aí está você, Harry! - exclamou uma voz.

Antes que Harry pudesse se virar, uma mão segurou em seu. Ao mesmo tempo, Lalau gritou:

- Caramba! Ernesto corre aqui! Corre aqui!

- Ih! Nos ferramos! - Meredith pegou o malão e soltou no chão. Ela se sentia nervosa, o que fariam naquela situação.

Harry ergueu a cabeça para o dono da mão em seu ombro e teve a sensação de que um. Balde de gelo estava virando dentro dos seus estômagos. Eles desembarcaram diante de Cornélio Fudge, o Ministro da Magia em pessoa.

Lalau saltou para a calçada, ao lado deles.

- Que nome foi que o senhor chamou Neville, ministro? - perguntou ele excitado.

Fudge, um homenzinho gorducho, vestindo uma longa capa de risca de giz, parecia enregelado e exausto.

- Neville? - ele franzindo a testa. - Este é Harry Potter. E esta mocinha é Meredith Riddle.

- Eu sabia! - Lalau gritou radiante - Ernesto! Ernesto! É o Harry Potter! Estou olhando para a cicatriz dele!

- Bem... - Fudge disse irritado - Muito bem, fico satisfeito que o Nôitibus tenha apanhado o Harry, mas ele e eu precisamos entrar no Caldeirão Furado agora...

Fudge aumentou a pressão no ombro de Harry, e o conduziu para o interior do bar. Acabou levando Meredith junto, já que ela também estava “perdida”. Um vulto curvo segurando uma lanterna apareceu à porta atrás do balcão. Era Tom, o dono encarquilhado e sem dentes do bar-hospedaria.

- O senhor o encontrou, ministro! - Tom exclamou - Quer alguma coisa para beber? Cerveja? Conhaque?

- Talvez um bule de chá. - Fudge disse enquanto continuava segurando Harry.

Ouviram passos que arranhavam o chão e gente ofegante atrás deles, e Lalau e Ernesto apareceram, carregando o malão de Harry e a gaiola de Edwiges, olhando para os lados, excitados.

- O meu ninguém carrega! - Meredith falou mal humorada.

- Por que é que você não nos disse quem era, hem, Neville? -disse Lalau sorrindo, radiante, para Harry, enquanto o cara de coruja do Ernesto espiava muito interessado por cima do ombro do ajudante.

- E uma sala reservada, por favor, Tom - Fudge disse enfaticamente.

- Tchau! - Harry disse infeliz, a Lalau e Ernesto, enquanto Tom encaminhava Fudge, com um gesto, para um corredor que se abria atrás do bar.

- Tchau, Neville! Tchau Meredith. - disse Lalau se retirando.

- Meredith pode ir junto?

- Claro, claro... - ele resmungou.

Fudge conduziu Harry por um corredor estreito, acompanhando a lanterna de Tom, até uma saleta. Tom estalou os dedos, um fogo se materializou na lareira, e, fazendo uma reverencia, ele se retirou do aposento.

- Sentem-se, Harry, e Meredith. - Fudge começou indicando a poltrona junto à lareira.

Harry obedeceu, assim como Meredith que se sentou emburrada sentindo arrepios percorrerem seus braços apesar da lareira acesa. Fudge despiu a capa de risca de giz, atirou em um lado, depois suspendeu as calças do seu terno verde-garrafa e se sentou em frente aos dois.

- Eu sou Cornélio Fudge, Harry. Ministro da Magia.

Eles já sabiam disso, é claro! Viram Fudge antes, mas como estavam usando a Capa da Invisibilidade do pai de Harry na ocasião, Fudge não devia saber disso.

Tom, o dono do bar-hospedaria reapareceu, com um avental por cima do camisão de dormir, trazendo uma bandeja com chá e pãezinhos de minuto. Pousou a bandeja entre Fudge e Harry e saiu, fechando a porta ao passar.

- Muito bem, Harry... - Fudge disse servindo o chá - Não me importo de confessar que você nos deixou preocupadíssimos. Fugir da casa dos seus tios desse jeito! Eu já tinha até começado a pensar, mas você está são e salvo, e isto é o que importa.

Fudge passou manteiga em um pãozinho e empurrou o prato para Harry.

- Coma, Harry, sua cara é de quem não está se agüentando em pé. Agora... Você vai ficar satisfeito em saber que cuidamos do infeliz acidente com a Srta. Guida Dursley. Dois funcionários do Departamento de Reversão de Feitiços Acidentais foram mandados à rua dos Alfeneiros há algumas horas. A Srta. Dursley foi esvaziada e sua memória alterada. Ela não lembra mais nada do acidente, E isto é tudo, não houve danos.

- O que?

- Depois eu explico. - Harry murmurou.

Fudge sorriu para Harry por cima da borda da xícara de chá, como faria um tio examinando um sobrinho querido.

- Ah, você está preocupado com a reação dos seus tios? Bom, não vou negar que eles estão muitíssimo aborrecidos, Harry, mas se dispuseram a recebê-lo de volta no próximo verão, desde que você passe em Hogwarts as férias do Natal e da Páscoa.

- Hipócritas... - Meredith resmungou.

A língua de Harry se soltou.

- Eu sempre passo em Hogwarts as férias do Natal e da Páscoa, e não quero nunca mais voltar à rua dos Alfeneiros.

- Vamos, vamos, tenho certeza de que você vai pensar diferente depois que se acalmar... - disse Fudge em tom preocupado. -Afinal, eles são sua família, e tenho certeza de que... bem lá no fundo vocês se querem bem.

- Bem? Bem? - Meredith disse quase incrédula nas palavras de Fudge. Com tantas opções com a magia ele mal enxergava a frente para ver os problemas.

- Então agora só falta... - Fudge disse passando manteiga em um segundo pãozinho - Decidir onde é que você vai passar as duas últimas semanas de férias. Sugiro que alugue um quarto aqui no Caldeirão Furado e...

- Podia ficar comigo na casa da Sra. Pegg!

- Espera aí - falou Harry sem pensar; - E o meu castigo?

Fudge piscou os olhos.

- Castigo?

- Eu desobedeci à lei! - disse Harry. - O decreto que proíbe o uso da magia aos menores!

- Fala sério! Tenho certeza que já fizeram coisas piores e não foram punidos.

- Ah, meu caro menino, nós não vamos castigá-lo por uma coisinha à toa como essa! - Fudge exclamou agitando o pãozinho com impaciência - Foi um acidente! Nós não mandamos ninguém para Azkaban por fazer a tia virar um balão!

Mas isto não batia com os contatos que eles tiveram anteriormente com o Ministério da Magia.

- No ano passado, recebi uma notificação oficial só porque um elfo doméstico largou um pudim no chão da casa do meu tio! - ele a disse a Fudge franzindo a testa - O Ministério da Magia disse que eu seria expulso de Hogwarts se acontecesse mais um caso de magia por lá!

- Também recebi uma notificação ano passado só por levitar os moveis da minha casa. Eu não tenho força para arrastá-los.

Fudge de repente parecia pouco à vontade.

- As circunstâncias mudam. Temos que levar em consideração... no clima atual... Com certeza vocês não querem ser expulsos?

- Claro que não! - Harry disse.

- Bom, então, por que toda essa agitação? - Fudge riu - Agora comam mais um pãozinho, enquanto vou ver se Tom tem um quarto para você.

Fudge saiu da saleta e eles observaram ele se retirar.

- Ai tem coisa. O próprio ministro da magia vindo resolver um caso de uso de magia por menores... e sem nenhuma notificação... - Meredith falou muito desconfiada.

- É. Realmente tem algo estranho acontecendo. Por que não me levaram de volta para a rua dos Alfeneiros, e não recebi nenhum castigo....

- A Sra. Pegg deve vir me buscar logo, ela mora aqui por perto, então eu posso vir sempre aqui. Não se preocupe, nós vamos descobrir o que está rolando.

Fudge voltou acompanhado de Tom, o dono do bar-hospedaria.

- O quarto onze está livre, Harry. - Fudge anunciou - Acho que você vai ficar muito bem instalado nele. Mas tem uma coisa, e estou certo de que vai compreender. Não quero você passeando pela Londres dos trouxas, certo? Nenhum dos dois. Fiquem no Beco Diagonal. E tem que voltarem todos os dias antes de escurecer. Tenho certeza de que vão compreender. Tom vai ficar de olho em vocês por mim.

- Tudo bem - Harry disse lentamente

- Mas por quê...? - Meredith perguntou.

- Não queremos perdê-lo outra vez, não é mesmo? - Fudge disse com uma risada calorosa - Não, não... melhor sabermos onde é que vocês andam, quero dizer.

Fudge pigarreou alto e apanhou a capa de risca de giz.

- Bom, vou andando, muito o que “fazer sabe”.

- Já teve alguma sorte com o Black? - Harry perguntou.

Os dedos de Fudge escorregaram no fecho de prata da capa.

- Que foi que disse? Ah, você ouviu falar... bem, não, ainda não, mas é só uma questão de tempo. Os guardas de Azkaban até hoje não falharam, e nunca os vi tão furiosos. - Fudge estremeceu ligeiramente - Então, vou dizendo até logo.

Ele estendeu a mão, e Harry, ao apertá-la, teve uma idéia repentina.

- Ah..., ministro? Posso perguntar uma coisa?

- Com toda certeza - Fudge disse com um sorriso.

- Bom, em Hogwarts os alunos do terceiro ano podem visitar Hogsmeade, mas os meus tios não assinaram o formulário de autorização, O senhor acha que poderia?

Fudge pareceu constrangido.

- Ah! - respondeu - Não, não, sinto muito, Harry, mas não sou seu pai nem seu guardião...

- Mas o senhor é o Ministro da Magia! - Harry disse ansioso - Se o senhor me desse autorização...

- Não, sinto muito, Harry, mas regras são regras. - Fudge disse sem entusiasmo - Talvez você possa visitar Hogsmeade no ano que vem. De fato, acho melhor você nem ir...é..., bem, vou andando, Aproveite a sua estada aqui, Harry.

E com um último sorriso e um aperto de mão, Fudge deixou a saleta, Tom, então, adiantou-se sorridente para Harry.

- Se o senhor quiser me acompanhar, Sr. Potter. Já levei suas coisas para cima...

- Vem... - Harry ofereceu a mão a Meredith.

Seguiram Tom por uma bela escada de madeira até uma porta com uma placa de latão de número onze, que Tom destrancou e abriu para ele. Dentro havia uma cama muito confortável, uma mobília de carvalho muito lustroso, uma lareira em que o fogo crepitava alegremente e, encarrapitada no alto do armário...

- Edwiges! - Harry disse surpreso.

A coruja muito branca deu estalinhos com o bico e voou para o braço de Harry.

- Coruja muito inteligente a sua. - Tom disse rindo - Chegou uns cinco minutos depois do senhor. Se precisar de alguma coisa, Sr. Potter, por favor, é só pedir.

Ele fez outra reverência e saiu. O céu visto pela janela foi mudando rapidamente de um azul escuro e aveludado para um cinzento metálico e frio, depois, lentamente, para um rosa salpicado de ouro .

- Bem, podemos arrumar um jeito de você ir a Hogsmeade, não sei se Dumbledore assinou meu formulário mesmo...

- Foi uma noite muito estranha, Edwiges - ele bocejou.

- É, te encontrei de repente. E depois toda aquela conversa estranha...

- Sei lá, acho que percebi algo... talvez medo na voz do Fudge.

- Pelo menos você não vai voltar pros seus tios.

- É. E você? Não estava morando na casa da sua família?

- Sim, mas Dumbledore decidiu não me deixar sozinha lá. Disse que pode ser perigoso. Só vou sentir falta do Franco, o jardineiro. As vezes eu falava com ele, mas ele não sabia que eu morava lá. Todos pensam que a casa tá abandonada.

- Pelo menos você não tem que voltar todo verão pra casa dos MacWisth.

- É. Isso é ótimo. - ela falou sombria - Bem, eu volto por aqui amanhã. A Sra. Pegg deve estar me esperando lá embaixo.

- Certo! A gente se vê.

Meredith saiu do quarto e desceu pulando dois degraus de cada vez. Lá embaixo a Sra. Pegg esperava preocupada. Depois de duas cervejas amanteigadas as duas seguiram para a adorável casa da Sra. Pegg. Pena que Meredith não teria muito tempo por lá.


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